Cavaleiros do Zodíaco: A Saga dos Herdeiros escrita por Dré


Capítulo 7
Primeira Fase - Episódio Sete. O Mistério do Escorpião




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As lembranças do seu árduo treinamento estavam marcadas em cada protuberância deixada pelos ossos quebrados e reconstituídos inúmeras vezes. Estavam nas cicatrizes espalhadas pelo corpo, nas cartilagens que já não existiam, no zumbido no ouvido direito que nunca mais silenciou. Estavam no medo patológico do som de estalo de chicote e na mão esquerda que nunca mais parou de tremer. Assim como nas incessantes três vozes em sua mente. Na visão das três sombras. Mas dentre todos os traumas, nada foi tão marcante quando o dano na alma causado pelo que teve de sacrificar.

Jabu de Escorpião, antigo cavaleiro de bronze de Unicórnio, enquanto se esforçava para tentar manter a mão esquerda firme, aguardava pacientemente a pessoa que o convocou ali. Naquela região montanhosa, nos arredores do Santuário, Jabu já ouvira falar que Seiya e os outros enfrentaram alguns cavaleiros de prata há muito tempo atrás. Apesar de não saber os detalhes, aquele era o lugar onde Shiryu ficara cego pela primeira vez.

— Finalmente você chegou – disse Jabu.

As asas douradas eram inconfundíveis. Seiya se aproximou caminhando enquanto fitava Jabu com certa preocupação.

— Por que me chamou aqui? – Perguntou o cavaleiro de ouro de Escorpião.

— Há tempos que noto que você anda estranho, Jabu – comentou Seiya.

— Do que você está falando?

— Eu não sei explicar, mas tenho certeza, há algo errado.

Jabu começou a caminhar de volta para as Doze Casas.

— Não acredito que você me fez perder tempo com tolices! Se ousar me importunar novamente Seiya, não responderei por mim.

— Você sempre sai das Doze Casas e vem pare esse lugar – disse Seiya, agora de costas para Jabu.

O Escorpião parou e cerrou o punho.

— Você anda me espionando?

— Está cada vez mais afastado dos outros – continuou Seiya. – Desapareceu por vários dias, seu cosmo está perturbado.

— Esse será o último aviso, nunca mais me importune, Seiya.

— O que aconteceu durante o seu treinamento?

Jabu ficou imóvel, seu cosmo sofreu uma pequena perturbação. Então, seu corpo relaxou.

— Quer saber o que aconteceu durante meu treinamento?

Subitamente, Jabu apareceu diante de Seiya, movendo-se em uma velocidade que nem mesmo os olhos que enxergaram a velocidade da luz de Aioria puderam acompanhar. O dedo indicador do cavaleiro estava sutilmente posto sobre o peito de Seiya.

— Picada de Escorpião.

O dedo de Jabu foi capaz de concentrar, em milésimos de segundos, uma terrível quantidade de cosmo em um ponto microscópico, que então se expandiu, formando uma terrível energia de repulsão que projetou Seiya, fazendo com que explodisse contra um paredão de rochas. O impacto não foi tão diferente de muitos que o cavaleiro de Sagitário já suportara, mas quando ele tentou se levantar, algo parecia estar errado – seu corpo vibrava, parecia não responder aos seus comandos. Os danos pareciam maiores do que aparentavam.

— Durante várias gerações – disse Jabu – os cavaleiros de Escorpião especializaram-se em inutilizar o inimigo, deixá-lo vulnerável a um golpe final. Mas enquanto os antigos cavaleiros atacavam o sistema nervoso, eu desenvolvi e superei essa habilidade. Isso que você sentiu não foi apenas um poder de repulsão, mas também uma pulverização de um sem-fim de agulhas, capazes de penetrar cada poro e golpear cada uma das suas células. Sim Seiya, eu não...

Nesse momento, Jabu foi interrompido por um raio de luz que acertou seu rosto, empurrando-o e jogando seu capacete para longe. Seiya estava em pé, com o punho esticado. Havia um pouco de sangue escorrendo de seus ouvidos, nariz e boca.

— Pare de falar Jabu – disse Seiya. – Eu não recebi o título de cavaleiro lendário por não ser capaz de resistir a uma picada de escorpião. Se você quer lutar comigo, então lute pra valer!

O punho de Seiya começou a se iluminar, mas um cosmo gigantesco os interrompeu. A energia era tão grande, que eles sentiram-se impotentes diante de sua magnitude.

— Basta – ordenou Shiryu de Libra.

Jabu, ao ver o Dragão, pegou o seu capacete do chão e voltou de onde viera, passando ao lado de Shiryu desafiadoramente. Com Jabu já distante e com Shiryu também se preparando para partir, Seiya o interrompeu.

— Você não pode deixá-lo ir – disse Seiya. – Ele está perturbado, é perigoso.

— Admiro e sempre admirei a sua paixão Seiya – começou o sábio Shiryu. – Mas agora somos cavaleiros de ouro. Somos símbolos de esperança, força e compaixão de Atena. Não podemos resolver os nossos problemas lutando. Você deveria ter vindo até mim antes.

— Eu entendo o que você diz Shiryu, mas jamais acreditei que ele iria me atacar. Jabu não era assim, ele mudou.

— Todos nós mudamos Seiya – Shiryu se aproximou do cavaleiro de Sagitário. – Eu sou o Juiz de Atena, não tenho mais pontos fracos como na Guerra Galáctica. Você é considerado agora o cavaleiro lendário, o maior símbolo para os novos cavaleiros, mas não significa ser o mais adequado para julgar, – Shiryu colocou a mão no ombro de Seiya – ou que seja o mais poderoso.

A dor foi tão grande no local onde Shiryu colocara a mão, que fez Seiya cair sobre um joelho. A Picada de Escorpião fez mais dano do que imaginei, pensou Seiya. Shiryu então virou as costas e partiu.

— Volte para a sua Casa, Seiya. Deixe que eu lide com Jabu e o seu problema. Recupere seus ferimentos e volte a ser o símbolo que era.

— Eu não estou aqui para ser um símbolo, Shiryu. Eu estou aqui para defender Atena. E era o que eu estava fazendo.

— Mas você falhou. Está todo ferido, sangrando e de joelhos enquanto Jabu saiu caminhando sem ferimento algum. Tem ideia do impacto que teria nos jovens cavaleiros que vimos crescer ver você no estado em que se encontra agora? – Shiryu virou-se de frente para Seiya. – Esqueça sua arrogância. Abandone a sua rebeldia infantil. Não há mais espaço para isso entre os cavaleiros de ouro. Se há alguma dúvida disso, então se pergunte o motivo de Atena não ter escolhido você para ser um dos Quatro Generais.

Shiryu então voltou a caminhar. Seiya não se levantou por não suportar a dor, mas sim porque seu pensamento demorou a digerir as palavras do cavaleiro de Libra.

— Já salvamos a vida um do outro inúmeras vezes – disse Seiya. – O que aconteceu com a nossa amizade? Com a lealdade? Com o companheirismo? A responsabilidade acabou com tudo isso? – Seiya conseguiu finalmente se por de pé. – Talvez, Shiryu. Apenas talvez. Você é quem deva se perguntar o motivo de Atena ter lhe dado tantas funções e cargos.

Shiryu parou por um momento. Teria Atena lhe conferido a função de General e Juiz apenas para testar a sua lealdade aos seus amigos, mais do que a Atena?

Shiryu decidiu apenas partir, sem dar qualquer resposta.


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