A aproximação de Gustavo fez Paloma desejar com todas as suas forças que ele realmente sentisse algo de especial por ela, que a amasse.

— Não chega perto de mim. __ disse, recuando.

— Alice, eu sei que quebrei uma promessa importante quando fui embora. __ Gustavo disse se aproximou novamente. — Sei também que você não tem motivo nenhum pra confiar em mim, mas eu juro, não tenho nada com a Pilar.

Alice passou alguns minutos olhando para o rapaz na sua frente e não conseguiu encontrar nenhum sinal de insegura ou mentira nele.

— Mas já teve. __ Alice afirmou, olhando firme para ele.

— Tive, mas já faz muito tempo.

— Não importa. __ Alice deu dois passos à frente, ficando ainda mais próxima dele. — Nós dois não vamos ficar juntos.

GUSTAVO

Eu não quero ter que admitir que preciso ficar longe dela, mas ela tem razão. Não pelos motivos que ela acha que existem, mas por que eu não posso colocar a mulher que eu amo em perigo, não posso envolver ela nessa sujeira que eu vivo. A expressão de decepção no rosto dela tá acabando comigo, preciso terminar logo com tudo isso.

— Não, não vamos. __ respondi, o mais frio que consegui.

Um sorriso triste nasceu nos lábios dela e eu tive que conter minha vontade de beijá-la e abraça-la.

— O que você quer Gustavo? __ Ela está tentando ser forte.

— Só agradecer. __ Disse firme. — Por ter salvado a minha vida, e pra me despedir.  Sinto muito Gatinha, não posso te machucar mais.

— Você vai embora, de novo. __ ela sussurrou, baixando o rosto.

— Você tem razão. __ Me aproximei mais, segurei o queixo dela e levantei seu rosto, fazendo-a me olhar.  — Eu daria tudo pra poder te amar todos os dias, mas não posso. __ ela não conseguiu conter as lágrimas. — Eu fiz uma escolha quando fui embora e ter que quebrar a promessa que te fiz foi a coisa mais difícil que eu já tive que fazer em toda minha vida. Você estava errada, Alice, eu mudei e eu gostaria de poder ficar, mas não posso... e não quero.

Não posso simplesmente sair da Citros pra viver aqui, e também não posso trazer ela pra minha vida imunda. Ela passou alguns segundo assimilando o que eu tinha dito e então me empurrou, passando as mãos com força pelo rosto, gargalhando em seguida.

O riso de Alice surpreendeu Gustavo.

— Sabe o que é pior? __ Ela olhou firme pra ele, sem conseguir conter as lágrimas. — É que eu sofri quando você foi embora e como sofri. Tive pesadelos durante meses e acordava todas as noites gritando e chorando... chamando por você. __ Gustavo continuou firme, olhando-a. — E quer saber? Você conseguiu, me fez de idiota de novo.

— Eu sinto muito. __ a voz dele saiu baixa, fazendo Alice dar um sorriso triste.

— Eu quero que você vá embora e não volte mais. __ Alice deixou um soluço escapar. — Eu vou esquecer tudo, desde quando cheguei nessa casa até agora, eu não quero te ver nunca mais.

Alice não tirou os olhos de Gustavo, sem se importar com as lágrimas. Gustavo sorriu melancólico e se aproximou dela novamente, depositando um beijo doce e demorado em sua testa.

— Eu sinto muito. __ Ele sussurrou novamente, secando uma lágrima no rosto dela e se afastou.

Assim que Gustavo saiu pela porta, Alice desabou, caindo de joelhos em meio as lágrimas.

—--

Gustavo desceu os degraus da escada rápido e caminhou apressado até a porta.

— Gustavo?  

Mesmo reconhecendo a voz de Paloma, Gustavo não parou.

— Pirralha, agora não. __ respondeu, saindo pela porta.

Quando voltou pro hotel, ele entrou no quarto e começou a juntar todas as suas coisas em cima da cama.

— Preciso sair dessa cidade e não voltar nunca mais. __ disse a si mesmo, sentindo a raiva o consumindo. — Isso tudo é um erro.

Quando olhou na direção do espelho do guarda-roupas parou, sentindo todas as suas forças sumirem ao lembrar de tudo o que aconteceu mais cedo ali. Ele virou e fitou cama, vendo a imagem de Alice deitada nos seus braços. De repente sentiu o cheiro dela invadir o quarto, acompanhado de uma vontade louca de tê-la ali novamente.

Gustavo sentou no chão, encostado ao pé da cama e de frente para o espelho, mergulhando na dor de perde-la de novo.

— Merda, eu não deveria ter voltado. __ Disse, passando as mãos pelos cabelos, olhando para o próprio reflexo. — Não tenho forças pra não te amar, Gatinha. Não tenho forças pra te perder de novo.