The Unspeakable Rule escrita por bmirror


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

gente, que friooooooo! Vou aproveitar que não vou ter coragem de sair hoje e ficar escrevendo com um pote de nutella do meu lado rs ♥



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Capítulo 6

Marlene percebe que algo está errado antes mesmo que eu diga alguma coisa. Eu olho inconscientemente para onde ela está e ela me encara de volta, os olhos correndo entre os recém-chegados e eu. Ela não conhece nenhum deles, mas já falei tanto que deve ter se ligado. Em todo caso, não tem como não dizer que Regulus é irmão de Sirius porque eles são muito parecidos. A diferença é o cabelo curto e as sobrancelhas ligeiramente arqueadas que lhe dão um ar arrogante.

Um arrepio de preocupação passa por meu corpo quando vejo Sirius notar o grupo porque, por mais que ele não admita, esses encontros com o irmão e os amigos dele sempre o abalam muito. Isso quando eles não saem na porrada.

Esse pensamento me faz levantar e ficar inconscientemente na frente de James, porque sei que ele sempre pula ao socorro de Sirius, mesmo que nada esteja acontecendo de verdade.

— Lily, querida - Narcisa diz, parando na minha frente e piscando quase que inocentemente. Ela é bem mais velha que eu. Quer dizer, não tanto, mas já está quase acabando a faculdade. Porque resolveu aparecer em uma festa de colegiais, não sei. - obrigada por nos convidar.

Minhas sobrancelhas sobem de surpresa. Quando foi que eu os convidei? Nem tenho contato direto com nenhum deles. Abro a boca para dizer algo, mas Bellatrix estica a mão e me mostra a folha verde na qual imprimimos os convites. Eu corro os olhos das suas unhas descascadas ao seu rosto fino que ostenta um sorriso sarcástico. Ela balança a cabeça para afastar uma mecha do cabelo embaraçado e o gesto me lembra muito Sirius. Fico enjoada imediatamente e de repente desejo não ter tomado tanta tequila.

— Nós ficamos nos perguntando se nosso querido primo não nos convidaria para seu aniversário...mas então Reg nos informou que ele na verdade não sabia que teria uma festa, não é engraçado? – Ela continua, sorrindo e segurando o ombro de Regulus com a mão esguia. Eu olho para ele, não contendo uma cara de irritação. Ele nunca foi diretamente mau para mim, mas também não impediu ninguém que fosse (principalmente a mãe deles, como na primeira e última vez que eu fui para a casa de Sirius). Em todo caso, seu rosto pálido não se altera em nenhuma expressão. Me pergunto até se ele sabe o que está acontecendo.

Sinto a respiração pesada de James bater no topo da minha cabeça cada vez mais rápida e vejo pelo canto dos olhos que Sirius e Peter estão se aproximando. Ainda estou meio tonta por causa das margaritas, mas parece que o álcool foi para o segundo plano do meu corpo, dando lugar à adrenalina que faz meu coração bater duas vezes mais rápido.

— Hum, vocês querem...ahn, comer algo? – pergunto com a voz extremamente fraca, o que faz Bellatrix e Narcisa se entreolharem com sorrisos estranhos. Eu estou tentando ao máximo não causar confusão nenhuma, mas cada segundo que passa me dá a certeza de que na verdade eles vieram atrás de exatamente isso.

— Obrigada, querida, mas não queremos – Narcisa balança a cabeça. A última vez que nos encontramos ela me chamou de "pobretona suja". Não sei quem está querendo enganar com esses "queridas".

— Regulus. Vamos conversar – Sirius se aproxima com a cara extremamente fechada. Ele para do lado do irmão e o encara de cima. Eu o olho com medo de que faça alguma coisa, mas ele faz o possível para ignorar o restante do grupo.

— Sirius! – Bellatrix exclama com uma voz estridente – Não vai dar um abraço no resto da família?

Sirius respira fundo e se vira para os outros. Posso vê-lo trincar o maxiliar, um sinal claro de que ele está se segurando o máximo que pode.

— Bella. Cissy – ele cumprimenta com um aceno de cabeça e volta a encarar o menino à sua frente. – Regulus, vem. – E o segura pelo braço. No começo, Regulus hesita e puxa o braço de volta, mas acaba concordando em acompanha-lo. Sigo os dois com o olhar até que entrem na casa de piscina e eu não possa mais vê-los.

O DJ continua a tocar uma música animada e várias pessoas passam por nós cantando. Parece que a nuvem de tensão que se criou só nos envolve. James se move atrás de mim, então finco o pé mais forte no chão. Não saio daqui nem que me paguem porque sei que ele vai entrar numa briga o mais rápido que puder. Volto a olhar nervosamente para a casa de piscina, mas não posso ver nada. O que é ruim e bom ao mesmo tempo, para ser sincera. Pelo menos não estou vendo ninguém voando janela afora.

— Então Lisa – Bellatrix corta o silêncio, se aproximando de mim. Eu a corrijo com um "Lily", mas ela balança a cabeça com descaso. – Conta para gente como está a vida daqueles...outros lados.

Percebo que ela faz uma cara de nojo ao dizer a última parte da frase. Não entendi. Ela acha que pode falar mal de alguma coisa em relação à mim com aquela aparência? Eu posso literalmente ver sujeira nos dentes dela. Fecho a cara e me recuso a responder.

— Oi – Lucius fala, saindo por fim de trás do grupo e ficando na minha frente – ela te perguntou algo. Seja educada, coisinha.

Eu abro minha boca em choque porque não achei que eles fossem ser tão explícitos assim. Mas para ser sincera, não estou surpresa de verdade, é a cara deles serem baixos assim.

James aproveita meu momento de distração e me empurra para o lado, ficando agora na minha frente. Eu me amaldiçoei por ter deixado isso acontecer, porque agora ele está assustadoramente perto de Lucius. Tipo, com o rosto quase colado mesmo.

— Disse o quê? – ele pergunta com os dentes cerrados.

— Eu disse coi... – Lucius tem a audácia de falar, mas antes mesmo que continuasse, alguém se aproxima e se mete entre os dois.

É Remus, com o rosto vermelho e os primeiros botões da camisa aberta. Olho para o lado e Emme está lá, parada, observando o desenrolar das coisas. Outras pessoas se aproximam também e não sei se isso é uma coisa boa ou ruim.

— Ow, calma, isso não é realmente necessário, é? – ele pergunta, colocando-se ao lado de James e segurando o braço de Lucius inocentemente.

O problema de Remus é que ele tenta ser a parte neutra onde é preciso (obviamente) tomar um lado. Quer dizer, se ele não tivesse tentado parar algo que nem tinha começado, talvez o que aconteceu em seguida não precisasse realmente acontecer.

Lucius levou alguns segundos para olhar para onde ele o segurava e levantar o braço esquerdo, acertando um soco bem no meio da cara de Remus. Eu e Marlene exclamamos surpresas quando o vemos cair no chão.

James vira a cabeça com uma expressão estranhamente calma para a situação e olha o amigo caído. Depois volta o olhar e posso jurar que está quase sorrindo quando diz:

— Ah. Você não fez isso.

E então ele mesmo levanta o braço e dá um soco certeiro na cabeça de Lucius. Não sei se por surpresa (mas não deve ter sido isso) ou pela força de James mesmo, ele se desequilibra e dá vários passos para trás. Rodolfo Lestrange aparece e empurra James, que acaba me empurrando também, então me abaixo para sair da linha de tiro.

Pulo para o lado de Marlene bem na hora que James dá um outro soco em Lestrange, e Lucius volta e lhe golpeia a barriga. Dou um grito e acho que isso chama a atenção que faltava para os outros convidados da festa perceberem a briga. Narcisa e Bellatrix andam para trás do balcão como se nada estivesse acontecendo e pegam bebidas para si.

Vejo o primo de James sair da cabine de DJ e vir correndo. Ele pula nas costas de Lestrange e os dois vão para o chão. Peter aparece não sei da onde e chuta Lucius na canela, mas isso não produz muito efeito, porque ele o empurra para o lado e parte para cima de James. Não estou entendo mais muita coisa porque estão os cinco no chão (isso sem contar Remus que ainda está estatelado no mesmo lugar que caiu), se embrenhando e distribuindo mil socos para tudo quanto é lado. Seguro o braço de Lene e ela me puxa para trás bem na hora que alguém atira Peter para cima de nós.

— PAREM COM ISSO – grito, mas não consigo produzir efeito nenhum. Ouço a risada sarcástica de Narcisa atrás de mim, mas não perco tempo olhando-a.

Vejo Rofolfo acertar um soco no olho esquerdo de James e isso me dá o maior arrepio. Estou preparada para atirar um dos banquinhos naquele bolo de gente quando os amigos skatistas de Sirius aparecem e os separam com alguns puxões.

Acho que Rodolfo e Lucius têm a súbita sensatez de que estão em menor número, então param com o que estão fazendo e se levantam. Eles estão com o rosto vermelho e Lucius está com os lábios sangrando. Corro e ajudo Remus a se levantar, e vejo que seu nariz também começa a sangrar.

— Vamos embora – ouço a voz estridente da prima de Sirius – Isso aqui está muito chato.

— Babacas – Lene fala, Puxando o braço de James. Bellatrix para em sua frente e a olha com desprezo. Depois vira o que estava no seu copo bem na cabeça dela. Eu quase derrubo Remus de volta e parto eu mesma para cima daquela imbecil, mas ela se vira e vai embora antes que eu possa dar um passo.

Respiro fundo quando os vejo sair pela porta e os skatistas vão atrás para se certificarem que eles foram embora mesmo. Quando voltam fazendo joinhas, o povo volta a fazer o que estava fazendo antes da briga. James ajuda seu primo a se levantar e ele balança o cabelo. Não parece ter sido muito atingido, então volta rapidinho para a cabine de DJ.

James, por outro lado, parece que foi para a guerra. Seu olho está vermelho e vejo um corte no supercílio bem aparente. Eu vou até ele.

— Você pirou completamente ? – falo, mal controlando minha voz. Ele me olha com as sobrancelhas franzidas. Marlene aparece do meu lado, com o cabelo todo molhado e uma cara de descrença. – Lene! Vem, vamos limpar isso.

Puxo ela pelo braço e entramos na casa. Vejo o arco branco que a Sra. Potter passou de manhã, então imagino que lá seja a cozinha. Como não sei onde fica o banheiro nessa casa, arrasto-a para lá mesmo.

Ficaria estarrecida se não estivesse sentindo meu sangue retumbando em meus ouvidos de raiva. A cozinha é enorme, com as paredes brancas e o piso preto. Tem um balcão de pedra no meio e um no fundo, com um fogão e uma geladeira de inox acoplados. A pia é grande, então Lene vai até ela e coloca a cabeça inteira embaixo da torneira antes de liga-la.

— Eu vou matar essa vadia, juro que vou – ela diz, mas sinto um tom de risada em sua voz. Eu a conheço bem demais para saber que ela acha brigas bem emocionantes.

— Eu te ajudo – respondo bem no momento que James e Remus passam pelo arco branco. Assim, na luz branca, percebo o quão horrível está o nariz de Remus. Ele passa por mim e vai até a pia que Lene está limpando o cabelo.

— Ei, se cair sangue de nariz no meu cabelo, juro que te mato também, Lupin – ela fala, mas depois os dois riem baixo, dividindo o espaço civilizadamente.

Eu e James nos encaramos. Sem falar nada, aponto para o banquinho à minha frente. Ele tem o mínimo de noção para me obedecer sem reclamar. Eu vou até o freezer e procuro a bandejinha de gelo.

— Não é como se tivesse sido só culpa minha, caramba – ele resmunga. Eu o ignoro e tiro alguns gelos, jogando tudo em dois panos de pratos que estava ali em cima. Dou um para Remus, que agradece, e levo o outro até James.

— Eu poderia te bater se você já não estivesse tão machucado – digo. James tenta segurar uma risada mas a deixa escapar. Eu reviro os olhos e acabo rindo um pouco também. Completamente involuntário. Ao invés de entregar o pano a ele, coloco eu mesma o gelo em sua sobrancelha.

— Ai – ele reclama quando o levo bem em cima do corte no supercílio.

— Que ideia, James – continuo, e vou ser sincera que não estou sendo muito delicada com o seu machucado. Ele desvia a cabeça com uma careta. – Francamente, o que você estava pensando?

Ele dá os ombros e tenho a impressão de que ele parece um menino esperando uma bronca da mãe.

— E porque é que você está brigando comigo? Achei que tinha ouvido você dizer agorinha mesmo que ajudaria Marlene a matar "a vadia". – James dá um sorriso torto que me dá vontade de lhe dar um tapa para combinar com seu olho roxo.

— Isso agora né, na hora alguém tinha que ser minimamente responsável – falo, segurando seu cabelo com a outra mão e tentando deixa-lo parado por um segundo – Para. De. Mexer. A. Cabeça

Ele bufa e faz uma careta, mas fica parado. Abre a boca para responder, mas desiste. Eu inclino sua cabeça mais um pouco e ele fecha os olhos. Balanço a cabeça incomodada com o roxo que vai se formando ao redor do seu olho. Dá uma dó danada porque a pele dele é perfeitinha e vai acabar ficando marcada por um tempão...Tiro o gelo e coloco-o em seu olho, tentando minimizar os efeitos. Sei que agora não vai adiantar muita coisa. Ele toma um susto e abre os olhos (ou pelo menos um deles).

Abro a boca para falar algo que eu não planejei direito (provavelmente seria uma bronca), mas sou interrompida por Sirius.

— O que aconteceu? Amos disse que rolou uma briga.

James vira o rosto para encará-lo. O olhar de Sirius vai da minha mão na cabeça de James para o gelo que seguro e fico repentinamente envergonhada sem motivo aparente. Percebo que estou totalmente inclinada em sua direção e pela segunda vez no dia sou tomada por uma sensação de desconforto por estar tão próxima dele. Eu deveria estar fazendo isso com o meu namorado, mas ele não está machucado porque...

— Onde está Regulus? – pergunto, esquecendo completamente o que estava fazendo e indo em sua direção. Ele dá os ombros e olha para James e Remus. Eles obviamente sabem de algo que não sei, mas como se conhecem há muito mais tempo, respeito essa resguarda.

— Foi embora - ele diz. – Está doendo muito? – pergunta, ainda olhando para o amigo e apontando para o olho esquerdo.

— Nem sinto – James responde, cruzando a perna. Ele abre um sorriso – A sensação de dar um soco em Lucius Malfoy alivia a dor, cara. Você deveria tentar um dia.

Sirius ri e eu o acompanho involuntariamente. Evito encarar James para que ele saiba que ainda desaprovo seu comportamento. Lene levanta a cabeça por fim, fecha a torneira e torce o cabelo para secá-lo.

— Tentarei – ele ri. Então vai até um dos armários acoplados e, com a naturalidade de quem faz parte da família, o abre. Vejo dezenas de garrafas e nem posso imaginar o quanto deve valer aquele mísero armarinho. Ele tira uma garrafa branca de algo que não conheço e se vira para nós. – Seu pai não se importaria, não é Prongs?

— Vai em frente – James responde, então Sirius abre o lacre com as mãos. Ele vira um gole no gargalo e o passa para Remus – só tem um jeito de não sentir os efeitos desse "encontro" – completa, fazendo um gesto com as mãos que me dá a certeza de que a conversa com seu irmão não foi nada boa. Mas ele sorri quando termina a frase: - beber até esquecer que ele existiu.

Lene e James riem e batem palmas, mas eu coço a cabeça em conflito. Nunca fiquei tão bêbada a ponto de esquecer o que fazia, mas quer saber? Hoje parece uma ótima oportunidade para quebrar isso.

Quando a garrafa chega em minhas mãos, viro-a igual Sirius tinha feito. Me arrependo instantaneamente porque o gosto amargo quase queima minha garganta. Mas em seguida, gosto da sensação porque sinto um torpor tomar conta da minha mente.

— A gente deveria misturar tudo isso que estamos misturando? – me viro para Marlene, que agora bebe bem mais que um gole. Ela dá a garrafa a James e se vira para mim com uma careta.

— Quem liga? Vem, vamos dançar. Adoro essa música – e me puxa para voltar à festa, sem saber realmente o que é que está tocando.

 

 

— Shot to the heart and you're to blame, darlin' you give love, a bad naaaame!¹ - Eu, Dorcas e Remus cantamos abraçados e completamente bêbados.

Não sei explicar a sensação. São lapsos de consciência. Às vezes percebo que estou parada no bar, outras vezes é tudo escuro e então estou dançando na pista com todo mundo.

Jogo meu cabelo para todos os lados possíveis. Amanhã vou ter a maior dor de cabeça, mas hoje não me importo.

Abraço uma menina ao meu lado que eu pensava ser Emmeline, mas na verdade é uma outra secundarista do colégio. Não tem importância, cantamos o refrão junto mesmo assim.

— I play my part and you play your game, you give love a bad name!

Começo a ficar com sede, então tiro o copo da mão de Remus e bebo. Nem sei o que é. Nesse ponto da noite eu nem estou sentindo mais gosto nenhum. Ele ri e pega o copo da minha mão de novo.

— O que aconteceu com o "alguém precisa ser responsável aqui"? – ele pergunta, gritando no meu ouvido. Eu olho e formo a palavra "Foda-se" sem realmente falá-la em voz alta e com um gesto de descaso que o faz gargalhar.

Fecho os olhos e posso jurar que estou entrando em outra dimensão. É isso que acontece quando bebemos muito? Não é tão ruim. Não sei porque as pessoas reclamam. A música parece estar me levitando, tenho quase certeza de que meus pés deixaram o chão.

Então ouço os primeiros acordes de "Girls just wanna have fun". Abro os olhos e olho ao meu redor. Essa é a minha música com Marlene. Nós a ouvíamos o dia inteiro quando éramos mais novas. Queria dançar com ela, mas não a encontro em lugar nenhum. Antes que eu possa ficar triste de verdade, sinto alguém segurar minha cintura.

É Lene, que se aproxima com James apoiando o braço em seus ombros. Preciso me lembrar de perguntar o que estava acontecendo para ela amanhã, mas tenho 95% de certeza que não vou conseguir de maneira nenhuma.

— They just wanna, they just wanna! – cantamos juntas, e de repente me sinto a garotinha de 12 anos que dançava essa música sem preocupações nenhuma. A nostalgia quase supera o efeito do álcool. Ela segura minha cabeça e a balança, e eu tento fazer o mesmo com ela, mas estou rindo demais para conseguir alcançar. Isso sem contar que acabo perdendo toda a noção de espaço e quase caio estatelada no chão. Lene me segura no último minuto e me puxa para um rodopio.

Meu Deus! Ficar bêbada é muito divertido! Devíamos fazer isso mais vezes, com certeza.

A música acaba e começa um pop novo que não conheço muito bem. Eu ignoro a letra e volto à minha transcendência espiritual ao fechar os olhos. Posso praticamente sentir o ritmo da música perfurando minha pele.

Quando abro os olhos de novo, nem James e nem Lene estão mais lá. Eu dou os ombros e puxo Remus para dançarmos juntos. Ele sorri e segura minha mão como se estivéssemos valsando.

— Emmeline está saindo com alguém? – ele me pergunta do nada, no meio da música.

— Remus – rio, fazendo-o dar uma pirueta – você não acha que deveria ter me perguntado isso antes de agarrá-la na casa de piscina?

Ele ri baixo e faz uma cara de falsa inocência.

— Bom, não sei – fala por fim, com a voz um pouco arrastada. – Talvez estivesse saindo com alguém antes, vai saber.

— Não está – respondo, mas então percebo que não sei se ela realmente está ou não. Mas e daí, amanhã ele também não vai lembrar dessa conversa.

— Legal – Remus diz, me empurrando e depois me puxando de novo. Rio alto quando piso no seu pé sem querer.

Eu dou uma piscada mais longa e trombamos com alguém. Olho para trás e vejo Dorcas agarrando um dos amigos de Sirius sem limite nenhum. Encaro Remus com uma careta e ele ri.

— Que horas são? – pergunto. Paramos de dançar e ele tira o celular do bolso. Vejo (depois de forçar minha vista a ficar parada) na telinha que são quase 4:30 da manhã.

Faço um sinal de joinha e ele guarda o celular no bolso de novo.

— Isso significa que – sussurro em seu ouvido como se fosse um segredo – preciso fazer xixi.

Remus ri e me empurra para longe. Eu cambaleio e saio gargalhando como se isso tivesse sido a coisa mais engraçada da noite.

A casa de James tem dois banheiros externos que estávamos usando na festa. Mas agora eu não lembrava mais onde era. Ficava ali perto da piscina? Ih, não, aquilo era o bar. Será que era aquela casinha?

Eu estava rodando em círculos quando alguém segurou meu pulso. Demoro uns dez segundos para entender que aquele ser não era um anjo que tinha vindo me guiar para o banheiro e sim Cassidy com as sobrancelhas franzidas.

— Lily, eu preciso saber – ela disse com uma voz meio exasperada. Minha cabeça para de girar pouco antes dela continuar a falar. – Eles estão juntos agora? Porque eu acabei de vê-los no gramado atrás da casa. Tudo bem se eles estiverem, de verdade, eu só queria que ele tivesse falado algo antes de...

Ela parecia alheia à minha dificuldade de compreendê-la. Eu estava começando a ficar tonta. Sem contar a minha vontade de fazer xixi que estava quase me matando!

— Cassie! – exclamo, segurando seus ombros. Ela para de falar e me encara – Você tá falando de quem?

— James. – ela pisca lentamente com uma cara triste. Suas bochechas estão bem rosadas, então ela também não deve estar tão sóbria – Eu o vi agora com Marlene, sentados no gramado atrás da casa. Eles estão juntos?

Apesar de James ter me pedido para falar com ela, eu ainda não tinha pensado muito no que dizer. E para ser sincera, também não estava esperando lidar com isso agora.

— Acho que sim, Cassie. James não me falou nada – minto. Eu deveria me sentir mal? Porque a Lily bêbada não se sentiu muito.

— Ah. Tudo bem, você sabe. Nós não estávamos muito próximos mesmo – ela continua. Eu estou prestes a chamar James para tirá-la da minha frente. – Eu deveria ter imaginado que isso iria acontecer, não? Não que eu quisesse namorá-lo nem nada mas...

— Cassie. Porra. Parece ser muito interessante isso aí – eu grito de súbito, assustando-a, mas pelo menos fazendo-a ficar quieta – mas se você não sair da minha frente agora eu vou fazer xixi na calça.

Ela arregala os olhos para mim e sai do meu caminho.

— Obrigada. E você pode me falar onde fica esse maldito banheiro?

Ela aponta para uma porta à minha direita e eu corro nessa direção, deixando-a plantada com uma expressão esquisita no rosto.

Graças à Deus está vazio. Sou só eu ou só percebemos o quão bêbados realmente estamos quando estamos sozinhas no banheiro? Não sei, tudo parecia rodar para caramba.

Lavo minhas mãos e aproveito para lavar um pouco meu rosto. Estou começando a ficar tonta demais para o meu gosto.

Quando saio, forço minha mente o máximo que posso para não cair no caminho até a pista de dança. Se eu conseguir manter essa linha reta, chego lá numa boa.

Estou prestes a colocar meu plano em prática quando sinto alguém me abraçar por trás. É Sirius. Não acho nada ruim quando ele me vira e me beija. Mas acho um pouco estranho o gosto de cigarro que está nele. Já pedi mil vezes para ele não fumar antes de me beijar, mas não consigo encontrar forças de me desgrudar dele para reclamar.

— Vem comigo – ele diz depois de um tempo, me puxando para dentro da casa. Não confio muito em nós para andar perto de tantos vasos de cristal porque estamos cambaleando muito, mas ele logo abre uma porta dupla marrom escura. do corredor.

Estamos na sala de TV, reconheço. O único cômodo que eu conheci quando vim aqui naquela primeira vez. Agradeço por estar escura, porque agora estou vendo tudo girar. Sento no sofá e sinto o lugar ao meu lado afundar quando Sirius se junta à mim.

— Você gostou da sua festa? – pergunto, quando ele beija meu pescoço.

— Muito – ele murmura contra a minha pele. Sinto meus olhos ficarem bem pesados e me pergunto se esse é um efeito natural da bebedeira. Deve ser, porque no momento é confortável.

— Que bom – falo e o beijo, mas não por muito tempo. Esse escurinho todo está me dando o maior sono. – Você se importa se eu tirasse um cochilo agora?

Ele ri e se ajeita ao meu lado para que nós dois possamos deitar no sofá. Depois estica a mão e puxa uma manta que estava no encosto para nos cobrir.

— Não. Vamos dormir um pouquinho, e depois sair e beber mais ok? – Sirius fala, apoiando o rosto na curva do meu pescoço. Sinto que sua respiração também está ficando mais pesada, então acho que ele vai gostar desse cochilo tanto quanto eu.

Eu queria dizer mais alguma coisa mas não consigo me lembrar o que é. Lá fora está tocando aquela música nova do Justin Bieber e eu cantarolo um pouquinho o refrão antes de fechar meus olhos. Depois disso fica tudo escuro.

 


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Notas finais do capítulo

¹A música é You Give Love a Bad Name - Bon Jovi :)


(obrigada pelos comentários, gente ♥ o próximo pode demorar um pouquinho porque né...final de semestre rs mas prometo correr o máximo que puder)