Destinados escrita por Martell


Capítulo 2
Capítulo 1




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O armário era um lugar quente, abafado e escuro. Era tão pequeno que nem mesmo Harry, que tinha uma altura e magreza inaceitável para um garoto prestes a completar 10 anos, conseguia ficar relativamente confortável. O pior de ficar preso no seu 'quarto' era que não havia nada que mantivesse sua mente distraida. Pelo menos quando lavava a casa ou cozinhava, se mantinha tão focado nas tarefas que não tinha tempo para pensar em sua situação.


Já fazia cinco dias que não via nada além da sala da casa dos tios. Seu primo Dudley, um menino gordinho com olhos pequenos e um cabelo loiro mais parecido com uma peruca, quebrara a bicliceta novinha de um vizinho e botara a culpa em Harry. A tia logo assumira que seu 'adorável anjinho' estava falando a verdade e que o 'moleque irresponsável' causara muito prejuízo. Mas o menino estava tão acostumado que nem reclamou ao ser jogado dentro daquele lugar minúsculo por seu tio Vernon.


No primeiro dia em que ficara preso, podendo sair apenas para ir ao banheiro, sonhou com a menina ruiva de olhos mel. E nos outros quatro dias em que ficara ali, havia sonhado com ela repetidas vezes. Sempre no mesmo lugar, um bosque florido, com um riacho cortando a clareira em que eles ficavam brincavam. Não trocavam uma única palavra, mas era como se houvesse um grande entendimento entre os dois sem isso se fazer necessário. O garoto não se lembrava de ter visto uma garota sequer parecida com a de seus sonhos, mas nunca reclamaria. Dormir estava sendo a melhor parte do dia.


Era meio de Julho quando finalmente pôde voltar a sair de casa. De qualquer forma, estavam de férias e não tinha amigos para visitar. Andava sozinho pelas ruas desertas, um calor agradável presente na maior parte das tardes. Depois de ser liberado do castigo nunca mais havia sonhado com ela. A linda ruivinha que corria por entre as flores lilases, amarelas, vermelhas e brancas. Mantinha ainda a visão dela em sua mente, porém. Ela sorrindo timidamente, franzindo o narizinho em apreensão, girando com seu vestido colorido com o sol batendo em sua pele. Ansiava por voltar a ter seu momento de escape da realidade.


As ruas nunca pareciam ter gente no fim da tarde. As crianças, exaustas de brincar, iam para suas casas para serem recebidas com um olhar divertido de suas mãe e uma gargalhada gostosa do pai ao verem o estado bagunçado em que elas se encontravam. Os adultos tinham uma preferência por sair à noite ou durante o almoço, então não havia carros passando. Apenas um garotinho magricela com roupas enormes andando sem rumo por aí. Harry sabia que seu aniversário seria em uma semana e já planejava pegar uma torrada extra com a tia para comemorar o dia, antes de ir até o parquinho semi-abandonado que ficava a dois quarteirões de sua casa.


Mas algo estranho aconteceu. Na volta de seu passeio, ainda pensando em como tornar o seu 'dia especial' numa coisa legal, não reparou que um gato preto com enormes olhos verdes o seguia. Só foi perceber a presença do animal quando este miou, parando em frente a ele. Ficou olhando para baixo sem entender o que o gato queria com ele. Tentou desviar, mas o animal seguia seus movimentos, sempre o encarando com aqueles olhos muito verdes. Parado no meio de uma rua deserta, com um bicho estranho o encarando e sabendo que se ele chegasse muito tarde em casa, sua tia o prenderia novamente, desespero tomou conta do garoto.


O gato pareceu perceber a situação, porém, pois saiu do caminho. Harry correu, então, para o nº 4 o mais rápido que pôde, chegando um pouco antes do por do sol na casa. Ao entrar pela cozinha, como normalmente fazia, foi recebido com uma franzir de nariz de desprezo por sua tia. Petunia, com seu longo pescoço e cabelo loiro em um típico penteado de dona de casa dos anos 50, era o que se podia chamar de indiferente a tudo que o menino fazia, desde que o mesmo não sujasse sua casa perfeitamente sem poeira. A chegada dele, abrindo a porta com força, estando ainda suado por conta da corrida, fizera com que ela saísse de sua pose inexpressiva para colocar apenas uma máscara de raiva.


Antes que a mulher abrisse a boca, correu para o armário. Deitou na cama improvisada que criaram ali para ele e tentou entender como um animal podia agir daquela forma. Os olhos do bicho não saíam da cabeça do menino. Eram familiares, como se os visse todos os dias. O problema é que uma cor tão viva não seria esquecida por ele. Chegou a conclusão que estava cansado, imaginara coisa demais onde havia apenas um gato querendo carinho. Sim, era isso. Um animal querendo carinho e nada de teorias malucas. Fechou os olhos e esperou o sono o alcançar.


Nesta noite não sonhou com a menina ruiva, na verdade nem lembrava direito o que havia sonhado. Sabia que havia um castelo enorme, corredores de pedra, sons de espadas de madeira se chocando, um lago cercado por árvores de folhas vermelhas e uma moça de cabelos de um tom de sangue ainda mais forte que os nas árvores do lago. Música de um tipo que nunca havia visto, risadas contidas e tecidos coloridos se misturando por um longo salão. Mas diferente do sonho com a ruivinha, as pessoas podiam falar com ele. Era uma língua estranha que não reconhecia, mas no sonho a falava fluentemente. Acordou relaxado, mas muito confuso com o rumo de seus sonhos.


Mais uma vez, ao acordar, resolveu sair para caminhar nas ruas. E antes mesmo de se distanciar o suficiente da casa, o gato apareceu. Parou aos pés do garoto e o encarou. De repente se virou e começou a andar calmamente. Ao perceber que Harry não o seguia, olhou para trás e miou. Repetiu o processo três vezes, até que o menino decidiu seguir o gato. No fim, o que teria demais? Tinha tempo de sobra e um bichinho de tamanha diminuto nada poderia fazer contra.


Andou então atrás do animal, sendo guiado por mais de vinte minutos até o parquinho não usado. No meio deste ficava os brinquedos, mas havia uma coisa chamando atenção ali. E foi para ela que o gato se dirigiu. A coisa era um espelho prateado, com pequenas pedras azuis incrustadas nele. Era lindo, mas estava deslocado em um lugar sujo como aquele. O gato foi então para perto deste, que estava em cima do escorrega. Miou até que Harry fosse até o espelho. Ao tocá-lo, o nome escrito em dourado escuro, que era com letras incompreensíveis, se transformou em Harry James Potter.


Com o susto, acabou derrubando o objeto no chão, que milagrosamente ficou inteiro. Olhou para o gato, mas este parecia se dissolver em uma fumaça dourada. Harry nunca havia estado tão assustado antes. Mesmo assim, pegou o espelho no chão antes de correr para a casa dos tios. Agradecia aos céus por seus parentes estarem fora, assim poderia entrar correndo em casa carregando um espelho de prata. Entrou no armário e deixou ali, em cima da sua cama improvisada. Algo o guiava ao objeto, mas ele tinha medo. Medo da magia. Então resolveu embrulhá-lo e deixar em baixo da 'cama'. Esse mistério ficaria para outro dia.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora, sinceramente. Problemas pessoais atrapalharam a postagem (mesmo o capítulo já estando pronto). Não consegui pegar no notebook essa semana, tão ocupada com a escola e com a vida em geral.
Enfim, espero que gostem.
Com amor,
Duda.



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