Modified By Disappointments escrita por Amanda Katherine


Capítulo 1
E o inferno começa.


Notas iniciais do capítulo

Oi, sou nova aqui no Nyah! e espero que gostem das minhas histórias beijos.



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— Demetria, dou até um minuto para você se levantar e ir pra escola, eu não pago aquilo a toa! Anda  levante-se. – disse minha mãe, batendo na porta do quarto

   A verdade é que eu não estava dormindo, já estava acordada a tempos, arrumada, em pé, no banheiro me olhando no espelho, com um gilete pressionado no meu pulso, estava decidindo desliza-lo ali ou não. Eu sempre uso algo para tampar meus pulsos, nunca contei a meus pais e nem a ninguém sobre meus problemas, mas sempre ouço atenciosamente o dos outros e lhes dou conselhos, mas com minha própria vida, não sei nem por onde começar. Eu estava vestindo uma blusa de frio e uma regata por baixo, uma calça jeans preta, apertada e meus amados supras, estava com uma touca preta, estava toda de preto, é minha cor favorita. Se há uma coisa que eu sei que é mentira quando dizem, é que meu cabelo é feio, porque ele é a parte mais linda do meu corpo, eu o amo mais que minha vida.

— Demetria, não vou falar outra vez! – disse minha mãe socando a porta.

   Abri a gaveta do meu banheiro e escondi meu gilete na minha caixinha de giletes e abaixei a manga da minha blusa de frio, eu não queria ir a escola hoje, nem nunca mais, eu tinha apenas dezesseis anos, não deveria passar pelo que passo, mas a vida nem sempre é como queremos, eu não consigo nem estudar  naquela escola. Ninguém me deixa em  paz, eu não sei o que fiz a eles, mas todos os dias é a mesma coisa, principalmente Justin e Victoria, eles amam me humilhar, eu nunca consigo enfrenta-los, por que? Porque na minha testa esta escrito Demetria, por isso! Eles conseguem me deixar para baixo e me sentir feia, minha mãe sempre diz que sou linda, mas as mães mentem para nos ver bem, sou da alta sociedade, tenho tudo o que eu quero, a hora que quero, mas acontece que eu não gosto de “ostentação” só queria não ser humilhada na escola e ter amigos. Mas o problema é que eu sou apaixonada por Justin e sempre caio na dele, quando vou ver, é tarde demais.

    Desci as escadas e fui direto para o carro, não iria comer nada, já estava me sentindo gorda o bastante. Fuçei minha bolsa a procura do meu fone. Coloquei para tocar musicas e esperei meu motorista. Ele demorou uns dez minutos e veio, ele me deixou na esquina da escola, eu não gostava de mostrar que era rica, queria ter amigos sinceros e não interesseiros, se é que eu iria ter amigos um dia sendo rica ou não. Andei até chegar ao portão principal, havia muitos alunos ali, quando fui entrar eles me cercaram e fizeram duas fileiras ao meu lado, eu fiquei no meio, andava apressadamente enquanto todos me atacavam bolinhas de papel e me diziam coisas horríveis. Se eu chorava? Não, nunca consegui chorar na frente das pessoas, o máximo que conseguia era ficar com os olhos lacrimejados, chorava apenas no banheiro da minha casa a companhia das minhas amigas afiadas, dentro da banheira, na agua de sangue. No final, estava Victoria e Justin me esperando, ele não me deixou passar, me empurrou para trás rindo, abaixei o olhar e abracei minha bolsa. Não queria olhar para Justin.

— Tem alguém com vergonha aqui? – perguntou Justin rindo da minha cara.

— Hoje você está mais feia do que nos outros dias queridinha. – disse Victoria, os outros a nossa volta apenas ria.

    Eu não dizia nada, apenas olhava para baixo, até Justin segurar meu queixo e me fazer encarar aqueles par de mel em que eu me perdia. Eu estava com a respiração descompassada, por vergonha pela proximidade e por medo do que ele faria a seguir.

— Não vai dizer nada Demi? – disse ele me chamando pelo apelido, estava tão perto que pude sentir seu hálito de menta. Fiz que não com a cabeça. Ele olhava no fundo dos meus olhos com aquele sorriso perfeito estampado em seu rosto. Meus olhos estavam lacrimejados.

— Fala alguma coisa escrota! – mandou Victoria. Fiz que não com a cabeça de novo, sem desviar meu olhar do Justin, ele soltou meu queixo com força.

— Você esta mais gorda do que antes. – disse ele. – Comeu demais hoje de manhã? – Fiz que não novamente.

                Por algum milagre, o diretor apareceu, ele olhou tudo em sua volta.

— Oque estão fazendo aqui? Vamos, entrem, vamos, vamos, entrem todos agora! –mandou ele.

                Justin se aproximou de meu ouvido e disse

— Nos vemos mais tarde docinho. – ele saiu andando grudado a Victoria.

                Respirei fundo e entrei na escola. Fui direto para a sala, sentei em meu lugar, na ultima carteira do lado da janela, olhei pela mesma e pude ver Justin e seu grupinho lá embaixo rindo, provavelmente de mim, eles sempre eram os últimos a entrar, Justin olhou para cima notando que eu o olhava, desviei meu olhar e depois de um tempo olhei de novo, ele estava beijando Victoria. Continuei olhando, minha cabeça estava um verdadeiro turbilhão de pensamentos, logo eles saem do meu campo de visão, me endireitei na cadeira, depois de alguns minutos, todos entram e por ultimo aparece eles, que infelizmente era da mesma sala que eu. Justin me olha com um sorrisinho no rosto. Desviei meu olhar, o professor entra na sala.

— Todos na pagina 323, sem reclamar! – mandou ele. Peguei meu caderno e abri na tal pagina, eu era uma das não mais inteligentes, porque todos eram extremamente inteligente, mas sim mais dedicada de toda a sala. Eu e ele nos dávamos muito bem. Ele me olhou e sorriu. - Ai esta mi alumno favorito, la miel de acuerdo? – Eu sabia falar em espanhol e maioria das vezes quando nos víamos falávamos nessa língua.

— Hola , estoy bien , gracias. ¿Y tu? – perguntei sorrindo.

— Estoy muy bien , sigo siempre dediqué Demetria ! – disse apertando minha bochecha.

— Voy a seguir , gracias. – disse sorrindo para o mesmo que se dirigiu a sua mesa.

                Voltei minha atenção para a lição, mas sentia olhares sobre mim, era Justin e seus amigos, me olhavam e riam. Sinto um solavanco em minha cabeça e era Victoria que havia pegado minha toca, ela a entregou a Justin que guardou no bolso de sua blusa, não liguei, coloquei a minha toca da blusa e continuei concentrada. O que eu poderia fazer? Ir lá e pegar minha toca de volta e na saída esperar até eles fazerem pior do que fazem? Não obrigada!

                Minha mente gritava ao contrario, me mandava voar em cima deles e mandar todos se foderem, mas não havia coragem o suficiente para isso. Eu estava com fome, mas não iria comer, estava com muita dor de cabeça e tontura, vi um menino sair e pedi para o professor se eu podia ir tomar agua, podia sair um menino e uma menina fora da sala. Ele deixou, peguei meu remédio dentro da minha bolsa e caminhei até o bebedouro no andar de baixo. Estava tudo silencioso, pois todos estavam na classe, vejo o tal menino sair do banheiro e voltar para a sala, espero mais um tempo e tomo meu remédio.

— Remédio para cabeça Demi? – perguntou Justin atrás de mim, levei um pequeno susto.

— Para de me chamar assim, por favor. – pedi quase num sussurro me virando para ele que estava com aquele maldito sorriso no rosto.

— Oh, ela fala. – disse ele irônico. – Toma remédio pra não precisar comer? – assenti. – Hm, isso é uma boa ideia, assim você emagrece essas suas gorduras. – ele riu, mas logo parou quando viu que eu não havia mudado minha expressão de séria, pois agora ele estava sozinho e não tinha seus amigos para rir da sua piadinha sem graça.

                Passei por ele e estava subindo as escadas apressadamente, até ele correr atrás de mim e puxar meu braço me virando bruscamente para ele.

— Quem você acha que é pra me ignorar? – perguntou raivoso.

— Você precisa da minha atenção? Da garota que se corta e que é gorda? Da garota que toma remédios para não comer? Bom saber que esse sorriso que você sempre dá, o motivo sou eu! – disse o encarando.

— Você não significa nada para mim! Eu só zuo com você por diversão. Achou o que? Que eu me importasse com você? – disse ele. 

— Eu sou uma diversão para você? – disse eu.

— Não, só tira meu tedio, você é muito idiota e feia. Precisa emagrecer urgente sabia?

— Eu tiro seu tedio? Victoria não consegue fazer isso?  – perguntei. Não sabia de onde veio toda aquela coragem, mas estava fazendo. Acho que é por que ele estava sozinho.

— Para de perguntar em cima da minha pergunta! – disse ele apertando meu braço com muita força.

— Ai, esta me machucando! – disse tentando me livrar de seus braços.

— Minutos atrás não estava me insultando? Agora aguenta. – disse apertando mais.

                Eu não disse mais nada, apenas fiquei olhando sua expressão enquanto ele apertava meu braço e ria, estava doendo muito, mas eu não iria pedir de novo. Provavelmente iria ficar roxo ali. Olhei para sua mão em meu braço e sorri. Aquilo era tão patético, ele parecia estar se controlando, tenho certeza de que na saída eu estaria ferrada. Meus olhos estavam lacrimejados pela dor.

— Chorona. – disse ele e soltou meu braço com agressividade.

— Eu não chorei! – disse.

— Mas quase.

— Mas não foi! – rebati.

— Cala a boca! – disse ele travando o maxilar. – Você é uma vadia!

                Ele subiu as escadas apressado. Subi logo em seguida, minha dor de cabeça ainda permanecia. Entrei na sala deparando com um Justin me olhando com raiva. Sentei em minha carteira e abaixei a cabeça, esperei dar o sinal do recreio. Meu professor perguntou umas três vezes se eu estava bem, disse que sim, mas estava com uma tontura muito forte. Saíram da sala e eu sai também, estava rodando tudo, Justin estava ao meu lado, segurei no corre mão e fechei os olhos para ver se passava, mas ainda continuava.

— Justin, ajude Demetria a descer e a leve para a enfermaria. – pediu  o professor atrás de nós. Pensei em recusar, mas não estava em condições de negar uma ajuda para não descer rolando.

                Contra gosto Justin segurou em minha cintura e passou meu braço pelo seu ombro segurando em minha mão. Descemos a escada lentamente, podia ouvir Justin reclamando e me xingando, os amigos dele riam e Victoria me olhava com raiva, as vozes deles estavam tão longe e eu enxergava dois de cada um. Apertei a mão de Justin por instinto por medo de desmaiar.

— Calor, calor. – sussurrava sentindo meu corpo mole e minhas palavras saiam enroladas. Justin parou na metade do corredor, só estávamos nós dois ali, ele tirou minha blusa, eu estava suando frio. Ele olhou para meu braço por um tempo, olhei para ver o que era e estava um roxo enorme, coloquei a mão o tampando, ele tirou os olhos de meu braço e me encarou, fui dar um passo, mas quase cai, Justin me segurou, nenhum de nós falávamos nada, do nada eu comecei a chorar, não entendia, só estava doendo, doendo por dentro, no lugar onde fica o coração, havia uma tristeza muito grande em mim, eu não queria chorar na frente de Justin, mas saía, eu sentia como se não chorasse eu iria morrer. Eu chorava e soluçava. Eu não conseguia mais andar, minhas pernas amoleceram, Justin me pegou no colo, afundei minha cabeça no pescoço dele, olhei para meus pulsos e ele olhou também, escondi rapidamente.

— Eu quero minha blusa, por favor. – dizia chorando e mole. – Não quero ir pra lá. Por favor. Eu quero ir embora. Por favor Justin, não deixa ninguém ver meus pulsos, por favor, por favor, por favor. – repetia isso até não enxergar mais nada, a escuridão tomou conta de toda minha visão.

                Acordei e estava na maca da enfermaria, estava com minha blusa, ainda bem, olho em volta e vejo minha mãe conversando com Justin. Eles me olham e minha mãe vem até mim.

— Filha que bom que acordou. – disse minha mãe me abraçando. – O que aconteceu?

— Só uma tontura mãe.

— A enfermeira disse que você esta com sintomas de anemia Demetria. Você não comeu nada para vir a escola, notei que ontem você também não jantou, você esta magra de mais Demetria.

— Magra mãe? – ri – Não precisa mentir para mim, eu tenho espelho, sei que estou gorda, mas eu vou melhorar. – disse seria.

— Não Demi, você é linda, seu corpo é lindo, mas você esta emagrecendo, esta acontecendo alguma coisa filha? – perguntou. Olhei para Justin que me olhava com medo de eu dizer algo a minha mãe.

— Não, só me sinto mal comigo mesma. – sorri.

— Vamos marcar um medico para você. E um psicólogo também. – disse minha mãe.

— Acha que eu sou louca? – a olhei. – Eu não preciso de ajuda.

— Mas...

— Não quero mãe, eu quero conseguir sozinha, não preciso de ninguém.

— Precisa de amigos, acha que eu não te ouço chorando a noite e quando vai dormir tem pesadelos? – disse ela. Tudo bem, agora ela estava indo longe de mais, Justin ainda estava na sala e ele não precisava saber daquilo.

— Mãe, eu quero ir embora! – disse.

— Tudo bem, vamos. – disse ela.

— Não, quero ir embora mãe, e nunca mais voltar. – disse decidida. Ela sorriu.

— Não dá agora Demetria, você já começou o ano aqui, em casa conversamos sobre isso. – assenti.

                Justin nos olhava com uma expressão que não sabia o que era.

— Até mês que vem Justin. – minha mãe o beijou no rosto. – De tchau a ele filha. – disse minha mãe.

— Tchau Justin, obrigada pela ajuda. – disse. Minha mãe ficou esperando eu abraçar e beijar Justin que droga. Minha mãe e suas formalidades...

— Demetria! – disse ela me incentivando e repreendendo ao mesmo tempo.

                O abracei e beijei seu rosto. Ele me apertou forte no abraço.

— Você esta ferrada! – sussurrou ele no meu ouvido.

                O olhei, sorri, sabia que ele iria dizer isso.  Caminhei com minha mãe e fomos embora de lá. Escapei hoje, mas amanha sei que vão fazer em dobro e pior.

— Que historia é aquela de mês que vem vê-lo de novo? – perguntei.

— Conheço a mãe dele, ela trabalha para mim na empresa, somos bastante amigas, é a Pattie lembra? Ela já foi algumas vezes em casa, vocês se deram super bem.

— Não sabia que ela tinha filhos. – disse. Sim eu lembrava quem era, não acredito que uma mulher como ela possa ter um filho atormentado como Justin.

— Tem apenas ele, o marido dela e pai de Justin tem mais dois fora do casamento. – explicou.

— Hm. – disse. – Eu não vou a casa dela okay?

— Nem começa, quanto a isso não vou mudar de ideia, você vai e pronto. – bufei.

                Chegamos em casa e eu sai batendo a porta do carro, entrei e subi direto para meu quarto. Meu celular começou a chegar mensagens.

......

Mensagem ás 10:35

“Gordona, vadia.”

Mensagem ás 10:35

“Se corta kkkkkk louca!”

Mensagem ás 10:36

“Vai chorar a noite? Ou ter pesadelos?”

Mensagem ás 10:36

“Vai num psiquiatra ao invés de psicólogo.”

Mensagem ás 10:36

“Esta ferrada amanha!”

Mensagem ás 10:37

“Toma remédio mesmo.”

Mensagem ás 10:37

“Se eu fosse você não comia mais, mães mentem sabia?”


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Notas finais do capítulo

e ai? O que acharam??



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