Alice e Gustavo estavam parados na frente do espelho da porta do guarda roupa, com olhares fixos  um no outro, pelo reflexo. Eles foram despertados por três batidas sequenciadas na porta do quarto.

— Vou abrir a porta. __ disse Alice, indo em direção a porta.

— Espera, gatinha. __ Gustavo caminhou até a janela do quarto, abrindo-a e olhando para rua. — A Pirralha e o Felipe ligaram dizendo que vinham?

— Não. __ a garota virou para olhar o que ele estava fazendo, achando estranho. — Mas com certeza são eles. O que você tá olhando ai?

Mais três batidas vieram do lado de fora da porta, mas dessa vez mais forte.

— Gustavo, tá tudo bem? __ Ela ficou olhando pra ele, enquanto as batidas na porta se tornavam mais insistentes. — Calma, já vai! __ caminhou até a porta.

Quando abriu a porta, Alice deu de cara com uma mulher ruiva de cabelos curtos, com a mesma  altura ela e um batom tão vermelho quanto seu cabelo. Vestida com uma calça de couro justa e preta, um cropped e uma jaqueta preta, além dos saltos altos. Quando Alice se deu conta que estava parada na porta analisando a desconhecida, percebeu que ela também fazia o mesmo.

— Hum, acho que você é a garotinha da vez. __ A mulher falou as palavras com um sorriso debochado no rosto. — Não sei não Gustavo, acho que ela quebrou. __ Disse, olhando pra Gustavo por cima dos ombros de Alice.

A ruiva deu um passo a frente para entrar no quarto, mas teve a passagem bloqueada por Alice.

— Primeiro __ Disse olhando fixo para a ruiva. — Eu não sou nenhuma garotinha e muito menos a da vez. Segundo, eu não um brinquedo e muito menos uma coisa pra quebrar. E terceiro, a única mulher com cara de vadia nessa sala é você.

A resposta coragem de Alice fez a mulher sorrir.

— Ela tem mais coragem do que os seus outros casinhos, Gustavo. __ disse, olhando fixamente para Alice. — Prazer, Pilar. __ estendeu a mão para cumprimentar Alice.

— Alice. __ saiu do caminho dando passagem para Pilar e a deixou com a mão estendida, no ar.

Pilar baixou a mão e entrou no quarto, olhando para Gustavo. Alice olhou de um para o outro e sorriu balançando a cabeça em sinal de negação, atraindo a atenção de Gustavo.

— É claro. __ disse olhando para Gustavo.

— Gati... Alice, não tem nada de claro. Nós dois não... __ Gustavo tentou explicar, mas foi interrompido por Alice.

— Você não tem que me explicar nada. __ falou, levantando as mãos em sinal de rendição. — acho que vocês tem o que conversar. __ finalizou, saindo pela porta.

— Alice. __ Gustavo tentou ir atrás dela, mas Pilar se colocou na frente dele.

— Sai da minha frente, agora. __ disse, olhando firme pra ela.

— Temos um protocolo Gustavo e você não o seguiu. Fui enviada para verificar o que aconteceu.

Gustavo deu as costas para a garota e caminhou até a janela, a tempo de ver Alice sair do hotel.

GUSTAVO

Droga, eu preciso explicar tudo pra ela. Mas como? Como vou dizer pra ela o que eu faço? Como vou dizer que a Pilar é tão assassina quanto eu?

— Não segui o protocolo por que tive problemas. __ disse, virando de frente pra ela.

— Que problemas? O protocolo diz...

— Eu conheço o protocolo melhor que qualquer um, então não venha me falar o que eu devo ou não fazer. __ Estou explodindo de raiva. — A Citros tem os registros de todos os minhas missões e em nenhuma delas eu voltei sem cumprir cada exigência, então acredito que eles sabem que eu não preciso de um cão de guarda.

— É você é bom, eles sabem disso. __ ela disse me olhando. — Mas talvez, esteja perdendo a forma. __ então ela desviou o olhar para o meu ombro, me fazendo sorrir.

— Eu entrei, sozinho, em uma mansão que mais parecia uma fortaleza. Então, fiz o melhor que eu pude, e nós sabemos que isso significa que fiz melhor que qualquer agente deles faria, incluindo você. __ caminhei até a porta, deixando claro que quero que ela vá embora. — Agora sai do meu quarto e volta pro lugar de onde você veio.

— Não é bem assim, mon amour. __ odeio esse sorrisinho dela. — Eu vou ficar por aqui uns dias. __ vindo em direção a porta. — eu também entrei de férias. __ piscou pra mim e saiu.

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ALICE

É claro que ele tinha alguém antes de voltar, como sou idiota. Já liguei pra Paloma e disse que ele estava muito bem obrigado e que tô indo dar uma volta, preciso esfriar minha cabeça

Só de lembrar o jeito que aquela fulaninha me olhou, me dá vontade de voltar até lá e estapiar a cara dela. E ele? Não disse nada, ficou quietinho com medo dela dizer que eles tinham algo. Como se fosse possível ser mais claro do que aquilo. Eu realmente achei que a gente teria alguma chance, eu sou muito burra mesmo. O pior de tudo é que aquela desgraçada é linda e ela sim tem um corpo de fazer qualquer cara enlouquecer. 

— Você não tem como competir com ela. __ digo a mim mesma.

Desisto de caminhar e tomo o caminho de casa, não vou chorar por causa dele, só preciso de um banho e da minha cama, mais nada.

Quando Alice chegou em casa ouviu as vozes e risos vindo da cozinha. Caminhou até lá e ficou observando Felipe e Paloma brincarem enquanto tentavam cozinhar. Ela deixou um sorriso escapar quando eles se beijaram. Deu meia volta e subiu a escada indo em direção ao seu quarto.

— Pelo menos eles se acertaram. __disse a si mesma, novamente.

Alice entrou no quarto e fechou a porta. Se olhou no espelho e começou a tirar a roupa, primeiro a blusa, depois o short, soltou o cabelo e ficou olhando para o próprio reflexo. Fechou os olhos e lembrou das mãos de Gustavo deslizando por seu corpo e da voz dele sussurrando que ela era linda.

— Você não devia ter voltado. __ abriu os olhos e sentiu eles encherem de lágrimas. — Não, você não vai chorar por ele, não de novo.

Passou as mãos com força nos olhos e enxugou as lágrimas. Caminhou até o banheiro, tirou as peças que faltavam e tomou um banho quente e demorado. Quando saiu do banheiro, vestiu um pijama confortável e deitou na cama, pegando no sono.