Ela me encarou.

— Sobre o que? Vocês se conhecem da onde? – Perguntou descendo a escada, parando no final da mesma cruzando os braços.

— Longa história. E por que não me disse que estava namorando?

— Eu ia te contar hoje. – Disse torcendo a boca.

— Por que hoje? Já faz algum tempo que estão juntos não?

   Chris já se encontrava sentado no sofá. Apenas olhava a situação.

— Sim, mas não te contei porque não sabia se iriamos dar certo, não queria te contar uma coisa que ainda não existia. Ele me pediu em namoro ontem. Eu ia te contar, mas você ainda não havia chegado. – Ela se sentou no sofá ao lado de Chris e pegou em sua mão, o mesmo sorriu para ela.

— Entendi. Se magoa-la você já sabe ne? Teve uma pequena amostra grátis hoje. – ele arregalou os olhos.

— Do que estão falando? – Lany perguntou franzindo a testa.

— Sua irmã que é louca. – disse Chris revirando os olhos.

— O que foi que você fez Sayra? – perguntou minha irmã, provavelmente achando que o sequestrei e o levei para o galpão lhe dar uma lição.

— Que? Eu estava no meu direito. Apenas segui o carro em que vi minha irmã descendo. – disse erguendo as mãos em sinal de rendição.

— Você o seguiu? – perguntou minha irmã dando um pulo do sofá, ficando de pé.

— Sim. – disse simples.

— E o que fez depois disso? – perguntou ela desconfiada.

— Nada.

— E o que é isso na sua perna? O que você aprontou? – perguntou ela ainda desconfiada.

   Ouvimos a campainha tocar. Minha irmã me olhou. A ultima vez que tocaram nossa campainha, invadiram a mesma.

— Fiquem aqui. Vou ver quem é.

— Não vou deixar você ir sozinha. – disse ela me seguindo. Chris nos olhava sem entender nada.

— Você vai ficar aqui porra. – disse a empurrando sentada no sofá, ao lado de Chris que arregalou os olhos.

— E se forem eles de novo. – perguntou ela.

— Então ficarão por aqui mesmo. – disse pegando minha arma atrás de mim.  Ela se levantou de novo para ir comigo, mas fiz um sinal de cabeça para Chris que entendeu o recado e a segurou.

  Abri aporta e já mirei. Luka me olhou com os olhos arregalados.

— Calma, só vim fazer a entrega. – disse ele levantando as mãos em sinal de rendição. Logo ele sorriu.

— Coloca na garagem. – mandei.

— É só você abrir chefe. – rolei os olhos.

— Lohany, vem cá e trás o controle da garagem.

— Pra que? – disse ela aparecendo do meu lado. – Ah, oi Luka.

— Oi Lohany. – disse o mesmo sério. Não sei se ele percebeu que eu percebi que ele gosta da Lany.

  Peguei o controle da garagem da mão de Lany. Mandei ela me esperar lá dentro. Sai de casa fechando a porta. Luka se dirigiu até o carro.

— Hey Luka. – chamei antes do mesmo entrar no carro.

— Que foi? – disse ele me olhando.

— Você vai encontrar a pessoa certa. Lany está comprometida agora, então segue a sua vida. Você só irá se machucar mais se insistir nisso. – disse o encarando seria.

   Ele parecia surpreso, parecia pensar em como é que eu sabia disso. Apenas assentiu com a cabeça. Luka era uma pessoa boa, mas fazer o que se  minha irmã não se apaixonou por ele?

— Obrigada pelo conselho Sayra. – disse ele.

   Abri a garagem e ele entrou com o carro. Ele saiu da mesma, fechei a garagem e ele me entregou a chave.

— Nos vemos por ai. – disse ele, fizemos o nosso toque.

— Hey Luka, preciso de ronda hoje aqui. Estamos com visita.

— Claro, é ele não é, o carro também é dele não é?

— Sim, também preciso que você descubra quem fez isso em mim. – disse mostrando a minha perna. Ele franziu o cenho.

— Tiro? – assenti. – Pode deixar que vou descobrir sim.

— Monte a equipe e passe aqui em casa as 14:00, te explico como tudo aconteceu. Comesse por lá onde o carro estava, foi lá que atiraram em mim. Até mais.

  Luke acenou com a cabeça e se foi. Entrei de volta em casa. Cheguei na cozinha e Lany estava se agarrando com Chris.

— Te Amo. – disse ele.

— Eu também.

— Cof*, Cof*, Cof*. – Disse exatamente assim por preguiça de fingir uma tosse.

— Estou com fome. Vamos preparar a comida? – perguntou Lany disfarçando.

  Há, mas não adianta, nada passa despercebido por mim. Teremos muitas coisas para conversar hoje no jantar. Deixar bem claro pra ele, quase transparente, que tipo de gente ele esta se relacionando. E se ele a magoar, bom, acho que ele já deve saber o que acontecerá.

— Façam vocês, vou subir tomar um banho e trocar o curativo da minha perna. – disse, Lany abriu a boca para perguntar-me novamente o que era aquilo. – Antes que pergunte, depois eu explico. No jantar para ser mais especifica.  – disse saindo dali e subindo as escadas.

   Entrei em meu quarto e já fui me despindo. Entrei no chuveiro mesmo, não estava com paciência em preparar a banheira. Me lembrei de meus pais, já faz um bom tempo que não falo com eles. Eles moram em Las Vegas para cuidar da nossa empresa. Não me perguntem o porque de fazer o que faço se não preciso de dinheiro. Fui praticamente obrigada a fazer o que faço mas,  já que é assim, não vou fazer de graça, dinheiro nunca é de mais.

   Sai do banho e me enrolei na toalha.  Fui para meu closet, procurei algo para vestir, não iria por o que  costumo por respeito a Lany e Chris. Dentro de casa uso meus shortinhos curtos, privacidade claro. Mas hoje optei por uma calça moletom larga preta, uma camiseta larguinha também preta.  Calcei minhas pantufas de panda preta e branca, desci e entrei na cozinha.

— Sobre o que conversam?- perguntei me sentando na bancada e pegando uma maçã.

— Chris me perguntou nossa história. Você chegou bem na hora que eu iria começar a falar.

— Não tem o que ele saber. – disse sendo um pouco grossa. Larguei  minha maçã fui tomar agua.

— Credo Sayra voc...

— Relaxa amor, ela já disse que não gostou de mim. – disse ele ficando sério.

— Patético. – disse eu bebendo minha agua.

— Claro que gostou, você é o primeiro cara que vai dormir nessa casa, sinta-se honrado e mais que amado por ela. – Lany disse, engasguei com a agua e na mesma hora lhe dei um soco no braço.

— Quando a comida ficar pronta me chamem. – disse saindo da cozinha tossindo, indo em direção a sala.

   Liguei a TV, estava passando CSI Miami. Acabou o episódio que eu estava assistindo, ia começar outro quando...

— Sayra, esta pronto, vem. – disse minha irmã.

  Me levantei, e fui em direção a cozinha, Chris estava sentado em MEU lugar, olhei para Lohany a matando com o olhar, a mesma me devolveu um olhar de cachorro molhado. Chris nos olhava sem entender, olhei para ele e arqueei a  sobrancelha.

— Oque foi? Disse me sentando de frente a Lany, ele estava na PONTA.

— O que eu fiz desta vez? – perguntou.

— Nada, só sentou no meu lugar. –disse dando ênfase no meu e sorrindo falso.

— Desculpe, eu não sabia, pode vir se.... – ele já ia se levantando.

— Não. – quase saiu como um grito. – Pode ficar ai, hoje.

   Ele voltou a se sentar, meio que sem graça.

— Então, ainda não me responderam as perguntas. – disse Lany.

— Quem faz as perguntas aqui sou eu. – disse com o tom da minha voz mais elevado que de costume. Já estava mais do que na hora de botar banca na bagaça.

— Mas... – ia  protestar Lany.

— Mas nada! – ela se calou. Chris nos olhava com um enorme ponto de interrogação na cabeça. Virei minha atenção a ele e sorri. – Não vai comer cunhado? – perguntei sorrindo, ninguém havia tocado na comida ainda. Lany me olhava desconfiada.

—An.... Claro. – disse ele se servindo.

— Então, vou fazer algumas perguntas e quero respostas, a qual não me convencer, um ponto a menos para você. – disse seria o encarando.

— Tu.. tudo bem.

— Você ama minha irmã? – perguntei o penetrando os olhos.

— Desnecessário. – intrometeu Lany. Olhei para a mesma que se calou no mesmo instante.

— Sim, muito. – respondeu Chris, olhando para Lany e pegou sua mão em cima da mesa. Eu apenas observava tudo quieta.

— Então, está disposto a passar por qualquer coisa por ela? – perguntei ainda o encarando seria.

— Sayra, por favor. Não faça isso.

— Estou! – respondeu Chris confiante.

— Então você deve saber com que tipo de pessoas esta se relacionando? – perguntei pegando um pedaço do arroz de forno.

   Chris arqueou a sobrancelha.

— Não entendi.

— Ué, não contou a ele Lany? – perguntei irônica.

— Por favor Sayra.

— Contou o que? – perguntou Chris.

— Sobre meu serviço. – disse sorrindo. – Não vai comer Lany?

— Não, estou sem fome.

— Você vai comer sim. – disse colocando um pedaço no prato dela. – Come! – mandei, a mesma pegou seus talheres pegando um pedaço e levando a boca.

— Você não trabalha com o que estou pensando né? – perguntou arregalando os olhos.

— Quem sabe, não sei o que esta pensando. – disse levando o garfo a boca.

— Você é paparazzi? – disse ele rápido. Gargalhei.

— Não, sabe, é muito interessante, mais do que seguir famosos.

— Então o que é? – perguntou franzindo o cenho.

— Eu já matei pessoas sabia? – Chris congelou, a única coisa que se moveu foi seus olhos em minha direção. Ele então gargalhou.

— Boa piada, mas isso não colou e mesmo se fosse verdade, continuaria com sua irmã. – continuei séria.

— Acha que estou brincando né? – perguntei.

— Eu não acho, tenho certeza.

— Que tipo de pessoa normal, carrega uma arma consigo, é baleada e não vai dar queixa na policia? – perguntei. Ele pareceu pensar.

— Mas...

— Mas o que?

— Nada. – disse ele serio.

— Desnecessário. – disse Lany.

— O que é desnecessário Lohany? – perguntei a encarando.

— Dizer sobre isso. Quer espantar meu namorado?

— Espantar? Não, só quero deixar ele bem ciente de onde esta entrando. Se ele quiser ir embora agora, fique a vontade Chris. – disse o olhando. – Porque se deixar pra ir depois.... – Não terminei a frase, apenas fiz sinal de arma com a mão e apontei para ele fingindo atirar. – Pow. – disse por fim.

— Não vou, é você que é podre não ela. – me disse serio. Ouvir aquilo me matava, o quanto minha irmã estava exposta aos perigos. Mas não podia desistir agora, ela estará correndo mais perigo se eu não fizer o que eles querem.

— Sim, eu sou a podre. – disse me levantando da mesa.

— Sayra, espera por favor. – pediu Lany.

— Alias Lohany, de que hospício tirou ele? Sabia que ele me fez passar uma enorme vergonha no mercado?

— Não entendi.

— Ele pôs um chapéu na cara, disse que ia ser assediado, dá pra acreditar? – disse.

— Isso que dá ser amigo do Justin Bieber.  – congelei.

— O que? – perguntei mais pra mim do que para eles.

— Vai dizer que não se lembra do Chris e nem do Ryan, você gostava do Justin Sayra, impossível esquecer. – Chris me olhou surpreso.

   Lembrei sobre meu serviço de amanha. Droga! Sai da cozinha correndo. Peguei o controle da garagem e abri a mesma. Entrei em meu carro e avistei o envelope que eu ainda não havia aberto. Estava meio amassado por conta de Chris ter sentado em cima. O peguei e sai de lá, fechando a mesma de novo. Entrei em casa e fui direto pra escada.

— Sayra, não vai me contar como se conheceram? – perguntou Lany da cozinha.

  Parei na entrada da escada e disse de volta.

— Não, sou podre, pergunta pra ele. – Disse subindo as escadas correndo e me trancando no quarto.

   Estava com medo de abrir o envelope e tiver a foto dele dentro, tipo, muito medo mesmo. Me sentei na cama e segurei firme o envelope. ‘Vamos Sayra, deixa de ser gay, abra logo. ‘ Pensei comigo mesma.

  Abri o envelope, fechei meus olhos com força. Retirei os papeis de dentro. Joguei todos em cima da cama, procurei apressadamente a foto e avistei um envelope menor, da mesma cor que o outro. Respirei fundo e tirei a foto de lá. Meu coração parou, senti meu corpo esquentar por inteiro. Minha garganta travou. Eu não estava acreditando no que estava vendo. Era ele, eu estava sendo PAGA PARA MATAR  Justin Bieber.