Cavaleiros do Zodíaco: A Saga dos Herdeiros escrita por Dré


Capítulo 1
Primeira Fase - Episódio Um. O Quarto General




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O vento morno castigava a velha Grécia. Dentro do secreto e misterioso Santuário de Atena, entretanto, existia sempre certo frescor. Ainda que todas as características de uma pequena cidade mediterrânea se fizessem presentes, era possível sentir uma leveza quase mágica nos arredores das lendárias Doze Casas do Zodíaco. Os moradores do Santuário; funcionários, servos, familiares de cavaleiros e soldados, todos viviam de maneira alegre e humilde, já que qualquer tecnologia era proibida no local.

Quinze anos se passaram desde a queda de Hades. Os cavaleiros voltaram a enfrentar Guerras Santas e outras crises, provando inúmeras vezes o seu valor. Há quatro anos, porém, a humanidade vivia um período de relativa paz. Mas nem por isso a deusa Atena, ou Saori Kido, a bilionária herdeira da Fundação Graad, ficou estagnada em um trono de ouro. Mais experiente e sábia, a jovem Saori renovou o Santuário e, como resultado, ela obteve o maior número de cavaleiros desde a guerra contra Hades de sua encarnação passada.

 Dentre os novos cavaleiros de Atena, um dos mais proeminentes estava retornando ao Santuário após um longo período de trabalho. Sua aparência não lembrava em nada as formas rígidas e morenas típicas da Grécia. Seu rosto não se assemelhava ao de nenhum povoado conhecido, graças às duas pequenas pintas roxas que carregava no centro da testa. Aquelas eram marca comum aos Lemurianos; povo antigo e há muitos anos desaparecido da Terra. Seu nome era Kiki, e em suas costas carregava a Caixa de Pandora onde mantinha guardada a sua armadura de ouro de Áries. Ao ver-se diante da primeira Casa Zodiacal, ele a fitou com saudades, lembrando-se dos velhos tempos quando vivia e era treinado ali pelo seu mestre Mu.

Aguardando-o diante da casa estava ninguém menos que, de acordo com a nova estruturação feita por Saori, um dos Três Generais de Atena.

— Olá, Hyoga – cumprimentou Kiki de Áries com seu sorriso largo que dobrava os olhos.

Ser um dos Três Generais de Atena significava ter permissão para comandar outros cavaleiros de prata e de bronze, além de soldados e dos outros cavaleiros que defendiam Atena. Com isso, a deusa centralizou as suas forças militares em poucos cavaleiros de confiança, retirando poder do Mestre do Santuário e ajudando a abolir qualquer tipo de traição; ainda que fosse improvável, caso um dos Generais tentasse algo, existiriam outros com dois terços do total de cavaleiros para combatê-lo.

— Então, seu trabalho em Jamiel acabou – supôs Hyoga, que trajava a sua sagrada armadura de ouro de Aquário.

— Sim. Estou muito orgulhoso. Finalmente dei fim ao trabalho que meu mestre iniciou. Terminei o concerto de todas as sagradas armaduras destruídas na antiga Guerra Santa contra Hades. É claro que ainda restam armaduras que se perderam por esse e por outros mundos, mas ainda assim, poderemos agora treinar vários novos cavaleiros.

— Fez um ótimo trabalho Kiki – disse Hyoga. – Mas por que me convocou para recebê-lo?

Nesse momento, Hyoga pode observar uma sutil expressão preocupada no rosto de Kiki.

— Venha comigo. Eu vou mostrar.

Dentro da vasta casa de Áries, em uma das várias oficinas que Kiki mantinha, Hyoga e o cavaleiro de Áries observavam nada menos que a sagrada Kamui de Pégaso. A armadura resplandecia uma luz quase divina. Resquícios do cosmo que seu dono despertara na luta contra Hades.

— Há algo estranho nela – comentou Kiki, já trajando a sua armadura de Áries; uma obrigação dentro das Doze Casas.

— Eu ainda não entendo. Não sou eu o dono desta armadura.

— Me desculpe, eu sei que não – respondeu Kiki, baixando a cabeça. – Mas você é um dos mais inteligentes cavaleiros, imaginei que seria aquele que melhor saberia proceder, dada a situação.

Hyoga cruzou os braços e observou atentamente a armadura.

— Enquanto me explica, vamos chamar aqui o seu dono – disse Hyoga.

Alguns momentos depois, o portador das asas douradas adentrava a casa de Áries – o cavaleiro de ouro de Sagitário. O olhar determinado e ousado de Seiya ainda era o mesmo, ainda que agora com um novo ar de experiência obtido graças ao peso da responsabilidade de ser o Cavaleiro Lendário, aquele que inspirou e ainda inspirava novos e antigos defensores de Atena. Todos que amavam e defendiam a deusa sonhavam ser aquilo que Seiya era.

— Olá, Hyoga. Seja bem vindo de volta, Kiki – cumprimentou Seiya com seu jeito alegre. – E então, o que vocês têm de tão importante? Eu preciso voltar logo, se eu deixar a comida da Seika esfriar, ela vai me matar.

Hyoga abriu caminho e Seiya pôde então ver sua velha armadura, trazendo uma enxurrada de lembranças em sua mente.

— Antes que eu explique por que lhe convocamos Seiya, – começou Kiki – gostaria que entendesse alguns segredos sobre as armaduras.

Seiya acenou com a cabeça e se preparou para escutar atentamente as palavras do cavaleiro conhecido como o Grande Artífice.

— Existem muitos detalhes e minúcias sobre as armaduras. Pequenos segredos que normalmente são reservados àqueles que as concertam – continuou Kiki. – Dentre esses segredos, um dos mais importantes, é que a ligação da armadura com a constelação que a representa é maior do que se imagina.

Hyoga se aproximou da armadura de Pégasus.

— Existe, dentro de cada constelação, o infinito – disse Hyoga. Kiki ficou impressionado, pois aquela era uma citação típica do seu povo.

— Exatamente – continuou o cavaleiro de Áries. – E cada armadura tem sua essência baseada nesse infinito. Cada estrela, cada planeta, tudo o que constitui a constelação.

— A armadura de câncer, por exemplo, – comentou Hyoga – possui o Seikishiki na sua constelação, o famigerado Presépio. Isso faz com que seus cavaleiros recebam constantemente as bênçãos do mundo dos mortos.

Kiki notou que havia feito bem ao escolher Hyoga para ajudá-lo a tomar sua decisão sobre o que fazer.

— A questão final é que, a armadura sagrada de Pégasus também possui um dom escondido entre a infinidade de sua constelação – afirmou Kiki. – Mas é algo misterioso, que não pude compreender. É como se ela estivesse constantemente presa a um destino. O mais curioso é que recentemente ela voltou a ressonar, como se estivesse voltando a ativar esse misterioso dom.

— Então, – disse Seiya – vocês acreditam que a armadura pode estar tentando nos alertar de algo.

— Os únicos relatos que existem sobre atividade da armadura de Pégaso no passado foram durante os mais terríveis combates que Atena enfrentou – disse Hyoga. – Nunca antes, e nunca depois. Estamos a cerca de quatorze anos apenas treinando e enfrentando pequenas crises, e são esses mesmos quatorze anos que representam o tempo que a armadura de Pégaso está inativa.

Seiya abaixou a cabeça e começou a lembrar das terríveis lutas contra Hades, Poseidon e outros deuses. Os velhos aliados mortos, a humanidade tendo de suportar o peso da fúria dos deuses. Cenas cruzavam a sua mente; desde Atena sendo morta pelos seus cavaleiros, até a espada de Hades cravando em seu peito e os dias que passou em uma cadeira de rodas.

— Então, pode ser que tudo aquilo recomece? – Perguntou Seiya.

— Existe uma possibilidade – disse Hyoga. – E eu não pretendo ignorá-la. Irei pessoalmente atrás de cada detalhe que puder encontrar.

Antes de sair, Hyoga sacou uma carta.

— Antes disso, Kiki. Fiquei encarregado de informar que houve mais uma alteração na estrutura do Santuário. Uma modificação que envolve você diretamente.

Kiki pegou a carta e a leu, ficando cada vez mais pasmo a cada nova linha.

— Bom... Parece que agora somos quatro Generais de Atena – disse Kiki incrédulo.

— Uau! – Exclamou Seiya. – Parabéns, Kiki!

— Seja bem vindo, cavaleiro de Áries – disse Hyoga.

Seiya e Hyoga se despediram. Kiki permaneceu observando a carta que o condecorava como o Quarto General de Atena, como se precisasse ter certeza absoluta do que estava lendo.

Enquanto subia de volta para a sua casa, Hyoga concentrou-se na tentativa de imaginar por onde um inimigo poderia atacar, e no fundo, ainda que sufocado pela sua lógica, algo bem no interior do seu peito serpenteava lentamente em direção ao seu coração. O mais humano dos sentimentos...

... O medo.


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