De Outro Mundo escrita por S Q


Capítulo 15
Edgebono Utoostis


Notas iniciais do capítulo

Feliz final de dia das crianças! Para comemorar, aqui vai um capítulo novinho!



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  Após Jerry ter percebido que ficara estressado à toa (ele realmente caiu direitinho no plano do afilhado), decidiu marcar enfim, junto da esposa, a primeira aula de feitiço. Havia adiado até então pois estava mais preferindo acertar sua didática com a sobrinha (embora seu nervosismo não tivesse ajudado nem um pouco nisso, né?). Porém, como finalmente percebera que no im das contas ela aprendera, o dono da lanchonete se sentiu mais do que confiante para iniciar sua provável “promissora carreira” de tutor de feitiçaria. Theresa agradeceu aos céus quando ele finalmente tomou essa decisão. Já havia falado com o marido há séculos que eles estavam enrolando muito; porém, este sempre arranjava um motivo para adiar o novo trabalho deles.

— Daqui a pouco o Migalhovisk vai descobrir essa demora e não vai ser nada bonito para nós. — Ela dizia. A mulher sabia que o diretor era um homem bondoso e extremamente compreensivo, mas já quanto aos feiticeiros que trabalhavam com ele, não poderia dar uma opinião tão certa... E com certeza, Crumbs deveria passar várias informações como essa a seus assistentes.

Quando os adolescentes souberam que as aulas mágicas começariam para valer, ficaram aliviados. Desde a visita do diretor, eles estavam numa grande apreensão para começarem tais lições. Quer dizer, todos menos Harper.

— Fala sério! Não bastasse eu descobrir por meio dos meus amigos antigos que meus pais continuam me caçando; ainda vai começar essa baboseira! Vocês vão ficar todos lá fazendo mágica, e eu, isolada! – Confidenciou a Alex, depois que receberam a notícia.

— Ué, mas por que não participa também, então?!

— Ah, é que eu tenho medo. Já tive experiências frustrantes demais com os truques de magia de meus pais. O Max é mais novo e mais avoado, acho que por isso ele não vê tanto problema em ser feiticeiro, mas eu vivi mais tempo em um universo tresloucado à força. Tudo que eu quero agora é ter uma vida normal.

— Nossa, que hard. Bem, eu não posso falar muito. Já tive muitos problemas com minha mãe também. Por isso que estou aqui. Mas meu caso é meio inverso ao seu: ela me obrigou a vir para cá. Mas sabe... acho que estou até gostando um pouco. — Alex logo percebeu que falara demais, pois a amiga estava com uma feição de quem iria fazer várias perguntas. A morena sempre odiou falar de sua vida pessoal por aí, por isso saiu tratando de mudar de assunto. Aliás, ela nem saberia explicar de onde veio coragem para falar o que falou com Harper. Só sabia que tinha algo na ruiva que lhe inspirava uma grande confiança. Porém, nem tanta:

— Mas, falaí, quem eram esses “amigos”? Algum gatinho que você possa me apresentar? Hahahah

— Ah, não. Eram os zeladores do teatro onde minha família se apresenta nos feriados. Lá só trabalham uns coroas.

— Ué, por que não chamou alguém mais íntimo?

— Eles... eram as pessoas mais íntimas de mim depois dos meus pais e do meu irmão. – Respondeu Harper, meio triste. Alex arregalou os olhos, se surpreendendo e quis também fazer várias perguntas sobre isso. Porém, foram tantas que ela até se atrapalhou pensando o que devia falar primeiro, e acabou desistindo de tocar no assunto. De repente, narrar a história de quando escorregou numa casca de banana na quinta série parecia mais animador...

 ***

 Nos dias seguintes, foram se revesando entre a escola, a lanchonete e as aulas. Os melhores momentos dos primeiros dias de suas lições estão compactados a seguir, neste e nos próximos capítulos:

— Todo feiticeiro possui uma varinha. Não que seja impossível realizar um feitiço sem varinha, mas é bem mais difícil. Esse instrumento costuma atrair os poderes de seu dono para si, e possui canais internos que facilitam a liberação dos tipos mágicos. Assim, mexer com a magia se torna algo bem mais simples de fazer.  As competições mágicas costumavam durar o dobro do tempo que curam hoje em dia, antes de inventarem esses bastõezinhos milagrosos...

 “Obviamente, como ninguém é igual a ninguém, e cada um possui um poder diferente e numa intensidade diferente, o ideal é que vocês possuam varinhas personalizadas. Por isso, eu peço que preencham esses formulários, para que sejam enviados aos mestres-artesãos-fabricantes de varinhas.  Eles produzirão as suas próprias de acordo com o que responderem. Sejam sinceros. O tempo para vocês receberem variará de acordo com a complexidade de cada um. Até lá, seus treinos serão com as varinhas de aprendizes que tenho aqui, já que nenhum de vocês deve executar um feitiço muito difícil por enquanto. ”

No dia seguinte então, tiveram a primeira lição sobre  "fundamentos da magia". Apesar de todo o nervoso que tivera até então, Jerry estava se saindo muito bem com a explicação. Theresa lhe observava cheia de orgulho.  Já a reação dos alunos era bem variada...

Justin prestava a maior atenção na explicação que seu padrinho dava. Anotava tudo em seu caderno e não olhava para o lado nem por um segundo. Max enquanto isso, simplesmente não conseguia deixar de observar as pedrinhas flutuantes que estavam dentro de um pote na prateleira e que de quando em quando, soltavam grunhidos bizarros. Ele andava pela sala para observa-las melhor e não prestava atenção em mais nada. Alex, por sua vez, parecia estar dormindo mesmo. De qualquer maneira, todos estavam presentes; menos Harper, é claro.

— ... E é isso. Max, Alex! Vocês por um acaso ouviram alguma coisa do que eu falei?!

Max continuou vidrado nas pedrinhas, como se nem tivessem lhe chamado. Alex levantou a cabeça bem devagar e falou exausta:

— Tentei.

 Jerry fez logo uma cara de reprovação, mas a sobrinha começou a se explicar:

— Desculpa, mas depois de passar uma manhã inteira tendo aula, ser humilhada no teste oral da minha turma pela sabedoria da Harper (que só estudava em casa até então), e ouvir provocações da Gigi, eu simplesmente não tenho cabeça para ficar ouvindo teoria. Aliás, pensei que esse negócio fosse ser mais prático. Cadê os “abra-cadabras” e “shazans” da vida?

— É claro que vamos treinar os feitiços também, mas a teoria é imprescindível no aprendizado mágico. Vocês estão se inserindo num mundo totalmente diferente do que conheciam até agora. Precisam saber as regras básicas desse mundo e ter uma noção de como ele funciona antes de serem inseridos de vez nele. Isso porque os próprios feitiços precisam de muita teoria para que sejam realizados corretamente.

Alex apenas soltou um muxoxo, e baixou sua cabeça, parecendo ainda mais exausta do que antes.

— Bem, mas como hoje é o primeiro dia de vocês, vamos facilitar! –Falou Theresa, para animar.

—Vamos? — Perguntou seu marido. A mulher lançou um olhar tão penetrante a ele, que foi fácil deduzir que a resposta seria sim e sem direito à contestações.

— E como seria isso? — Justin perguntou em seu árduo interesse.

— Iremos treinar um feitiço que, normalmente, todo aprendiz se fascina em fazer e não há muita dificuldade: duplicação. A partir dele vocês podem criar uma duplicata de qualquer coisa! Quem se voluntaria para uma demonstração?

Na mesma hora, Justin estendeu o braço, animado. Max e Alex nem se mexeram. Theresa, então, entregou uma varinha de aprendiz a Justin e pediu que ele fosse até o meio da sala.  Jerry conjurou uma galinha para que o afilhado treinasse com o bichinho e deu as instruções:

— É bem simples: você deverá apontar a varinha para a galinha e pronunciar as palavras mágicas se concentrando nas características dela, para que a duplicata saia igual à original. Acha que consegue?

—Claro, pode deixar. Já li tudo que precisava sobre duplicação nos livros que peguei emprestado.

— Então vai lá! As palavras mágicas são Edgebono Utoostis. Eu sei que você já sabe, mas nunca é demais reforçar. Disse Jerry, com nítido orgulho na voz. Justin então se concentrou bastante, olhou as anotações que fizera, e pronunciou corretamente o que deveria dizer para o feitiço se ativar. Um lampejo azul saiu da varinha em sua mão, e quando se apagou, apareceu uma ave idêntica à que seu padrinho trouxera. O homem logo começou a aplaudir e elogiar:

— Espetacular! É realmente muito difícil que um feitiço saia tão bem feito por um principiante e...

—AU!AU! — Fez a galinha.

Max e Alex, que até então, assistiram entediados à demonstração de Justin, caíram na gargalhada. O rapaz se explicou timidamente para o instrutor, porém, sem também conseguir conter um risinho:

— Desculpe, eu acho que um cachorro passou rapidamente pela minha cabeça quando fiz o feitiço.

— Ok, tudo bem, acidentes acontecem. Amanhã quero todos aqui para praticarmos mais e...

Alex interrompeu:

— Amanhã também?! Ah, não, eu preciso de um descanso, essa aula foi muito cansativa. E vai rolar um evento que eu não posso perder de jeito nenhum!

 


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Notas finais do capítulo

Aguardo comentários ;)



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