Cavaleiros do Zodíaco: A Saga dos Herdeiros escrita por Dré


Capítulo 2
Primeira Fase - Episódio Dois. A Deusa Da Sabedoria




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Um magnífico corredor de escritório. Os passos suaves de uma dama. Pisadas firmes de seus guardas. O longo corredor terminava em um grande salão com uma porta dupla de madeira pesada ao fundo. A dona dos passos suaves cumprimentou a secretária no salão, que se assustou ao ver quem era. A secretária apertou um botão, abrindo um canal direto para o outro lado da porta.

— Ela chegou, senhor – disse a secretária em direção ao microfone.

— O que está esperando? Deixe-a entrar! – Respondeu a voz ríspida do outro lado da linha.

A porta de madeira se abriu. A dona dos passos suaves adentrou sozinha, enquanto as portas se fecharam atrás dela. O homem da voz no outro lado da linha, apesar de estar mais velho, podia ser facilmente reconhecido por qualquer um que já o vira em torno de sua antiga mestra. Em pé diante de sua vasta mesa, o homem careca fitou a moça que adentrou a sua sala em um misto de magnificência e delicadeza. Depois de tantos anos, ao contrário dele, ela parecia não ter envelhecido quase nada.

— Olá, Tatsumi – disse Saori Kido.

— Senhorita Saori – Tatsumi se curvou sutilmente, sem tirar os olhos da garota.

Um pequeno momento de silêncio constrangedor se formou entre os dois. Tatsumi não conseguia esconder a timidez ao ver que Saori sorria para ele. Era como se tivesse muito a agradecê-la, mas, infelizmente, ele tinha de ser duro com ela, pois se aqueles eram tempos difíceis para o império financeiro Graad, erguido por Mitsumasa Kido, parte da culpa era dela.

— A senhorita gostaria de falar comigo? – Perguntou Tatsumi.

— Não – Respondeu a sorridente Saori. – Você é quem gostaria de falar comigo. Acredito que irá querer me explicar o motivo de não ter sido convocada para a última reunião do conselho de sócios da Fundação.

Lentamente, Tatsumi contornou sua mesa e voltou a sentar-se em sua grande cadeira, estendendo a mão em um gesto que oferecia a cadeira do outro lado da mesa.

— Entenda, senhorita Saori. Durante toda a sua vida, Mitsumasa Kido e a Fundação depositaram as suas esperanças em você. Como resposta, a senhorita desapareceu por anos. Quando decidiu retornar, a Fundação e o Conselho sentiram-se traídos, pois a senhorita não demonstrara as mesmas habilidades que Mitsumasa tinha e a Graad não voltou a crescer. O seu império já não é a mesma coisa, por mais que eu tentasse ocultar a sua falta, o sobrenome Kido está cada vez mais sendo deixado de lado, a minha dedicação às inúmeras tarefas que a senhorita me deixou consumiram tudo o que eu tinha para dar, inclusive a minha saúde. Não me sinto arrependido, mas definitivamente estou cansado. Acreditei que a senhora traria consigo a esperança para as empresas, mas nada foi diferente desde que chego. Como se não bastasse, os seus projetos secretos vem consumindo muito dos recursos que deveriam estar sendo investidos. Nossos inimigos estão tomando todas as nossas principais fontes que nos sustentam. E agora, sempre que a senhorita viaja para o Santuário eu temo, pois não tenho como saber se irá retornar ou se desaparecerá novamente. Sim, senhorita Saori, infelizmente alguns membros do Conselho estão furiosos, querem ver a senhorita fora da empresa, querem remover todos os seus direitos para com ela e cancelar todos os seus projetos secretos. Sinceramente, senhorita Saori, meus esforços para impedir isso chegaram ao limite.

Quando Tatsumi ergueu a cabeça para olhá-la novamente, ele percebeu que ela ainda ria, fazendo seu respeito começa a dar lugar para certo grau de irritação. Ainda mais quando a única resposta de Saori para tudo isso foi:

— Não se preocupe, Tatsumi. As coisas irão melhorar. E, por favor, diga ao conselho para não se envolverem nos projetos secretos, eu continuarei lidando com eles pessoalmente.

Ela então se levantou e se preparou para ir embora, caminhando em direção à porta. Tatsumi não conseguiu segurar o nervosismo e deu um soco na mesa. Atena apenas parou, sem se virar para ele.

— Me perdoe senhorita Saori – disse Tatsumi tremendo, percebendo tardiamente que perdera, por um momento, o controle de si. – A senhorita ainda é muito inocente, não entende. Nossos concorrentes, eles...

— Quem são nossos concorrentes, Tatsumi? Quem são esses inimigos de que tanto fala? Por acaso está falando da Zayon? – Interrompeu Saori, ainda de costas.

Tatsumi ficou surpreso, pois achava que ela não estava interada nas questões empresariais. Sim, a Zayon, outro conglomerado empresarial que estava substituindo a Graad nos mais importantes setores.

— Sim, a Zayon é o principal deles. Suspeita-se que ela está prestes a absorver a Graad, comprando a maioria de suas ações. O seu líder chama-se Satoru. Um homem misterioso e poderoso que nunca foi visto. Cercado de benfeitores ainda mais poderosos e misteriosos. A única coisa que sabemos deles é que eles existem, e o crescimento explosivo do conglomerado só pode significar apoio de alguém muito poderoso.

Saori se virou para Tatsumi. O sorriso havia sumido – Saori dera lugar a Atena.

— Satoru. – Começou Atena. – Eu costumo chamá-lo de Carmalengo agora.

Tatsumi arregalou os olhos.

— Eu não apenas o conheço, – continuou a deusa – como o trouxe hoje comigo. Ele está ali, na outra sala, com a sua secretária.

Saori se aproximou da mesa de Tatsumi e apertou o botão que abria a linha com a moça.

— Satoru, pode vir aqui, por favor – disse Saori.

A porta se abriu. Tatsumi deixou o queixo pender ao ver quem era o homem que adentrara.

— Mas... Mas esse é... Shun!

Os cabelos verdes e inconfundíveis repousavam sobre os ombros que trajavam um elegante terno negro, muito diferente dos velhos suspensórios que Tatsumi se acostumara a vê-lo vestindo.

— Olá Tatsumi – disse Shun.

— Você é Satoru?! Mas como?!

— Esses anos que passei no Santuário tiveram como objetivo permitir que eu pudesse reestruturá-lo – disse Atena, fazendo a atenção de Tatsumi, ainda pasmo, se voltar para ela. A voz da deusa era controlada e calma, cada palavra, apesar de repreensiva, era como um carinho, de tão suave e tranquila. – Além, é claro, das inúmeras guerras que enfrentei na tentativa de salvar a Terra. Exatamente Tatsumi. Enquanto você liderava um império financeiro em meu nome, enquanto a sua única preocupação era ganhar dinheiro, Shun e os outros arriscavam suas vidas em nome do futuro de todo o planeta. Mas não se preocupe, seu tão querido dinheiro está a salvo, pois imaginando que o Conselho teria poder para tirar de mim o que herdei, eu acumulei meus fundos com os do meu próprio avô Mitsumasa e, durante todos esses anos eles renderam uma grande fortuna. Erguer a Zayon usando a identidade secreta de Shun e recuperar os clientes do meu avô usando meu nome fora uma tarefa relativamente fácil. Carmalengo é uma função que criei no Santuário. Aos poucos transformarei Shun no responsável por todos os meus bens, tanto os objetos sagrados do Santuário quando todo o poder financeiro da Zayon. E você está certo, não é apenas uma suposição, a Zayon, empresa que ergui sozinha, está prestes a absorver a Graad, que manterá apenas o seu nome enquanto todo o Conselho será alterado e substituído por uma nova equipe que está sendo preparada.

O mundo de Tatsumi estava girando. Ele mal conseguia se mover, sentia-se pequeno como uma formiga. Por algum motivo perdera a fé em Saori, ou melhor, na deusa Atena, e agora estava recebendo um duro golpe da realidade. Saori era a deusa da sabedoria e da guerra justa, nada poderia mudar isso. Ele tentou segurar, mas uma lágrima de arrependimento escorreu pelo seu rosto. Saori aparou a lágrima com sua mão e beijou-lhe a testa. Ela então se virou e, antes de partir, deixou uma última mensagem:

— Adeus Tatsumi, e conto com você para que o meu segredo jamais saia desse escritório.

— Até mais Tatsumi – foram as últimas palavras de Shun, antes de fechar a porta.

De volta ao Santuário, Seiya e Hyoga estavam retornando juntos para as suas respectivas casas. Hyoga já havia pensado em inúmeras situações sobre quem poderia ser aquele que estaria fazendo a armadura de Pégasus reagir e, dentre as várias possibilidades que desenvolvera, uma delas era mais clara, mesmo que ainda estivesse nebulosa.

— Seiya, você sabe de onde surgem as flechas de Sagitário? – Perguntou Hyoga.

Seiya refletiu um pouco, pois já pensara sobre isso.

— Acredito que seja uma habilidade natural da armadura. Eu apenas penso nelas e elas aparecem em minhas mãos.

Apenas com essa informação, Hyoga ampliou seu espectro de possibilidades.

— Vou pedir um favor a você Seiya, volte na casa de Kiki e peça para que ele identifique se essa é realmente uma habilidade especial da armadura ou alguma outra coisa.

Seiya ficou confuso, mas acatou o pedido do cavaleiro de Aquário. Hyoga, por sua vez, decidiu que estava na hora de procurar o único homem que poderia ajudá-lo a encurtar o caminho. Aquele que lia o futuro nas estrelas; o Mestre do Santuário.


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