Chegamos na casa de Lexi e logo fui esconder os papéis.

— Foi por pouco... – comentou Lexi.

— É, se você estivesse olhando, elas não teriam nos visto. – disse mal humorada.

— Está jogando nas minhas costas? Se VOCÊ não tivesse se atrapalhado, já teríamos ido embora. Se VOCÊ não tivesse se atrapalhado, não teria que ter deixado de olhar para ir te ajudar. – disse ela apontando o dedo para mim.

— Como se eu tivesse te pedido alguma ajuda. – bati em sua mão.

    Sai de lá e fui para o quarto. Me joguei na cama. Não sabia no que pensar. Eu fui muito grossa com Lexi. Ela só tentou me ajudar, pois do mesmo modo que eu estava apavorada, ela também estava. É ela quem está correndo lado a lado comigo sem ganhar nada em troca quando todos me deram as costas.

— Menos nervosa? – diz Lexi após três batidas na porta.

 Me sento na cama em posição de Índio. Ela vem e se senta na minha frente.

— Sei que está arrependida... Mas não vai pedir desculpas... – disse ela rindo. – E realmente não precisa. Esse é o nosso jeito de se relacionar. Se entender sem precisar dizer uma palavra.

— Eu sinto muito. – disse cabisbaixa. – Com tudo isso acontecendo, eu fico com os nervos à flor da pele.

— Está tudo bem... Estamos juntas. – disse e me abraçou. E pela primeira vez em anos, me entreguei a um abraço de verdade.

......

 Pov’s Lohany.

   Assim que aquelas pessoas saíram correndo do jardim, me perguntei o que queriam do quarto de Sayra.

— Acho que sei do que estavam atrás... – disse Miley indo em direção à uns papéis espalhados no chão. Me apressei e os peguei do chão de qualwuer forma, os amassando um pouco. Pode conter algo neles que comprometa eu e Sayra de algum jeito.

  Comecei a lê-los, palavra por palavra e letra por letra. Li e reli para ter certeza do que estava escrito naqueles papéis.

— Não pode ser... – disse baixo, logo sentindo uma forte tontura, o que fez Miley vir em minha direção e me sentar na cama.

— O que houve? – perguntou Pattie. – Esta pálida.

— O que está escrito ai? – perguntou Miley.

— Na... nada. – disse com a voz falha e antes que pudesse fazer algo, os papéis já estavam nas mãos de Miley que os puxou de mim.

   Tentei levantar para pega-los, mas minhas pernas bambearam, o que me fez sentar novamente na cama. Meu corpo estava gelado e meu coração acelerado.

— Eu vou buscar água, você está soando frio. –disse Pattie saindo.

   Por que Sayra fez isso? Esse tempo todo? Eu poderia jurar que Justin a estava mudando, que ela estava amolecendo e sendo capaz de sentir amor novamente, mas ela apenas estava encenando para no fim mata-lo.

   Eu não podia acreditar nisso, como ela pode fazer isso comigo?

— Lohany, o que significa isso? – disse Miley visivelmente irritada.

— Eu... eu, não sei... – senti minha garganta se trancar, formando um nó na mesma. Não acredito que vai sobrar tudo para mim.

— Não sabe? Isso era da sua irmã... É claro que você sabe... – disse ela num tom mais alto.

— O que está havendo? – disse Pattie na porta com o copo d’água na mão.

   Miley foi em sua direção e lhe entregou os papéis, logo saindo do quarto.

— Pattie, não leia. Por favor, me deixe explicar primeiro. – supliquei.

— Um milhão de dólares? – disse Pattie com lágrimas em seu rosto. – É o que vale a vida do meu filho?

— Não, claro que não... Pattie, eu não sabia de nada, eu juro. – disse chorando.

   Pattie caminhou em minha direção, me acertando um tapa ardido na cara.

— Eu acolhi vocês na minha casa. Tinha vocês como filhas, do mesmo jeito dos garotos. – disse ela tremendo. – É isso que eu recebo em troca? A vida do meu filho?

— Pattie, eu...

— CALA A BOCA. – gritou ela, me fazendo dar um leve pulo e me calar rapidamente. – Eu queria muito estar sentindo raiva... mas eu estou sentindo tristeza, pois um dia confiei em vocês...

   Miley volta com seu celular nas mãos...

— Para... para quem você ligou? Eu não fiz nada... Eu juro. – disse temendo ela ter chamado a polícia.

   Demorou uns minutos e todos os meninos chegam. Quando vi Chris, meu coração se despedaçou, pois sabia que ele não iria acreditar em mim.

— O que houve meu amor? – disse Chris vindo me abraçar e eu o abracei o mais forte que pude, pois esse seria nosso último abraço.

— O que houve? – disse Miley. – Não vai contar Lohany? Quer que eu mesma conte? – disse cruzando os braços.

    Comecei a soluçar, esse era o fim de tudo. Meus amigos, meu amor... Tudo acabou.

— Por favor... me deixe explicar... – disse chorando.

— Justin, Sayra assinou um contrato, ganharia um milhão de dólares para te namorar e depois arrancar sua vida. – despejou Miley. O quarto ficou em completo silêncio, ou ficaria se Khalil não começasse a tossir.

— O que? – disse Justin, mais para ele do que para nós.

    Chris me encarou, estava perdido. Seu olhar era de assustado.

— Mas, como vocês sabem disso? – disse Khalil assustado.

— Está tudo escrito aqui... – Miley levantou a mão, abanando os papéis.

— Mas, ai está o nome de quem a contratou para fazer isso? – disse Khalil puxando os papéis das mãos de Miley nervoso.

   A tensão dominava aquele quarto.

Chris me lançou um olhar de decepção que não pude suportar.

  Sai correndo de lá, estava com falta de ar, sai na rua e parei, respirando ofegante. Meus pulmões gritavam por ar.

— Lanny... – disse Chris vindo até mim. – Calma... Calma... – dizia ele tentando me ajudar a controlar a respiração.

   Meu peito estava doendo, meu coração também doía.

— Chris... meu peito dói... eu não... consigo respirar. – dizia com a voz arrastada. – Por favor, faça isso parar, isso dói. – gritei.

   Chris não sabia o que fazer, o que pude ouvir antes de apagar, foi ele chamando pela ambulância.

....

Sayra Pov’s.

    No meio da noite, eu ainda estava acordada. Pensando em como escapamos por pouco. Logo me lembrei dos papéis que haviam ficado para trás.

   Pulei da cama e fui ver os que consegui pegar. Falava apenas quem contratava, no caso Khalil, como eu teria que fazer, até quando teria que fazer, mas... minha assinatura e a vítima, a foto de Justin, estavam nos outros papéis, peguei apenas os quais não importavam... Droga!

   As meninas estavam no quarto, com certeza viram os que estavam no chão e... vai sobrar tudo para Lohany...

— Lexi... Lexi... – disse abrindo a porta num estrondo, fazendo a mesma pular na cama, com a cara amassada, pegando sua arma debaixo do travesseiro.

— O que foi agora? – disse a mesma após constatar que era apenas eu.

— Os papéis que ficaram no chão, está tudo lá... A foto do Justin, o valor, minha assinatura está lá... Com certeza elas pegaram os papéis e agora irá sobrar tudo para Lohany. – disse desesperada.

— Ah, droga.... – disse ela levantando da cama e colocando a calça. Logo calçando as botas.

— O que vamos fazer? – perguntei.

— Jhony sempre tem uma idéia. – disse ela pegando a chave da moto, coloquei a roupa rapidamente e voamos para a casa de Jhony.

....

Justin Pov’s.

    Estávamos jogando vídeo game em casa, Miley e minha mãe foram acompanhar Lanny até sua casa, para a mesma pegar roupas para tomar banho.

   Estavam demorando até demais... Mulheres, sempre enroladas.

   O ambiente ainda estava tenso pela nossa recente perda. Tudo parecia sem vida, pelo menos para mim. Todos estavam com uma cara de zumbi, Lanny chorava de dez em dez minutos.

   Logo ouço meu celular tocar, me tirando de meu devaneio.

— Justin? – diz Miley logo que atendi. – Corre para a casa da Lohany, aconteceu algo muito sério. – diz a mesma com a voz um tanto embargada quanto com raiva.

   Senti um frio na espinha,  o que pode ter acontecido? Meu coração dizia que era algo relacionado a Sayra, sai correndo de casa, deixando perguntas para trás, fazendo com que todos em casa me seguissem até lá.

   Ouve toda uma sena, Lanny chorando, minha mãe, Miley com raiva. Até eu ouvir...

— Justin, Sayra assinou um contrato, ganharia um milhão de dólares para te namorar e depois arrancar sua vida. – disse Miley e tudo pareceu parar.

   Em minha cabeça veio todas as coisas que nós vivemos. Nada indicava que aquilo poderia ser verdade.

— O que? – foi o que eu consegui dizer.

   Eu estava imobilizado, tudo o que acontecia em minha volta, nada mais importava. Morrer neste momento era o que eu queria. A mulher que eu amava, queria me matar.