Cavaleiros do Zodíaco: A Saga dos Herdeiros escrita por Dré


Capítulo 15
Segunda Fase - Episódio Três. A Sombra na Casa de Gêmeos




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No centro do corredor da casa de Virgem, trajando a sua belíssima armadura de ouro, Shun estava sentado em uma cadeira lendo um livro. Subitamente, o cheiro de morte começou a infestar o lugar. Era um cheiro pútrido que carregava sentimentos de tristeza e agonia. Shun, como cavaleiro muito experiente, já sentira esse cheiro quando estava no Inferno enfrentando os Espectros de Hades.

Os passos do cavaleiro de Câncer pela casa de virgem ecoavam de maneira sinistra. Shun quase podia sentir que Nachi de Câncer não estava sozinho; ele trazia a morte consigo. E a morte, assim como todos os fenômenos naturais, era algo poderoso e avassalador. Mesmo Shun sendo uma pessoa mais segura de si, os cavaleiros de Câncer sempre tiveram a sina de estarem entre os mais temidos graças ao seu contato tão próximo com a morte, e para coroar aquele estranho medo natural, havia o brilho negro nos olhos do cavaleiro da morte.

— Você não vai passar por aqui, Nachi – disse Shun. – Desista agora de qualquer tentativa.

Antes de dar um passo adiante, Nachi, trajando a armadura de Câncer, olhou para o chão, e nele, viu correntes feitas de puro cosmo espalhadas em forma circular por toda a casa de Virgem. Shun virou uma página do seu livro.

— Sabe por que a morte causa tanto medo? – Perguntou Nachi, mantendo distância das correntes. – Porque ela é incompreensível.

Logo que terminou a frase, Shun sentiu uma mão tocando o seu ombro. Era a mão de Nachi, ele simplesmente adentrara o círculo feito pela Defesa Circular de maneira inexplicável. Em um piscar de olhos o seu cosmo simplesmente mudou de lugar. Surpreso, Shun fechou seu livro lentamente.

— Não sei como fez isso, mas já lhe aviso, eu não quero lutar.

— Eu também não quero – disse Nachi. – Por isso me deixará passar.

— Você sabe que não posso deixar.

— Então, terei que lhe mostrar como atravessei a sua barreira.

Nachi desapareceu, surgindo no mesmo lugar onde estava inicialmente; logo atrás das correntes. Nachi era como um fantasma.

— Eu não sou mais um homem comum, Shun – começou Nachi. – A minha ligação com a morte é maior do que qualquer cavaleiro de Câncer do passado.

— Não entendo, – disse Shun. – Por acaso tem algo a ver com o fato de ser chamado de O Intocável?

— Sim, com certeza. Sou considerado O Intocável, pois já estou morto. Meu corpo existe nesse e no mundo dos mortos ao mesmo tempo. Eu transito entre dois como se saísse do asfalto para pisar na grama, os mortos cruzam meu corpo o tempo todo. Eu sou um fantasma, um morto-vivo, meu toque gélido é mortal, me tocar é atravessar imediatamente para o outro lado. Eu existo e não existo. Eu sou um fantasma.

Shun arregalou os olhos sem acreditar. A voz de Nachi, seu comportamento, seu olhar, tudo nele era puro terror. Shun sentia-se incapaz de controlar seu próprio medo, como se ele tomasse conta de cada nervo do seu corpo. De repente, Nachi se viu completamente enrolado por correntes feitas de cosmo.

— Sua história é interessante, Nachi. – Disse Shun. – Mas minhas correntes, mesmo essas feitas com meu cosmo, herdaram as habilidades da minha corrente de Andrômeda. Elas são capazes de cruzar as dimensões, por tanto, não importa em que mundo você esteja, elas vão te caçar e te acertar.

— Como eu disse, Shun: eu não quero lutar. Irmãos Mortais!

Um vento frio e misterioso penetrou a casa de Virgem. Uma energia negativa em forma de fachos brancos de ar gélido começou a se condensar em três pontos distintos. Um dos pontos, assim que tomou forma humana, atacou Shun, acertando-lhe um soco no rosto que o derrubou no chão. Bestificado, Shun fitou os três fantasmas. Todos eram iguais a Nachi, mas feitos de cosmo morto, ectoplasma puro e com aparências cadavéricas. As correntes que prendiam o cavaleiro de Câncer desapareceram.

— Você está destinado a manter-se escondido, Shun. Até mesmo o seu Templo de Virgem fica atrás do Templo de Leão, a casa que seu irmão guardava.

— Eu não preciso do meu irmão para não deixar você passar.

Shun ergueu os braços e as correntes cósmicas começaram a circular por toda a casa. Elas formavam um sem fim de círculos verticais. Shun estava pronto para a luta, sabia que não poderia subestimar um cavaleiro poderoso como Nachi, ele teria que fazer o que mais odeia em nome do bem de Atena.

— Corrente de Andrômeda! – Disparou Shun com a mão estendida.

Inúmeras correntes com pontas de seta voaram em direção aos inimigos fantasmagóricos, e o golpe os acertou tão poderosamente que eles acabam parando fora da Casa de Virgem.

— É o último aviso, Nachi – disse Shun. – Desista!

Enquanto Nachi e Shun batalhavam, no Quarto de Atena, Hyoga e Saori ouviam os estouros da luta que acontecia no hall de entrada entre Ban e o Mestre do Santuário.

— Atena, – disse Hyoga de repente – Ban é um cavaleiro de ouro. Eu preciso saber se o Mestre do Santuário pode enfrentá-lo.

— Eu... – hesitou Atena. – Eu não sei.

— Saori – Disse Hyoga entristecido. – E o cavaleiro de Gêmeos? Precisamos considerar a Maldição do Templo de Gêmeos. Ele é um amigo ou inimigo? Não podemos esquecer que ele, no passado, já foi um inimigo.

O olhar da garota diante de Hyoga pareceu se transformar: era a pequena Saori transformando-se na Deusa Atena.

— Não foi a sua falta de fé nas pessoas que nos trouxe até aqui em primeiro lugar, Hyoga?

— Atena – Hyoga baixou a cabeça.

— Não, Hyoga. Ele nunca foi um inimigo. Ele foi enganado. Eu confio no cavaleiro de Gêmeos tanto quanto confio em você. Quanto à maldição, sim, existe uma sombra que paira pela casa de Gêmeos, mas essa sombra já foi controlada. Além disso, não podemos esquecer que esse cavaleiro já derrotou uma vez um cavaleiro da constelação de Touro.

Atena estava irritada. O cavaleiro de Aquário via em seu olhar que ela não queria estar ali. De repente, Hyoga e Atena sentiram o cosmo de Geki de Touro ergueu-se mais forte.

Os passos do gigante de Touro ecoavam como o badalar dos sinos de igreja pelo Templo de Gêmeos. Seus olhos tinham o brilho negro da corrupção. Mas então, um cosmo terrível parou o movimento do colosso. Era um cosmo assassino, como de um predador. Geki então observou o fundo da escura casa de Gêmeos, e lá ele podia, com muita dificuldade, enxergar uma silhueta disforme.

— A Sombra de Gêmeos – disse Geki, sua voz era como um rugido.

Subitamente, o Touro Dourado ouviu passos atrás de si. Ao olhar para trás, lá estava o seu inimigo, caminhando em sua direção; a sombra do capacete de duas faces impedia a visão do rosto. Ao olhar de volta para o local onde estava a sombra, não havia nada lá. Ele se virou para trás esperando o inimigo que estava ali, mas ele também já desaparecera novamente.

— Ah sim, – disse Geki sorrindo – a sensação de cerco ao inimigo. Estratégia clássica de predadores.

Geki ouviu uma voz fantasmagórica.

— Horizonte Infinito – Sibilou a voz.

Mas Geki não notou nada de diferente.

— Nada aconteceu, – disse Geki, – então, é a minha vez de agir. Saia das sombras! Destruição Massiva!

Geki disparou um soco tão poderoso que a onda de impacto impregnada com cosmo destrutivo varreu a casa de Gêmeos, derrubando três grandiosos pilares de sustentação e rasgando o chão. Mas o cavaleiro de Gêmeos parou o golpe com uma mão, que faiscava as chamas douradas do golpe.

— A técnica com o maior poder destrutivo de todos – disse o cavaleiro de Gêmeos, que ainda estava oculto pelo seu capacete – não parece mais tão forte assim.

— Então, é isso que faz a sua técnica; ela roubou minha energia – constatou Geki. – Mas mesmo diminuindo a força do meu poder...

— Deixe-me adivinhar, – interrompeu o cavaleiro de ouro de Gêmeos. – Precisaria de dois de mim para vencê-lo?

De repente, outro cavaleiro de Gêmeos surgiu, cercando Geki.

— O cavaleiro de Gêmeos e sua Sombra – notou o gigante de Touro. – Shido e Bado, Guerreiros Deuses de Odin.

Shido e Bado, irmãos gêmeos, antigos Guerreiros Deuses de Odin, Guardiões da Estrela de Mizar. Lutaram e defenderam Hilda acreditando estar lutando em seu nome, quando na verdade ela estava sendo manipulada por Poseidon através do Anel de Nibelungo. Eles viveram separados, sendo um a sombra do outro devido à supertições familiares. Mas após uma terrível batalha contra Shun e Ikki, eles decidiram parar de lutar e aproveitar a vida como verdadeiros irmãos.

O tempo passou, eles viram suas habilidades lentamente serem desperdiçadas, até que, vendo os feitos de Atena e seus servos e sendo eternamente agradecidos a eles, solicitaram a Hilda permissão para lutar ao lado dos cavaleiros de Atena. O seu poder então não poderia ser ignorado, e eles logo aceitaram herdar a Casa Amaldiçoada de Gêmeos e sua armadura dupla.

Os Gêmeos assumiram sua postura de combate com uma sincronia perfeita. Geki estava seguro de si, mas ao mesmo tempo, sabia que estava em perigo, pois ambos os cavaleiros já haviam derrotado uma vez o antigo cavaleiro de Touro, Aldebaran.

— Aparentemente, terei que recuperar a honra que vocês tiraram dos cavaleiros de Touro – disse Geki.

Os dois predadores avançaram, e um feixe de luz dourada explodiu pelo teto da casa de gêmeos.


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