Nos separamos ofegantes, Justin me encarava com seus olhos cor de mel, os mesmos que me hipnotizavam.   O empurrei de leve e o mesmo se tocou saindo de cima de mim. Me levantei e fui direto ao banheiro. Lavei meu rosto, me sentei no chão e pensei no quão longe deixei chegar, e agora estava ainda mais apaixonada por ele, por quem eu sei que irá me decepcionar, mas eu não consigo manter distancia, é como se eu precisasse dele. Passei as mãos pelos meus cabelos nervosa, por que ele estava fazendo isso comigo? Ele nunca gostou de mim, sempre me zoou, esta praticamente namorando com a Victoria, tudo isso tirando o detalhe de que se ela ficar sabendo que eu beijei ele.... que ele me beijou na verdade... ah não importa, se ela ficar sabendo do beijo, ela me mata!

    Me levantei e sai do banheiro a procura de Justin, ele não estava mais no meu quarto, desci as escadas correndo e ele estava no sofá assistindo basquete.

— Por que? – perguntei parando em sua frente.

— Porque o que? – disse sínico.

— Por que esta fazendo isso comigo Justin? Por que esta me iludindo pra no fim... você correr para os braços da Victoria? Pra no fim eu me foder mais do que já estou fodida. Pra no fim, eu ver você feliz com ela e eu me dilacerando aos poucos por ser tão idiota por me apaixonar mais por você, sabendo que você só quer brincar comigo, depois rir da ridícula que achou que você estava mesmo gostando dela, então... Por favor Justin... Some da minha vida, me deixe em paz, fique longe, me deixe ter paz pelo menos fora da escola. – pedi chorando. Primeira vez que alguém me vê chorando. Droga. Poderia ser qualquer um, menos ele. Argh!

— Eu... eu... Demetria eu... gosto de você, mas... nós não daríamos certo perante a escola, somos diferentes lá. me entende?

— Entendo, então você quer que eu fique com você fora da escola, mas lá dentro, nem nos conhecemos, é isso? – disse dando o meu melhor sorriso, provavelmente ele achou que aprovei a ideia.

— Exatamente. – sorriu. – Você leu meus pensamentos.

— É? – perguntei ainda sorrindo largo, ele fez que sim com a cabeça. – Agora leia o meu. – Cruzei os braços e desfiz o sorriso, fiquei o mais seria possível.

     Sai de lá e subi as escadas correndo, Justin bufou e veio atrás de mim, corri para o quarto, entrei e fechei a porta prendendo os dedos de Justin que gritou.

— Ai sua vadia, abre essa porra. – disse ele visivelmente irritado.

     Abri a porta e ele puxou sua mão de volta. – Bem melhor assim. – disse a ele que me olhou com raiva. Fechei a porta e corri pra cama com vontade enorme de chorar, mas ao invés disso, eu ri por ter apertado os dedos dele. Me deitei na cama e me cobri, comecei a rir baixinho do rumo que a situação de drama levou, foi muito engraçado isso, vou fazer mais vezes, e mais fortes, quem sabe não arranco algum dedo. Em meio a pensamentos como esse adormeci rindo.

.........

Justin Pov’s

    Garota mimada essa Demetria, agora que esta com dor e com um saco de gelo nos dedos sou eu, mas tudo tem sua volta, ela me fez passar muita raiva já hoje, estava começando a ter pena dela, mas ela não é nenhuma santinha, vou ate o final, só pra vê-la chorando por minha causa, ai eu vou rir e lembra-la de quando ela quase me deixou sem dedos!

     Ao invés de eu gostar dela, estou pegando mais raiva e nojo. É tão ruim ter que beijar ela imaginando ser Victoria no lugar, ai quando abro os olhos, é a estranha.

    Já estava quase anoitecendo, a empregada estava fazendo o jantar, mas hoje eu iria comer fora, iria jantar com Victoria. Mas Demetria não pode nem sonhar com isso, ela deve achar que estou caidinho por ela.

    Subi e tomei um banho, me arrumei e pedi para que a empregada a avisasse que jantaria fora, estava pensando no que dizer a Vic sobre minha mão enfaixada, peguei minhas chaves do meu carro e fui para o restaurante encontra-la.

Justin Off.

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Demetria Pov’s

    Acordei me sentindo mal, meio cansada, olhei em meu celular e já era noite, me sentei na cama coçando os olhos, levantei e fui ao banheiro tomar um banho, me arrumei e peguei meu skate, não estou afim de jantar com Justin hoje, desci as escadas e a empregada me chamou.

— Justin pediu para avisa-la que irá jantar fora hoje senhora! – disse ela.

— Sem formalidades por favor. – rimos. – Eu também não vou jantar, vou sair um pouco, faz o seguinte, chama todos os empregados e podem jantar a mesa hoje. – ela sorriu largo e assentiu voltando para a cozinha. Fui atrás dela. – Se quiserem pode pegar vinhos também. – sorri.

— Obrigada Demi. – sorriu agradecida.

     Sai de casa com meu skate e fones, fui direto para a pista de skate. Estava lotada, muitos meninos e poucas meninas, uns fumando maconha, outros baforando, outros cheirando e alguns de boa curtindo a brisa natural, sem precisar de nada como eu. Subi na pista maior, desci com velocidade sentido o vendo em meu rosto, minha toca voou, parei o skate e voltei para pegar, um menino veio correndo e a pegou me entregando.

— Obrigada... – deixei no ar afim de saber seu nome.

— Dominik. – sorriu entendendo sua mão.

— Obrigada Dominik. – disse a apertando. – Sou Demetria, mas pode me chamar de Demi se quiser.

— Okay Demi e de nada. – sorriu. – Onde você mora?

— No condomínio Estelar e você? – perguntei.

— Na rua de baixo. Sou simples moça.   – sorriu.

— Eu sou humilde moço. – sorri.

— Quantos anos você tem?

— Dezesseis e você?

— Tenho dezessete. Vamos andar?

— Vamos. – respondi.

     Voltamos para a pista e andamos por horas, sinto um vibrar no meu bolso.

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Ligação on.

— Alô? – digo atendendo.

— Onde esta? – era Justin, revirei os olhos.

— Estou na rua papai. – disse irônica.

— Já viu a hora que é? Volta para casa agora!

— Olha aqui mimadinho, você não é nada meu, você saiu e não me deu satisfações,  não que deva fazer isso, mas eu também não lhe devo e não vou voltar! – desliguei o celular.

Ligação off.

.................

    Dominik me olhava tipo... era seu pai ou não? Eu ri e me sentei no gramado.

— Era só meu primo, ele esta cuidando de mim enquanto minha mãe esta fora. – disse revirando os olhos. Olhei no celular e marcava quase duas horas.

— Hm... mas ele tem razão, já esta tarde, quer que eu te faça companhia ate sua casa? – perguntou sorrindo.

— Claro.

    Conversamos bastante ate em casa, chegamos na portaria e entramos, quando estávamos na frente de casa nos despedimos, ele ficou maravilhado com minha casa. Marcamos de nos encontrar mais vezes no half. Entrei em casa e Justin me esperava no sofá.

— Quem era ele?! – perguntou visivelmente irritado sem me olhar.

— Um amigo, tchau. – disse subindo as escadas indo para meu quarto.

    No corredor Justin puxa meu braço com brutalidade me fazendo encara-lo.

— Quem. Era. Ele?! – disse devagar, parecia estar com muita raiva, mas não tenho medo dele, oque ele vai fazer? Me bater? Ou me zoar como ele faz na escola?!

— Não é da sua conta! – solto meu braço. – Passar bem.

     Me viro e entro no quarto fechando a porta, o que ele quer fazer comigo? Embaralhar minha cabeça? Me deixar louca achando que ele esta com ciúmes ou sei lá o que sendo que esse sentimento nem se quer existe dentro dele?

    Vou até o banheiro tirando logo as roupas e tomando meu banho, na banheira, sim, eu vou me cortar, não porque estou triste nesse momento, eu estou triste, mas vou fazer isso porque se eu parar de uma hora para a outra eu passo mal, entro em estado de abstinência, preciso ir com calma, tenho mil motivos para me cortar, mas eu quero parar, só que devagar, bem devagar.... A agua já esta vermelha, meus pulsos doendo e o sangue não para de pingar, coloco meus braços em volta da banheira e me deito um pouco tombando minha cabeça para trás relaxando na mesma, agora o sangue pinga de um lado do chão e do outro, solto a lamina que estava em minha mão.

    Saio da banheira e me seco, vou para o closet e pego meus remédios e o que seria necessário para fazer o curativo, depois coloco um shorts pequeno de dormir e um camisão de manga longa que ia ate o comecinho de minhas coxas encobrindo o shorts para tampar o curativo, não por causa de Justin nem de ninguém, mas por causa de mim mesma, não consigo ficar olhando o que fiz. Meu corpo fica leve e não vejo mais nada.

Demetria Off.

......

Justin Pov’s.

     Estava deitado de barriga para cima em minha cama, pensando em quem poderia ser aquele garoto e o que eles haviam feito, essa curiosidade me dilacerava. Viro, viro e viro de um lado a outro na cama mas não consigo dormir, essa garota esta começando a me irritar mesmo estando longe.

 Me levanto e vou ao banheiro jogando uma agua fria no rosto, me olho no espelho e vejo a cara de um garoto morto de sono mas que não consegue dormir por causa de uma garota insignificante.

   Desço ate a cozinha abrindo o armário e pegando um remédio para dormir, tomo o mesmo e corro para o quarto por medo de fazer efeito rápido e eu cair duro no chão e dormir ali mesmo. Pulo na cama e me cubro, penso em mais alguma coisa sobre Demi e minhas pálpebras começam a pesar, agora quem é que não vai dormir por sua causa Demetria?

Justin Off.