– Tio Dean, não atire! – gritei.

 – Emily? – perguntaram os dois ao mesmo tempo.

 – Por favor, não atirem. – falei.

 – Emily, esse cara acabou de matar um garoto. – disse papai.

 – Mas eu não... – já ia dizendo Derek, porém foi interrompido por um golpe que tio Dean deu com a arma na cabeça do mesmo, fazendo-o cair no chão inconsciente.

 – Chega de brincadeira, Hale. – disse tio Dean amarrando o mesmo. – Sam, me ajude a colocá-lo no carro.

 – E ele tentou matar a mim e a toda a sua família. Derek jamais faria isso. – falei. – Por favor, não façam nada com ele. Tem alguma coisa estranha acontecendo, precisamos ouvi-lo.

 – Vamos ouvi-lo. – disse papai.

 – É, mas no porão cercado de tramazeira, onde é mais seguro. – disse tio Dean.

 – Você vem? – perguntou papai pondo Derek no carro.

 Eu não queria ir, não queria ter que enfrentar aqueles dois, mas era a vida de Derek que estava em risco. Logo aceitei e entrei no Impala 67, como fiz por muitos anos. Era estranho estar ali depois dos meses que estive afastada. Nada havia mudado.

 Fomos então para casa em silêncio e assim que chegamos tio Dean tratou de levar Derek direto para o porão. Porém eu não consegui passar da sala, pois meus queridos parentes haviam feito uma grande armadilha para demônios desenhada no teto da sala.

 – O que!? – falei não conseguindo sair do cômodo.

 – Desculpe, querida. – disse papai. – Mas não sabemos o que pode fazer.

 Em seguida ele se retirou, indo atrás de tio Dean, me deixando sozinha presa na sala. Eles tinham me enganado, mas eu não os culpava. Depois do episódio do jogo de lacrosse e de eu ter recusado a voltar do Inferno com eles, até eu mesma duvidaria da minha própria filha ou sobrinha.

 Sentei-me no sofá e fiquei por um bom tempo. Ouvia os gritos de tio Dean enquanto interrogava Derek que urrava de dor. Me perguntava o que eles estavam fazendo com o Hale. Eu conhecia Derek e sabia que não faria o que fez com as pessoas que ele mais ama. Porém era um tanto difícil entender o que estava acontecendo de verdade. De repente ouvi a campainha tocar e, como ninguém veio atender, fui até a porta ver quem era.

 Quando abri dei de cara com Stiles e mais dois garotos que não conhecia, mas um deles me parecia bastante familiar. Ele tinha olhos e cabelos castanhos lisos e uma tatuagem no braço que eram dois riscos. Já o outro tinha o cabelo mais claro e com pequenos cachinhos.

 – Boa noite. – disse o da tatuagem. – Você deve ser a Emily, não? Meu nome é Scott Mccall e esse é Isaac Lahey, podemos entrar?

 – Emily, quem...? – disse papai chegando à sala e dando de cara com os rapazes.

 Deixamos os lobisomens e Stiles entrarem e após um pouco de conversa Derek finalmente estava solto. Então sentamos-nos todos na sala e começamos a falar sobre o que realmente havia acontecido enquanto eu tratava de fazer alguns curativos em no Hale.

 – Tá, espera, deixa eu ver se entendi direito. – disse tio Dean. – Um metamorfo superpoderoso tomou o lugar de Derek durante semanas enquanto ele foi sequestrado pelos weredemons?

 – Exato. – disse Scott.

 – E ninguém percebeu isso? – perguntou papai.

 – Não... Quer dizer, ele era praticamente idêntico a ele até na personalidade, mas algumas coisas ele escorregava às vezes um pouco. Mas nada que levantasse suspeitas, sabe? – respondi passando remédio em um corte na testa de Derek.

 – Ai. – ele reclamou.

 – Desculpe. – falei.

 – E como vocês descobriram isso? – perguntou tio Dean. – Digo, vocês nem estavam na cidade.

 – Na verdade não descobrimos. – disse Isaac me olhando. – Stiles estava investigando os weredemons e nos contou onde talvez pudéssemos encontrá-los.

 – Derek foi um combo. – disse Stiles.

 – Mas como dois lobisomens e um humano conseguiram vencer uma alcateia inteira de weredemons? – perguntei curiosa.

 – Veneno de kanima. – respondeu Derek.

 – Kanima? – perguntou tio Dean.

 – É, um lagartão. – brincou Stiles.

 – Quando um humano é mordido e tem sentimentos reprimidos dentro dele, a transformação pode dar errado e ele se transformar em outra coisa. – explicou Scott. – Nesse caso aconteceu com o nosso amigo Jackson, que se tornou um kanima.

 – O veneno de kanima, quando em contato com o corpo de uma pessoa ou animal, possui propriedades que podem paralisá-los. – disse Isaac. – Deaton tinha uma boa quantidade guardada que coletou de Jackson na época em que ele estava transformado, então ele nos deu. E foi assim que conseguimos vencer os weredemons, os paralisando.

 – Mas mesmo assim ainda não faz sentindo. – disse tio Dean. – Por que não estavam junto com Derek no momento em que o capturamos?

 – Porque certas pessoas derrubaram o resto de veneno que tínhamos e fomos atacados por um weredemon, não é mesmo, Stiles? – disse Scott. – Então acabamos nos separando e depois fomos levar o pessoal para o hospital. Estão todos bem, exceto Leon...

 – O que!? – perguntou Derek. – O que aconteceu?

 – Sinto muito, Derek. – falei entristecida.

 – Não pode ser. – disse o Hale levando as mãos a cabeça incrédulo. – Leon está morto... Eu vou acabar com a raça aquele metamorfo.

 – E nós ajudaremos. – disse Scott.

 Ficamos conversando durante mais algum tempo até o momento em que todos decidiram ir embora. Apesar dos olhares estranhos de Isaac, tinha gostado de conhecer mais alguns lobisomens de Beacon Hills e sabia que eles seriam de grande ajuda na batalha contra os weredemons.

Durante a noite, meu pai desceu as escadas e ficamos conversando por horas. Ele sentiu pena de me deixar presa na sala daquele jeito então resolveu romper a armadilha. Eu o dei um abraço forte e finalmente subi para o meu quarto, onde tudo estava como deixei. Joguei-me na cama e em poucos minutos acabei adormecendo. Estava exausta.