Paga Para Matar escrita por Amanda Katherine


Capítulo 21
Fúnebre: Anjos nunca morrem!


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, sei que não está muito bom esse capítulo, prometo recompensa-los.



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     Justin Pov’s.

   Típico de quando alguém morre, a chuva, a tristeza, a melancolia, tudo misturado, juntas formam-se um único sentimento, que significa remorso, e isso vai te dilacerando aos poucos a cada dia...

    Ás vezes eu só queria, por apenas um minuto, fugir da realidade explorar tudo sem medo de morrer, sem medo do que a mídia relataria sobre mim. Fazer tudo o que tenho vontade, sem medo de ser pego. Apenas um minuto seria o suficiente para me livrar desta realidade dilaceradora.

    Eu estava trajado de terno e gravata, jeans e supra, todo de preto, pois essa é a única cor que me faz sentido agora. O preto pra mim, significa o vazio e é exatamente como estou agora. Eu estava parado no centro daquele quarto, com as mãos no bolso, analisando todas aquelas coisas impecavelmente arrumadas. Era como se eu pudesse vê-la, andando pra lá e pra cá, irritada com alguma coisa. Do jeito insuportável que só ela tinha.

— Sinto tanto a sua falta Sayra... – disse olhando para o teto do quarto com as mãos ainda no bolso da calça.

— Eu também senti muito a sua falta Justin. – Olhei rapidamente para o banheiro, não acreditando no que ouvi.

   Ela estava lá, parada, encostada no batente da porta do banheiro, sorrindo, ela estava tão linda.

— Co... como? – minhas pernas fraquejaram. – Como está aqui? Sayra eu... eu vi, a Lany ela reconheceu você... ela... ela... – Sayra andou em minha direção e colocou seu dedo indicador na minha boca.

— Shhh, não precisa dizer nada Justin, eu estou aqui agora e nunca mais vou deixar você. Me desculpe por esse susto, eu não sei como sai de lá, eu me vi morrer Justin, não tinha mais saída para mim. – disse ela com os olhos marejados.

— Meu Deus, todos estão sofrendo tanto, precisamos contar a eles, eu sinto muito Sayra, por tudo o que te fiz, eu te amo tanto, é tarde demais para pedir desculpas? – eu dizia rapidamente.

— Eu sei, eu sei... – disse ela pegando em meu rosto e olhando em meus olhos. – Eu também te amo Justin. Vamos ficar juntos Justin, para sempre. – ela me abraçou e eu a apertei tão forte em meus braços, seu perfume, o mesmo de sempre, o mesmo que me embriagava. O calor de seu corpo, não pude aguentar, tomei seus lábios e ela retribuiu a mesma hora. Nos afastamos e eu sorri ainda de olhos fechados e pude senti-la sorrir também.

    A afastei de mim e a analisei, queria ter certeza de que era real, ela estava tão linda, eu estava tão feliz que ela havia voltado, agora eu teria minha segunda chance de consertar as coisas e não iria desperdiçar e nem vou deixar Selena entrar em nosso caminho.

   Nós nos encarávamos com tanta intensidade, nada nesse mundo a tiraria de mim de novo, não tão cedo. 

    Ouvi três batidas na porta que se encontrava aberta. Olhei sorrindo e lá estava Ryan.

— Vamos? – perguntou.

— Mas... – olhei para Sayra de novo e ela não estava mais ali. – Você não?... Ahn... – disse apontando para atrás de mim onde Sayra estava. Ele não a viu?

— Justin? – o olhei. – Tudo bem cara?

— Tu... tudo, eu já estou indo bro, me espere lá embaixo. – ele assentiu, abaixou a cabeça e saiu. Como ele pode não vê-la? Ela estava bem atrás de mim!

    Olhei todo o quarto e o pânico tomou conta de mim, comecei a ficar desesperado.

— Sayra? Onde você está? – olhei em baixo da cama. – Sayra? – olhei no banheiro, armários e closet. – SAYRA? VOCÊ NÃO PODE IR EMBORA DE NOVO! – abri a porta da varanda com brutalidade fazendo com que o vento bagunçasse meus cabelos enquanto o mesmo invadia o quarto, mas ela não estava ali também.

    Olhei meu reflexo no espelho da penteadeira, eu estava um lixo, senti pena de mim mesmo, fui até ele dando um murro no mesmo. Me sentei de frente para a penteadeira, vendo meu reflexo no vidro trincado que sobrou. Era exatamente como eu estava, trincando aos poucos, eu fui vitima da minha mente a minutos atrás, ela me aplicou uma peça. Me fez achar que Sayra estava aqui, que estava viva. Eu estou ficando louco? Porque eu a toquei... a beijei... a senti. Como pode ser possível?

   Droga, eu estou me sentindo tão sozinho.

.....

    Saí de lá e fui direto para meu carro, fui o mais devagar possível, eu não queria chegar lá nunca, queria voltar pra casa e quando abrisse a porta de casa, depararia com um salto na cara, arremessado por Sayra, se bem que um tênis seria mais conveniente vindo dela, pois ela odiava saltos e amava tênis, isso eu sabia bem dela.

   Parei meu carro atrás de outro carro que eu nem sabia de quem era, desci e estava cheio de gente, familiares, logo Lany para ao me lado, seu rosto estava inchado e seus olhos vermelhos.

— Você está bem? – perguntou ela com a mão em meu ombro.

— Na medida do possível e você? – perguntei.

— Também. Ahn, Justin... O delegado me procurou, perguntou se eu sabia se Sayra tinha algum namorado ciumento ou alguma rixa com alguém. – Disse ela aflita e perdida.

— Que absurdo, por que ele pensaria uma coisa dessas? – perguntei perplexo.

— Ele disse que há várias marcas de tiro no carro dela. – disse Lany começando a chorar. – E foi isso que causou a morte dela, os tiros Justin, os tiros. E no necrotério... Aquele tiro que a Sayra havia tomado perto do joelho, eles viram a marca. Eu não sei o que fazer, eles irão me fazer tantas perguntas – a abracei e afaguei seus cabelos.

— Perseguiram ela? – perguntei.

— Acho que sim. – Lany disse com tanta raiva.

— Mas quem faria isso?

— Eu... Com licença Justin! – disse ela fugindo do assunto e indo em direção a Chris.

   Caminhei até o cemitério do outro lado da rua, havia arvores dos dois lados, pareciam arcos, pisei no gramado e parei por um instante, observei tudo o que estava acontecendo. Havia pessoas ali que talvez nem conhecessem ela, outros deveriam ser parentes distantes, os pais de Sayra estavam em estado deploráveis.

  Olhei para a minha mão onde estava a rosa branca, fui em direção onde todos estavam, Chris deu tapinhas em meu ombro. Parei ao seu lado, as mulheres estavam sentadas em cadeiras de frente ao caixão e nós homens em pé, atrás delas.

— Hoje lembramos as coisas boas, uma filha afetuosa, irmã, companheira, futura mãe, lembramos e nos despedimos de Sayra. Sua vida não foi em vão mesmo que o servo do mal tenha ceifado sua alma antes do tempo. – Dizia o padre. – Não há nada que possamos fazer para reverter este mal, mas podemos viver felizes por ela e como ela, extrovertida, animada, sorridente, feliz. Aonde quer que nós formos, ela estará conosco, em nossos corações. Do pó viemos, ao pó voltaremos. Descanse em paz Sayra. Alguém gostaria de dizer algumas palavras?

— Eu! – se prontificou Lany indo em direção ao caixão. – Primeiramente, essa frase vale também ´para meus pais. Quero pedir perdão das coisas que fiz e disse a Sayra, mas que irmãs não brigam não é? Enfim, eu te amo Sayra. – Disse Lany chorando e desdobrando um papelzinho em sua mão, logo lendo-o. - Até aqui viajamos juntos. Passaram vilas e cidades, cachoeiras e rios, bosques e florestas. Não faltaram os grandes obstáculos. Segredos foram confidenciados, e certos levados até a sepultura, como prometemos. Frequentes foram as cercas, ajudando a transpor abismos. As subidas e descidas foram realidade sempre presente. Juntos percorremos retas, nos apoiamos nas curvas, descobrimos cidades. Chegou o momento de cada um seguir viagem sozinho. Que as experiências compartilhadas no percurso até aqui sejam a alavanca para alcançarmos a alegria de chegar ao destino projetado. A nossa saudade e a nossa esperança de um reencontro aos que, por vários motivos, nos deixaram, seguindo outros caminhos. O nosso agradecimento àqueles que, mesmo de fora, mas sempre presentes, nos quiseram bem e nos apoiaram nos bons e nos maus momentos. Dividam conosco os méritos desta conquista, porque ela também pertence a 
vocês. Uma despedida é necessária antes de podermos nos encontrar outra vez. Que nossas despedidas sejam um eterno reencontro. – Lany depositou um beijo e sua rosa no caixão, sorriu voltando ao seu lugar.

    Chris se levantou ficando em frente ao caixão. – Essas frases valem a Ryan, Mel, Jessie, Nash, Miley, Demi, Pattie, Scooter. Todos que sentirão falta de Sayra. – disse pegando um papel de seu paletó. - É engraçado como as pessoas passam rápido por nossas vidas e nos deixam marcas tão profundas... Foi assim com você...
Nosso amiga, companheira, confidente... Sempre com um sorriso no rosto, sempre disposto á ouvir e ajudar a quem precisava.
Sabemos que há tempo para todo o propósito debaixo do céu... que há tempo de nascer e que há tempo de morrer.... 
Sentiremos saudades pra sempre. Talvez lembrando do que podíamos ter feito e não fizemos, das palavras que deveriam ser ditas e não dissemos, atitudes que deveríamos ter tido e não tivemos. E se tivéssemos feito tudo, o tudo não seria suficiente. Somos assim despreparados pra perda e impacientes com o tempo, o qual deixamos responsável por apagar o nosso sofrimento. Estamos tristes pela falta que nos faz, mas gratos por termos conhecido você um dia. Descanse em paz Sayra.

   Agora seria a minha vez, eu não fazia ideia do que dizer, eu não havia preparado um texto fúnebre ainda, pois eu não tinha palavras, ainda mais agora que eu a vi naquele quarto, eu sei que minha mente me enganou, mas algo dentro de mim, diz que ela está viva. Talvez seja pelo simples fato de querer que ela esteja viva, que eu pense que ela realmente esteja.

  Caminhei até o caixão, acariciei o mesmo, amaldiçoei pelo mesmo ter sido lacrado, pois eu daria de tudo para ver seu rosto uma última vez.

— Bom... – comecei. – Eu não faço a mínima ideia do que dizer aqui, estou tão desnorteado que não encontrei palavras certas para isso aqui. – disse apontando para o caixão. - Por que dizer oi demora só um minuto, e dizer adeus demora uma eternidade? – ri pelo nariz, para descontrair. -  Bom, a Sayra não era uma das mulheres mais agradáveis que existia como todos aqui sabem, ela era única, tinha uma pitada e mel e o resto de pimenta mexicana. Mas, tudo o que ela fazia, ela acreditava ser pelo bem, estar protegendo alguém. No começo, eu tinha um único objetivo, conquistar uma pessoa que não valia a pena. Então Sayra chegou e mudou tudo, aos poucos com suas grosserias, eu me vi incapaz de ficar longe dela. – disse começando a chorar. – Eu recebi a notícia da pior forma possível, como todos os outros, e cada um foi atingido de uma forma diferente. Eu não tive a chance de um último abraço, de um último beijo, de uma última conversa ou talvez de um último tênis na cara. E isso é o que me atormenta todos os dias, eu não tive chance para me despedir. Talvez o único que me doa mais que dizer adeus é não ter tido a oportunidade de me despedir de você. Eu vou me lembrar de você todos os dias da minha vida Sayra, isso, onde quer que você esteja agora, você pode ter certeza. – sequei meus olhos com as costas da mão e depositei beijo em minha rosa e a pus sobre o caixão. Voltei para meu lugar, não havia mais ninguém para falar, era hora de enterrar, essa era a pior parte.

   Do nada, um homem que eu nunca vi, se aproxima do caixão com um papel, de onde ele conhecia Sayra?

— Luke?! – disse Lany baixinho, parecendo não acreditar que aquele moço estava ali, afinal, quem era ele?

— Bom... – começou a falar. – Acho que só há uma pessoa aqui que me conhece. – Disse olhando para Lany. – Mas eu conheço quase todos aqui muito bem, eu e Sayra éramos muito próximos, então me senti na obrigação de estar aqui, por mim e por ela. Fiz esse elogio fúnebre a ela. – disse olhando para o papel. - Um quarto lúgubre, escuro e vazio. Uma cama postada ao centro solitariamente.
Suas roupas de uma cor morta e saturna.
Deitava ali dois travesseiros frios que só de olhá-los
sentia-se o gelo queimar a visão.
Nem os sorrisos prostrados em alguns lábios
que ali estavam eram suficientes para reanimar aquela cama
e aquele quarto.
As paredes cinza, úmidas se entregando e se acabando.
Sem forças para se sustentar ali em pé suas tintas gastas, carcomidas
Era como se tivessem lágrimas e que elas escorressem delas de todos
Os dias e todas as noites tanto era a tristeza alojada ali em suas costas
e ali estava impregnado todo o fracasso, desilusões, revoltas, de uma vida que podia ser diferente, mas... o destino ou talvez a pouca força de vontade de ir para a luta não permitiu, mas tentou amenizar com sonhos que foram
estupidamente interrompidos ficando, só a viagem para a conquista através da letargia. As pessoas que ali passavam suas noites de amor entre aquelas
quatro paredes quase sem vida, não tinham nenhum romantismo. 
Aquele quarto e aquelas paredes seviciam pareciam estarem envolto 
Na solidão e esses corpos mesmo no ato de amar eram abraçados por ela. Saio desse quarto olho a claridade em meu redor sem tirar da minha mente a frieza e a dureza daquele quarto fúnebre! Vejo as nuvens pairar por entre
um mundo ludibriável, por ter sempre que conviver na mendacidade de um ser. E como dizia o lema da minha Sayra: "Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus." E ela tinha, nós! – disse ele depositando uma rosa vermelha no caixão. Da onde ele tirou minha Sayra? Ela não era dele! Era minha, sempre foi minha.

    Uma garota meio loira, do tamanho de Sayra, parecia ser rica, tinha uma postura fina e suas vestimentas eram de primeiríssimas, se aproxima e coloca as mãos no ombro de Luke, o mesmo a abraça e dá o lugar a ela.

— É, ninguém aqui me conhece, meu nome é Lexi, era uma grande amiga da Sayra, posso dizer que fui a melhor amiga dela, ela nunca falou de mim porque não podia, mas ela sempre teve uma amiga fiel aqui. Uma amiga que não a abandonaria por nada, nem por homem, nem por mulher... – a esse momento, Lany, Mel e Jess olhavam a tal Lexi com raiva, pois entenderam como uma indireta. – Não a abandonei e em a abandonaria por nada. Não sinto remorso pela partida dela. Pois tudo o que eu pude fazer por ela eu fiz, mesmo as vezes achando que não foi o suficiente, mas ela dizia que era. Nós éramos muito intimas, nos confidenciávamos. Tudo o que acontecia ela me contava, e tudo o que ela fazia também. – disse me olhando maliciosa. – Sayra teve muitas perdas em sua vida, mas segundo ela, uma de suas perdas foram maravilhosas. – disse ela me olhando de novo e dando um risinho. – Vocês podem conhecer seu lado maléfico, mas eu conheço os dois, o bom e o mal e me sinto grata por ter vivido todos esses momentos com ela, os quais ela foi um amor e nos quais ela era indiferente a tudo, mas tudo para não deixar transparecer como as coisas ruins a atingia. Mas bem, deixe-me ler meu discurso fúnebre senão, não paro de falar, pois tem tantas coisas, viagens, baladas, segredos. Enfim... – ela desdobrou o papel e começou a lê-lo. – A menina nasceu, cresceu, tornou-se garota. Começou a ser, dizer, fazer e a abalar. Abalar aos que foram criticados, pela audácia e aos que a ouviam pela coragem.
A garota era irreverente. A garota era uma garota. Eternamente apaixonada por tudo aquilo que parecia merecer seu amor.
A garota ria para seus admiradores. Mas seu íntimo chorava. Não era feliz. Então escrevia e esquecia-se de seu eterno vazio.
Certo dia, a garota se viu numa estrada sem fim. Olhou para os lados, mas nada viu. Não havia ninguém.
E a garota fechou os olhos e sentiu uma paz incomparável, uma ternura e angústia. Nunca havia se sentido assim. E quando os abriu, estava num lugar lindo, com flores belíssimas.
De repente olhou para o chão. Viu pessoas. Aquelas que sempre estavam ao seu lado. Ela riu, mas as pessoas choravam.
A garota havia morrido... Mas para nós que ficamos aqui, não pode haver tristeza. Pois nós temos uma única certeza:
“Anjos não morrem jamais!”


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, beijooss.



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