A Magia na Seleção escrita por Darlings


Capítulo 8
(Des)encontro


Notas iniciais do capítulo

Heeey batatinhas.
Quanto tempo, hein? Eu estava com saudades já sz. Desculpem-me por toda essa demora, não desistam de mim, ok? Mas, para compensar o atraso, está aí um capítulo extra GG pro'cês, com o dobro de palavras que costumo escrever, então é como dois capítulos.
Legal, hein? hein? hein? hein? Não? Desculpe.
Espero que gostem, minhas batatas preferidas.
Nos vemos nas notas finais, bjinhos amo vocês.



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Evans.

“Querido Henry,

Desculpe a demora em escrever para você, não estou tendo tempo! Não aguento mais tudo isso aqui, mas estou tentando suportar.

As garotas só pensam em roupas, maquiagens e sapatos. Elas são a futilidade em pessoa; a Rainha é uma vaca, trata a todos mal educadamente e é superfalsa; o Príncipe, argh, o Príncipe! Pense em uma pessoa idiota. Pensou? Agora multiplique a idiotice dessa pessoa por quinhentos. Pronto, você criou James Potter!

Ele marcou um encontro comigo, e eu tive que aceitar, claro, mesmo sendo cedo demais. Não sei se vou suportar um dia INTEIRO com aquele babaca. Isso é uma T-O-R-T-U-R-A. Potter é mimado, arrogante e exibido. Inclusive, o próprio olhou para os meus... Ok, você não precisa saber disso. Enfim, não consigo nem ficar no mesmo cômodo que esse imbecil. Eu, definitivamente, o odeio.

Céus, ignore os palavrões que estou dizendo. Não diga essas coisas nunca, está bem? Continuando...

Merlin, isso porque não contei sobre os vestidos bufantes! Se você acha que minha situação está ruim, imagine agora que irei te contar. Eles são horríveis! Parecem os da Petúnia! Tá, eu exagerei, não são iguais aos dela, mas, ainda assim, eles incomodam muito e não são nada atraentes.

Já deu de te encher com meus problemas, né? Irei parar por aqui.

Beijos, amo você.

Lily"

— Então, ficou bom? — perguntei ao Lummy depois de ler para ele. Lummy olhou para o pergaminho por alguns segundos.

— Lily, como você quer mandar uma carta pro seu irmão se ele não vai conseguir ler? — ele indagou-me com uma expressão muito séria.

— Como é que é, Lummy? — perguntei quase rindo de suas expressões engraçadas.

— Sua letra está horrível — respondeu-me, e a minha vontade de rir sumiu de repente.

— Primeiro que você nem sabe ler, portanto não pode determinar se minha letra é feia ou não...

— Tá, ok! — ele respondeu simplesmente e saltou da mesa para a cama e da cama para o chão.

— Ei, onde você está indo? Não vai mais me ajudar? — Franzi o cenho para ele.

— Acho que você deve procurar alguém que sabe ler pra te ajudar. — Percebi em seu tom que ele estava magoado.

Ótimo, Lily, que ótima pessoa você é, fica magoando animaizinhos.

— Lummy, volta aqui — implorei. — Eu só estava brincando. Por favor, me ajude. — Ele me olhou por uns segundos antes de voltar a falar.

— Segundo que o Seu Henry não é nenhum psicológico pra ficar ouvindo seus lamentos — disse fazendo gestos com as patas, e, antes que eu pudesse objetar, ele continuou: — Terceiro que você não ia escrever pra ele pra saber sobre sua família? Você nem perguntou sobre eles. — Então ele pulou na cama novamente e andou em minha direção.

— Lummy, você tem razão. Preocupei-me tanto em falar das coisas do castelo que me esqueci completamente de perguntar como eles estão lá em casa... — concordei sentindo-me idiota.

— Eu sempre estou certo. Ah, e tente não deixar ele mais preocupado do que já deve estar.

Ele parou e deitou-se na cama, com a barriguinha para cima, e eu voltei a escrever. Ou melhor, comecei outra carta. O que seria de mim sem o Lummy?

"Olá, Henry

Me perdoe pela demora, prometo escrever mais a partir de agora.

Como está por aí? Petúnia se acalmou? Meu Merlin, pobre de vocês quando eu aparecer na televisão, não consigo nem imaginar o surto dela. Mentira, consigo sim. Meus ouvidos sangram só de pensar.

Me conte tudo! O que houve depois que voltaram para casa? Como estão Papai e Mamãe? Diga a eles que estou com saudades!

Desculpe a metralhadora de perguntas, mas eu realmente sinto a sua falta, de conversar com você e de te ajudar a estudar, mesmo tendo passado pouco tempo desde que eu vim para o Palácio.

Falando em Palácio... Por aqui está bem... er... bom, são todos uns chatos, você sabe. Mas existem algumas pessoas decentes (o Príncipe não se enquadra nisso, como esperado), conheci umas meninas legais, minhas criadas são minhas amigas e eu só suporto tudo isso porque aqui me lembra Renascent Magic, a Escola de Magia e Bruxaria que você estuda. Foi o lugar mais feliz da minha vida.

Inclusive, você ainda está de férias, né? Que legal! Olha só, aproveita, pois quando as aulas voltarem, quero ver só nota máxima, O.K?

Henry, você tinha que ver as apresentações das selecionadas! Teve gente cantando, ameaçando, xingando os seres humanos e até fazendo seu nariz virar um nariz de porco! Foi hilário.

Devo dizer que minha situação nesse momento não está tão boa. Faz uns minutos desde que voltei da ''hora de beleza'' e não consigo mais mexer minhas sobrancelhas. Meus cabelos estão extremamente lisos, minhas pernas estão dormentes e minhas unhas estão pintadas (espero que até amanhã isso mude). Eu estou parecendo uma boneca de porcelana! Com os olhos vidrados, pele extremamente brilhante e aparência superficial. Mas, como eu disse, estou conseguindo suportar.

Ah, já ia quase me esquecendo: vesti um vestido bufante quase igual o da Petúnia, acredita? Só que verde e um pouco mais luxuoso. Fiquei pensando em que apelido você me daria, e achei que Limão Ambulante seria uma boa. Então, o que me diz?

Hoje, no café da manhã, eu cuspi meu suco de abóbora para fora quando lembrei do que disse sobre a Tuney. Graças a você, passei vergonha na frente de todos! Até de longe você me apronta uma dessas.

Acho que isso é tudo... Espero que essa carta chegue rápido, mal posso esperar por sua resposta.

Beijos, amo você.

De uma irmã morta de saudades,

Lily"

Li a carta toda para Lummy e o fiz ver como minha letra estava. Após alguns segundos, ele elogiou, provocando-me risadas e fazendo-me abraçá-lo:

— Essa é a minha garota.

Potter.

Essas vestes eram tão desconfortáveis. Quero dizer, por que o Príncipe não poderia usar roupas legais? Baguncei um pouco mais o meu topete e desamassei minhas roupas.

Eu era muito lindo. Definitivamente. Sim. Eu era um gato. Meus pais capricharam quando me fizeram.

Fui em direção ao corredor das Selecionadas, olhando de porta em porta — em cada um dos quartos, na porta (para facilitar minha vida) tinha o nome de sua respectiva selecionada —, procurando o quarto de uma das Gêmeas Weasley.

Bati três vezes na porta da Emma, quando encontrei.

— Quem é? — gritou uma voz abafada.

— Sou eu, James — falei um pouco alto para ela poder escutar.

— Entre! — exclamou, e ouvi um alarde vindo de dentro do quarto.

Abri a porta. Ela estava sentada na cama, e, como esperado, não se levantou para fazer uma reverência — pois entre nós esse tipo de coisa não era necessário.

— Emma? — perguntei desconfiado.

— Meu nome. — Sorriu amarelo. — O que você está fazendo aqui? — indagou ela, tentando se mostrar paciente, mas percebi que não estava.

— Então, eu estava querendo aquela tabela de emoções — pedi como quem não quer nada.

— Do Emoticon Weasley? — perguntou.

— Sim — respondi.

Emma não me questionou e não interviu em nada, apenas foi até algum lugar que eu não vi muito bem, pois seu corpo estava cobrindo a visão. Provavelmente era a maleta.

Um minuto depois, voltou com a tabela em mãos.

— Faça bom uso, só não deixe a Lily descobrir — disse ela descontraidamente.

— Mas... O quê? — Tentei me fazer de desentendido, mas continuei recebendo um olhar divertido dela. — Ah... Olhe, se isso puder ficar só entre nós, sabe...

— Sei, é claro... Fique tranquilo, seu pedido é uma ordem, Alteza— falou ainda com um tom e olhar divertido.

— Como você soube que vim pegar isso por causa da Lily? — perguntei interessado.

— Eu não sou idiota, James. Agora saia logo antes que eu mude de ideia e conte para todo mundo! — mandou.

— Tchauzinho — despedi-me descontraído, e saí.

Eu tinha quase certeza de que aquela era a Chloe. Ela estava com uma aparência bem diferente da Emma.

Ignorei meus pensamentos quando ouvi barulho de gente correndo. Assustado, olhei para trás, mas não vi nada. Podia ser apenas coisa da minha cabeça, assim como achar que aquela era a Chloe em vez da Emma.

— Está na hora de acordar, princesinha.

Bufei irritado ao ouvir Sirius me acordar com uma voz mais afeminada que o normal. Será possível que eu nunca mais vou ter a chance de levantar sozinho?

— Não enche, Sirius. — Joguei um de meus travesseiros nele.

— Estou falando sério, hoje você terá uns trezentos encontros e precisa levantar cedo para se preparar — rebateu, jogando o travesseiro de volta. — Nossa, pareci o Moony agora.

— Elas esperam, eu tenho todo o tempo do mundo — respondi, escondendo minha cabeça com o travesseiro que ele jogou.

— Ainda dormindo? Sirius, por que não acordou ele?! — ouvi a voz de Remus brigar com Pads.

Sabia que não deveria ter lido a maldita tabela até de madrugada, agora, graças à minha insistente leitura, eu mal conseguia abrir os olhos. Obrigado, Lily Evans! Mas pelo menos agora eu saberei tudo o que você está sentindo, então de certa forma, valeu a pena.

— Ei, eu tentei! — Sirius respondeu com falsa mágoa na voz. — Mas você sabe que esse aí é pior que uma pedra.

Quando eu estava quase dormindo novamente, despertei-me assustado ao ouvir Remus (Ou seria o Sirius? Não sei, estava com muito sono) pensar alto:

— Então teremos que arrumar uma maneira mais... marota de acordá-lo.

— Boa! Espere aí, por acaso nós trocamos de personalidade hoje? — Sirius perguntou confuso.

— Quê? — Remus respondeu ainda mais confuso.

— Deixa pra lá...

Sem aguentar mais um minuto ouvindo a conversa desses dois — e com medo do que eles estavam planejando fazer, admito — levantei-me e joguei um travesseiro em cada.

— Satisfeitos agora? — Irritei-me. Qual é, era a segunda vez que eu havia sido acordado assim em menos de uma semana, eu tinha o direito de ficar irritado!

— Muito! — os dois responderam e em seguida correram (e fizeram bem em correr, pois eu já estava prestes a jogar muito mais que travesseiros neles).

Sirius, Remus e eu estávamos a caminho do café da manhã. Como eu ainda estava irritado com eles, não dissemos nada enquanto andávamos.

— Olhe, James, você sabe que eu confio em você, certo? Somos melhores amigos e tudo mais... — Remus pôs fim no silêncio.

Bom, ele não precisava falar mais nada, pois eu já sabia muito bem sobre o que ele queria dizer.

— E lá vamos nós... — Sirius murmurou, e Remus o ignorou.

— Sim, Rem. Eu sei que você confia em mim e também sei que não devo fazer coisas impróprias com sua irmã — eu disse, o abraçando pelos ombros.

— Acho que já devo estar enchendo o saco com isso, mas...

— Acha? — Sirius ironizou, e Remus não o ignorou dessa vez, pois deu um tapa em suas costas.

— Mas... Tessa é apaixonada por você, então preciso que seja forte e que...

— E que eu não ceda aos encantos de uma Lupin — o interrompi, imitando sua voz. Sirius riu com minha péssima performance.

— Dá para vocês me deixarem falar, por favor? — pediu com raiva. Eu e Pads levantamos os braços em sinal de rendição. Ele prosseguiu: — Sei que o encontro de vocês dois não é hoje, só que preciso que você se prepare psicologicamente para ficar pelo menos a uns bons centímetros de distância dela.

— Eu vou conseguir, fique tranquilo. Sua irmã é lin... — Fui interrompido por um olhar quase mortal de meu amigo, então reformulei a frase: — Sua irmã tem um irmão lindo, mas eu nunca faria isso com você.

— Sei que não faria, mas... tenha paciência com ela — aconselhou, ignorando meu comentário (mentiroso, ok?) sobre ele. Dei dois tapinhas em seu ombro, tentando o confortar. — Estou tão feliz de que ela esteja aqui! Meus pais vivem recusando morar nesse lugar, então isso é praticamente um milagre. Não quero estragar tudo com meus ciúmes de irmão, nós já brigamos duas vezes!

— Apenas aproveite a presença de Tessa e relaxe, ok?

— Ouça bem essa palavra, Rem. Relaxe. Relaxar. Relaxando... — disse Sirius, fazendo Remus dar mais um tapa nele. — Ai! — gemeu de dor. — Olhe, minha prima maluca está na Seleção e nem por isso estou pirando. Você só precisa pensar que o James não é maluco o suficiente para se casar com uma delas.

— Verdade — Remus e eu dissemos em uníssono.

Eu já estava pronto para o encontro com Sophie Brown e todas as outras cinco garotas que terei contato hoje.

Pronto fisicamente? Sim. Psicologicamente? Não fazia a menor ideia.

Quando pensei em ter um encontro com todas em apenas uma semana, não imaginei que EU TERIA UM ENCONTRO COM TODAS EM APENAS UMA SEMANA! Estava tão preocupado em fazer tudo o mais depressa possível e, assim, mostrar para meu povo que minha decisão seria tomada logo e que eu seria um príncipe objetivo, que nem imaginei o quão traumatizante esses compromissos poderiam ser.

Quero dizer, ninguém consegue sair vivo após ter encontros, todos os dias, por uma semana, com trinta e quatro garotas — fiquei sabendo que uma delas foi expulsa por não cumprir uma regra, então já era uma a menos —, certo? Espero que eu seja o primeiro a conseguir.

Por que eu estava pensando nisso, afinal? Eu sou James Potter e estou mais bonito que o normal. Óbvio que iria sair ileso dessa.

Peguei meu vira-tempo e o coloquei em meu pescoço, escondendo-o por debaixo de meu colete. Espero que eu não eu faça nenhuma besteira, espero que eu não faça nenhuma besteira...

— Já está pronto, Potter? — ouvi a voz de Michelle perguntar amargamente.

— Se eu disser que sim você vai dar o fora daqui? — respondi com a mesma amargura.

— ''Dar o fora daqui''? Céus, Potter, você precisa aprimorar seu vocabulário. Um bom príncipe não diz essas coisas... Ah, me esqueci, você não é um bom príncipe — criticou-me, como sempre faz. Revirei os olhos.

— Veio aqui só para criticar-me e perguntar se estou pronto, ou há mais alguma coisa que queira me contar? — perguntei, olhando o reflexo dela pelo espelho.

— Sim, há outra coisa. Acredito que Minerva McGonagall não fará um bom trabalho com essas meninas. Ela dando aula é tão...

— Eu acredito que Minerva McGonagall é ótima e fará um ótimo trabalho com as meninas. Bem, se era só isso, já estou de saída. Da próxima vez, guarde suas opiniões desnecessárias para si mesma — interrompi e saí do quarto em seguida, a deixando com cara de tacho.

Fui para o corredor das Selecionadas e nem precisei procurar o quarto de Sophie Brown, pois a própria já estava parada (feito uma estátua) em sua porta. Achei graça daquilo, assim como também achei graça de quando ela praticamente esfregou seus seios em mim no dia da seleção. Aquilo foi inesquecível.

Hoje, para minha infelicidade (ou felicidade?), ela estava vestida de um modo mais comportado do que da vez daquele pequeno incidente com seus órgãos da frente.

Caminhei formalmente até seu encontro e recebi de bom grado sua reverência.

— Pronta? — Ofereci meu braço a ela, que aceitou e entrelaçou-o com o seu.

— Co... com certeza — respondeu. Seu braço estava gelado e percebi que se eu a soltasse agora, ela cairia ao chão. Engraçado que todas as garotas que aparentavam ser autoconfiantes, não eram assim perto de mim. Bem, exceto uma. — Então... para onde vamos? — perguntou quando saímos dos corredores.

— Se não se importa, eu gostaria de ir ver como o Shadow está antes — respondi, descendo as longas escadas. Cumprimentei um dos guardas com um aceno de cabeça.

— Shadow? — indagou deslumbrada.

— É, meu hipogrifo — respondi simplesmente.

— Ah... — Sophie suspirou, parecendo decepcionada.

— Está tudo bem? — Preocupei-me.

— Claro, eu não poderia estar melhor. — Sorriu.

Caminhamos pelos gramados em silêncio. Durante alguns momentos, ela parecia querer dizer alguma coisa, mas apenas suspirava. Então, quando estávamos quase chegando, ela apertou meu braço e me fez parar. Em seus olhos havia um brilho estranho.

— Nós vamos voar? — perguntou excitada.

Ela queria voar. Estava explícito ali em seu olhar, em seus gestos. Pensei que Sophie fosse o tipo de garota que detestasse coisas desse tipo.

— Na verdade... eu queria apenas fazer uma visitinha a ele — respondi meio sem jeito.

Ela não disse nada, mas percebi que, automaticamente, sua expressão relaxou. Talvez ela realmente detestasse voar.

Voltamos a caminhar, e confesso que eu já estava ficando entediado. O dia não poderia estar mais bonito, era uma pena não estarmos aproveitando-o realmente. Espero que os próximos encontros sejam melhores.

Chegamos ao estábulo (precisava lembrar-me de mandar usarem algo mais forte para limpar isso aqui, o cheiro estava horrível), e tenho certeza de que a cara que Sophie fez nunca sairá de minha mente.

Ela estava quase vomitando, mas também tentando sorrir enquanto isso. E eu estava me segurando muito para não rir. Queria que Moony e Pads estivessem aqui para ver isso.

— Tem certeza de que quer entrar? — me certifiquei.

— Claro que tenho, Jay! Sou boa com hipogrifos — falou com um tom mais divertido que o normal.

— Bem, se é assim... vamos! — animei-me.

Empurrei o portão de madeira e abri espaço para Brown passar, entrando logo em seguida. Os funcionários que estavam limpando os hipogrifos pararam imediatamente seu trabalho para fazerem uma reverência a mim. Fiz um suave aceno com a cabeça, indicando que já era hora de eles saírem.

Assim que saíram, fui em direção ao Shadow. Nesse estábulo, ele era o único hipogrifo com penas pretas, e também extremamente raro.

Eu o tinha desde quando ele era um filhote e desde quando eu, praticamente, também era um filhote. Nós nos conhecíamos tão bem que eu não precisava fazer qualquer tipo de reverência, assim como ele também não precisava.

— Como você está, amigão? Está precisando de um bom banho, isso sim. — Acariciei sua cabeça, e o próprio aconchegou-a em minha mão. Olhei para o lado, e Sophie observava tudo com mais silêncio que o normal. — Sabe, na primeira vez que a vi, não imaginei que você fosse tão quieta.

Pelo visto meu comentário a deixou surpresa, pois ela, de imediato, arregalou seus olhos castanhos. Soltei um riso baixo e voltei minha atenção ao Shadow.

— Então o senhor pensou em mim? — perguntou tentando insinuar algo, deixando de lado toda aquela timidez (se é que ela estava tímida mesmo).

— Bem, isso você terá que descobrir. — Dei um sorriso de canto. Sophie sorriu de volta e caminhou até a mim (sem nem se dar ao trabalho de fazer uma reverência ao Shadow antes, sorte dela que ele estava preso).

— Com certeza irei — sussurrou em meu ouvido, fazendo-me arrepiar por completo. Calma, James Potter. Esse é apenas o primeiro encontro. Pense com sua cabeça de cima, por favor.

— Acredito que você já deva estar cansada desse lugar, certo? — Desconfortei-me.

— Ah, imagina! Se você quer estar com o seu animal, eu estarei com você. É o nosso encontro, certo? Além disso, acho fofo você se preocupar tanto — falou, olhando em volta do local com a mesma expressão que ela fez antes de entrar. Dessa vez não aguentei e comecei a rir. — O que foi? O que eu fiz? — Desesperou-se, e dessa vez achei que ela fosse vomitar de verdade. Cessei meus risos instantaneamente.

— Nada, você não fez nada...

— Ai, que bom! — exclamou, antes que eu pudesse continuar a falar. — Por que seu hipogrifo está tão sujo? Seus empregados deveriam cuidar melhor de seus bichos, todos estão limpos e somente o seu está assim! — reclamou energeticamente. Céus, ela estava me lembrando a Michelle!

— É que... — comecei e olhei para ela, mas só consegui visualizar o rosto de minha madrasta diabólica ali. Dei um grito de susto.

— Ai meu Merlin! Você está bem? — Aproximou-se mais de mim e me abraçou tão forte que eu achei que fosse explodir.

— E... eu... eu est... — tentei falar, mas eu estava precisando de algo chamado oxigênio. Levou uns segundos para ela entender e me soltar.

— Desculpe, nossa... Eu estou estragando tudo! — sentou-se em um dos banquinhos e lamentou enquanto eu ainda recuperava meu ar. A fitei, e... ela estava quase chorando! Merlin, me ajude aqui, por favor!

— Soph... Sophie... não chore, por favor, por favor, por favor, tudo menos isso, por favor... — angustiei-me, passando a mão por meus cabelos já suados. Se tem algo que eu tinha fobia, com certeza era ver pessoas chorando na minha frente (ainda mais se fossem mulheres). Sophie me olhou confusa.

— Eu não estou chorando, Príncipe.

— Oh, graças a Merlin! — exclamei aliviado e logo sentei no banco ao lado do dela. Um longo silêncio pairou sobre o local.— Não sei se está gostando desse encontro — confessei.

— Eu estou, realmente — disse, e, pela primeira vez no dia, ela pareceu sincera. — Confesso que estou estragando tudo, então...

— Então...? — indaguei com expectativa.

— Então eu irei te ajudar a limpar o Shadow! Para te adiantar logo, sabe... — pronunciou todas as palavras de uma vez, e levei um tempo para entender tudo.

— Não, não precisa, sério... Vamos aproveitar nosso dia juntos — falei.

— Vamos aproveitar nosso dia juntos enquanto limpamos essa criaturinha.

— Você faria isso? — perguntei, sem acreditar.

— Claro! Como eu disse: sou boa com hipogrifos. — Deu uma piscadela e logo dirigiu-se ao Shadow, fazendo uma exagerada referência, na qual o animal respondeu segundos depois (e, para minha surpresa, ele não respondeu dando uma patada no rosto dela). — Viu? — gabou-se.

— Impressionante — elogiei. — Ah, como eu ia dizendo antes de meu pequeno surto: Shadow só deixa eu ou meus amigos limpá-lo, ninguém mais, por isso que os empregados não o limpam — expliquei, e ela sorriu amarelo.

Pegamos nossas varinhas, e não tardou muito para estarmos molhando Shadow com elas. Logo depois, começou a sair espuma da ponta da varinha de Sophie, enquanto a minha continuava saindo água.

— Me fale sobre a sua família — sugeri, e foi só eu dizer isso que Brown perdeu o controle de sua varinha e espalhou sabão por todo o lugar (inclusive sua boca). — Oh! Está tudo bem?

— Sim, claro... — respondeu, após uns segundos, com dificuldade. Ela passava sua mão por sua língua, mas isso só piorava sua situação, pois ela também estava cheia de sabão — Apenas escorregou da minha mão.

Já agoniado de vê-la assim, joguei água na boca dela e pus fim ao sofrimento (mesmo molhando quase todo o seu vestido). Antes que ela pudesse surtar, pedi:

— Conte-me sobre sua família.

— Bem, eles são muito ricos, sabe... Estão aposentados agora porque, você sabe como é, eles estão com dinheiro demais então não tem mais necessidade de trabalhar — respondeu, fitando o hipogrifo com bastante interesse.

É claro que ela estava mentindo, e eu sabia muito bem disso. Afinal, li a ficha de todas as selecionadas, e, na de Sophie, não dizia nada sobre pais ricos. Muito pelo contrário. Se não me engano, eles moravam em uma pequena fazenda no Norte, e lá era onde tiravam o seu dinheiro para ter o que comer.

Mas, obviamente, eu não diria para Sophie que sabia da verdade. É realmente muito bom saber da verdade quando alguém está mentindo, e isso não acontece comigo muitas vezes, então irei aproveitar o momento.

Em meus lábios, plantei o sorriso mais debochado que consegui e estreitei meus olhos com um (diabólico) interesse.

— Wow, isso é ótimo! E em que eles trabalhavam antes de se aposentarem? — perguntei, esfregando Shadow.

Ela parecia que ia engasgar com sua própria mentira, e, mais uma vez, me segurei para não rir e continuei com a expressão mais interessada possível.

— Ahm... eles... er... eles eram donos de...— embolou-se. — Você tem certeza de que não vai me levar para voar? — perguntou, tentando fugir do assunto. Como eu já estava com pena dela, resolvi não insistir.

— Não... Na verdade, irei levar outra selecionada, me desculpe — respondi, sentindo-me mal de novo. Mas logo essa sensação passou ao pensar em quem eu deixaria de levar e em quem eu levaria.

— Oh, sério? — indagou, um pouco desapontada. — E quem é, bobinho?

— Ahm... não conte para ninguém, ok? Nem para ela — pedi, Sophie assentiu. — É a Evans.

Ok, a reação que Sophie Brown teve realmente não fora a que eu esperava. Dessa vez, todo o seu rosto ficou vermelho e ela deixou sua varinha cair no chão e espalhar sabão para todos os lados. Oh, o que eu fiz?

— Sophie? — a chamei, mas ela continuou paralisada e mais vermelha que o comum. — Sophie!

A peguei pela mão e a arrastei dali. Fechei os olhos bruscamente ao ouvir o pequeno som de um sapato pisando em algo... não muito agradável. Olhei para ela, e agora ela estava quase ficando roxa.

Eu realmente estava ficando preocupado, afinal, eu me encontrava com uma mulher, cheia de hormônios, que estava ficando roxa e que acabara de pisar em cocô de hipogrifo. O primeiro encontro não poderia ter sido melhor!

Gritei por Marco — que era praticamente o ''chefe'' dos empregados — e ele veio limpar toda a bagunça que minha selecionada fez.

Durante o caminho até o palácio, me peguei observando duas pessoas (um homem de cabelos pretos e uma mulher de cabelos castanhos) que corriam apressadamente para algum lugar do jardim. Logo depois, ignorei, pois eu estava com algo mais importante para lidar.

Assim que chegamos ao seu quarto, ela ficou parada na porta e me olhou como se estivesse me pedindo desculpas. Antes que eu pudesse dizer algo, Sophie praticamente se jogou em cima de mim, e acredito que ela estava tentando me beijar. A afastei e a olhei confuso.

— Desculpe, mas eu não posso beijar você agora. Me desculpe — disse e dei um beijo em sua testa, mas me arrependi amargamente disso segundos depois, pois fiquei com a boca com gosto de sabão para hipogrifos.

Sophie estava totalmente diferente de quando eu a busquei aqui no começo do dia. Não só seu vestido, mas também todo o seu corpo estava molhado e cheio de sabão, seus sapatos estavam sujos e seu rosto estava confuso.

— Você precisa ir descansar. Relaxe que daqui a pouco chegará comida para você.

Após mandar levarem comida para o quarto dela, fui para o meu, respirando fundo. Tomei um banho rápido e me arrumei novamente, morrendo de cansaço.

Escolhi isso, agora eu tinha que fazer.

Peguei meu vira tempo e suspirei. Eu sabia como fazer isso, é claro que eu sabia, mas não podia evitar me sentir apreensivo.

Trêmulo, girei-o. 1, 2, 3, 4...

Tudo ao meu redor foi voltando para trás, até que parou. O fim da tarde agora era começo da tarde, e a porta, que antes estava fechada, havia acabado de se fechar.

Meu eu do passado havia acabado de sair do quarto, rumo ao encontro com Sophie.

Por pouco nós dois não havíamos nos encontrado.

Eu quase havia feito uma bela merda.


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Notas finais do capítulo

E os encontros começaram! Que a sorte esteja a favor das selecionadas e, é claro, do nosso James Potter.
Olááá novamente! E então... Gostaram? Odiaram? Nenhum dos dois? Já sabem como funciona, certo?! É só comentar o que acharam e automaticamente vocês me fazem feliz ♥
GOSTARIA DE AGRADECER POR AMNS TER ATINGIDO A METADE DE 100 COMENTÁRIOS: 50!!!!! Conseguimos chegar à meta de 50 comentários, e prometo que irei tentar tirar print de tudo para colar na parede de meu quarto rsrsrs
Como perceberam (e como eu falei lá em cima), esse cap teve quase o dobro de palavras que meus caps costumam ter, e devo confessar que está sendo libertador para mim ter postado-o. Meu sonho é postar capítulos grandes em AMNS, mas minha insegurança boba não deixa :( fico com medo de perder meus leitores. Então, para parar de vez com essa paranoia (ou não) decidi perguntar diretamente a vocês: vocês se incomodariam que meu mínimo de palavras fosse 2k e meu máximo 5k? Respondam, por favor! Isso é super importante para o andamento da fic.
Sei que vocês querem Jily e, acredite, eu também quero, mas estou tentando seguir o conselho de uma leitora e fazer tudo sem pressa. Me perdoem por não ter cena Jily nesse cap, mas tenham certeza que irei compensar no próximo hihihihi
Quanto aos desenhos... O desenhista não deu mais sinal de vida ;/ então eu ainda estou aguardando...
Se você leu as notas do começo, o cap, e claro, essas notas, isso quer dizer que ainda não desistiu de mim, e gostaria de também agradecer por isso! Obrigada por continuarem acompanhando meu sonho chamado AMNS *_*



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