De Outro Mundo escrita por S Q


Capítulo 41
Acidente




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O passeio ao redor da ilha não poderia ter sido pior. Justin só olhava para o celular, que estava atualizando no dia, ao invés de apreciar a vista. Alex queria conhecer o lugar livremente, mas Jerry alertava que devido às flutuações no nível de magia ali, era bom andarem juntos para evitar algum escape de magia.

— Isso não faz sentido! Por que logo aqui?!

— Já ouviu falar que as águas descem direto pelo ralo perto da linha do Equador? Sem girar?- falou o tio - Então, pelo mesmo motivo.

Justin complementou, mexendo no seu aparelho:

— O treinamento era aqui, perto do Equador, ou nos pólos. Acho que o clima aqui é um pouquinho mais agradável, não?- Levantou o olhar rapidamente só para irritar Alex e depois, voltou a olhar para baixo. Lógico que além dessas questões, ainda havia o péssimo humor que havia tomado conta do grupo.

Passavam perto de um quiosque perto da praia, só Theresa achando tudo lindo, quando Justin finalizou o procedimento em seu aparelho, e mandou um convite da atualização que usou peloWhatsapp para Max. O menino não respondeu. Justin, olhou ao redor e não conseguiu lhe ver.

— Não acredito que esse garoto consiga sempre sumir! - Ele falou exasperado.

— Ô, “espertão”! Ele tá ali na orla tentando impressionar.- Alex respondeu apontando na direção onde Max estava, sem nem olhar na cara de Justin.

Em volta do irmão de Harper, haviam alguns outros adolescentes admirados. O nerd percebeu que aquilo não era normal e foi até lá verificar, fazendo sua melhor cara de interrogador. Alex revirou a cabeça e foi segui-lo, acreditando que era neura do colega mas ele lhe lançou um ligeiro olhar de deboche quando se aproximaram da muvuca e perceberam que Max estava ostentando seus poderes livremente.

— FICOU MALUCO?!- O rapaz gritou exasperado para Max. Alex, ao contrário, explicou mais calma uma mentira sobre serem todos de uma família de mágicos de palco. Quando todos já estavam saindo dali achando que o grupo só tinha doido, a garota se virou debochadíssima:

— Isso aí. Diga o que está acontecendo, mas não faça nada. Resolve todos os problemas.

Justin iria dar-lhe uma resposta à altura mas bem nessa hora seus padrinhos chegaram intervindo:

— Ôuôu, que confusão é essa aqui?! Mas vocês não sabem apreciar um lugar de turismo?! Vamos voltar logo para hotel antes que causem algum dano entre vocês.

Alex comentou para si mesma:

— Era exatamente o que eu queria que alguém dissesse…

Eles não repararam, que no meio do público de Max, havia um homem que começou a seguir-lhes de longe.

 

***

Ao chegarem no quarto, os três se tacaram com força em suas respectivas camas. Max, porque estava com sono, Justin e Alex porque queriam evitar se falar. Mas a menina estava quase dormindo quando ouviu a alguém bater na porta. Max já estava no último sono. Justin, mais longe, ela não sabia; por isso, tacou uma almofada nele. Intencionalmente, ou não, ele não se moveu. Ela então xingou alto e foi ver o que era. Pelo olho mágico, viu Theresa de pé na porta:

— Olha, eu sei que posso estar incomodando, mas queria falar com a Alex…

— Sou eu. - disse a garota, abrindo a porta. Ela cruzou logo os braços e começou a bater o pé como se aguardasse impaciente por alguma informação relevante, e pudesse voltar logo para sua cama.

— Então, minha sobrinha, eu sei que tem algo… estranho… acontecendo entre você e o Justin. Eu só queria pedir, por favor, para que, seja o que for, vocês acalmem o ânimo, um pouquinho que seja, porque isso pode atrapalhar a competição e o treino e…

— Peraí, porque sempre eu? O Justin é o certinho e o queridinho, certo? Manda ele fazer alguma coisa a respeito! Nem que seja para compensar a vez que eu salvei o idiota de perder os poderes para o Gorog!

— Desculpa, eu só imaginei que você dormisse mais tarde e poderia conversar melhor comigo agora..

Alex deu uma sonora gargalhada, depois comentou:

— Ele dorme de madrugada. Como  uma tutora, VOCÊ deveria fazer algo. Prestar mais atenção nos seus pupilos, talvez.

— Ei, por que toda essa agressividade? Eu só te fiz um pedido de paz!

A menina respirou fundo. Baixou um pouco a cabeça e falou calmamente, olhando nos olhos da tia:

— Você quer saber por que? Talvez eu já esteja ficando cheia dessa palhaçada. Um bando de deveres e regras sem sentido para conciliar com minha vida estudantil, competitividade acima de tudo; minha família e toda minha antiga vida destruídas! Eu não aceitei ser feiticeira para isso!

Thereza não se abalou com a fala da sobrinha. Parecia até esperar algo do tipo.

— Alexandra, minha querida. A Magia é algo absurdamente profundo e poderoso. Quem quer manter ela pelo resto da vida tem que estar preparado para fardos e responsabilidades. Por isso é dado o arbítrio a vocês… Está reclamando na parte fácil ainda. Já ouviu falar de Malévola, Gandalf ou Harry?

— Fácil? Você está me dizendo que minha vida foi fácil?! Abandonada pelo pai, nas mãos de uma mãe sem muito dinheiro e frustrada?! E por que?!- Nesse momento ela sacou com raiva a varinha que ficava escondida na sua bota - Por causa dessa droga de “Magia”? Poder?! Sim, como eu estava cega! Essa porcaria de “abracadabra” que foi a razão da minha desgraça… E eu nem escolhi!

Ao perceber que a sobrinha estava irritada e nervosa, Thereza começou a se preocupar. Avisou então da forma mais moderada que pôde:

— Alex! Cuidado. Não fique segurando sua varinha de cabeça quente. Isso sim é perigos…

— Aaah! Chega disso! Quer saber?! Eu queria é que feiticeiro nenhum existisse!

Nisso, uma luz branca saiu da varinha de Alex. Foi aumentando até se tornar um raio e explodiu em um trovão de luz roxa, a cor de seu poder, inundando toda a vista. A menina que até então estava com raiva, ficou atordoada.

Quando recobrou os sentidos, estava sentada sozinha no meio do quarto do hotel. No lugar da raiva, um vazio muito mais insuportável dominava-lhe.

— O que foi que eu fiz?

Assombrada, com medo do que poderia ter acontecido naquele acidente com sua varinha, ela se levantou correndo para verificar como estavam as coisas do lado de fora do quarto. Encontrou novamente a tia, sentada num banco do corredor.

—Ai, que bom que você está aqui! Fiquei assustada com o disparo repentino da minha varinha e...

— Espera! Mas quem é você?


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