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Alex estava com o cabelo preso num coque rebelde e usava um vestido cinza tomara-que-caia com umas taxas metálicas no corpo e a saia desfiada. Era rebelde e sofisticado ao mesmo tempo. Megan travou vendo a filha arrumada e a morena apenas deu um sorrisinho e saiu de cabeça levantada.

Quando desceu as escadas para a lanchonete ficou surpresa: o lugar estava realmente parecendo um salão de festas e havia mais gente do que ela imaginava. Seu pai estava lá, Dean e até alguns colegas de sua escola regular, fora o diretor Laritate. Mas o que mais chocou a menina foi a presença de Crumbs Migalhovisk e algumas outras pessoas que ela conhecia de vista como feiticeiros da Feitiçotech e do DUM. Alex foi correndo falar com o diretor mágico:

— O que vocês estão fazendo aqui, aconteceu alguma coisa?!

— Antes de mais nada, faça menos alarde, estamos entre pessoas sem poderes. — Sussurrou o velho. Mais alto, ele disse disfarçando, com se fosse um íntimo conhecido — Feliz aniversário, querida Alex!

— Obrigada! — Ela respondeu entrando no jogo. — Venha comigo, preciso te mostrar... a comida maravilhosa que vamos servir! — E puxou ele pela mão até a porta da cozinha que ia dar na toca. Disse as palavras mágicas e entraram ali para poderem conversar sobre magia sem serem ouvidos.

— Ok, agora podem responder o que estão fazendo aqui?

— Bem, primeiramente eu realmente queria te dar os parabéns. Você me salvou e salvou toda a Feitiçotech. Sempre lhe considerarei por isso. — Disse sorrindo sinceramente. — Mas também chamei meus "colegas", pois hoje é um dia em que seus poderes podem se manifestar. Normalmente, os feiticeiros costumam ficar mais poderosos na noite em que a Terra se encontra na mesma posição em relação ao Sol que no dia em que nasceram, já que esse é um momento em que a radiação solar está com a intensidade próxima à mesma de quando você entrou em contato com todas as forças visíveis e invisíveis do mundo pela primeira vez. Ou em palavras mais simples, na noite de hoje seus poderes podem se descontrolar. Levando em consideração que você é uma feiticeira alfa, eu achei melhor convocar alguns feiticeiros treinados, de confiança, para garantir que nada de errado ocorra. Mas pode curtir sua festa à vontade, havendo qualquer indício de algo que possa ser perigoso, algum de nós irá te chamar reservadamente.

— Entendi... Mas como sabia que meu aniversário era hoje?

— Você esquece de com quem está lidando, hehe.

— Ah, sim, feiticeiro mais poderoso do mundo... Isso não te dá o direito de fazer um big brother da minha vida por telepatia ou sei lá qual mandinga que você usa.

— Pode ficar sossegada que só faço isso quando sinto que é extremamente necessário.

— Aliás... Seus poderes... também são Alfa?

— Não, são Beta como os de Justin. — disse ele sorrindo. — Apenas sou mais treinado que vocês . Mais do que um tipo mágico, a sabedoria e alma do feiticeiro que fazem ele realmente extraordinário. Nunca se esqueça disso. —
Alex ficou um pouco absorta em pensamentos, absorvendo aquelas palavras . Crumbs então lhe alertou:

— Mas não se preocupe muito com isso agora. Vá curtir sua festa!

E empurrando de leve ela pelo braço, os dois voltaram para junto dos demais convidados. Ninguém parecia ter notado nada de estranho, só flagraram um olhar apreensivo de Max do outro lado do salão na direção em que eles entraram. Assim que foi "pego", o garoto deu um pulo e saiu correndo para mexer nas caixas de som.

— Que esquisito... — Ela comentou. Contudo, deu de ombros e foi cumprimentar os convidados, dando uma atenção especial para seu pai e Dean. O pai pediu desculpas por não ter passado o dia com a filha, pois estava se arrumando e treinando para não pagar mico na festa. Ela disse que não se importava com o modo com que ele agisse na festa, no fundo, sentia falta sua presença. Kelbo pediu desculpas mais uma vez, fazendo ambos rirem por terem ficado tão apreensivos um com o outro à toa. Dean por sua vez, que sempre vestia roupas largadas estava mais arrumado do que nunca, bonito até, com um perfume que Alex sempre dissera que era o que ela mais gostava. Conversaram animadamente como os dois cúmplices que foram enquanto estudavam juntos, por vários minutos, esquecendo até do resto da festa, com o senhor Russo próximo a eles, fazendo piadinhas sempre que podia. Ele comentava que havia ficado muito feliz de saber que a filha fizera tão grande amigo enquanto o próprio estivera ausente; até os primeiros acordes de "Wherever, whenever" começarem a preencher a acústica do lugar e os spots de LED que haviam sido instalados no teto da lanchonete se voltarem todos para Max. Este, por sua vez, iniciava uma dança espalhafatosa, chamando a atenção dos convidados.

Alex saiu de perto do pai e do amigo devagar e foi trocar uma ideia com Harper:

— O que o seu irmão tá fazendo?! — Antes que a ruiva pudesse responder, o garoto deu um salto e enlaçou Alex começando a dançar freneticamente com ela. Agora sim a baixinha não estava entendendo nada. Com um braço, ele rodopiava a colega de apartamento, com outro, começava a fazer sinais para que todos fossem dançar também. Aos poucos, os demais convidados começaram a rir e tentar formar pares para dançar a música. Quando a música estava entrando no final, Max viu Gigi entrando no salão. Ele largou Alex na mesma hora, exclamando:

— Não acredito, minha rainha veio!

E saiu correndo em sua direção. Alex ficou assustada, parada sozinha no meio do salão, enquanto todos já estavam dançando com alguém e começava a próxima música: "Me and my broken heart". Ela já ia atrás de Max, dar um pedala nele por tê-la feito pagar aquele papelão quando Justin, o único que ainda não estava dançando naquela altura, deu um tapa na própria testa e saiu correndo em direção à aniversariante:

—Hey, espera! Você... quer, han... dançar... c-comigo?

Bastante surpresa, ela aceitou, embora estivesse ainda um pouco sem graça e zangada pelo beijo deles. De qualquer forma, ficar ali parada no meio da pista no próprio aniversário estava fora de cogitação e ainda havia aquele estranho magnetismo entre eles para complicar sua vontade de negar a dança.

 Justin começou a arriscar alguns passos próximo a ela, mas sem encostá-la ainda e a garota entendeu que seria uma boa acompanhar o que ele fazia. Aos poucos, foram se soltando e começaram a ousar mais, girando no lugar e arrastando os pés na direção um do outro. Os dois sabiam dançar bem e aquilo foi ficando realmente divertido. Justin improvisava num twist, enquanto a menina gargalhava e acompanhava o ritmo. Aos poucos, foram começando segurar um no braço do outro para girarem em direções opostas, como duas crianças, e começaram a rodopiar. O fato é que quando deram por si já estavam dançando enlaçados e nada mais importava. Até que a música deu uma acalmada na mesma hora que Alex lançara o corpo para trás, num passo que os bailarinos chamam de cambré, e Justin acompanhou o movimento, ficando os dois com o rosto muito próximo como quando se beijaram, só que agora com as luzes do salão, a música, a endorfina da dança e os trajes de festa complementando a cena. Os cabelos levemente descabelados sobre o rosto e o decote do vestido de Alex não ajudavam Justin a ouvir sua consciência naquele momento. Ele se inclinou em direção ao seu pescoço e deu uma forte suspirada, inebriado com o perfume. O rosto ainda colado em sua pele foi subindo até a orelha dela, onde sussurrou, deixando-lhe arrepiada:

— Tudo o que eu quero desde aquele dia é terminar o que a gente começou.

Ela sabia exatamente que ele se referia ao beijo.

— Mas também não quero ser um motivo para que olhe para trás caso se torne uma feiticeira completa. — Completou agora se afastando, com o pesar e a força que fazia naquele gesto claramente espelhados em sua face.

Os olhos de Alex estavam completamente arregalados. Ela compreendeu Justin perfeitamente, mais do que queria.

—Eu.. obrigada. T-também não desejo que isso aconteça com você.

O pior era que se ele tivesse simplesmente a beijado, ela não se sentiria tão apaixonada pelo tímido garoto de olhos claros quanto agora.

A música continuou e eles voltaram a dançar, mas já com uma espécie de raiva nos passos. A letra fazia mais sentido que nunca: "Shotgun, aimed at my heart, you got one" (Arma, apontada para meu coração, vocês pôs uma), "So bad it don't mean I'm not alone" (Triste isso não significar que não estou sozinho), "Maybe some part of you just hates me"(Talvez alguma parte de você apenas me odeie), "One time tell me you need me tonight" (Em um momento dessa noite disse que me queria) e obviamente, a frase que a música mais repetia: "Me and my broken heart" (eu e meu coração partido). Entretanto, Justin planejara dançar com Alex para alegrá-la, não para piorar as coisas. Por isso, ao se dar conta de que a música ia acabar, fez uma manobra e puxou a aniversariante para cima, colocando-a numa posição como se estivesse voando sobre o salão. Alex, arregalou os olhos maravilhada: nunca pensou que conseguiria ficar "plainando" algum dia. Por um instante ela se esqueceu de tudo e só curtiu o momento. Então, a próxima canção se iniciou e Justin pousou-a de volta. Quando fez isso, todos no salão, que haviam parado de dançar para observar o casal, começaram a aplaudir. Max era o mais efusivo.

Nenhum dos dois tinha percebido que se abrira uma roda ao redor deles e ficaram muito vermelhos, sem saber como reagir.