Cavaleiros do Zodíaco: A Saga dos Herdeiros escrita por Dré


Capítulo 3
Primeira Fase - Episódio Três. O Futuro Nas Estrelas




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Ainda que o cargo de Mestre do Santuário fosse digno de respeito, inclusive dos cavaleiros de ouro, ele nunca mais concentrou tanto poder quanto antigamente. O caso que ficou conhecido como a Traição de Saga, o cavaleiro de Gêmeos anterior e antigo Mestre do Santuário, foi uma das principais causas da reformulação do Santuário.

O Patriarca, como também era conhecido o Mestre do Santuário, ainda que continuasse mantendo sua identidade secreta, não comandava mais os cavaleiros diretamente, tornando-se um agente de Atena, governador da região do Santuário e conselheiro.

E era exatamente conselho o que Hyoga, cavaleiro de ouro de Aquário e um dos Quatro Generais de Atena, estava buscando. Encontrando-se com o Mestre em seu vasto salão, Hyoga se curvou diante do Patriarca, que vestia o longo manto e o capacete vermelho com as asas membranosas.

— Cavaleiro de Aquário, é um prazer vê-lo aqui. Obrigado por se oferecer para entregar ao jovem Áries a carta com sua nova condecoração. Espero que ele tenha ficado orgulhoso. – Sua voz era suave e melodiosa.

— Tenho certeza que sim, Grande Mestre – respondeu Hyoga.

— Muito bem. E então, como posso ajudá-lo?

— Kiki de Áries nos trouxe uma informação importante em relação à armadura de Pégaso. Existe a suspeita de que desde os tempos mitológicos ela carregue a habilidade de prever grandes eventos catastróficos.

O Patriarca refletiu por um breve momento.

— Entendo. E você veio aqui me pedir para ler as estrelas. Prever o futuro.

— Sim – disse Hyoga de imediato.

— Saiba, cavaleiro, que a habilidade de ler as estrelas é extremamente interpretativa. – O Patriarca permaneceu um tempo olhando Hyoga nos olhos. – Assim como toda a leitura, ela é clara, mas existem interpretações diferentes para algo que possa ter sido escrito. Mesmo uma mera palavra pode ter mais de um significado. Acompanhe-me.

Hyoga e o Patriarca caminharam até a Star Hill, uma colina onde os Grandes Mestres de todos os tempos paravam para ler as estrelas. Lá, o Patriarca fechou os olhos e começou a se concentrar. Hyoga podia sentir forçar invisíveis agindo no local.

O cosmo do Patriarca se expandiu, alcançou as estrelas e ultrapassou as barreiras do tempo. Ele então abriu os olhos e começou a olhar o céu como se pudesse enxergar algo nele.

Hyoga teria as palavras que vieram a seguir ecoando em sua mente por muito tempo:

Guerreiros sagrados irão voltar-se contra o que amam, respeitam, defendem e acreditam. A rainha da guerra justa irá saborear a amarga fruta da morte e será tragada pela escuridão eterna. A queda do Santuário será marcada pelo retorno do Herdeiro do Inferno. Dedos de trevas tocarão o mundo em anéis de pedra, e os mortos irão caminhar sobre a Terra. O céu se cobrirá de anjos inquisidores. Enganados e traídos, eles julgarão os servos daquela que julga. No filho da traição residirá a esperança, que se extinguirá quando este abraçar a sua herança maldita.

Após dizer as palavras proféticas, o Patriarca saiu do seu transe. Os medos de Hyoga se concretizaram. Seus punhos cerraram-se por reflexo, como se o seu instinto de guerreiro gritasse em seu coração.

O Grande Mestre começou a sentir seu pulso acelerando e uma gota de suor escorreu pela lateral do seu rosto. Forçar as estrelas a enviar uma mensagem era difícil, mas o nervosismo o cansou mais do que o fato de ter elevado tanto o seu cosmo.

— Inferno? – Começou o Patriarca. – Achei que havia sido destruído após Hades.

— Atena usou seu poder para mantê-lo – respondeu Hyoga. – Mas em seguida ela o abandonou a própria sorte.

— A leitura não foi tão clara como costuma ser.

— Precisamos avisar a todos.

— Não – interrompeu o Mestre. Hyoga disparou-lhe um olhar inquisidor. – Não podemos causar pânico. Guerreiros sagrados irão voltar-se contra o que amam, respeitam, defendem e acreditam— repetiu – talvez eles já estejam aqui dentro.

O cavaleiro de Aquário percebeu que O Patriarca estava certo; era preciso pensar antes de agir. O Santuário havia sido reformulado para que suas defesas fossem reforçadas, nunca antes o exército de Atena fora tão grande e vigoroso.

Se cinco cavaleiros de bronze já haviam sido capazes de salvar o mundo várias vezes, era tranquilizador imaginar o que todos os cavaleiros que eles reuniram nesta época poderiam fazer juntos, mas por outro lado, quantos estariam a favor do inimigo? O pensamento invadiu Hyoga devagar como um veneno.

Nesse momento, uma voz ecoou no Star Hills, e mesmo sendo uma voz familiar, Hyoga quase reagiu de maneira explosiva.

— Seu cosmo parece estar em desequilíbrio, Hyoga.

— Shiryu! – Exclamou o cavaleiro de Aquário após o sobressalto.

A cintilante e bem equipada armadura de libra contrastava com os longos cabelos negros. O Dragão da Justiça, como alguns o chamavam, acumulava o cargo não apenas de um dos Quatro Generais, como também o de Juiz de Atena, responsável por manter o equilíbrio, a ordem e as defesas do Santuário com seu cosmo.

Por ser considerado o mais justo de todos, Atena, lembrando-se da época em que Saga proibia os cavaleiros de verem a deusa que supostamente estava em seu quarto, dera pessoalmente o título a ele, o qual, além de julgar os crimes internos, permitia que Shiryu tivesse acesso ilimitado a qualquer local do Santuário.

— Alguma coisa errada? – Perguntou.

— Não, Shiryu.

Caminhando rápido, Hyoga cruzou pelo cavaleiro de Libra, sem dar mais nenhum esclarecimento. Mesmo que tivessem sido muito amigos, as responsabilidades os tornaram distantes. Shiryu então voltou a sua atenção para o Patriarca.

— Talvez haja algo errado, cavaleiro de Libra – respondeu o Grande Patriarca. – Mas proponho a você um teste de confiança: deixe que Hyoga proceda com a situação como desejar.

Enquanto voltava para sua casa, várias ideias se embaralhavam na mente do cavaleiro de Aquário; informações tresloucadas, sem sentido, mas que tomavam forma. Hyoga não sabia que rumo seguir, precisava pensar e, ao mesmo tempo, torcer para que descobrisse tudo antes que a previsão se concretizasse.

Uma frase específica dita pelo Mestre do Santuário martelava em sua cabeça. Tal frase nem se quer estava na profecia: a leitura não foi tão clara como costuma ser. Que força seria capaz de se ocultar até mesmo da infinita luz das estrelas?

Seja ela qual for, mais uma vez, a humanidade estava destinada a aplacar a sua fúria com sangue e lágrimas.


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