Cavaleiros do Zodíaco: A Saga dos Herdeiros escrita por Dré


Capítulo 10
Primeira Fase - Episódio Dez. Primeiras Respostas




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Após uma longa e cansativa viagem até a Ilha da Rainha da Morte, Hyoga retornou ainda mais próximo de ter uma resposta final para a sua investigação. Sem perder tempo, ele agendara um encontro com Atena, e agora, marchava ansioso em direção ao Salão do Mestre. Às portas do Salão, Hyoga notou a presença de um jovem cavaleiro.

— Quem é você? – Perguntou Hyoga.

O garoto se pôs de joelho.

— Cavaleiro de bronze, Mik de Orion, senhor.

— E o que está fazendo aqui? Essa região é proibida para cavaleiros de prata e de bronze.

— Eu fui convocado, senhor – o garoto estremeceu.

— Por quem?

— Por Atena.

Mik estava tão surpreso quanto o cavaleiro de Aquário. Atena nunca convocara um cavaleiro de bronze até ali. Nesse momento, os portões do Salão do Mestre se abriram. Do outro lado estava Shun, trajando a sua sagrada armadura de ouro.

— Olá – disse o cavaleiro de Virgem. 

Hyoga cumprimentou seu velho amigo com um aceno, mas Shun o abraçou sem cerimônias, deixando Hyoga constrangido. Em seguida, foi convidado a adentrar o Salão junto com Mik. No caminho, Hyoga, perdido em seus pensamentos, notou que Shun parecia bastante confiante.

— Você sabe o motivo desse encontro? – Perguntou Hyoga.

— Como Carmalengo, uma das minhas funções é estar sempre ao lado de Atena. E ficar ao lado da deusa da sabedoria tem suas vantagens em relação a saber das coisas.

— Saori pode ter despertado a total consciência de que é Atena, mas isso não significa que o mesmo aconteceu com seus poderes – observou Hyoga. – No passado, Atena derrotou pessoalmente inúmeros Espectros e o próprio deus Hades, mas nos tempos atuais, Atena apenas interferiu.

— Às vezes, Hyoga, – disse Shun. – desconfio que Atena nunca usou seus verdadeiros poderes. Nem mesmo nos tempos mitológicos.

Após os grandiosos pilares, no fim do caminho formado pelo longo e belíssimo tapete vermelho, no alto de alguns degraus de mármore, Atena estava sentada em um trono dourado. Em pé ao lado dela, o Grande Mestre fitava todos de dentro do seu capacete vermelho e máscara negra que cobria seu rosto. Hyoga também pode notar a presença de Kiki de Áries, posicionado em pé antes dos degraus.

Mik e Hyoga se ajoelharam diante de Atena, ela se levantou e caminhou até Hyoga, dando sua mão como apoio para que ele se levantasse.

— Você está do meu lado há muito tempo para ficar respeitando esse tipo de formalidade. E você também pode se levantar – disse Atena a Mik.

O cavaleiro de bronze ficou surpreso e levantou-se um pouco confuso. Todos ainda tinham dúvidas a respeito daquela reunião, que acabara sendo uma coincidente mistura de convocações e solicitações. Shun e o Patriarca se retiraram, deixando Kiki, Atena, Hyoga e Mik a sós.

— Agora que estamos todos aqui, – disse Atena – faça a sua pergunta Hyoga.

Nesse momento, em um relance, Hyoga e Kiki olharam para Mik. Ninguém entendia o motivo da presença do cavaleiro de bronze. Hyoga hesitou, não apenas pelo garoto, mas também pela presença de Kiki, e o motivo era simples:

— Atena, eu preciso saber o segredo sobre os Lemurianos.

O cavaleiro de Áries respondeu com um sobressalto:

— Hyoga! Que tipo de pergunta é essa?! – Exclamou Kiki. – Não há segredo nenhum sobre a minha raça, o que existe para ser dito estão nos registros do Santuário, qualquer cavaleiro de ouro tem acesso a eles.

O cavaleiro de Aquário não tomou nenhuma atitude quanto às palavras de Kiki, permanecendo impassível.

— Tudo bem, Kiki – disse Atena, que começou a falar enquanto se movia pelo Salão. – Todos vocês aqui já sabem que no período mitológico, o povo do Continente Perdido de Lemuria, os chamados Lemurianos, me ajudaram nas minhas primeiras e mais terríveis guerras contra o deus Poseidon. Percebendo a vantagem estratégica que eles me conferiam com seus poderes telecinéticos e de teletransporte, Poseidon afundou todo o Continente, matando inúmeros Lemurianos. Mas a história não acabou por ai.

— Atena, por favor – disse Kiki, tentando interromper.

— Não se preocupe, Kiki – disse Atena acalmando-o. – Mas gostaria que meu convidado especial continuasse a história. Tudo bem por você, Mik de Orion?

O garoto paralisou. Hyoga e Kiki não entenderam.

— Atena, com seu grande amor e sabedoria, deu uma nova casa aos Lemurianos que ela conseguiu salvar. Chama-se Nova Lemuria – disse Mik, surpreendendo Hyoga e Kiki, incrédulos sobre o fato de um cavaleiro de bronze ter tal informação. – Em uma dimensão paralela que Atena criou, ela abrigou os sobreviventes. Ao perceber que, em suas lutas, ela quase aniquilou uma raça inteira, Atena decidiu que não queria que eles sofressem por ela nunca mais e, por isso, determinou que eles não poderiam mais sair de lá. Mas muitos Lemurianos ainda amavam Atena e queriam continuar lutando ao seu lado. Então, ela permitiu que um deles pudesse sair e treinar um discípulo, que ao tornar-se seu sucessor, retornaria e escolheria um novo discípulo. Os últimos escolhidos foram Shion, Mu, Kiki e finalmente, sua atual discípula, Lina.

Surpreendendo a todos, Mik começou a chorar.

— Acalme-se cavaleiro de Orion – disse Atena. – Você ficou bastante preocupado quando a sua faixa caiu da cabeça durante a luta no Coliseu, não?

Mik então retirou o capacete da armadura, revelando as pintas características do povo Lemuriano. Para Kiki, tudo o que acontecera no Coliseu passou a fazer sentido.

— Perdoe-me Atena – começou o garoto. – Eu fiquei decepcionado quando o senhor Kiki não me escolheu como novo discípulo. Eu treinei sozinho por muito tempo, despertei meu cosmo sozinho e fugi de Nova Lemuria.

— Então você escondeu seus verdadeiros poderes por todos esses anos em que esteve aqui – disse Kiki, entendendo por que ele achou curiosas as técnicas de Mik, e por que continha suas habilidades durante a luta pela armadura de Orion, além disso, aquele movimento veloz que ninguém pode enxergar passou a fazer muito mais sentido ao lembrar a capacidade dos Lemurianos de se teletransportar.

— Fiz isso porque sempre sonhei em ser um cavaleiro. Lutar e entregar minha vida a Atena. Se quiserem me mandar de volta, eu não me importarei, pois sei que consegui, sei que fui capaz de me tornar um cavaleiro e que poderia ter ajudado Atena.

A deusa se aproximou do garoto e colocou mão sobre a sua cabeça.

— Você poderá ficar Mik, mas com uma condição.

O jovem caiu de joelhos.

— Qualquer coisa! Eu juro! Qualquer coisa! – Exclamou.

— A vida, mesmo a do menor dos Lemurianos, é sagrada para mim, então a conserve. Permita que eu também lhe proteja.

Mik colocou-se de pé novamente.

— Eu prometo, não vou decepcioná-la nunca! – Disse Mik, enquanto limpava o rosto. Seu coração vibrava de alegria e orgulho.

— Mas então, as regras mudaram. Estou certo, Atena? – Afirmou Hyoga. Kiki não entendia o que estava acontecendo. – Eu já imaginava a existência de um local secreto onde viviam os Lemurianos. Foi fácil então notar que os três homens mascarados na Ilha da Rainha da Morte estavam escondendo também alguma característica física. Eles são Lemurianos também, não foi Kiki quem refez as armaduras negras.

— Admito que não poderia ter feito todo aquele trabalho sozinho, mas é impossível que você já tivesse desconfiado de Nova Lemuria. Como você poderia saber? – Perguntou Kiki.

— Na verdade, foi você quem me confirmou a existência do povo Lemuriano, Kiki. Assim que compreendi que havia a necessidade de investigar o que poderia estar acontecendo, decidi começar com o que poderia ser tão terrível quanto Hades. Comecei a suspeitar imediatamente de alguém que pudesse estar querendo libertar Poseidon e manipulá-lo, assim como Kanon fizera certa vez, mas não encontrei nada além dos fatos de conhecimento comum sobre o Continente Perdido. Ao investigá-lo, fiz a conexão das habilidades do povo Lemuriano com algumas características ligadas às armaduras, afinal, foram eles, os Lemurianos, quem ajudaram Atena a construir as armaduras. As flechas de Sagitário, por exemplo, não aparecem do nada. São os Lemurianos, com sua habilidade de teletransportar pessoas e objetos, somados a sua habilidade de ler mentes, quem teletransportam as flechas para as mãos de Seiya quando ele pensa nelas. Indiretamente, eles nunca deixaram de ajudar Atena, quem sabe quantas vezes eles interferiram no rumo dos acontecimentos com seu grande poder. Não é a toa que Poseidon quis livrar-se de vocês o mais rápido possível, afundando seu continente no mar.

Kiki estava pasmo, lembrou-se de quando Seiya foi perguntar a ele sobre as características da armadura de Sagitário. O fato de Kiki ter respondido de maneira rápida e tão direta, tinha como objetivo proteger o segredo dos Lemurianos.

— Existe a possibilidade de outros desses mundos terem sido criados, Atena? – Perguntou Hyoga.

— Não – Respondeu a deusa. – A criação desse tipo de dimensão paralela é atrelada aos três principais domínios, aqueles que são criações originais dos deuses primordiais, os que antecederam Zeus e até mesmo Urano, pai de Zeus. Não é a toa que são três os Grandes Deuses do Olimpo, pois, afinal, três são os domínios originais: o Céu, o Inferno e o Mar. Como se sabe através dos mitos, Zeus desapareceu na era mitológica e encarregou a mim, sua filha, das portas do seu domínio.

— A Terra – completou Hyoga.

— Exatamente – disse a deusa. – Os pássaros nascem na terra, antes de se alçarem aos céus.

— E é por isso que os domínios originais são tão importantes – colocou Hyoga. – Os três domínios são representações dos poderes de criação dos deuses primordiais, com eles, é possível criar outros mundos, criar vida, novas formas, universos com novas leis.

— Sim, – continuou Atena – controlar um dos três domínios é controlar um poder que pode ir além do poder de um deus comum, mas apenas deuses extremamente poderosos e sábios são capazes de fazê-lo. Apenas com um domínio original seria possível criar uma dimensão paralela a ele. A Terra, por exemplo, é uma dimensão paralela ao Céu; Lemuria, mais do que um simples continente, era uma dimensão paralela aos Mares; e o Elíseos, uma dimensão paralela ao Inferno.

Hyoga agradeceu Atena e partiu. Era evidente para todos que Hyoga adquirira uma informação importante. As portas para a verdade estavam finalmente se abrindo.


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