Cavaleiros do Zodíaco: A Saga dos Herdeiros escrita por Dré


Capítulo 36
Terceira Fase - Capítulo Doze. Fim




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O vento batia forte e quente. O frescor típico do Santuário desaparecera. O céu dourado repleto de Ninfas parecia pesar sobre os cavaleiros. De um lado, os Heróis Caídos, Sabázio, Zagreu e Perséfone, do outro, os Cavaleiros de Ouro e Leon de Raposa, que, com muito esforço, tentava se por de pé.

— Uma vez, – começou Perséfone – mesmo prezo no Cabo Sunion, o tio desse garoto fora capaz de desencadear uma Guerra Santa que matou milhares de pessoas. Agora, ele me ameaçou, obrigando meus Heróis Caídos a proteger as passagens do inferno. Infelizmente, não posso deixá-lo vivo. Como Herdeira do Inferno, meu primeiro ato como nova protetora do Santuário será sentenciar Leon de Raposa à morte.

Os cavaleiros de ouro estavam confusos, não sabiam como reagir. Leon, entristecido, viu todos os cavaleiros o abandonando.

— Não... Eu não fiz nada – tentou, ao mesmo tempo em que uma lágrima escorreu pelo seu rosto – Vocês precisam acreditar em mim. Escutem. Tenham fé em Atena...

— Basta – disse Perséfone. – Zagreu, por favor.

— Não! Perséfone é uma manipuladora...

Zagreu, o Deus Dragão, trajando uma armadura de um roxo escuro profundo, ergueu Leon pela garganta.

— Seus aliados abandonaram você, Raposa – disse Perséfone. – Por que não mostra logo para eles quem é de verdade?

Leon fitou os cavaleiros inertes mais uma vez. Outra lágrima escorreu, mas dessa vez, ela caiu ardendo, queimando seu rosto. Algo o consumiu. Os cavaleiros viram pasmos os cabelos brancos do garoto ficaram negros. Seu olhar brando e malicioso de antes se tornou selvagem.

— Ai está – disse Perséfone. – O verdadeiro inimigo.

Você não é um traidor, Leon lembrou-se das palavras de Mik. Você é meu amigo, não vou deixá-lo sozinho, foram as palavras de Aziel. Esse não é você!, gritara Mik.

— Não! – Berrou Leon. – Vá embora!

— Por quê? – Respondeu ele mesmo.

Todos os cavaleiros ficaram pasmos com o que estavam vendo e Zegreu soltou Leon.

— Por que eu estou mandando! Você não sou eu!

— Eu sou melhor que você. E sou seu único amigo. Olhe para eles, todos parados julgando você.

— Saia daqui! – Leon berrou tão alto que sua garganta começou a arder.

— Muito bem. Então morra sozinho.

Os cabelos voltaram a ficar brancos. Perséfone acenou para Zegreu.

— Chega, eu vou lutar sozinho se for preciso – disse Leon, que começou a erguer seu cosmo. – Sim, eu sou filho de Saga e tenho orgulho disso. Ainda que não esteja perfeito, eu vou carregar para sempre seu legado no meu coração na forma de uma... Explosão Galáctica!

Espantados, os cavaleiros de ouro viram um universo se formando ao redor de Leon. Não era tão poderoso quanto o de Saga, mas era assustador para um cavaleiro de bronze. Leon entendeu a mão e disparou centenas de astros que se concentraram em Zagreu e explodiram para os céus em um feixe de luz devastador.

Zagreu, porém, estava intacto.

— Chegou a sua hora de morrer – disse o Cavaleiro Deus.

Ele deu um passo à frente e disparou uma esfera de energia vermelha contra Leon, que nada podia fazer além de aguardar a morte.

Em um piscar de olhos, um vulto dourado se interpôs. Seiya bloqueou o ataque, golpeando com a faca da mão a esfera e disparando-a para longe.

— Como eu esperava – disse Perséfone. – O Assassino de Deuses. Você será castigado também.

Zagreu preparou-se para atacar.

Leon se colocou em posição de luta ao lado de Seiya.

Uma esfera de cosmo disparou do Cavaleiro Deus, mas Leon e Seiya bloquearam juntos o ataque e o desviaram para o alto.

— Desculpe por não ter te dado ouvidos antes – disse Seiya arfando.

— Tudo bem, meu pai falou de você para minha mãe. Dizia que não era o mais esperto de todos – Seiya deu um sorriso envergonhado. – Mas era o mais corajoso. Eu sabia que seria o primeiro a ficar do meu lado.

— Então, você não está mentindo.

— Não estou. Temos que ter fé em Atena. Faz parte do plano.

— Plano?

Zagreu atacou de novo, dessa vez mais forte. Outro feixe dourado interveio.

Era Jabu, que mesmo ferido, ficou ao lado de Seiya. Shun, Ikki, Shiryu, Kiki e todos os outros também. Ao ver aquilo, os Heróis Caídos sentiram algo em seus corações que há muito não sentiam.

— Não precisava ser assim – disse Perséfone. – Mas se é o que querem. Zagreu!

— Aniquilação Cósmica – disse Zagreu com um braço estendido.

Os cavaleiros de ouro dispararam para frente de Leon. Um poder que eles jamais imaginaram sentir percorreu seus corpos, colunas e feixes de arcos elétricos vermelhos, varreram rochas e pedras, destruindo o que restava de suas armaduras de ouro.

Nos céus, Titânia assistia tudo, pronta para agir com seu exército de Ninfas quando fosse preciso. O ataque de Zagreu consumiu parte da casa de Áries e da casa de Touro. Por ter sido protegido, Leon foi o único a conseguir se levantar após o ataque devastador.

— As armaduras de ouro são realmente magníficas – disse Zagreu. – Os protegeu de um golpe fatal.

Leon estendeu um braço para frente, e na palma de sua mão, o espaço-tempo começou a se remodelar.

— Eu disse que vocês deveriam ter fé em Atena – lembrou Leon cambaleante. – Eu não disse que deveriam lutar, idiotas.

Shiryu levantou-se, como se uma luz tivesse cruzado sua mente.

— Sim – disse estremecendo. – Temos de ter fé em Atena. Vamos... Levantem-se cavaleiros. Concentrem seus cosmos!

Devagar, os cavaleiros começaram a se levantar. Auras douradas começaram a ascender ao redor de cada um. Foi então que algo surpreendente aconteceu; Belerofonte caminhou até os cavaleiros de ouro, ajudou Seiya a se levantar, e ao lado dele, começou a erguer seu cosmo também. Logo ele foi seguido por Cadmo, Hércules, Édipo e Ulisses. Hector, ao lado de Atalanta, olhou para Aquiles.

— É o certo a se fazer – disse Hector. – Lute ao meu lado dessa vez e vamos reescrever a história.

Seguido de Atalanta, Hector se juntou aos cavaleiros de ouro. Aquiles respirou fundo, cerrou o punho e se juntou aos outros Heróis, elevando seus cosmos. Perséfone estava furiosa, mas se esforçava para não demonstrar.

— Tenham fé em Atena! – Gritou Shiryu.

Heróis Caídos e Cavaleiros de Ouro uniram seus cosmos e pensamentos em Atena. A distorção espaço-temporal na mão de Leon começou a se agitar.

— Abrir de um lado, antes que o outro se feche – repetiu para si próprio, lembrando o que seu pai uma vez lhe ensinara.

Enquanto isso, no Tártaro, uma fagulha de luz cruzou a escuridão. Atena e o próprio Tártaro, por menor que tenha sido a fagulha, puderam sentir.

— Impossível! – Exclamou a voz ecoante do Tártaro.

— Meus cavaleiros! – Disse Atena chorando. – Eles estão lutando por mim!

Diante daquele fio de esperança Atena pôs-se de pé imediatamente, fincou Nike no chão e segurou firme a empunhadura do seu escudo. Com todo o seu coração, ela ergueu seu cosmo além de todos os limites imagináveis.

— Tártaro, você disse que apenas um Patriarca pode abrir as suas portas. Pois saiba que eu sou a Herdeira dos Céus, do Inferno e dos Mares! Eu ordeno que abra!

— Você não passa de mais uma deusa deposta! – Rebateu o Tártaro.

— Não! Eu sou a verdadeira e única Herdeira! A Herdeira incumbida por Zeus em pessoa. Aquela que dará fim a maldição dos Herdeiros. Eu sou Atena!

O cosmo de Atena explodiu como nunca antes, e pela primeira vez em uma eternidade, o Tártaro foi iluminado.

No Santuário, Leon ergueu seu punho para o alto.

— Outra Dimensão!

A distorção voou pelos céus, cruzando o multiverso com a ajuda dos cosmos dos cavaleiros, dos Heróis Caídos e do próprio Leon, todos usando suas vidas como combustível. No mundo, sentindo a luz dos cosmos de seus aliados, os cavaleiros negros, de aço, de bronze e até os de prata em Lemúria, que viam tudo na esfera de luz de Perséfone, enviaram seus cosmos.

O golpe de Leon formou uma ponte com o infinito. Um lado de abriu, antes que o outro se fechasse. Mas a energia logo se esgotou, e Leon caiu, quebrando a ponte.

O mundo se apagava diante dos seus olhos, e antes de tocar o chão, ele foi aparado por mãos delicadas. O rosto era de uma garota, mas o olhar, de uma deusa. Seu sorriso humilde e delicado, as asas de sua armadura e o calor do seu cosmo reanimaram Leon de tal maneira que era como se ele pudesse fazer tudo de novo.

— Atena – Disse Leon com lágrimas nos olhos.

— Leon – respondeu ela. – Está tudo bem agora.

— Foi Perséfone quem fez tudo isso. – disse apontando para o outro lado. – Ela queria te substituir usando as ninfas como arma.

Perséfone estava boquiaberta. Era impossível. Atena jamais poderia ter escapado do Tártaro. Ela viu seus planos se desmancharem diante dos seus olhos com a presença de Atena no Santuário. Kiki se aproximou e ajudou Leon a se levantar.

— Minha querida irmã – Começou Atena. – Parece que apenas a verdadeira Herdeira poderia sair do Tártaro. Isso significa que você não precisa mais me substituir. Eu estou de volta. Você e seu exército de Ninfas podem ir embora agora.

As Ninfas se aproximaram e uma delas se adiantou em falar:

— Atena está certa – disse a Ninfa. – Ela não foi punida. No máximo isso foi um teste. Nosso lugar não é mais aqui.

— Silêncio – Ordenou Titânide, a Rainha das Ninfas, fazendo sua serva se afastar cabisbaixa e triste. – Atena receberá a nossa punição.

Em Lemúria, Mik e Aziel ficaram embasbacados com o que viram: Titânide havia apenas repetido o que as duas mulheres em volta da esfera roxa haviam falado juntas.

— Titânide está sendo controlada por Perséfone! – Concluiu Mik.

— Precisamos fazer alguma coisa – Sussurrou Aziel de volta.

— Aquelas duas possuem cosmos divinos também. Espero que esteja preparado para morrer.

— Foi muito bom ter lutado ao seu lado, amigo – disse Aziel com um sorriso.

Ambos olharam para Zinki, que tremia. Mas o cavaleiro de Bússola respirou fundo e fez um gesto positivo com a cabeça. Ele estava pronto. Juntos, os três adentraram o castelo e atacaram a esfera roxa com todas as suas forças, que explodiu em estilhaços. As duas deusas foram surpreendidas.

— Malditos! Morram! – Gritou uma delas, que atacou com um cosmo tão negro quanto o de Hades.

Não havia chance para os cavaleiros de bronze. Mas brilhos de prata surgiram. Shina, Marin e os outros cavaleiros bloquearam a investida no último momento.

Na Terra, Titânide desmaiou e foi amparada por suas Ninfas. Um pequeno fruto negro caiu de sua boca. Mik, Aziel, Zinki!, lembrou Leon.

— Foi Atena! – Mentiu Perséfone. – Foi Atena quem fez isso! Eu sou uma deusa pacífica. Estou há milênios apenas tentando amenizar as catástrofes causadas por Atena nos três reinos primordiais.

— Basta, Perséfone – disse Atena. – Chega de mentiras.

Perséfone se aproximou de Atena, que a encarava desafiadora.

— O que está dizendo, irmã? – Perséfone tinha lágrimas nos olhos. – Não vê que estou fazendo isso pelo bem do mundo? Pelo bem dos seres humanos? Por que se põem no meu caminho? Por que fez aquilo com nossos irmãos?

Porém, quando menos esperavam, Perséfone revelou sua última cartada. A Adaga de Ouro trespassou Atena, que caiu de joelhos.

— Não! – Berrou Seiya, incapaz de se mover devido aos ferimentos causados pelo poder de Zegreu.

As Ninfas fitaram Perséfone com olhares de incredulidade.

Surpreendendo a todos, Leon gargalhou.

— Finalmente! – Disse Leon. Todos o fitavam boquiabertos. – O plano funcionou!

Seiya, que chorava, voltou-se para Leon.

— O que quer dizer com isso... Você...?

— Não... você... – começou Hyoga.

Leon sorria.

— Meu pai pode ter sido um dos mais poderosos cavaleiros da história, mas a minha mãe era uma simples ladra de rua. E ela me ensinou coisas tão importantes quanto meu pai. De fato, explosões galácticas e rasgos espaciais não eram tão úteis na rua. Mas havia algo que meu pai me ensinou, que mesmo nas ruas, era muito valioso.

Shun foi o primeiro a ter uma luz do que estava acontecendo, pois lembrava-se de ter enfrentado pessoalmente um dos mais temíveis poderes de Saga: a ilusão. Lembrou-se em seguida da espada que surgira nas mãos do rival de Leon na Guerra Galáctica.

Leon estalou os dedos e a falsa Adaga de Ouro desapareceu.

— Eu nunca roubei a Adaga de Ouro, Perséfone – revelou Leon. – Era apenas uma Ilusão de Gêmeos.

É claro que ele saberia tudo sobre a Adaga de Ouro, pensou Hyoga. Ele é filho de Saga. Atena, que agora entendia por que não havia sentido dor mesmo com uma adaga atravessada em seu peito, levantou-se perfeitamente saudável.

— Você queria que eu atacasse Atena – constatou Perséfone.

— Sim. Só assim você iria expor diante de todos, até mesmo dos moradores de Lemúria, suas verdadeiras intenções.

Nesse momento, uma Ninfa tomou a frente das outras:

— Você nos enganou, Perséfone – disse. – Você luta por egoísmo e ganância. Essa batalha nunca foi nossa.

E então, uma a uma, as Ninfas começaram a desaparecer levando Titânide com sigo. O céu voltava a ficar negro, enquanto todo o mundo criado por Perséfone desabava.

Seiya tocou o ombro de Leon.

— Você foi muito bem – disse o cavaleiro de Sagitário. – Por um momento eu... Bom, você me deu um grande susto. Agora deixe o resto com nós.

Seiya levantou-se e saltou em direção a Zegreu. Ainda no ar, o que restava da armadura de sagitário se desprendeu de Seiya e, substituindo-a, a lendária armadura kamui de Pégaso o envolveu. O punho de Seiya foi parado por Zegreu com apenas uma mão, mas Seiya manteve a energia do seu punho ativa e seu cosmo em constante crescimento.

— Me ajude meu cosmo! Eleve-se até o infinito! Me dê sua força Pégaso!

Seu punho se ascendeu com um cosmo inimaginável para um reles humano. O braço de Zegreu vibrava, e logo um pedaço de sua própria armadura se desprendeu de sua manopla e cortou seu rosto. Então, de maneira explosiva, o cosmo de Seiya atravessou o infinito, a armadura de Zegreu despedaçou-se por completo e ele fora arremessado para além de Perséfone, explodindo contra as rochas enquanto seu cosmo desaparecia lentamente.

De volta a Lemúria, as deusas estavam prestes a atacar os cavaleiros de prata quando uma delas, que se revelou uma mulher de cabelos negros e olhos negros, voltou-se para a outra, de cabelos brancos e olhos cinzentos.

— Nossa mãe precisa de nós, Milinoe.

— Sim, Macária. Vamos até ela.

Ambas se teleportam e surgiram ao lado de Perséfone.

— Minhas amadas filhas – disse Perséfone.

— Milinoe, a Deusa dos Fantasmas. Macária, Deusa da Morte Branda – observou Atena. – As filhas de Hades e Perséfone.

Envolvida por um cosmo denso como uma névoa, Milinoe disparou diretamente contra Atena, mas então, um vulto se interpôs entre elas e seu ataque foi bloqueado por um escudo verde. Era Shiryu, trajando a kamui de Dragão. Hyoga, trajando a armadura Kamui de Cisne, saltou por sobre Atena.

— Trovão Aurora Ataque!

Milinoe revidou erguendo uma barreira translúcida que a protegeu.

— Uma barreira como essa exige um ataque capaz de concentrar o cosmo em um ponto afiado como uma navalha! – Bradou Shiryu. – Excalibur!

Para o espanto da deusa, a lâmina dourada fez a barreira se romper.

— Eleve-se meu cosmo! – Gritou Hyoga entrelaçando os dedos acima da cabeça. – Execução Aurora!

O disparo congelante acertou Melinoe em cheio, destruindo sua armadura negra e transformando seu corpo em poeira de cristal. Macária, ainda pasma ao ver a irmã sendo tão facilmente derrotada, avançou contra os cavaleiros, porém, foi segurada e erguida no ar por uma miríade de correntes douradas.

— Eu não quero te machucar! – Disse Shun, trajando a sagrada kamui de Andrômeda.

Macária emitiu uma corrente elétrica que percorreu as correntes e acertou Shun.

— Shun! – Clamou Ikki, tentando se aproximar, sendo interrompido por Sabázio, o Deus Cavaleiro, que trajava uma armadura branca completa.

Bastou um movimento de mão para que o Deus Cavaleiro iluminasse a noite com seu cosmo, varrendo tudo diante do ataque. Mas quando imaginou ter derrotado o cavaleiro de Leão, Ikki surgiu dos destroços intacto, trajando a sagrada kamui de Fênix.

— Tempestade Nebulosa!

A ventania rosada destroçou a armadura de Macária, ainda presa as correntes. Sábazio, por sua vez, era forte demais. Ele atacou Ikki e seu punho perfurou o peito do cavaleiro de Fênix. A pele de Ikki derreteu sobre os órgãos. Quando Sabázio tentou tirar seu punho do cadáver, percebeu que estava preso pelas costelas esqueléticas da ossada que Ikki se tornara. Os ossos então começam a se multiplicar formando braços extras que seguravam e perfuravam Sabázio enquanto crânios devoravam seu corpo. O mundo entrou em chamas e o pavor foi tamanho que sua mente desligou-se para sempre.

No mundo real, Sabázio estava de joelhos no chão e um fio de baba escorria pelo canto de sua boca. Em sua testa, estava o pequeno furo na armadura onde o temido Golpe Fantasma de Fênix o atingira, destruindo por completo a sua mente.

Atena caminhou até diante de Perséfone.

— Atena... – Gaguejou Perséfone. – Eu... Me perdoe.

— Adeus, minha irmã. Eu condeno você ao cárcere do Tártaro.

Atena bateu com seu cetro no chão, fazendo seu cosmo reverberar pelo mundo inteiro.

— Não... Por favor, não! – Tentou Perséfone.

A realidade ao redor da deusa se distorceu, e apesar dos seus protestos, ela foi tragada, pela segunda vez na história, pela escuridão. Indo parar agora em um lugar ainda mais profundo que o inferno. Os gritos dela ecoaram pela existência, e então silenciaram para sempre.

Os Heróis Caídos começaram a desaparecer.

— O que está acontecendo? – Perguntou Hyoga.

— Foi Perséfone quem nos manteve vivo – disse Aquiles. – Com ela deposta, nós também partiremos.

— Não! – Disse Seiya.

— Tudo bem Seiya – disse Belerofonte. – Já está na nossa hora. Além disso, Atena está bem protegida.

— Vocês tem a aprovação dos heróis do passado – disse Cadmo.

— E não se esqueçam de cuidar bem da próxima geração – lembrou Hércules, olhando para Leon.

— Espero que possam nos perdoar – terminou Aquiles.

Os Heróis foram desaparecendo um a um, e os cavaleiros não puderam deixar de conter as lágrimas. Quando todos se foram, a presença deles foi como um sonho fugaz. Tudo parecia acabado, quando uma menina surgiu diante de Atena. Era Titânide sem a armadura. Ela estava frágil e era carregada por uma Ninfa.

— Muitos deuses estão furiosos com o que você vem fazendo – Disse a garota em uma voz suave. – Mas há aqueles que se mantêm neutros e até aqueles que acreditam em você.

— No que você acredita? – Perguntou Atena com um sorriso.

— Você é a herdeira prometida – Respondeu ela de maneira tímida. – Assim como foi profetizado pelos Deuses Primordiais: pai após pai seria deposto consecutivamente pelo filho. Você não pode ser pai.

Atena sorriu em resposta, e a garota desapareceu quase que como se levada pelo vento.

Dias depois, Mik, Leon e Aziel estavam sozinhos no Salão do Mestre.

— Tem alguma ideia do porquê de nos chamaram aqui, Leon? – Perguntou Aziel.

— Vão nos premiar de alguma maneira. Eu espero.

Atena e o Grande Mestre e todos os cavaleiros de ouro adentraram o Salão. Seiya se aproximou de Leon com um sorriso.

— Você ajudou a salvar Atena, mas seu treinamento está incompleto – disse. – Mas não se preocupe, você irá terminar ele comigo.

— Esse é o meu prêmio? Treinamento? – Disse Leon cruzando os braços. – E ainda por cima com você? Nem pensar. Encontrem ao menos alguém mais forte. Algum deus ou...

Seiya aplicou um soco no topo da cabeça de Leon.

— Eu vou treinar você, sim! Não vou deixar que um moleque amaldiçoado saia andando livre por ai. Seu treinamento será mortal! Afinal, a casa de Gêmeos precisará de um novo protetor.

Ao ouvir aquelas palavras, os braços de Leon caíram junto com seu queixo. Ele olhou para Atena buscando confirmação do que acabara de ouvir, e quando ela sorriu e acenou com a cabeça, uma lágrima formou-se no canto do seu olho. Aziel e Mik riram de Leon, mas também foram acertados por Kiki.

— É melhor não rirem muito – disse Kiki.

— Afinal, as casas de Peixes e Câncer também estão vazias – Lembrou Ikki.

— Atena me permitiu ter dois discípulos, Mik. Permitiu também que dois lemurianos estejam entre os doze cavaleiros de ouro.

Mik mordeu o lábio para tentar resistir às lágrimas.

— Eu terei algum treinador? – Perguntou Aziel.

Nesse momento, um ar denso se apoderou do Salão. Ikki, o cavaleiro de Leão, bufou.

— Treinar você foi uma punição imposta a mim – disse Ikki. – Por isso, espero que esteja preparado. Você desejará a morte todos os dias.

Um arrepio percorreu a espinha de Aziel.

Orgulhosos e felizes, os cavaleiros se ajoelharam diante de Atena, que os abençoou mais uma vez, espalhando seu cosmo por entre eles e reerguendo as barreiras do Santuário.

Pois seriam dias de paz.

Mas não há paz que perdure.


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