Proibida Pra Mim escrita por GabriellySantana


Capítulo 37
36º Capítulo – “Não vai haver uma próxima vez.”




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Assim que começo a sentir o calor da bebida se espalhar pelo meu corpo, a dor me acerta em cheio e não consigo evitar o grito. No instante seguinte o Gustavo me deita na cama e não consigo sequer respirar sem provocar dor. Ele desce da cama e tira as minhas mãos, que coloquei sem perceber, do meu abdômen. Sinto ele levantar a blusa e aos poucos vou perdendo, de novo, a percepção de tudo o que acontece ao meu redor.

— Olha pra mim. __ Ele segura o meu rosto com uma única mão. — Vai ficar tudo bem.

— Ta doendo... __ não consigo controlar as lágrimas.

— Eu sei. __ Ele seca minhas lágrimas com as duas mãos. — Eu estou aqui com você.

Sinto as minhas pálpebras pesando e apesar de ouvir o Gustavo me pedindo para ficar com ele, eu não consigo mais lutar.

GUSTAVO

Ela apagou de novo. Tiro o termômetro da axila dela e verifico a temperatura: 36°C.

— E agora? __ A Felipe chama minha atenção. — E agora.

— Já chamei ajuda. __ David responde. — Eles estão a caminho.

— Quanto tempo? __ Pergunto, olhando pra ele.

— Acho que uns 10 minutos. __ Ele diz e me olha preocupado.

— Não temos 10 minutos. __ Diz Paloma, pela primeira vez. — Ela tá morrendo e....

Ela é interrompida por um barulho que vem do celular no bolso de David. Ele pega o aparelho e lê uma mensagem, enquanto o resto de nós olha para ele, sem dizer nada.

— Ele chegou.

David saiu do quarto e demorou alguns minutos. Quando voltou, estava acompanhado de um homem.

— Jonas? __ Felipe o reconheceu. — O que você está fazendo aqui?

— Ele trabalha pra Citros, Felipe. __ Respondi.

— Eu quero que todos saiam. __ Jonas fala como se não tivesse nos ouvido.

— Eu quero ficar com a minha prima. __ A Pirralha se aproxima da cama.

— É o seguinte: ela precisa de um exame detalhado e eu quero que todo mundo saia desse quarto agora. __ Ele olha firme pra ela. — Ou eu não encosto nela.

Vejo todos saírem do quarto mas eu não consigo me afastar dela. Ouço ele se aproximar e parar do outro lado da cama.

— Você precisa sair. __ Ele diz.

— Não vou sair de perto dela. __ Digo firme.

— Eu sei que ela é importante pra você. __ Ele para por um momento e respira fundo. — Mas vou precisar tirar a roupa dela e eu não sei se ela iria querer que você a visse... desse jeito.

Fecho os olhos e respiro fundo.

— Por favor... __ abro os olhos. — Não a deixe morrer.

— Vou fazer o possível.

A olho uma última vez e saio do quarto. Fecho a porta atrás de mim e encosto minha cabeça nela. Fico assim alguns segundos e quando me viro vejo a Paloma sozinha e sentada no chão, chorando. Me aproximo e sento ao lado dela.

— Eu não posso perder ela também. 

Passo meu braço em torno dela e a puxo para mais perto de mim. Ela encosta a cabeça no meu ombro e chora forte.

— Ela vai ficar bem. __ Digo, tentando convencer mais a mim do que a ela mesma. — A Alice é forte.

— Ela é. __ Ela diz, entre soluços.

Já se passaram quase duas horas e nada. Ouvi ela gritar algumas vezes e tive que lutar com todas as minhas forças pra não entrar lá. Já sentei e levantei várias vezes e ainda assim, não consigo me acalmar. Paloma adormeceu encostada em mim e logo depois o Felipe se sentou ao lado dela, trocando de lugar comigo. Se passam mais alguns minutos e o Jonas abre a porta, nos mandando entrar.

Quando nos aproximamos ela parece bem melhor.

— Muito bem, quero que todo mundo ouça com atenção. __ Jonas diz. — Não sei o que aconteceu e já estou nessa ramo a tempo demais para questionar.

Ele me olha firme e eu sei que o que ele está tentando dizer.

— Ela tem uma costela quebrada, por isso essa bandagem em torno da caixa torácica. __ Ele para e a olha. — O pulso estava deslocado e essa é a justificativa do grito que vocês ouviram, por que eu precisei colocar no lugar. Fora isso, o resto são lesões simples e superficiais, mas não menos dolorosas.

Ele vai até sua maleta e tira dois frascos de comprimidos.

— Agora vamos aos cuidados: Ela não pode fazer qualquer tipo de esforço físico por no mínimo três semanas. Apliquei uma injeção de corticosteroide para aliviar o desconforto e a dor, deve resolver até ela acordar e tomar a medição. Estou deixando analgésicos e anti-inflamatórios que devem ser tomados da forma que escrevi aqui. __ Ele levanta uma receita e mostra a todos. — Daqui a três dias tirem essa bandagem e a ajudem-na a aplicar gelo no tórax e no pulso também. O resto das lesões vão cicatrizar mais rápido e a dor vai diminuir com o remédios também. Alguma pergunta?

— Ela vai ficar bem? __ Paloma pergunta.

— Vai, ela vai ficar bem. __ Ele sorri sincero. — Mas eu preciso dizer que, se ela tomar outra surra desse tipo, não vai ter a mesma sorte.

— Como assim? __ Pergunto.

— O corpo dela é pequeno, Gustavo. __ Ele me olha firme. — E aguentou firme as pancadas que levou. Mas teve muita sorte da costela quebrada não perfurar o pulmão ou outro órgão, do pulso ter deslocado ao invés de quebrado e de não ter tido algum tipo de hemorragia interna decorrendo de lesão grave em órgãos vitais. O que estou querendo dizer é que, talvez ela não tenha tanta sorte da próxima vez.

— Não vai haver uma próxima vez. __ Digo firme.

Ele não responde. Pega sua maleta e sai do quarto.


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