Backstage escrita por Fe Damin


Capítulo 7
Capítulo 07


Notas iniciais do capítulo

Olá mais uma vez a todos.
Primeiro eu tenho que agradecer à lindíssima elop por ter feito a primeira recomendação de Backstage! Vocês não imaginam o tamanho do meu sorriso com cada comentário, agora pensem como fica com uma recomendação huahauha
Nesse capítulo vamos ver o que a Mione decidiu fazer para tirar o Ron de vez da cabeça, será que vai funcionar dessa vez?
E temos a Mione finalmente conhecendo o Harry!
Espero que gostem.



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Passei o domingo desejando que os ponteiros pudessem andar mais depressa, eu não via a hora de voltar para o trabalho e conseguir dar um mínimo de normalidade aos meus dias. O final da noite anterior tinha chegado da maneira mais distante possível do meu planejamento, eu havia tomado uma decisão que eu julgava ser definitiva e na hora H não consegui nem começar a executá-la. Se tinha uma coisa que me deixava extremamente insatisfeita era não ter o controle de tudo a minha volta, e deixar um par de olhos azuis tomar isso de mim não era algo que fosse passar despercebido. Fui até dormir cedo para adiantar a chegada da segunda-feira.

Praticamente pulei da cama ao som do toque do meu despertador e me arrumei, pela primeira vez em mais de dez dias, para ir trabalhar. Cheguei ao escritório bem cedo, animada mais pela conversa que eu teria com o Ced do que pelo serviço que me esperava, contudo ao entrar no meu local habitual de trabalho, percebi, de uma forma quase possessiva, que eu senti falta da minha sala, era estranho pensar que o trabalho continuou normalmente sem mim, me acostumei tanto a ser a pessoa a quem recorriam para resolver a maioria dos problemas que não gostava da ideia de ser dispensável, por mais arrogante que pudesse soar.

Era mais do que óbvio que o Ced ainda demoraria a chegar, eu estava ansiosa para falar com ele, porém eu sabia que seria só no tempo dele. Liguei o meu computador e comecei a me inteirar do que havia acontecido durante os vários dias que eu estive fora. Uma lista alarmante de e-mails lotava a minha caixa de entrada e, pelo conteúdo, eu percebi que estávamos no meio de uma pequena emergência, respirei fundo massageando a têmpora, a certeza de que em breve alguém jogaria uma bomba no meu colo era inegável.

Nem tive que esperar muito, alguns minutos depois da minha análise virtual, uma das meninas que eu coordenava entrou apressada na minha sala:

—Srta Granger que bom que você está de volta! – o rosto dela demonstrava todo o alívio contido em suas palavras.

—O que aconteceu, Cátia? Pelo tom dos e-mails a coisa não está boa. – observei, indicando a cadeira a minha frente para que ela se sentasse, eu não aguentaria muito mais tempo se ela ficasse levantada pulando de um pé para o outro com o nervosismo, a última coisa que eu precisava era entrar em pânico também.

—Não tem nada a ver com o nosso departamento em si, as estampas foram todas aprovadas com mérito e os modelitos já estão sendo produzidos – explicou movimentando as mãos muito mais do que eu achava necessário, fiz uma nota mental de nunca colocar a menina em uma situação de estresse extremo se não eu provavelmente ia ser responsável por um ataque cardíaco – mas o departamento que cuida da organização ruiu, a Adna que era a responsável por tudo se demitiu para mudar de empresa e agora não tem ninguém para coordenar o evento! – o fim da frase foi dito em uma voz esganiçada, contive a imensa vontade de rir.

—Isso não é nada bom, mas o que tem a ver comigo? – eu ainda estava confusa com a situação, por mais que fosse uma pequena tragédia no nosso evento, eu falhei ao compreender no que isso me concernia, afinal de contas, estava bem distante da minha descrição de trabalho.

—Tudo, Srta Granger! A diretoria não conseguiu encontrar ninguém nesse período de três dias e o seu nome está no topo da lista para assumir a organização do evento – ela me olhava com tanta admiração que fiquei até um pouco incomodada, eu era apenas uma pessoa, não um ícone a ser adorado.

—O que? Mas eu nunca trabalhei nesse departamento – era uma grande promoção, afinal o setor de organização cuidava do desenvolvimento e execução do evento todo, decidindo o conceito do lançamento e todos os detalhes pertinentes.

—Você pode não ter trabalhado aqui, mas eles sabem que você tem experiência de outras empresas, e claro você sempre foi das melhores estilistas daqui, além... – parei de prestar atenção nos elogios que ela disparava, se aquilo fosse verdade, eu estaria frente a uma grande mudança, mais responsabilidades que gerariam mais trabalhos, porém consequentemente mais reconhecimento e um avanço considerável na minha carreira.

—Obrigada por vir me avisar, Cátia, mas não vamos nos precipitar, ok? Eu vou esperar para ver se a Dolores vem falar comigo – tentei diminuir a empolgação da minha funcionária.

—Se você conseguir, eu posso continuar trabalhando com a Srta? Eu sei que ainda tenho muito a aprender.

—Como eu disse, vamos esperar e ver, mas se eu tiver a oportunidade de escolher minha equipe, seu nome estará entre eles, você sempre foi muito esforçada e competente. – o elogio pareceu ter jogado a menina nas nuvens e ela saiu alguns minutos depois ainda flutuando.

Joguei para um canto da minha mente a noção de que eu poderia ser promovida nos próximos dias e me ative a começar o trabalho que estava a minha espera. Claro que eu já estava a umas boas horas trabalhando quando o rosto sorridente do meu digníssimo assistente apareceu no meu campo de visão.

—Chefinhaaaa! – ele invadiu a minha sala seguindo sem nenhuma parada até me apertar em um abraço exageradamente apertado – não precisa mais chorar de saudade, eu voltei.

—Que ótimo, meu estoque de lenços já estava no fim – retribui o abraço e ele se afastou mantendo as mãos no meu ombro e me avaliando.

—Claro que eu também estava com saudade de você – ele sorriu como se tivesse me concedido um prêmio e eu acabei rindo – vejo que o sol da Austrália fez maravilhas por você, Mi.

—A viagem foi muito boa, mas você também está mais coradinho do que o normal, para onde você foi? - ele foi sentar na cadeira que habitualmente escolhia.

—Você está falando com a pessoa que passou dez dias ma-ra-vi-lho-sos numa praia paradisíaca – a maneira pausada com que ele caracterizou as férias já indicava tudo o que eu precisava saber, meu amigo tinha se divertido bastante.

—Pelo jeito as festas foram boas – levantei a sobrancelha curiosa.

—Boas é pouco, chefinha, da próxima vez eu te levo – arregalei os olhos e ele riu da minha reação.

—Não acho que eu estou no seu nível de festas, Ced, mas obrigada pelo convite.

—Agora deixando a fabulosidade das minhas férias de lado e mudando de assunto, já ouvi que é bem provável que nossos escritórios aumentem! – ele bateu palmas comemorando algo que nem tinha acontecido ainda.

—Não vou nem perguntar como você já sabe disso – balancei a cabeça exasperada.

—Você sabe que eu sempre sei de tudo o que acontece nesse nosso pequeno mundo corporativo – seu sorriso presunçoso deu as caras, mas o pior é que ele não estava errado, se o Ced não soubesse, era porque não tinha acontecido. – vou ter que me preparar para ter uma sala – ele encostou-se à cadeira, cruzou a perna sobre o joelho e assumiu uma posição contemplativa de quem estava fazendo mil planos.

—Ced, pode descer dessa nuvem que te carregou para outra dimensão, nada foi decidido ainda – ele já tinha escalonado todo o rumor que estava correndo a empresa e eu precisava frear a imaginação do meu assistente.

—Claro que não, Mi! Tenho que ser precavido, é obvio que isso vai acontecer, eu sei que é a melhor decisão a ser tomada.

—Quando foi que te nomearam diretor da empresa? Não sabia que você tinha o poder de decisão – respondi irônica.

—Eu seria um ótimo diretor! Mas infelizmente ainda sou apenas seu sempre maravilhoso assistente – ele fez um gesto de reverência tirando um chapéu imaginário da cabeça, não tinha nada que colocasse o Ced para baixo, nem ironia funcionava, pois ele sempre achava uma maneira de neutralizá-la.

—Tudo bem, pode até ser que eu realmente seja promovida, mas quem foi que te falou que eu vou te levar junto? – sorri desafiando as certezas dele, mas claro que isso também não surtiu efeito.

—Mimizinha – ele se inclinou sobre a minha mesa e pousou as mãos nas minhas bochechas balançando a minha cabeça de um lado para o outro – como você é engraçada, você não ia aguentar viver sem mim nem um diazinho, e onde mais você ia achar outro Ced?

Cai na gargalhada e ele me acompanhou, esse meu amigo era tão cara de pau que não tinha nenhum pudor de afirmar, para todo mundo que quisesse ouvir, as suas qualidades.

—Deus teve pena de nós e fez apenas um de você, temos que agradecer todos os dias, imagina o mundo com vários Ceds? – elaborei uma expressão falsa de horror e ele fez um bico de desdém.

—Pois saiba que o mundo seria muito mais animado com mais pessoas como eu – ele resmungou levantando o dedo indicador.

—Bom, chega de papo furado, vamos esperar para ver se você vai ter a chance de executar todos os planos para a sua nova sala e por enquanto nos atemos ao nosso trabalho – bati com os dedos na pasta que estava aberta na minha mesa.

—Tudo bem, entendi o recado, já vou para a minha mesa – ele levantou e bateu continência, até parece que eu apresentava um décimo da rigidez de um general.

—Ah! Espera, quase esqueci, trouxe um presentinho pra você – levantei para pegar o embrulho na bolsa.

—Own, Mi, você se lembrou do seu amigo maravilhoso – ele tinha um sorriso tão satisfeito que eu fiquei feliz por ter comprado a lembrancinha.

—Não deu para trazer o que você me pediu, então eu tentei me aproximar ao máximo – ele franziu as sobrancelhas como se tentasse lembrar o que havia requisitado, mas ao abrir o pacote e ver o coala surfista ele caiu na risada.

—Meu próprio surfista australiano, amei! Vai ficar na minha mesa – ele parecia uma criança com um brinquedo novo – tenho a melhor chefinha do mundo – foi a minha vez de sorrir.

—Pronto, agora pode ir – eu tinha propositalmente enrolado para trazer à tona o assunto que eu tanto queria discutir com ele, então optei por uma alternativa – vamos almoçar juntos hoje? – ele aceito o convite e saiu da minha sala.

Trabalhei incessantemente, sem receber nenhuma visita da minha diretora, até a hora do almoço. Quando a fome começou a aparecer, peguei a minha bolsa e fui chamar o Ced para irmos comer. Ele escolheu ir num restaurante italiano que ficava a algumas quadras do nosso prédio. Conversamos sobre as nossas férias e os planos dele para o novo escritório até que a nossa comida foi servida, entre uma garfada e outra eu consegui juntar a minha coragem para começar a conversa que eu precisava.

—Ced, o que você sabe sobre interromper hábitos? – perguntei séria e ele me olhou curioso.

—Hábitos? Não sei, chefinha... eu não tenho nenhum do qual gostaria de me livrar no momento – ele pousou o garfo e me olhou atentamente – estamos falando do que aqui? Por acaso você começou a fumar ou a ter problemas com bebidas que eu não saiba?

—Claro que não, seu doido! É... – minha voz sumiu, era mais difícil do que eu pensava falar aquilo em voz alta, parecia tão certo na minha mente, mas depois de dito tudo se torna mais real.

—Por acaso tem alguma coisa remotamente ligada ao Sr. Incêndio? – minha sorte era que o Ced percebia as coisas muito facilmente e eu apenas assenti.

—Decidi que não quero mais nada com ele... só não consegui comunicá-lo na ultima vez que nos vimos – olhei para o meu prato, eu não queria encarar os olhos perspicazes dele.

—E quando foi isso? – ele nem tentou disfarçar a curiosidade.

—Sábado.

—Hum... – foi tudo o que ele respondeu, mas eu sabia que a mente dele estava trabalhando a mil por hora criando as mais mirabolantes teorias – e por que você não conseguiu dizer?

—Eu só não consegui e pronto – falei de uma maneira que ele entendesse que essa parte do assunto estava fora de questão.

—Tudo bem, não precisa ficar alterada – ele riu, não se incomodando nem um pouco com a minha pequena explosão.

—Preciso da sua ajuda, se eu continuar assim não vou me desvencilhar dele, tenho que sair e conhecer pessoas novas.

—Mas você nem falou com ele.

—Eu já te disse que ele não é meu namorado, Ced. Não temos nenhum tipo de comprometimento ou acordo de exclusividade, já tive namorados ao longo desses anos e eu simplesmente dizia isso a ele e não nos víamos durante esses períodos, o mesmo valeu para ele. – ele me olhou como se eu estivesse sendo irracional e não soubesse do que estava falando, mas eu nem dei atenção.

—Ok, não está mais aqui quem falou – ele deu de ombros – mas eu bem que gostaria de saber o que te levou a essa conclusão...

—Só percebi que o que temos é um hábito, não algo real, estou acomodada com a situação e não quero continuar com isso – respondi como se não fosse nada demais, ele não disse nada, apenas me observou sério por algum tempo – então, vai me ajudar ou não?

—Claro, querida! Se você quer um lugar para sair e esquecer o seu Sr. Incêndio, veio a pessoa certa – a seriedade dele foi substituída por animação ante a iminência da nossa saída – que tal essa sexta?

—Perfeito – agradeci pela sua disposição em ajudar e nos dirigimos de volta ao trabalho assim que terminamos o almoço.

Passei o restante da semana me convencendo de que tinha feito a escolha certa, essa seria a melhor solução para o meu impasse e ninguém sairia chateado. Não tive nenhuma notícia sobre a minha suposta promoção, o que não podia ser dito do Ron. Na quinta feira ele me ligou e eu não consegui me obrigar a atender, ele ainda tentou mais uma vez horas depois, mas eu recusei novamente. Por fim ele me mandou uma mensagem me convidando para jantar, convite esse que eu recusei dizendo estar muito ocupada com o trabalho agora que eu tinha voltado de férias. Ele mudou a oferta para sexta, e eu repeti a minha recusa.

“Tudo bem, quem sabe semana que vem...”

A alusão ao tempo futuro não me trouxe uma boa sensação, só me dava mais a noção de finalização e eu não queria muito pensar no assunto, apenas ir adiante com a minha decisão.

Cheguei em casa na sexta depois do trabalho, comi um lanche rápido e fui me arrumar para encontrar o Ced no local que ele tinha escolhido. Tomei um banho demorado, sequei os cabelos e comecei a selecionar o meu vestuário. Escolhi uma saia preta justa que chegava até a metade das minhas coxas e uma blusa de seda frente única que deixava uma boa porção das minhas costas à mostra, calcei um dos meus vários sapatos de salto, me preocupando em pegar o que combinasse melhor com o resto das peças. Peguei uma pulseira e um par de brincos e fui me maquiar. Ao sair dei de cara com a minha vizinha chegando.

—Uau, alguém caprichou no look hoje! – ela falou me olhando dos pés a cabeça e lançando um sorriso sugestivo.

—Talvez um pouquinho.

—Divirta-se, eu vou ter um encontro só com a minha cama hoje, o dia foi muito cansativo – ela sorriu.

—Obrigada, Gin, boa noite pra você – ela se despediu e eu entrei no elevador.

Apenas quando eu já estava no táxi, chegando ao meu destino, eu me toquei que ela provavelmente imaginou que a minha roupa tinha algo a ver com o irmão dela, não sei porque aquilo me incomodou, porém eu desconsiderei o pensamento rapidamente.

Cheguei ao endereço que o Ced tinha me passado e constatei satisfeita que se tratava de uma boate de muito bom gosto, o lugar estava consideravelmente cheio e a meia luz tornou mais difícil ainda achar o meu amigo. Perambulei um pouco por lá, desviando de várias pessoas até que o encontrei encostado no bar olhando de um lado ao outro provavelmente me procurando.

—Ced! – chamei sua atenção e ele veio ao meu encontro.

—Pensei que você tinha desistido – ele me abraçou em cumprimento.

—Claro que não.

—Preciso dizer que você está um arraso, Mi! – ele pegou a minha mão e me fez dar uma volta para que ele pudesse averiguar o look completo.

Sentei ao lado dele no bar e pedimos alguns drinks, ele começou a contar a última fofoca do dia que tinha acontecido no trabalho quando eu senti uma mão em meu ombro, me virei para encontrar um homem muito bonito que me chamou para dançar, algo me impediu de aceitar e eu recusei dizendo que estava acompanhada e indicando o Ced ao meu lado. Meu amigo me lançou um olhar divertido e continuou o relato, alguns minutos depois a cena se repetiu terminando da mesma maneira.

—É assim que você conhece pessoas novas? – me perguntou ironicamente.

—Estamos no meio de uma conversa, não vou sair e te deixar falando sozinho – aquela desculpa esfarrapada foi fraca até para os meus ouvidos.

—Não me use como desculpa, Mi – ele falou deixando claro que ele sabia da minha enrolação - O próximo você vai – declarou sem me dar espaço para réplica.

Terminei o meu drink e pedi mais um, eu já estava no final do segundo quando outra pessoa veio me chamar para dançar, sobre os olhos atentos do meu amigo eu aceitei e o homem, que se apresentou como David, me levou pela mão até a pista de dança. Ele passou as mãos pela minha cintura e começamos a nos mover no ritmo, não dava para escutar direito as nossas vozes por cima da música, então a conversa foi mínima. Mesmo com a luz fraca, eu percebi que os cabelos escuros compridos dele escondiam um par de olhos azuis. “Não tão azuis quanto os dele” o pensamento invadiu a minha mente sem ser bem vindo e eu o joguei fora rapidamente, não era com o Ron que eu estava dançando e nem queria estar.

De repente eu percebi que eu estava ali fazendo mais uma coisa que nunca tínhamos feito: dançar. Saímos juntos dezenas de vezes, mas sempre consistia de jantares, eu nem sabia se o Ron sabia dançar. A ideia me fez rir e eu me dei conta de que estava dançando com outra pessoa e pensando nele mesmo assim, aquilo não estava adiantando.

—Você quer beber alguma coisa? – falei perto do ouvido do David para que ele pudesse me ouvir.

—Claro, vamos – ele passou o braço pelos meus ombros e fomos pegar algo para tomar.

Conversamos entre os goles de bebida, ele me contou um pouco sobre como ele era advogado de uma firma conhecida na cidade e que tinha acabado de se mudar e não conhecia ninguém. Contei um pouco sobre o meu trabalho e ele ouviu atentamente cada palavra que eu disse. Ele era muito simpático, falava com desenvoltura e tinha um ótimo senso de humor, me fazendo rir diversas vezes com histórias que de outra maneira poderiam ser simplesmente normais.

—Gostei de você, Hermione, espero poder te ver de novo – ele se inclinou em minha direção e eu sabia que iria me beijar.

Os lábios dele tocaram os meus e eu não senti absolutamente nada, sem o pulso acelerado, respiração entrecortada ou vontade de que aquilo continuasse que eu sempre sentia quando o Ron me beijava. Não era possível que pudesse ser tão diferente com ele, desde quando eu não gostava mais de beijar outras pessoas? Desde quando o meu coração só perdia o compasso quando eu estava nos braços de um ruivo específico. Eu ainda permaneci algum tempo naquele beijo, tentando arrancar alguma reação de minha parte, mas não funcionou. Eu me afastei e arrumei uma desculpa esfarrapada para sair dali e o deixei com uma cara confusa enquanto eu me distanciava e ia a procura do Ced.

Não era isso que eu queria? Me livrar do hábito que era ele na minha vida? Quando eu finalmente dei um passo nessa direção, me vi assustada com essa liberdade, se as coisas não fossem as mesmas como eu conseguiria lidar com isso? Toda aquela situação tinha me deixado atordoada, a noite não estava saindo como o planejado, eu tinha ido até ali para me desprender do Ron e me sentia mais acorrentada do que antes.

—Não quero mais ficar aqui – eu disse ao Ced quando o encontrei.

—Nós acabamos de chegar! – ele protestou.

—Mas eu quero ir embora – minha voz saiu fraca, e ele me olhou com ternura.

—Não, Mi é outra coisa que você quer – ele apoiou a mão no meu ombro e fez questão de encontrar o meu olhar antes de continuar - o problema é que não é aqui que você vai encontrar, não sei que teorias você usou pra chegar as suas mais recentes conclusões, mas eu sugiro que você revise e faça outra tentativa

Ele estava errado, eu só queria a minha casa, nada do Ron, eu só não estava no clima para aquele tipo de lugar no momento, não tinha nada a ver com o jeito que só os lábios dele tinham de me arrancar suspiros, não era diferente do beijo que eu recebi agora a pouco, foi só impressão, eu tentaria de novo depois.

Eu não tive que insistir muito para que fôssemos embora, eu podia muito bem voltar para casa sozinha, mas não me sentia muito segura em fazer isso, eu preferia ter o Ced ao meu lado para me impedir de discar certo número, de bater na porta de uma casa que eu já tinha visitado tantas vezes e roubar um beijo na tentativa de saber o quer tinha acabado de acontecer, provar se eu já tinha passado do hábito e chegado ao vício, na pura dependência.

O Ced foi embora assim que eu me instalei na minha cama para dormir, mas o sono não podia estar mais longe. Eu estava deitada sobre as minhas mãos, tentando frear, de uma forma física, a vontade que eu tinha de pegar o meu celular que se encontrava a tão pouca distância de mim. Não foi o suficiente. Me virei e apanhei o objeto que estava me atormentando. Desbloqueei a tela, ao invés de fazer a ligação que eu queria, meu dedo foi direto para o aplicativo de fotos e em poucos segundos a imagem que tinha sido capturada com o celular do Ron preenchia a tela. Fiquei encarando o rosto sorridente dele, como se a fotografia pudesse elucidar todos os meus problemas. Decidi terminar com aquilo, acessei minha agenda de contatos e apertei um dos números listados como favoritos. No exato momento em que iniciei a chamada, me arrependi da ação e desliguei sem que a ligação fosse finalizada. Abri a gaveta do criado mudo e joguei o aparelho bem no fundo, pelo menos se eu o deixasse fora da minha vista, talvez a vontade de utilizá-lo diminuísse.

Lutei a noite inteira com a falta de sono, me virando de um lado para o outro sem achar uma posição que me parecesse confortável naquela cama grande tão cheia de espaços vazios. Quando eu percebi o sol se projetando pelas frestas da minha janela, decidi que o melhor a fazer seria levantar e me ocupar com qualquer coisa que fosse, não me faria bem passar o dia remoendo o meu fracasso épico. Eu estava acumulando uma pilha grande demais de derrotas e se parasse para pensar muito nisso acabaria mais irritada ainda comigo mesma.

Arrumei a casa toda, não que houvesse alguma coisa fora do lugar, e depois do almoço passei a tarde lendo ou me distraindo com filmes na televisão. No domingo, para evitar mais uma vez ficar sem fazer nada, decidi assar um bolo. Eu amava fazer esse tipo de sobremesa, e se tinha alguma coisa que conseguia desviar a minha atenção de pensamentos inoportunos era a elaboração de um bolo. Escolhi o sabor do dia que seria morango, saí depois do almoço para comprar os ingredientes e sem demora comecei os preparativos.

O bolo de morango estava uma delícia, a inspiração do dia tinha me ajudado a criar uma bela sobremesa, no entanto depois de experimentar uma fatia, percebi que eu havia me empolgado demasiadamente e feito mais do que eu conseguiria comer sozinha. Por eu saber que a minha vizinha adorava bolos, a ideia de levar um bom pedaço para a Ginny surgiu como de costume. Eu não conseguia acompanhar os horários loucos de trabalho da minha amiga, então decidi tocar a campainha primeiro para me certificar de que ela estava em casa antes de cortar. Apertei o interruptor e esperei, ouvi passos vindos de dentro do apartamento e vozes dizendo algo que eu não consegui entender bem, só compreendi um “Pode atender”.

Espera um pouco, “vozes”? De repente eu me vi nervosa de dar de cara o Ron, aquilo era a última coisa que eu precisava no momento e além de tudo eu não estava preparada para o encontro. Eu já estava virando as costas para voltar, ou melhor, correr em direção ao meu apartamento quando escutei o barulho da fechadura e da porta se abrindo. Era tarde demais, não dava simplesmente para fingir que não estava ali, eu tinha as mãos em punho coladas no corpo, com um suspiro eu me virei com o melhor sorriso que eu consegui ensaiar. O alívio que eu senti ao ver um par de olhos verdes emoldurado por cabelos que não tinham nada de ruivo não podia ser medido, na hora eu me senti relaxar e meu sorriso se tornou realmente autêntico.

—Oi, eu sou a Hermione, vizinha da Ginny, ela está? – minha pergunta foi feita enquanto eu avaliava discretamente o homem à minha frente, eu já tinha uma boa ideia de com quem estava falando, então prestei atenção para poder comentar mais tarde com a Gin. Eu teria que dar os parabéns, o tal paciente era muito bonito.

—Eu sou o Harry, o... Harry – notei a hesitação no comentário antes de entrar, mas ele ainda tinha um largo sorriso no rosto - Ah, então você é a amiga de quem eu ouvi falar, entra, ela está sim – rapidamente eu percebi que ele era rápido para desviar o assunto, contive o riso ao pensar em como essa habilidade era muito importante se ele estava lidando com algum dos irmãos Weasley.

—Sou, e você deve ser o paciente de quem eu ouvi falar – se é que era possível, o sorriso dele ficou ainda mais radiante.

—Felizmente eu não sou mais paciente dela – ele riu ao responder – espera só um pouco que ela já vem.

—Eu só queria saber se ela estava em casa para trazer um pedaço de bolo, acabei exagerando e fazendo demais – meio sem graça por interromper a noite dos dois, eu me sentei no sofá para esperar a minha amiga, o que não demorou muito. Enquanto o Harry me dizia o quanto também gostava de bolo, a Ginny apareceu.

—Oi Mione, eu ouvi alguma coisa sobre bolo? – a ruiva veio me cumprimentar e sentou na poltrona ao lado do Harry.

—Ela veio ver se você estava para trazer um pedaço – ele respondeu, enlaçando a mão pela cintura dela. Eu teria que ser cega para não notar a maneira com que ele olhava para a minha amiga, os olhos brilhando mais no momento em que ela voltou, a cabeça inclinada em sua direção, sem contar o braço que confortavelmente a envolvia. Para minha surpresa, ela parecia tão satisfeita quanto ele com a situação e eu não falhei em perceber que o sorriso dela aumentou ligeiramente ao se colocar do lado dele. Eu tinha gostado do Harry, se ele conseguia fazer a Ginny sorrir assim, já tinha todos os pontos, não doía também o fato de ele ser simpático.

—Você sabe como eu sou quando me empolgo – pousei a mão na testa.

—Oba, vamos ter sobremesa então, e os bolos da Mione são divinos! – elogiou ela.

—Não é para tanto, é de morango, Harry, eu sei que a Ginny gosta, e você? – lembrei de perguntar, eu sabia que não era um sabor tão universalmente amado quanto chocolate.

—Eu também gosto e pra falar a verdade veio em hora boa, eu bem que queria comer algum doce hoje.

—Ótimo, vou pegar e já volto – levantei em um pulo e me dirigi a porta.

Em poucos minutos eu parti uma parte bem generosa do bolo, coloquei em uma travessa, cobri com a tampa e voltei ao apartamento vizinho. Encontrei a Ginny arrumando alguma coisa na cozinha e o Harry ainda sentado no sofá.

—Aqui está, espero que vocês gostem – dei o pote para ele.

—Claro que vamos gostar – a Ginny comentou revirando os olhos.

—Você já jantou, Hermione? – o Harry me perguntou com o que eu pensei ser um toque de ansiedade na voz.

—Ainda não.

—Que bom, nós vamos pedir comida chinesa, não quer comer com a gente? – convidou todo sorridente.

—Ah, imagina, não quero atrapalhar – olhei em direção a minha amiga que estava rindo apoiada na bancada da cozinha, percebi que ela estava pegando a louça e já tinha contado comigo na arrumação.

—Não vai ser incomodo nenhum, né Gin? – ele olhou em direção a ela que assentiu veementemente – ai depois comemos o bolo.

—Tudo bem, então – me rendi e voltei a sentar no sofá.

Demoramos algum tempo para definir o pedido e enquanto esperávamos a comida chegar ficamos batendo papo, adorei a distração e no final das contas o Harry era uma pessoa realmente agradável, descobrimos nosso interesse mútuo por livros e começamos uma discussão calorosa sobre os nossos preferidos.

—Como assim você nunca leu nenhum livro policial? São ótimos! – ele levantou as mãos, incrédulo.

—Nunca passou nenhum pela minha mão, eu acho – dei de ombros, eu não odiava o gênero, que parecia ser um dos preferidos dele, só nunca tinha experimentado.

—Isso tem que ser corrigido, da próxima vez que eu vier aqui trago um pra te emprestar, não tem como não gostar – ele estava tão certo disso que eu ri com a reação antes de agradecer e aceitar a oferta.

A Ginny que se manteve quieta, apenas olhando de mim para o Harry durante o nosso debate, arqueou as sobrancelhas com o comentário dele e se manifestou:

—Você está com sorte, Mione, porque o Harry é muito chato com os livros dele, acho que ele gostou de você – ela comentou irônica.

—Claro que gostei, todo leitor compulsivo é um amigo! – ele levantou o dedo indicador na direção dela, retificando sua opinião – além do que, ela é sua amiga, então só pode ser legal – outro sorriso daqueles exuberantes apareceu, esses dois estavam indo bem.

—Fico lisonjeada com o empréstimo, vou te emprestar um dos meus favoritos então.

A conversa continuou até que a comida chegasse, levamos as sacolas para a mesa e nos sentamos.

—O cheiro está delicioso – o Harry observou já com os hashis na mão.

Eu e a Gin imitamos a ação e começamos a comer.

—Sabia que quando eu conheci a Ginny ela era uma negação para comer com os palitinhos, Harry? – ri da cara de afronta da minha amiga.

—É mesmo? – ele levantou a sobrancelha em tom de zombaria mal disfarçada – Alguma coisa em que doutora não tem um dom natural.

—Ei, eu não era tão ruim assim... – ela empurrou o ombro dele e tentou se defender, mas acabou caindo na risada.

—Era sim, só não era pior que o Ron... – o comentário saiu involuntariamente, eu congelei no meio da sentença, meu estômago afundou ao pensar nele, percebi o Harry olhando de um jeito curioso e a Ginny tentando esconder um sorrio no canto da boca, sem pensar muito continuei como se nada tivesse acontecido - Mas sou uma professora muito boa, ela aprendeu direitinho.

—Realmente, nem da pra notar – ele abaixou a cabeça para olhar atentamente para a mão dela que segurava os hashis o que lhe rendeu mais um chacoalhão.

—A Ginny me disse que você é estilista, Hermione, posso pedir uma consultoria? Tenho que saber se eu ando bem vestido por ai – ele já parecia bem confortável ao me fazer perguntas e eu decidi agir da mesma maneira.

—Você não precisa de consultoria, Harry, notei desde que cheguei que você sabe se vestir – me dei conta de que o que eu disse poderia ser entendido de uma maneira diferente da qual eu pretendia, percebi a Ginny estreitando de leve os olhos e me apressei a complementar – isso é um hábito adquirido, feio, né? Mas não consigo não reparar na roupa das pessoas, sejam elas quem forem – minha amiga sorriu com o comentário e eu sabia que não tinha sido mal entendida.

—Sei como é, faço a mesma coisa quando as pessoas falam de investimentos, não consigo evitar dar palpites – ele pousou a mão no queixo.

—Você trabalha com finanças? – perguntei interessada, eu achava aquele um mundo fascinante.

—Sim, investimentos de risco – ele me olhou como se esperasse que eu achasse aquilo a coisa mais tediosa do mundo, muito pelo contrário.

—Nossa, que legal! Deve ser muito divertido trabalhar com as probabilidades – foi engraçado ver a cara de espanto dele, eu quase me senti ofendida por ele achar que eu não entenderia nada do assunto, mas julguei que essa fosse a resposta padrão quando ele dizia o que fazia. Olhei em direção a minha amiga que estava há muito tempo calada, nós não estávamos dando muita oportunidade para ela se juntar a nós e eu tinha a intenção de incluí-la na conversa, porém ela percebeu a minha intenção e foi mais rápida.

—Não, eu não saio por ai reparando se as pessoas têm pernas tortas – ela revirou os olhos como se nosso argumento fosse uma besteira e eu e o Harry nos juntamos em uma risada.

—Ainda bem, seria muito feio, Ratinha – ele levou o dedo indicador tocando a ponta do nariz dela e eu não consegui mais conter a gargalhada.

—Ratinha? – ele já tinha até apelido para ela, a relação já tinha progredido mais do que eu imaginava e pelos olhar fuzilante que ela lançava na direção dele, a satisfação com o apelido era zero no momento.

—Nem pergunte – ela levantou a palma da mão fazendo sinal de que nem adiantava eu tentar, por mais curiosa que eu estivesse para saber a história.

—Adorei o apelido, posso usar também? – eu não tinha intenção alguma de chamar minha amiga assim, o que me incentivou foi a vontade de saber a reação não só dela, mas dele também ao pedido e, claro, de provocar um pouco.

—Não! – os dois responderam em uníssono, mas eu notei a leve diferença entre os tons, a Ginny mortificada e o Harry com cara de quem não ia dividir a Ratinha dele.

—Interessante... – nem percebi que falei em voz alta, e quando a Ginny perguntou o que era interessante eu desconversei – nada, estava só pensando alto.

Depois disso terminamos o jantar e passamos para a sobremesa, observei enquanto os dois comiam o bolo, tinha o suficiente em casa para que eu não estivesse com vontade de comer naquela hora.

—Nossa isso está ótimo, Mione! – a Ginny comia com vontade um dos morangos da cobertura.

—Tá mesmo! Vou precisar da receita, tenho que tentar fazer um desses um dia – o Harry me pediu.

—Claro, eu te passo.

—O Harry tem uma receita ótima também, ele já vai emprestar o livro, quem sabe não tem passa? – a expressão de desafio com a qual ela o encarou me fez pensar que havia algo a mais nessa declaração, decididamente era um teste.

—Desculpa, essa não dá, é receita de família – o sorriso triunfante da minha amiga só podia significar que ele tinha passado no tal teste.

—Não tem problema – abanei a mão – bom, fico feliz que tenham gostado, eu vou indo, já aluguei bastante vocês.

—Deixa eu colocar o resto em outro pote, assim você já leva, sabe que eu sou péssima com essas devoluções – ela aludiu às inúmeras vezes que eu tinha trazido sobremesas e minhas travessas ficaram por tempo indefinido chamando a cozinha dela de lar pela nossa falta de sincronia de horários.

Ela foi até o armário pegou um pote e trocou o bolo de recipiente, enquanto ela o tampava deixando em cima da mesa, o Harry levantou e se apressou a lavar a minha travessa, me entregando já enxuta. Eles me acompanharam até a porta.

—Tchau, Harry foi muito bom finalmente associar um rosto ao nome, espero te ver novamente em breve – ele se despediu com um abraço.

—Também espero, ainda vou te fazer uma leitora de livros policiais! – rimos do comentário.

Me aproximei da Ginny, ela me abraçou e eu aproveitei para falar baixinho de modo que só ela pudesse ouvir:

—Gostei muito desse seu Harry, escolheu bem, mas você sabe que vai ter que me contar essa história de Ratinha, né? – ela tinha os olhos arregalados quando me afastei.

—Pergunta de novo depois, quem sabe eu me sinto num humor melhor para dividir situações vergonhosas – assenti com a cabeça e voltei para o meu apartamento, deixando o casal novamente sozinho.

A Ginny podia nem saber ainda, mas eu tinha visto que ali tinha mais do que apenas um ex-paciente e a médica atenciosa. O jeito que eles interagiam, a alegria evidente no rosto dos dois era inegável, eles se conheciam há pouco tempo, mas parecia que existiam coisas que não precisavam de muito para nascer. E se tinha uma coisa que eu entendia era tempo, daquele tipo que tem duração extremamente longa e que não é o suficiente para fazer nada brotar. Me joguei no sofá, ligando a televisão, era melhor me distrair com alguma coisa, pois lá estava eu de novo pensando no Ron.


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Notas finais do capítulo

A Mione não apenas não conseguiu colocar o plano dela em ação, como falhou miseravelmente em tirar o Ron da cabeça! Eu não acho nem um pouco ruim, já ela não está nem de longe satisfeita com a situação, vamos ver no próximo cap como ela vai decidir agir depois do fracasso inicial.
O que dizer do Harry e da Mione se conhecendo? Esses dois nasceram, na minha humilde opinião, para serem grandes amigos, não importa o universo em que se encontrem, espero mais interações entre os dois em breve...
Me partiu o coração a Mione vendo a felicidade dos dois e pensando em como ela não está nem perto disso.

E vocês o que acharam? Não se esqueçam de deixar os comentários belíssimos que eu tanto amo s2
Bjus e até o próximo capítulo

Crossover: esse capítulo se passa num período de tempo que não é narrado em DV, maaaaas guardem na memória que a Ginny viu a Mione saindo super produzida... algo me diz que o Ron ainda vai ouvir falar no assunto ;)