Cavaleiros do Zodíaco: A Saga dos Herdeiros escrita por Dré


Capítulo 9
Primeira Fase - Episódio Nove. O Cavaleiro Mais Fraco




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O gigantesco guerreiro de Touro, de braços cruzados, em pé e firme como uma montanha, observava o treinamento dos cavaleiros de bronze. Seu olhar estava fixo em um jovem sem talento nenhum. Enquanto um soco de um cavaleiro de bronze comum criava um arco de ar após quebrar a barreira do som, o punho daquele garoto mal seria capaz de ferir um guerreiro sem armadura. Quando Geki estava prestes a ir ensinar algo para o garoto, Shiryu apareceu subitamente.

— Shiryu! É um prazer. Também veio ver como estão os novatos?

— Vim apenas fazer perguntas – disse Shiryu, que voltou o seu olhar para onde Geki estava olhando. – E você? Veio honrar os cavaleiros de bronze com sua supervisão?

— Sismir me convocou – disse Geki.

O cavaleiro de prata Sismir de Mensa era o homem responsável pelo árduo treinamento dos já formados cavaleiros de bronze. Um cavaleiro altamente respeitado e de força absoluta, tendo sido amigo e colega de treino de Geki em pessoa.

— Ele me pediu ajuda com o treinamento daquele jovem cavaleiro ali – disse Geki, apontado para o rapaz dos punhos fracos.

Shiryu olhou com curiosidade.

— Sim, claro – começou o cavaleiro de Libra. – É o campeão da Guerra Galáctica, Leon de Raposa.

Geki riu, sem saber que o Dragão de Rozan era capaz de fazer piadas, mas o cavaleiro de Libra o fitou com um olhar sério, e então Geki percebeu que não se tratava de uma brincadeira.

— Impossível. Suas informações estão equivocadas – disse Geki. – Esse jovem, definitivamente, não pode ter sido campeão da Guerra Galáctica.

— Como Juiz de Atena, tive o privilégio de ter sido um dos primeiros a recebê-la no Santuário, e foi ela, pessoalmente, quem me contou o resultado da Guerra Galáctica e pediu atenção especial a esse garoto. Sismir fez o pedido formal, mas é desejo de Atena a sua presença aqui.

O cavaleiro de Touro ainda estava pasmo.

— Mas não foi bem essa pergunta que vim fazer – disse Shiryu. – É um assunto delicado Geki, mas vim aqui em busca de informações sobre o treinamento de outro cavaleiro. Eu preciso que me conte tudo sobre Jabu.

Geki permaneceu impassível. Shiryu achou estranho não notar nenhuma emoção no olhar do cavaleiro de Touro.

— Após o fim de guerra contra Hades – começou Geki. – Ichi partiu a caça de Espectros, Nachi aparentemente havia desistido de ser um cavaleiro por motivos misteriosos, Ban trancou-se em suas bibliotecas e laboratórios e eu e Jabu fomos os únicos que optaram pelo treinamento clássico. Treinamos por um bom tempo, mas Jabu estava cada vez mais impaciente. Ficava cada vez mais desapontado com os resultados lentos. Até que um dia, ele decidiu treinar sozinho. Após alguns anos, ele voltou... – Geki hesitou – diferente.

O Touro Dourado ficou um tempo sem falar, Shiryu estava curioso, mas decidiu respeitar o momento.

— Eu vejo o treino como vejo comida – continuou Geki. – Se você comer de maneira balanceada e regrada, terá um corpo saudável, mas se não for capaz de balancear, se sobrecarregar o seu corpo com uma grande quantidade dela, aos poucos algo em você definha e, por fim, morre. Meu medo não é que Jabu tenha sobrecarregado a balança do seu treino, mas sim, que ele já esteja morto.

Nesse momento, uma imagem cruzou a cabeça de Geki, algo como uma memória reprimida: Jabu, coberto em ferimentos, com a armadura de Unicórnio em pedaços. Ele se aproximou em grande velocidade e então tudo desapareceu. Talvez não fosse importante. Talvez um sonho ruim; nada com o que se preocupar.

— Eu sinto sinceridade em suas palavras, Geki – afirmou Shiryu. – E isso é o que mais me preocupa. Quero que saiba que se eu descobrir algo sobre esse treinamento, algo que não me foi contado, vocês serão depostos, renegados, perderão as armaduras, e o direito de voltar a pisar no Santuário, e se sentir qualquer hesitação a respeito da minha decisão, eu irei condená-los a morte.

Geki permaneceu em silencio por um momento.

— Confio em seu julgamento, Shiryu. Se represento qualquer mal a Atena ou ao Santuário, partirei de bom grado e sem questionar.

Shiryu então seguiu seu caminho, deixando que Geki cumprisse com suas tarefas.

O cavaleiro de Touro se aproximou de Leon. O treinamento que estava sendo passado no momento era o de dar socos em direção a uma rocha, mas sem tocá-la diretamente. O cavaleiro de Touro convocou Leon, pedindo que caminhasse com ele. Leon, arfando devido ao treino puxado, ficou um pouco nervoso, mas seguiu-o obediente. Eles caminharam por um bom tempo em silêncio, até que Geki falou:

— Você é muito fraco – disse o cavaleiro de Touro subitamente, já bem distante dos outros.

Entristecido, Leon abaixou a cabeça.

— Não é a primeira vez que escuto isso – afirmou o Raposa. – Sei que não é uma pergunta apropriada, senhor, mas existe alguma maneira de desistir? Deixar de ser um cavaleiro?

— Você pode deixar de lutar, mas a armadura é guiada pelo destino escrito em sua constelação, por tanto, se assim estiver escrito, a armadura não irá lhe abandonar, e nós não podemos nos dar ao luxo de ficar sem armaduras e sem cavaleiros. Você terá que lutar por Atena, Raposa.

Mais ao longe, Geki fez uma nova pergunta:

— Como você conseguiu vencer a Guerra Galáctica?

— Eu tive muita sorte – Respondeu Leon.

— É impossível vencer a Guerra Galáctica com sorte, garoto. Atena está certa, se você não venceu com sua força, trata-se de destino.

— Ou teria sido outra a força que lhe impeliu ao sucesso nas contendas galácticas? – Disse, de repente, uma voz rouca e melódica que se projetou do ar.

O dono da voz então surgiu detrás de uma rocha. Era um homem estranho, com cabelos curtos e descabelados. Leon e Geki o reconheceram – era Ravel, cavaleiro de prata da constelação de Pictor. Sismir não era o único supervisor de treinamento, pois assim como uma luta não se faz apenas de músculos, havia também um treinamento tático, onde Ravel ministrava aulas de estratégia de luta e cultura geral.

— O que quer dizer, Ravel? – Perguntou Geki.

— Dir-lhe-ei com prazer, caro Touro D’ouro – começou Ravel, com seus trejeitos elaborados e amplos. – No decorrer de uma das minhas palestras, apresentei aos meus caros pupilos uma questão capciosa de dificuldade ímpar, e qual a minha surpresa quando o introspectivo Raposa respondeu sem hesitação, de maneira assertiva e precisa.

Geki fitava Ravel com estranheza.

— Ele soube responder uma pergunta. O que tem demais nisso?

— Pois eis que lhe presenteei com outra questão, e eis que sou atacado com uma resposta tão bem colocada quanto à pergunta. E foi por volta da sétima questão – nesse momento, Ravel parou os seus trejeitos – que este infante me apresentou uma resposta, antes mesmo da questão ter sido feita.

— O que isso significa? – disse Geki.

— Você não vê? A explanação foi a de que eu estava seguindo um padrão para as perguntas, de acordo com um livro específico, esse jovem calculou esse padrão e, de maneira imediata, formulou a resposta da pergunta que eu faria a seguir. Observe, lorde dourado, estamos diante de um estrategista nato.

Geki encarou o garoto com um olhar diferente. Leon permaneceu imóvel por um tempo, mas então, um sorriso malicioso brotou em seu rosto. E foi como se o garoto estivesse se transformando. O medroso e frágil jovem desaparecera. Geki quase deu um passo para trás de susto, chegando à conclusão que Ravel estava certo.

— Quem... Quem é você? – Perguntou Geki.

— Leon de Raposa – disse sorridente, que colocou a mão atrás da cabeça de maneira descontraída. – Me desculpe por manter isso em segredo, mas é verdade, não é de hoje que também sou acostumado a ouvir as pessoas dizendo que sou esperto.

— Como você venceu a Guerra Galáctica? – Perguntou Geki.

— Como eu disse: sorte.

— Você se recusa a dizer – disse Ravel. – Então vamos testar essa sorte.

O cavaleiro de Pictor acumulou uma enorme quantidade de cosmo em seu punho e disparou contra Leon. Mas antes de alcançá-lo, atacou o próprio chão sob seus pés. A explosão projetou o próprio cavaleiro de Pictor para o alto. Leon pareceu nem se mover. Geki, o único a entender o que acontecera, olhou para Leon, que tinha um sorriso no rosto transbordando malícia. Uma pequena quantidade de energia sísmica partira o chão onde Ravel pisaria antes do golpe, fazendo com que o cavaleiro pisasse em falso e disparasse sem querer seu poder contra o chão.

Raposa, pensou Geki, nenhuma constelação lhe cairia melhor.


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