Backstage escrita por Fe Damin


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
primeiro eu quero fazer uma propagandinha huaauhauh eu escrevi uma one Drastória! Lá estou eu me aventurando com outros casais, mas me apaixonei muito por esses dois. Essa one é parte de um projeto chamado "All you had to do was stay" que será uma coletânea com ones de vários casais escrita por autoras diferentes! Deem uma passadinha lá para conferir como eu me saí com esses personagens inéditos para mim e não deixem de comentar e de acompanhar para não perderem as próximas postagens!
Aqui vai o link: https://fanfiction.com.br/historia/714222/All_you_had_to_do_was_stay/capitulo/1/

Dito isso, aí está o capítulo (um pouco atrasadinhao) que está enoooorme. Foi mto divertido escrevê-lo, vocês vão entender o porquê.

Espero que gostem :)



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A primeira coisa que o Ron fez quando entramos no meu apartamento, foi notar o colar - que ele havia me dado de presente - ainda esquecido sobre a minha mesa de centro. Subitamente, a falta do peso familiar em volta do meu pescoço se tornou mais aparente, porém ele resolveu rapidamente o problema. Sem nem dizer nada, ele pegou a corrente delicada e veio até mim, onde ele a pendurou de volta no lugar.

—Pronto, fica mais bonito em você do que na mesa - ele falou rindo.

—Bobo - revirei os olhos com a piadinha, mas me deixei aproximar quando ele veio colar os lábios nos meus.

Sem me soltar, ele nos guiou até o banheiro, onde passamos um bom tempo inclusive tomando banho. A animação que eu via nos olhos dele enchia o meu coração de felicidade, nem parecia que há dois dias atrás eu ainda achava que entre nós não haveria mais nada. Ainda bem que eu estava errada. O bom humor dele era tanto, que eu nem precisei pedir para que ele se oferecesse para fazer o almoço. Ele foi direto para a cozinha quando começamos a ficar com fome, e disse que daria uma olhada no que podia fazer. Eu ainda tentei argumentar que podíamos pedir comida, mas ele insistiu em cozinhar, ainda mais depois que achou os camarões que eu tinha no freezer.

—Esses aqui estavam com certeza esperando por mim - ele se vangloriou mexendo a panela onde ele refogava os camarões.

—Estavam mesmo - confirmei dando de ombros, fazendo o sorriso dele aumentar.

—O que ia ser dos pobres camarões? - ele falou com a voz fingida, me puxando pela cintura.

—Provavelmente nada tão gostoso - respondi num tom sugestivo, sem nem olhar para a panela - ou cheiroso - completei passando o braço pelo pescoço dele e beijando-o rapidamente ali.

—Tá ficando difícil me concentrar no almoço - ele brincou.

—Vou arrumar a mesa e deixar de te atrapalhar - me afastei ainda em tom de provocação.

—Quem falou que eu quero que você saia?

—O meu estômago, que está muito interessado nessa comida - respondi e ele torceu o nariz, me fazendo rir.

O almoço ficou uma delícia, nada que eu já não esperasse, mas a melhor parte foi o Ron estar ali ao meu lado. Ficamos um bom tempo sentados lado a lado na mesa, bebricando o vinho que eu tinha aberto e colocando em dia todos os assuntos do tempo que passamos sem nos ver.

—Quer dizer então que você levou bronca de todo mundo? - perguntei rindo ao imaginar a reação dele.

—Até que o Nick e a Alex foram tranquilos, mas você precisava ver a Bete! Ela não descansou enquanto eu não falei o que tinha acontecido, e depois ainda ficou furiosa ao descobrir que tinha sido enganada também.

—Imagino, pelas histórias que você conta, ela sempre foi muito eficiente, foi, no mínimo, um baque pra ela.

—Ela literalmente me mandou voltar para casa e ir atrás de você - ele falou rindo.

—Você podia muito bem ter escutado! - reclamei, fazendo uma nota mental de ir conhecer a Bete o mais rápido possível, ela parecia ser uma pessoa ótima.

—Porque você com certeza teria me ouvido, né, amor? - ele zombou levando o dedo indicador ao meu nariz.

—Isso nunca iremos saber - dei de ombros, não querendo pensar muito no assunto.

—E nem precisamos - ele me presenteou com o sorriso mais bonito, aquele que eu sabia que conseguiria passar uma vida inteira olhando - e você não levou bronca de ninguém? Não quero ser o único - falou irônico.

—Claro que o Ced teve umas opiniões para dar - revirei os olhos lembrando da insistência dele, por mais que eu soubesse que ele só estava dizendo o que achava ser o melhor para mim.

—Que você também não escutou - ele fez um bico que acabou me levando a rir.

—Se eu fizesse tudo o que o Ced me aconselha, eu estaria perdida, apesar de que ele diz que está sempre certo - foi aí que me ocorreu uma ideia meio maldosa, porém engraçada - aliás, falando em Ced!

O Ron me olhou confuso com a frase desconexa, mas eu nem me dei ao trabalho de explicar. Estiquei o braço até alcançar o celular que estava longe e me encostei nele.

—Sorri, amor - eu pedi, levantando a tela do celular em nossa direção para tirar uma foto. Ele fez como eu pedi, o sorriso radiante igual ao meu, mas depois a curiosidade falou mais alto.

—Posso saber para que essa foto do nada? - eu digitei os comandos necessários no celular antes de voltar a atenção e ele e responder.

—Mandei para o Ced - expliquei, com um sorriso diabólico - ele vai ficar doidinho.

Não demorou nem cinco minutos para o meu celular ser inundado por mensagens do meu amigo,

—Viu? - mostrei a tela para o Ron que caiu na gargalhada.

—Que maldade - ele chacoalhou a cabeça - não vai responder?

—Amanhã ele faz as perguntas ao vivo, pode ter certeza - percebi o rosto dele se fechando ligeiramente - o que foi, amor?

—Amanhã você vai trabalhar e a… - ele engoliu em seco, porém eu sabia do que ele estava falando.

—Não precisamos tocar no nome daquela vaca - respondi, e ele sorriu agradecido - mas não se preocupe, que não vou mais dar ouvidos a ela.

Na manhã seguinte, eu deixei um Ron adormecido na minha cama e fui trabalhar. Procurei evitar pensar na dondoca, até porque ultimamente ela não vinha me dando problemas. Foquei minha atenção e imaginar a cara de indignação do Ced quando ele chegasse, já que as várias mensagens dele ficaram sem resposta, até porque o Ron monopolizou toda a minha atenção. Minha imaginação estava correta. O escritório ainda estava consideravelmente vazio quando o meu assistente passou como um foguete pela minha porta e sentou.

—Como você faz uma coisa dessas comigo? - ele apoiou as duas mãos na mesa, me encarando como se fosse a vítima de um crime hediondo.

—Bom dia pra você também, Ced! - brinquei, mas eu sabia que o drama ia continuar.

—Bom só se for pra você que dormiu toda agarradinha com o seu Sr Incêndio, eu fiquei em claro tentando imaginar todas as reviravoltas que aconteceram para vocês estarem juntos de novo!

—Menos, Ced.

—Eu quase fui na sua casa, juro! Foi muita maldade com seu amigo lindo e maravilhoso, chefinha - ele resmungou parecendo uma criancinha.

—Eu só queria que você ficasse animado para a segunda feira, e funcionou! Você chegou cedo e ainda por cima está de roxo hoje! Cor feliz!

—Mera coincidência… - ele encostou na cadeira, cruzou os braços se fazendo de difícil.

—Nada é coincidência nas suas escolhas de roupa, Ced - eu provoquei.

—Ah, tá bom! Estou mesmo feliz por vocês - ele jogou as mãos para o alto - mas agora me conta pelo amor de todos os ansiosos do mundo.

—Você é o meu exagerado favorito, sabia? - eu estava dando uma enroladinha de propósito, pois as reações dele eram sempre muito divertidas.

—Sei, anda conta! - ele nem perdeu tempo com o elogio.

—Lembra que a Ginny me convidou para jantar na casa dela com o Harry? - perguntei e ele assentiu - pois é, ela convidou o Ron também.

—E você foi mesmo assim? - ele arregalou os olhos surpreendido.

—Com o pequeno detalhe de que nem eu nem ele sabíamos que o outro estaria lá.

—Hummm engenhoso, estou gostando! Pode continuar - ele balançou a mão me apressando.

—Aí claro que ela teve uma ligação do hospital cinco minutos depois e o Harry teve que levá-la.

—Como manda o script, claro - ele abriu um sorriso conspiratório.

—E a graciosa da minha amiga nos deixou trancados lá.

—Ponto para a Srta Incendinho! - ele bateu as mãos rindo.

—Você acha isso bonito, é? - recriminei a aprovação no olhar dele.

—Achei foi lindo! Um tanto amador, mas lindo! Tava na cara que ia levar mais ou menos um século para vocês resolverem conversar por si sós, ela apenas acelerou o processo. Sorte sua que eu não pensei nisso primeiro, garanto que ia ser pior - eu tive um ligeiro calafrio só de pensar no que poderia ter saído da mente do Ced.

—Na verdade a ideia foi do Harry.

—Sabia que o lindinho era esperto!

—Você quer ouvir o resto da história ou não?

—Claro!

Contei a ele os pormenores da nossa conversa, e como no final das contas tínhamos nos perdoado. O Ced tinha todas as reações certas: os olhos brilhantes quando eu contei como o Ron disse que me amava, e o sorriso nada inocente quando foi a vez de dizer como foi a volta da minha vizinha e do namorado na manhã seguinte.

—Eu só acho que eu mereço um jantar para conhecer direito a Srta Incendinho, mesmo a ideia não tendo sido dela, merece palmas pela execução - ele reclamou.

—Mas a execução foi péssima! - eu ri ao lembrar da maneira teatral da minha amiga.

—Vocês estão juntos de novo, não estão? - ele levantou as sobrancelhas e eu tive que concordar com o argumento dele.

—Tá bom, eu vou ver com o Ron e com a Ginny para marcarmos esse tal jantar - me rendi, só esperava não me arrepender de colocar o meu amigo indiscreto na presença deles.

—Não esquece do lindinho!

—Claro que vou convidar também, Ced - eu o assegurei

—Estou muito feliz por vocês dois, Mi! - ele falou assim que finalmente conseguiu o que queria - sabia que vocês iam se ajeitar.

—Eu também estou muito feliz - concordei sorrindo.

—Dá próxima vez, vê se escuta seu amigo aqui quando ele te disser que você está sendo idiota - falou presunçoso.

—Não precisa porque não vai ter próxima vez.

—Gostei da atitude! - ele balançou a cabeça aprovando a minha resposta - mas me diz uma coisa…

—O que?

—A dondoca ainda continua por aqui, e você sabe que quando ela farejar sua felicidade, as provocações vão voltar, né?

—Farejar minha felicidade? Isso não existe, ela só vai saber que eu estou com o Ron de novo se alguém falar.

—Aí é que você se engana, Mi, piranha é tudo assim, tem sexto sentido pra infernizar a vida dos outros - ele falou com desgosto.

—Bom, que seja. Se ela vier falar algo de novo, eu não vou dar atenção - dei de ombros - ela que fale sozinha.

—Eu preferia uma boa briga, mas se você prefere ser tão civilizada…

—Não quero nem pensar nessa mulher, Ced. E agora vai pra sua mesa, que temos muito trabalho pela frente, só mais algumas semanas até entregar tudo.

—Não tem como esquecer.. já estou indo.

O dia foi muito corrido, devido a alguns imprevistos, porém tive a benção de não cruzar com a dondoca nem uma vez. Quem me dera que o resto dos dias dela ali pudessem ser iguais, mas eu sabia que as chances eram nulas. A minha sorte acabou no dia seguinte quando dei de cara com a vaca ao voltar para a minha sala. Claro que ela não perdeu tempo em me avaliar e fazer um comentário antes que eu pudesse alcançar a porta:

—Olá, querida você está com uma cara muito melhorzinha, que ótimo! - aquela voz dela era tão fingida que literalmente me dava nojo.

—A sua continua igual - respondi seca, sem parar ao passar por ela que, entretanto, me seguiu. Parecia uma alma penada que não me largava.

—O que aconteceu? - ela perguntou interessada demais pro meu gosto, e eu percebi pelo canto do olho que ela se fixou no meu pescoço, vendo o colar que eu usava - por acaso você o Uon Uon estão juntos de novo?

Escutar aquele apelido mais uma vez saindo da boca dela elevou consideravelmente a minha irritação por estar em sua presença. Respirei fundo, e tentei novamente não criar problemas.

—Não é da sua conta - rebati, finalmente chegando à porta da minha sala.

—Ah, que ótimo que vocês se acertaram, ele é maravilhoso em fazer as pazes, não é? Teve uma vez…

Ela ia ter a cara de pau de começar a me contar uma história daquela? Eu acabei agindo mais rápido do que o meu bom senso foi capaz de me parar. Quando eu vi, já tinha agarrado o braço dela.

—Olha aqui, chega! - falei alto, puxando-a para dentro da minha sala e fechando a porta - esse seu joguinho não vai mais funcionar - apontei o dedo na cara dela, que pareceu surpresa,  mas conseguiu se recuperar rapidamente.

—Joguinho? - ela levantou as sobrancelhas fingindo inocência, prendi as minhas mãos do lado do meu corpo para impedir de conectá-las ao rosto dela.

—Cala a boca! Eu tentei ao máximo ser uma pessoa profissional, mas já que você acha que pode se meter na minha vida, também pode escutar o que eu tenho a dizer - minha paciência tinha ido toda para o espaço. Eu bem que achei que conseguiria simplesmente ignorar tudo o que ela tivesse a dizer, mas eu tinha aguentado até demais, não ia deixar que ela continuasse me infernizando com aquela cara de sonsa.

—Você está enganada… - ela continuou mantendo a pose de inocente.

—Já mandei calar a boca! - gritei de novo, mais uma vez quase enfiando o dedo indicador na cara dela - O negócio é o seguinte: eu não quero saber de você me dirigir a palavra para qualquer coisa que não seja relacionada a trabalho. Pega todas essas suas histórias e engole, de preferência de um jeito que te faça engasgar! O problema é seu se você está se roendo de inveja pelo Ron nem lembrar mais de você, mas deixa eu te dar uma notícia: isso não vai mudar! - eu me sentia trêmula com o tanto de raiva que emanava de mim, aquela mulher com certeza tinha a capacidade de fazer vir à tona o meu pior.

—Inveja? De você? Até parece! - ela deu uma risadinha debochada que não fez nada para aplacar o meu estado.

—Pode ficar com essa sua máscara de superior, mas eu sei que por trás dela tem uma mulher amargurada e odiosa, em resumo: você é uma vaca! - eu não estava nem me importando se alguém escutaria aquele circo do lado de fora.

—Você não pode falar assim comigo! Eu sou...

—Você é o que? - eu a interrompi, ela estava muito enganada se pensava que eu a deixaria me intimidar - Uma consultora aqui e nada mais, NADA mais!

—Estão esperando o meu relatório dos funcionários, já pensou nisso? - ela me olhou como se eu fosse uma presa indefesa, a ameaça velada pairando sobre a minha cabeça, mas isso não me pararia, não mais. Eu tinha começado a falar tudo o que eu queria então ia até o final.

—Pois vá em frente e faça um péssimo sobre mim, vamos ver o que vai ser levado a sério, o meu trabalho ou o seu - meu tom tinha toda a convicção que eu possuía, um desafio aberto.

—Mas tem muita presunção pra uma pessoa tão pequenininha.

—Isso, continue com esses seus insultos baratos, nem pra isso você presta mesmo.

—Você acha que o Uon Uon não vai se cansar de você? Só um bebê pra ele brincar um pouco - era bom que ela não continuasse a usar aquele apelido, senão as coisas iam ficar realmente feias.

—Você teve a sua chance com ele e fez um favor ao universo de jogar fora, agora faça um favor a si mesma e se contente com o fato de que você não é nada, vai ficar menos feio. A diferença entre você e eu, não é apenas que eu sou uma pessoa muito melhor, a diferença é que eu amo o Ron da mesma forma que ele me ama, e isso você nunca teve e nunca vai ter - eu estava provavelmente com os olhos faiscando, mas era uma satisfação jogar tudo aquilo em cima dela - agora se você entendeu, pode sair - acenei para a porta e nem esperei pela reação dela, contornei a minha mesa e me sentei, voltando a atenção completamente para o computador.

—Se você acha que isso vai ficar assim! Essa falta de respeito! - ela falou ultrajada e eu não pude evitar dar uma risada debochada.

—Pode fazer o que você quiser, eu só vou dar um último aviso: se você vier me importunar de novo com esse assunto, ou eu receber qualquer tipo de tarefa que não sejam as minhas, eu perco o emprego, vou até presa, mas você não sai inteira daqui! - Claro que eu estava mentindo, mas ela não precisava saber, o importante era que parecesse verdade e naquele momento, com o nível de raiva e adrenalina nas minhas veias, eu tinha certeza que a minha aura estava assassina. Eu a olhei com uma convicção tão feroz que ela arregalou os olhos e se deu por vencida, batendo a porta ao sair, mas não sem antes dar o último tapa.

—Se o Ronald decidiu que agora quer ficar com uma pessoa ignorante assim então…

—Então sorte a dele! - devolvi o tapa, mais uma vez sem a deixar completar, me dando por satisfeita quando ela finalmente foi embora.

Assim que a presença dela não manchava mais o ambiente da minha sala eu dei um longo suspiro, me permitindo deixar que todos os sinais de nervosismo aparecessem. Eu agarrei os braços da minha cadeira para estabilizar as minhas mãos que tremiam, e meu peito subia e descia num ritmo acelerado. Eu não era uma pessoa que saía por aí trocando insultos e ameaças, simplesmente não era do meu feitio, mas aquela mulher não entenderia de outro jeito. Foram necessárias medidas extremas, que eu deveria até ter tomado antes, com certeza teriam evitado muitos problemas, porém eu não me prenderia no que deveria ter sido. Ao invés disso, abracei a euforia que chegou rapidamente, assim que eu me dei conta que tinha devolvido para aquela vaca, tudo o que ela tinha jogado em cima de mim.

Assim que eu consegui chegar no mínimo de calma para poder ter uma conversa normal, alcancei a minha bolsa e peguei o celular, só tinha uma pessoa com a qual eu queria falar no momento.

—Oi, amor - o Ron atendeu no segundo toque - aconteceu alguma coisa? - ele estranhou a minha ligação no meio da manhã;

—Ron, você vai continuar me amando se eu for despedida, não é? - perguntei meio brincando.

—Que pergunta besta, Mione, claro que sim, mas da onde veio isso? - eu senti a nota de preocupação na voz dele e me apressei a explicar.

—Eu acabei de passar uns bons minutos gritando com você sabe quem! - contei, fazendo questão de nem tocar no nome dela como tínhamos combinado.

—Gritando? O que aconteceu? - eu conseguia imaginar os olhos dele se arregalando ao me imaginar nessa situação tão inusitada.

—Ela me encontrou voltando para a minha sala e claro que veio falar besteira de novo, não aguentei mais, Ron…

—Espero que ela tenha entendido o recado.

—Ah, ela entendeu sim! - confirmei inteiramente satisfeita - parece que eu sou muito boa em ameaças também - ele riu.

—No que você não é boa, amor? - ele elogiou com a voz delicada, o que claro me trouxe um sorriso aos lábios.

—E você é ótimo com elogios - respondi.

—Acho que você não terá mais problemas por aí - ele falou esperançoso.

—Só se eu for demitida mesmo…

—Você não vai ser demitida, Mione! Com o tanto de coisa que você tem que fazer aí…

—Eu também espero que não, sou muito mais eu - falei em tom debochado e ele, claro, concordou.

Ficamos mais alguns minutos conversando, porém ele teve que desligar pois entraria numa reunião. Deixei o celular em cima da mesa, e no mesmo instante percebi a maçaneta da minha porta se mexendo. Balancei a cabeça rindo, antes de falar em voz alta.

—Entra logo, Ced!

—Já terminou de falar com o Ron? - ele colocou só a cabeça entre a abertura da porta.

—Não vou nem perguntar como você sabia disso… - chacoalhei a cabeça, o mais provável era que o Ced tenha ficado com a orelha colada na minha porta desde que e trouxe a dondoca para dentro - já terminei sim, sua vez agora, anda.

Ele abriu a porta com um sorriso imenso, ao invés de se acomodar na cadeira favorita, como sempre, veio até mim e me envelopou num abraço apertado.

—Parabéns, Mi! - a empolgação era visível, parecia até que tinha sido ele a brigar com a vaca. Ele deu um beijo na minha bochecha antes de me soltar - sambou na cara da piranha!

—Menos, Ced - falei rindo.

—Estou muito orgulhoso, chefinha! Eu teria adicionado uns ocasionais xingamentos, mas para uma iniciante você se saiu muito bem - ele bateu palmas.

—Esse é um assunto no qual eu não quero proficiência.

—Ah, mas vai me dizer que você não está se sentindo realizada depois dessa lambada que você deu na cara dela? - ele arqueou as sobrancelhas, me desafiando a negar.

—Estou mesmo, muito libertador na verdade. Eu devia ter feito isso antes - brinquei.

—Dever, devia, mas saiu bom agora também, te dou um 10 por execução!

—Vamos só ver no que isso vai dar - suspirei, sem esquecer que eu poderia enfrentar consequências.

—Eu vou te dizer no que vai dar: em nada. Ela vai parar de te encher o saco, só - meu amigo estava muito convicto.

—O Ron falou a mesma coisa… Essa mulher podia só sumir!

—Também acho, mas fazer o que? - ele jogou as mãos para cima, mas logo voltou a atenção para mim - agora, voltando ao seu discurso, adorei a parte que você não ia deixá-la inteira! - o olhar dele traduzia todo o orgulho e satisfação.

—Você realmente estava escutando tudo!

—Alguma dúvida disso? Eu nem precisava ter ficado com orelha no vidro, porque você não estava sendo nada discreta, mas não quis perder nenhuma parte - ele explicou como se não fosse nada.

Subitamente, a realização de eu tinha acabado de fazer um escândalo - que era bem possível que o andar todo tivesse escutado - me atingiu. E dizer que eu fiquei mortificada seria pouco.

—Tinha muita gente perto? - indaguei ansiosa pela resposta - me diz que não…

—Acho que umas três ou quatro, mas não se preocupe que eu espantei todas quando vi você puxando a vaca pra dentro da sala.

—Obrigada, Ced - fiquei um pouco aliviada de saber que pelo menos não teria ninguém sabendo de cor todas as palavras que eu disse, por mais que a fofoca do que tinha acontecido fosse inevitável.

—Vai ter comentários com certeza, mas algo me diz que você vai virar a nova heroína da empresa, porque se tem uma coisa que todo mundo gostaria, é de dar uns tabefes nessa mulher - ele sorriu para mim, me deixando mais tranquila.

—Você acha que a Dolores vai vir querendo arrancar a minha cabeça?

—Acho bem difícil, duvido que alguém aqui conte para ela, ninguém gosta da bruxa, teria que ser a dondoca. E para ela contar a história, ia correr o risco de sair como a patética da situação, porque não é bonito pro lado dela.

—Ela sempre pode mentir - argumentei.

—Pode, mas você ia desmentir facilmente.

—Você está certo! Não vou mais pensar nisso, o que está feito está feito, e estou muito satisfeita.

—É assim que se fala, chefinha, e se a piranha vier te pentelhar de novo, pode me chamar que eu ajudo, sou ótimo em xingamentos - o sorriso dele adquiriu um tom maldoso.

—Espero que não chegue a isso.

No final das contas, tudo se encaminhou melhor do que eu esperava, a dondoca extinguiu todas as interações comigo que não fossem referentes à trabalho e, por mais que realmente a notícia da nossa briga tenha se espalhado entre os funcionários, a minha chefe não pareceu saber. O mais engraçado foi ver os meus colegas de trabalho passando por mim com sorrisos de aprovação, alguns chegaram até a me parabenizar. Mesmo com a correria final para entregar o projeto, parecia que a paz tinha voltado a reinar em volta de mim, só de não ter que me preocupar com qual a próxima indireta que eu escutaria, tudo ficava melhor.

No final daquela semana, a minha mãe me ligou, como ela sempre fazia, e passamos vários minutos conversando. Eu sempre ficava feliz de saber que ela e o meu pai estavam bem, e contentes, mas dessa vez ela abordou um assunto que tinha fugido completamente dos meus pensamentos.

—E o natal, filha? Você vem pra cá esse ano? - era impossível não escutar a esperança na voz dela.

Naquele ano, ela e meu pai não poderiam viajar na época do natal, em virtude de um projeto que eles estavam desenvolvendo na universidade. Teriam alguns dias de folga, mas precisavam estar por perto e não do outro lado do mundo, então a única maneira de estarmos juntos, seria se eu fosse até eles. Ao longo dos anos, nós alternamos entre eu ir ou eles virem, mas dessa vez a opção era única.

—Nossa, nem me toquei que já está tão perto! Tenho que ver as passagens… - claro que eu iria ver os meus pais, mas ficar longe do Ron no primeiro natal que estávamos juntos não era o que eu queria também.

—Você podia convidar o Ronald para vir junto, o que você acha? Ou ele passa com a família? - eu quase dei um pulinho de felicidade quando ela fez a sugestão.

—Geralmente ele passa só com a irmã - expliquei.

—Pode trazer a Ginny também, querida.

—Algo me diz que ela vai querer passar o natal por aqui mesmo esse ano - eu ri, com a certeza de que ela não ficaria longe do Harry.

—Mas se ela quiser vir, também está convidada. Estamos doidos para conhecer o seu namorado - eu conseguia sentir a empolgação da minha mãe.

—Calma, mãe, ele nem aceitou ainda - tentei acalmar os ânimos - e o Ron morre de medo de avião, então não sei como ele vai se sentir com o convite.

—Ah…. isso pode dificultar um pouco, mas espero que ele venha. Eu e seu pai ficaremos muito contentes.

—Eu falo com ele assim que ele chegar e depois te aviso, tudo bem?

—Sim, vou ficar esperando a notícia.

Ela ainda mudou de assunto, começando a discutir o que daria de presente para o meu pai naquele ano, mas alguns minutos depois, terminamos a ligação. Não demorou muito para que o Ron chegasse, era um daqueles dias estranhos em que eu cheguei mais cedo do que ele em casa.

—Oi, amor - cumprimentei, ele deixou a mochila na poltrona e veio até o sofá me dar um beijo - dia cansativo?

—Se eu tivesse que ficar mais dez minutos na reunião com o cliente dessa tarde, acho que eu pedia as contas - ele brincou.

—Acho que seu chefe não ia encarar isso muito bem.

—Não sei, ele é bem legal, mas é que eu sou um funcionário maravilhoso - o sorriso travesso me fez rir - e você? Como foi o dia?

—Correria de sempre… eu estava falando com a minha mãe agora a pouco.

—Tudo bem por lá? - era tão fofo o jeito como, mesmo sem conhecer os meus pais, ele sempre me perguntava se eles estavam bem.

—Sim. Minha mãe me perguntou sobre o natal, eles não vão poder vir para cá esse ano - comecei o assunto que eu tinha que abordar.

—Você vai pra lá então? - notei que ele ficou um pouco desanimado.

—Acho que sim, mas não queria passar nosso primeiro natal longe de você - completei me abraçando a ele.

—Nem eu.

—Então você podia ir comigo - olhei com a maior cara de cachorrinho pidão.

—Não vou chegar do nada na casa dos seus pais, Mione, ainda mais no natal…

—Minha mãe que te convidou, seu bobo - eu ri da cara de confuso dele.

—Ela me convidou?

—Sim, você e a Ginny.

—Ai meu Deus, um avião até o outro lado do mundo - ele ficou um tom mais pálido, mas acabei me focando apenas nas palavras.

—Isso quer dizer que você vai? - meu sorriso já estava radiante.

—Claro que vou, amor - ele estalou um beijo rápido nos meus lábios - depois eu falo com a Ginny e vejo como fica.

Tinha como amar mais uma pessoa que morria de medo de avião e estava disposto a encarar mais de um dia em um só para passar o natal comigo?

—Eu vou conhecer o seus pais! - ele fez uma cara de espanto, acho que pela primeira vez ele se deu conta do que aquela viagem acarretava.

—Vai - concordei, tentando não rir - não se preocupe, eles vão te amar.

—Como você sabe disso? - ele perguntou descrente.

—Porque eu amo, oras - aquilo pareceu tranquilizá-lo, e ele sorriu mais uma vez se inclinando para me dar um beijo.

Com tudo o que aconteceu no trabalho, eu acabei esquecendo que tinha prometido para o Ced que falaria com o Ron e a Ginny sobre o jantar. Apenas na outra semana eu me lembrei de levantar o assunto com o Ron.

—O Ced estava me importunando para marcar um jantar conosco e a Ginny - contei pra ele, estávamos na casa dele, assistindo a um filme que ambos já tínhamos visto.

—Você marcou pra quando? - ele perguntou.

—Não marquei ainda, fiquei de falar com vocês primeiro - expliquei.

—Acho melhor decidir a data com a Ginny, ela que é mais enrolada com horários, eu estou sempre por aqui.

—Nossa, foi fácil - brinquei.

—Por que eu não ia querer jantar com o Ced? Ele deve ter ótimas histórias - ele me provocou.

—Esse é o meu medo - ele riu da minha apreensão - você sabe quem vai cozinhar, né? - abri um sorriso inocente, fazendo-o revirar os olhos.

—Depois você me diz o que quer que eu faça.

—Pode decidir, amor. Fica por conta do cozinheiro, só preciso saber o que comprar.

—Vou pensar e depois te falo.

Liguei para a  Ginny e contei do jantar, convidando ela e o Harry para vir à minha casa no próximo sábado. Fiquei contente quando ela aceitou, e mais ainda quando perguntou se podia levar um amigo, o que eu claro, concordei. A adição do Colin nesse nosso pequeno grupo, seria no mínimo engraçado. Pelo que a minha amiga já tinha me contado, ele era uma pessoa muito divertida, eu só esperava que conseguíssemos sobreviver a ele e o Ced juntos, podia sair de tudo ali.

O Ced ficou radiante de saber que o nosso jantar estava marcado, só não gostou muito da ideia de ter que dividir a atenção de todos com mais um convidado.

—Quem é esse “mais um” que a Srta Incendinho convidou, hein? - ele cruzou os braços emburrado - achei que o jantar era meu.

—Larga de ser egoísta, Ced! O Colin é muito amigo da Ginny, e qual é o problema dela levar um amigo também? - ele nem se deu ao trabalho de responder, apenas resmungou qualquer coisa que eu não entendi.

—E esse Colin faz o que da vida? - perguntou por fim.

—Ele é enfermeiro, trabalha com a Ginny há anos - expliquei.

—Me diz que ele sabe vestir alguma coisa além de branco, pelo amor do bom senso! Vai acabar com o meu apetite. - ele me olhou horrorizado como se fosse o maior crime do mundo andar só de branco.

—Claro que ele não deve só vestir branco, Ced! É só o uniforme da profissão, vê a Ginny, ela nem passa perto de branco - defendi os dois.

—Ela tem você por perto para se certificar disso.

—Ela nunca precisou de ajuda nesse quesito, não usa porque não gosta, até porque, se ela gostasse, eu duvido que qualquer coisa que eu dissesse mudaria alguma coisa - eu ri, pensando na teimosia característica da minha amiga.

—Vamos esperar e ver… - ele ainda parecia acreditar que o Colin ia aparecer vestido da mesma maneira com a qual trabalhava.

A sexta feira que precedeu o jantar, era o dia de entregar o nosso portfólio para a coleção do natal, de modo que os últimos três dias eu passei quase que todos no escritório. Eu não pretendia ficar tão ocupada, mas tivemos realmente que correr contra o relógio. Acabou sobrando para o Ron decidir o que seria feito no jantar e inclusive comprar os ingredientes e levá-los para a minha casa, onde ele prepararia a refeição. Cheguei em casa acabada de cansada, mas com a sensação gostosa de dever cumprido. Todo o trabalho tinha sido entregue no prazo, agora era só esperar pelo feedback da direção, o que não era pouca coisa, porém eu resolvi tirar aquilo da minha mente. Eu tinha um jantar, que seria no mínimo memorável, no dia seguinte e não adiantaria nada ficar ansiosa.

O Ron me deixou dormindo até tarde no sábado, eu estava realmente precisando do descanso, ainda mais para aguentar ficar acordada até tarde como provavelmente aconteceria. Quando me levantei a cozinha já cheirava muito bem, eu entrei sem fazer barulho e o peguei de surpresa abraçando a cintura dele pelas costas.

—Bom dia, amor - falei baixinho, ainda com voz de sono, apoiando a cabeça no ombro dele.

—Tá mais pra boa tarde, pensei que ia ter que te chamar para o jantar - ele disse irônico antes de se virar o suficiente apenas para me dar um beijo rápido.

—O que está tão cheiroso? - indaguei.

—O almoço vai ser só um macarrão rápido, para poupar minhas habilidades culinárias.

—Você nem me falou qual vai ser o cardápio do jantar - observei.

—Eu quase nem falei com você sobre nada esses dias, amor - ele se defendeu.

—Mas agora já estou praticamente de férias quando comparado a antes - fui para o lado dele, espiar as panelas que estavam no fogo - agora pode me contar, isso aí tá com cara gostosa - apontei para a calda que ele mexia.

—Isso é a calda de frutas vermelhas para a sobremesa - ele explicou.

—Vai ter até sobremesa, é? - perguntei admirada, ele tinha realmente caprichado pelo jeito.

—Não sei pra que essa cara de espanto, você me pediu um jantar, não foi? Qual é a graça sem sobremesa?

—Não estou reclamando, você está certíssimo, e o que mais?

Ele me explicou qual seria o menu, e logo após o término da calda, fomos almoçar o macarrão. Ficamos na frente da televisão algum tempo depois, porém ele quis logo voltar para a cozinha e adiantar o que podia ser feito antes. Permaneci ajudando no que podia, ou melhor, no que ele me deixava fazer. Descobri que ele era bem particular com a comida que fazia quando tinha mais gente para comer.

—Não precisa de frescura, Ron somos só nós - comentei, quando ele não me deixou cuidar do ponto do molho que acompanharia a carne.

—Tem visitas dessa vez.

—Amor, o Ced entende de roupas e o Colin de sangue, tudo o que você colocar na mesa eles vão gostar, tenho certeza.

Quando deu seis da tarde, ele me apressou para que eu começasse a me arrumar, já que de acordo com ele, ele só precisaria de vinte minutos. Tomei um banho rápido, lavei e escovei os cabelos com cuidado e iniciei o processo de escolher o que vestir. Decidi por uma calça jeans colada, uma blusa vermelha frente única e sapatilhas pretas. Eu ia ficar em casa, não estava disposta a colocar salto. Fiz uma maquiagem leve e coloquei alguns acessórios para finalizar o look. O Ron realmente se arrumou em vine minutos, e depois voltou à cozinha, onde eu fiz companhia até a campainha tocar.

—Vou lá atender - ele estava ocupado e permaneceu junto ao fogão.

Abri a porta e me surpreendi ao ver o Ced, já que eram exatamente sete e meia. Ele estava impecavelmente vestido, como sempre, daquele jeito cuidadosamente pensado para parecer despojado.

—Ah, pra isso você chega no horário, né? - cumprimentei o meu amigo, com um leve puxão de orelha.

—Quando trocarem meu horário de trabalho das oito da manhã para oito da noite, pode ter certeza que eu chego no horário também - ele se defendeu.

—Duvido muito - ele passou por mim e eu fechei a porta.

—Fui o primeiro a chegar?

—Impressionante, não? Como é essa sensação inédita? - provoquei.

—Pode parar de me avacalhar, Mi!

—Quem chegou, amor? - o Ron gritou da cozinha.

—O Ced - o próprio Ced respondeu e eu escutei o Ron rindo.

—Ele está terminando de colocar a carne para assar.

—Não vou ser mal educado - ele passou por mim e foi em direção à cozinha que ele já conhecia - olá, Ron!

—Oi, Ced - ele se levantou de colocar o refratário no forno, jogou o pano de prato que segurava na pia e veio apertar a mão que o meu amigo estendeu - agora nos conhecemos oficialmente - ele brincou.

—Finalmente, a Mi fica te escondendo - falou no tom dramático dele.

—Adianta eu dizer pra você se comportar? - perguntei ao meu amigo quando ele voltou para o meu lado.

—Eu? - ele apoiou a mão no peito como se eu estivesse falando algo em outra língua - estou sendo educadíssimo, não estou? - ele se dirigiu ao Ron.

—Está - ele concordou.

—Amor, o que eu te falei sobre sair concordando com esse abusado? Erro de principiante - reclamei, mas a cara de triunfo do Ced era tão engraçada que não consegui me manter séria por muito tempo.

—Quer dizer que você saiu manchando a minha imagem por aí, é? Cuidado, chefinha, que eu tenho histórias suas também - ele falou maldoso.

—Que todo mundo quer ouvir, com certeza! - o Ron se adiantou a dizer, e nem ligou para a cara feia que eu lancei a ele.

—Ai, meu Deus, vocês dois vão me deixar louca até o fim desse jantar - levei a mão a testa, imaginando se eu conseguiria passar pela noite sem um pouco de constrangimento.

—Quando a Ginny chegar, ela ajuda a gente, tenho certeza - meu namorado falou para o Ced, claramente se divertindo.

—Falando nela - a campainha havia tocado, e como não tinha mais o que arrumar na cozinha, fomos todos para a sala receber os outros convidados.

A Ginny entrou primeiro, seguida do namorado

—Olá, Mione - ela me cumprimentou, com um abraço, do mesma maneira que o Harry depois. Minha amiga estava muito bem vestida, e eu gostei de ver que a maioria das peças tinham sido compradas comigo, eu ficava feliz em ver que ela estava usando.

—Vamos entrando - indiquei a sala onde o Ron e o Ced estavam sentados.

—Oi, Ron - a minha amiga se inclinou por trás do sofá para dar um beijo no irmão - então hoje eu vou conhecer o famoso Ced! - ela falou divertida, olhando na direção do meu amigo que rapidamente se levantou da poltrona.

—Eu digo pra Mi que ela esconde todo mundo de mim! - ele foi até ela e deu uma abraço - como pode o melhor amigo não conhecer a melhor amiga?

—Um absurdo! - a Ginny concordou com o drama dele.

—Eu também não conheço o Colin - argumentei com a Ginny.

—Estamos falando de você, não é, Ced? - claro que ela conseguiu apoio do meu amigo.

—Não vou nem insistir - dei de ombros, sabendo quando a derrota era certa - podem sentar, fiquem à vontade.

—Ah, não! O lindinho nem me cumprimentou ainda - o Ced falou olhando para o Harry que começou a rir na hora - não se faz isso com amigos - ele reclamou com uma mágoa fingida.

—Eu não estava nos meus melhores momentos quando nos conhecemos - o Harry comentou depois de apertar a mão do Ced.

—Ah, não se preocupe você estava ótimo!

—Modos, Ced! Quer levar bronca da Ginny? - ameacei, já estávamos todos acomodados entre os sofás e as poltronas.

A minha bronca no entanto foi em vão, pois a minha amiga - que se encontrava do meu lado - estava achando muito engraçado.

—Mas ela concorda comigo, não concorda? O Harry tem cara de quem tá sempre ótimo - ele nem se deu ao trabalho de parecer inocente.

—Concordo plenamente - a Ginny respondeu e eu vi o sorriso radiante surgindo no rosto do Harry, além do olhar carinhoso que os dois trocaram.

—E o Colin, Gin? Ele vem? - perguntei.

—Ele já tinha saído de casa quando liguei agora a pouco, deve estar chegando.

Ela puxou assunto de novo com o Ced e ficamos conversando mais um pouco sobre nada em particular até que a campainha tocou mais uma vez. O Ron fez menção de se levantar para ir abrir a porta, mas eu falei que não precisava. Destranquei a fechadura e encontrei o Colin - que eu conhecia por fotos - esperando tranquilamente. A primeira coisa que meio a cabeça, era que o Ced ia gostar muito de ver que não tinha um pontinho sequer de branco nas roupas que ele usava.

—Olá, Colin. Eu sou a Hermione, prazer em conhecê-lo - cumprimentei-o pedindo para que entrasse.

—O prazer é meu, Hermione. A Ginny fala tanto de você que parece que a gente já se conhecia - ele tinha um jeito simpático e percebi na hora o olhar divertido.

—Também acho - concordei - vem, está todo mundo ali na sala - ele me seguiu pela distância curta até onde todos estavam sentados conversando.

—Oi, gato - a Ginny cumprimentou o amigo - dia agitado hoje?

—O de sempre, gata. Oi, Harry, Ron - ele apertou a mão dos dois e eu me aproximei para apresentá-lo ao Ced.

—Colin, esse é o meu amigo, Ced - apontei para o meu amigo que estava avaliando o recém chegado da cabeça aos pés, e pela cara, gostando do que viu. Eu tive que conter o riso quando percebi que o Colin estava fazendo a mesma coisa.

—Oi, Ced, sou o Colin. Então você é a minha salvação se os casaisinhos ficarem muito melosos durante a janta? - ele brincou, e o meu amigo não demorou em responder.

—Só se você for a minha também - ele tinha o sorriso mais charmoso no rosto - a gente vaia eles juntos - ele completou num tom mais leve.

—Combinado - o Colin concordou, rindo, e foi se sentar na outra poltrona.

Assim que ele passou pelo Ced, meu amigo se virou pra mim e mexeu os lábios falando “nada de branco” com uma cara muito aprovadora que quase me fez rir.

—Bom, já que estão todos aqui, que tal um vinho antes do jantar ficar pronto? - o grupo inteiro concordou - fiquem à vontade, eu já volto.

—Deixa que eu te ajudo, amor - o Ron se levantou e veio atrás de mim, me auxiliando a abrir a garrafa e pegar as taças - tudo indo bem por enquanto - ele falou em tom divertido.

—O Ced nem se empolgou pra falar ainda…

—Acho que eu vou ter que incentivar mais um pouco - o sorriso dele não era nada inocente.

—Olha aqui, Sr Ronald, nada de dar uma de engraçadinho - fiz um bico que ele acabou desmanchando com um beijo antes de voltarmos para a sala.

Distribuí as taças e o Ron serviu a todos.

—Eu estava aqui perguntando pro Harry quando que ele ia me convidar de novo pra tomar um porre - o Ced me falou assim que me sentei novamente.

—E eu falei que não pretendo mais beber daquele jeito - o Harry se apressou a dizer.

—É bom mesmo, porque eu não quero mais ser chamada de vaca por aí - a Ginny provocou, o que me fez ter certeza de que aquele seria o tipo de assunto que nunca morreria entre eles.

—Ah, mas foi uma vaca no sentido carinhoso, não foi, Harry? - Ced estava claramente se divertindo.

—Com certeza! - ele olhou com cara de inocente para a namorada, que chacoalhou a cabeça rindo.

—Bonito isso, de xingar a minha irmã, hein - o Ron franziu a sobrancelha fazendo cara feia e olhando para o Harry que abriu a boca sem saber o que dizer.

—Ih, já tá levando bronca do cunhado, o negócio tá feio pro seu lado, Harry - o Colin colocou mais lenha na fogueira.

—Para de querer assustar o Harry, Ron - dei um tapinha no braço dele - só teatro, Harry - eu o assegurei.

—Deixa eu vir mais pro canto aqui só por precaução - ele brincou, se esgueirando mais ainda para a ponta do sofá, ficando o mais longe possível do Ron que estava no lado oposto.

—O Ron é mestre de fazer cara feia, Ursinho, mas não morde - ela virou para o irmão e torceu o nariz.

—Ursinho? - o Ced perguntou.

—Nem se impressione, pergunta como é o apelido dela? - o Colin falou em tom conspiratório.

O Ced nem precisou falar em voz alta a pergunta, pois o Harry não perdeu tempo em respondê-la.

—Ela é a ratinha - olhou para Ginny com a expressão clara de “se você pode falar eu também posso”.

—Tá vendo, Mi! Depois você reclama dos meus apelidos… - pronto, ele tinha que tocar nesse assunto - mas da onde veio isso? - claro que o Ced ia querer saber.

—Bom… - o Harry olhou pra Ginny como se perguntando se podia contar história.

—Ainda bem que essa é a hora que eu tenho que tirar a comida do forno - o Ron debochou, fazendo todos rirem. Ele se levantou e foi até a cozinha.

—Pronto, o perigo já passou, pode contar, Harry! - o Ced incentivou.

—No dia que a gente se conheceu e eu estava tentando de todas as formas conseguir o telefone dela, ela me falou toda cheia de pose que era uma ratinha grande demais pra um gatinho com a pata quebrada - o Harry contou, achando graça.

—Ela praticamente pediu por esse apelido, então! - o Ced comentou, rindo -E por que Ursinho? Não tinha que ser gatinho?

—Claro que não, o gato sou eu! - o Colin se apressou a dizer, fazendo todos rirem.

—Eu não lembro muito bem, estava bêbada quando inventei, mas foi porque eu precisava de alguma coisa que se assemelhasse a Ratinha. Mas combina, não é? Meu Ursinho é mesmo muito fofo - a Ginny explicou fixando os olhos no Harry.

—Apelido de bêbado não dava pra sair muito bom mesmo… - eu brinquei.

—Eu gosto - a Ginny defendeu a escolha, por mais que ela estivesse rindo também.

—Podia ser pior - o Colin a ajudou.

Nessa hora o Ron voltou, trazendo a primeira travessa de comida para a sala e chamando atenção de todos.

—O jantar já está pronto - fui ajudá-lo a trazer o resto para a mesa, que já estava pronta, e logo o grupo inteiro estava sentado ao redor da refeição muito apetitosa que ele tinha feito.

A comida estava deliciosa, o que por um momento até diminuiu o ritmo da conversa já que todos estavam entretidos com seus pratos.

—Caprichou hoje, Ron! - a Ginny o parebenizou dando um empurrãozinho no braço dele.

—Você tirou mesmo a sorte grande, chefinha -  o Ced, que estava sentado à minha, direita me olhou com um sorriso brincalhão - O sr Incêndio cozinha muito bem, já dá pra casar - eu e o Ron engasgamos na mesma hora.

—Ced, abre a boca só pra colocar comida dentro, faz favor - olhei feio pra ele, que nem ligou, fazendo a diversão dos outros que estavam à mesa.

—Vocês trabalham juntos? - o Colin perguntou a ele.

—Sim, essa aí me maltrata todo dia, o dia inteiro - ele colocou a mão na testa, fazendo cara de vítima.

—Não liguem pra esse meu amigo, ele não é muito domesticado - dei um tapinha no ombro dele.

—Tá vendo? - ele apontou para o lugar que minha mão tinha batido, olhando para o Colin com cara de quem tinha toda a razão.

—Pera aí, volta essa conversa, Sr Incêndio? - a Ginny interrompeu a linha de conversa e olhou para o irmão já gargalhando.

—Não ri, não, Gin, porque você é a Srta Incendinho - o Harry a advertiu e foi a vez do Ron de rir da irmã.

—Agora você tem que explicar isso! - o Colin pediu.

—Tem a ver com o cabelo? - o Harry perguntou.

—Mais um apelido por causa do cabelo, essa genética é foda… - o Ron resmungou e eu lembrei que o Nick o tinha chamado de ferrugem.

—Na verdade não tem nada a ver com os cabelos - comentei, já que eu sabia que seria inevitável aquela conversa ir até o fim.

—Eu nem nunca tinha visto o Ron quando o apelido surgiu - o Ced explicou, se divertindo muito de poder contar aquilo - naquela época nem uma descrição básica essa cruel tinha me dado - ele torceu o nariz pra mim.

—Conta logo! - a Ginny o apressou.

—Isso foi um dia.. - ele começou.

—Vocês tem certeza que não podemos trocar de assunto? - perguntei esperançosa.

—Não! - a negativa veio em uníssono.

—É uma democracia, chefinha - o Ced levantou as mãos como quem diz que não pode fazer nada, mas eu sabia que ele estava doido para falar.

—Termina logo com isso…

—Então, voltando… foi um dia em que a Mi saiu correndo tão rápido do trabalho que eu fiquei surpreso, porque se tem alguém que adora aquele escritório é ela - ele apontou pra mim - e eu perguntei onde era o incêndio que ela estava indo apagar.

Comecei a ver os sorrisos divertidos surgindo no rosto de todos, e levei as mãos ao rosto, me preparando para o fim daquela história.

—Aí ela me respondeu exatamente assim: e quem disse que eu quero apagar o incêndio? Um prêmio para quem adivinhar quem tinha ligado - todos riram com o fim da história.

—Já até gostei do apelido, amor - o Ron brincou, me puxando para tirar as mãos com as quais eu ainda tentava disfarçar o meu embaraço e me dando um selinho.

—Aí eu virei a Srta Icendinho por tabela? - a Ginny quis saber.

—Claro, você é a mais nova, se contente em ser só um foguinho - o Ron zombou.

—Só um foguinho? então não quero imaginar o tamanho do fogo do Ron, se ele tem mais fogo que isso - o Colin comentou rindo.

—Eu podia te responder isso de um jeito que você não ia gostar nenhum pouco, mas vou ser educada porque estou conhecendo o Ced hoje - a Gin sorriu irônica para o irmão.

—Você educada, gata? - o Colin provocou.

—Ah, se é por mim, não precisa, pode ser indelicada - o Ced completou.

—Estou mantendo a minha imagem de lady - a Ginny se endireitou numa compostura fingida.

—Lady… - o Ron riu.

—Acho que ninguém está acreditando, Ratinha.

—Eu não acredito mesmo, a Gin é pior do que caminhoneiro bêbado quando quer brigar - o Colin brincou.

—Que tal a gente voltar pro assunto de antes? - ela sugeriu.

—Ah, não! Já foi a minha cota de constrangimento - eu argumentei rindo.

—Fora que tenho certeza que todo mundo está interessado para saber mais, não é, Colin? - o Harry completou.

O Colin não precisou de mais incentivo para começar a contar algumas histórias de vezes que a Ginny, para falar delicadamente, desceu do salto para brigar com alguém no hospital.

—Tão mal criada, essa minha irmã! - o Ron sacudiu a cabeça, num repreendimento fingido.

—Mas eu tinha sempre razão! - ela se defendeu - não tinha, Colin?

—Isso é você que está dizendo, gata - ele deu de ombros, se retirando da briguinha entre os irmãos.

—Sò acho uma pena que eu nunca vi ao vivo - o Harry resmungou.

—Um dia você vê, Harry - o Colin o assegurou - se der, dá próxima vez eu filmo pra você.

—Colin, não dá ideias! - ela reclamou.

—Tá vendo, Mi? Você pode aprender com a Srta Incendinho uns xingamentos pra próxima vez que precisar bater boca com alguém, e já que a reunião geral do portfólio é na segunda, eu sugiro um curso intensivo - ele brincou.

—Espero não chegar a tanto, Ced - eu ri. mas a Ginny se prontificou a ajudar.

—Mas se precisar eu sei vários, Mione!

—Tão talentosa… - o Ron zombou, recebendo um olhar feio da irmã de novo.

—Ah! Falando em talento! - o Ced pareceu lembrar de alguma coisa e eu já fiquei apreensiva com a próxima pérola que poderia sair daquela boca - a Mi, me contou do teatrinho que você e o Harry fizeram pra deixar os dois teimosos juntos - ele apontou pra mim e o Ron.

—A ideia foi do Harry - a Gin explicou.

—Eu só queria dar os parabéns, achei ótimo!

—Alguém que apreciou a minha ideia! - o Harry se empolgou.

—Dá próxima vez podem me chamar que eu dou uma ajudinha pra melhorar a execução - ele zombou.

—A minha parte eu fiz direitinho - o Colin afirmou.

—Qual foi a sua parte? - meu amigo perguntou curioso.

—A ligação de emergência, claro - ele respondeu.

A conversa continuou animada, mudando de assunto várias vezes, sempre com algum dos nossos amigos achando um jeito de inserir histórias constrangedoras no meio, o que acabou nos rendendo muitas risadas. Quando todos terminaram a comida, o Ron anunciou a sobremesa, recebendo mais uma vez uma onda de elogios, muito merecidos pois estava delicioso. Voltamos para a sala após finalizar o doce e continuamos conversando por um bom tempo até que chegou a hora de nos despedirmos. Já estava bem tarde, e todos acabaram saindo juntos. A Gin e o Harry atravessaram o corredor e desapareceram atrás da porta do apartamento dela, e eu fechei a porta assim que o Ced e o Colin foram em direção ao elevador. Meu amigo pode até achar que eu não tinha visto antes de entrar, mas eu percebi os dois puxando os respectivos celulares para trocar números. Eu balancei a cabeça, rindo. Pelo que eu tinha percebido durante a noite, não faltarem olhares entre eles, mas os dois seriam no mínimo uma combinação explosiva com as personalidades expansivas que tinham.

O Ron já tinha quase terminado de levar tudo para a cozinha quando eu voltei para dentro. O ajudei a colocar tudo na pia, e deixamos para lavar a louça apenas na manhã seguinte, já era tarde demais para nos animar a fazer qualquer tipo de trabalho do gênero. Fomos para o quarto e em poucos minutos já estávamos enrolados nas cobertas.

—O jantar foi ótimo, não foi? - perguntei a ele.

—Foi mesmo, aqueles dois são bem divertidos - ele riu ao se referir ao Colin e ao Ced.

—No mínimo - concordei.

—As histórias foram engraçadas - ele zombou.

—Não se preocupe que da próxima vez eu convido o Nick e a Alex para podermos nos divertir com algumas histórias suas também.

—Ele com certeza ia adorar me envergonhar com um público maior, mas aí não vale, porque ia faltar o Harry.

—É só falar com a Ginny que isso se resolve com certeza - afirmei.

—Aquela história de incêndio foi quando? - ele perguntou do nada.

—Nossa, nem sei, Ron… faz muito tempo - não entendi direito porque ele queria saber aquilo.

—Antes da nossa viagem?

—Bem antes - respondi.

—Tá bom - eu vi o sorriso dele através da luz fraca do abajur.

—Que cara satisfeita é essa?

—Nenhuma, amor, só queria saber desde quando você saia correndo atrás de mim.

—Ei, eu nunca corri atrás de você, Ronald! - ele riu com o meu protesto.

—Pois eu acho que corri atrás de você desde aquele primeiro jantar - recebi o olhar carinhoso que derretia o meu coração, era o tipo de momento em que não precisávamos falar nada para saber tudo o que sentíamos um pelo outro. Eu levantei a cabeça para capturar os lábios dele nos meus, num beijo lento de profundo. Assim que o fòlego nos faltou, eu apoiei a cabeça no ombro dele, sentindo os meus olhos pesados, o que ele não deixou de notar.

—Boa noite, amor - ele desligou o abajur e deu um beijo na minha cabeça no mesmo momento em que eu sentia meus olhos se fechando de vez.


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Notas finais do capítulo

E então, o que vocês acharam da sambada que a Mione finalmente deu na cara da Lilá? Tava merecendo, né?
E o encontro entre os lindinhos Ced e Colin? Morri de rir ao escrever esse jantar huahauh
Não deixem de me dizer o que acharam! Agora é saber como o Ron vai encarar conhecer os sogros...

Até o próximo capítulo

Bjus

Crossover: em DV vocês podem ver o Ron conversando com a Ginny sobre ir passar o Natal na Austrália, e como foi a Mione fazendo o convite do jantar.