Backstage escrita por Fe Damin


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Olá! Hoje eu vou começar chamando vocês para ler uma história lindinha e rapidinha (uma one) que eu e a LEvans escrevemos juntas chamada Prioridades :)
É um momento Romione daqueles clássicos, deem uma passadinha lá e nos contem o que acharam. https://fanfiction.com.br/historia/710687/Prioridades/

Agora quanto ao capítulo dessa semana! Eu sei que a maioria de vocês está querendo a minha cabeça pela maneira que eu terminei as coisas no último capítulo... não sei se esse aqui vai melhorar muito a minha situação huahauha

Espero que vocês gostem :)



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Tudo à minha volta deixou de existir, parecia que eu estava suspensa no tempo, apenas registrando o fato de que aquela mulher detestável estava no mesmo cômodo que o Ron, exalando propriedade e satisfação. Meu estômago afundou e eu já sentia as minhas mãos geladas. Em algum lugar no fundo da minha consciência eu escutava a voz da minha amiga trocando farpas com a ex-cunhada, que se levantou para rebater, porém nada conseguia ultrapassar a barreira de choque que tinha me envolvido. Meus olhos não se desviavam do local onde ela e o Ron se encontravam lado a lado, e nem se a minha vida dependesse disso, eu teria sido capaz de dizer qualquer coisa, toda a minha concentração foi jogada para quilômetros de distância.

De alguma forma, a Ginny conseguiu expulsar a presença desagradável da casa, não que eu tenha parado para prestar atenção nos pormenores. Ela ainda tentou amenizar as coisas, me chamando para experimentar as roupas que compramos, mas eu dei uma resposta curta, negando o convite, nem para roupas o meu ânimo estava bom. A minha amiga entendeu que tinha passado do momento certo de permanecer na nossa presença e se apressou a se despedir, alegando que iria de táxi para casa. O barulho da porta se fechando ainda não foi o suficiente para  me colocar de volta ao local, onde eu permanecia de pé, encarando um Ron de olhos arregalados.

—Amor… - ele começou, dando alguns passos na minha direção.

—Pode parar por aí! - eu reclamei em voz alta, fazendo-o estancar. A última coisa que eu precisava era escutá-lo me chamando de amor depois de passar sei lá quanto tempo com a ex-esposa. Tudo girava dentro de mim - ciúmes, raiva, frustração, insegurança - tornando as minhas palavras mais duras do que talvez fosse justo - o que aquela mulher estava fazendo aqui, Ronald?

Ele percebeu que eu não ia encarar isso com tranquilidade, e assumiu uma pose de defesa, mais um ponto que eu não gostei, só se defende quem tem culpa de algo.

—Ela disse que veio conversar - ele respondeu.

—Conversar? - eu dei um riso descrente, que ecoou sem um pingo de humor - e o que ela veio falar? - minhas palavras o atacavam, mas na verdade eu tinha as mãos trêmulas, nervosa para saber o real motivo daquela visita. Eles tinham uma história, uma vida inteira juntos, que acabou sem um fechamento concreto, eu não consegui evitar o medo de que as palavras que ela vinha me dizendo nos últimos dias fossem verdade e em algum canto escondido do coração dele, ainda existisse o amor por ela.

—Não faço a mínima ideia! - ele se defendeu, porém eu não me convenci muito daquilo.

—Ah então você esteve surdo nas últimas horas? - coloquei a mão na cintura tentando mascarar o meu nervosismo com irritação - ela ficou falando e você não sabe o que ela disse.

—Não sei porque eu não quis saber, você acha que eu a convidei até aqui por acaso? - ele me olhou ofendido, mas eu não consegui me compadecer, afinal de que outra maneira ela saberia onde ele morava?

—E como ela veio até aqui então? Descobriu magicamente onde você mora?

—Não faço ideia!

—Você não faz ideia de muita coisa, não? Engraçado - falei ácida, e ele me olhou com o azul dos olhos faiscando.

—Você está sendo absurda, Hermione!

—Absurda? Eu saio do escritório com ela me dizendo que estava sendo esperada num encontro e chego aqui para achá-la muito confortável na sala, pode me dizer então como eu devo interpretar isso! - o meu cérebro abalado por todo o estresse dessa última semana não conseguia pensar direito, só que o que eu mais temia podia estar acontecendo.

—Que tal que eu não tenho nada a ver com isso? E que ela apareceu aqui do nada? - ele devolveu agora também irritado. Nossas vozes estavam alteradas, nós nos encarávamos com acusação nos olhos.

—Muito boa essa sua teoria, mas ainda tem um problema, por que você a deixou entrar, então?

—Eu… - ele engasgou nas palavras.

—Deixa eu adivinhar, não sabe também, né? - aquela hesitação foi o que precisou para dissolver o que ainda mantinha o meu coração intacto.

Ele podia até não ter convidado a ex-esposa para visitá-lo, mas de algum modo ela sabia onde era a casa dele, e ao vê-la ali, ele a deixou entrar e passar sabe-se lá quanto tempo com ele.

—Não é isso! Ela… - ele voltou a falar, mas eu não queria mais ouvir nada.

—Não quero saber, Ronald! Claramente esse assunto era entre você e ela, são muitas coisas para falar, certo? Ela com certeza está morrendo de saudades, como faz questão de me dizer todos os dias.

—O que? - ele me olhou como se eu fosse uma estranha, mas eu não conseguia mais lidar com aquilo.

—Não se preocupa que eu não vou ficar no meio da reunião do casal - eu não esperei nem que ele entendesse o que eu queria dizer com aquilo para me virar e ir embora.

—Não, você não vai embora assim! - ele gritou vindo atrás de mim - eu não expliquei nada…

—Eu não quero ouvir - eu não ia aguentar escutar qualquer coisa que envolvesse eles dois, eu sentia os meus olhos pinicando, as lágrimas querendo sair, eu precisava ir embora o mais rápido possível - guarda as suas explicações para ela, e aproveita e explica que ela não precisa mais perder o tempo dela implicando comigo.

Ele me olhou tão magoado que o meu coração apaixonado se apertou mais um pouco, mas eu não tinha condições de continuar ali. Eu podia estar sendo irracional, egoísta, precipitada, injusta com ele - o que provavelmente era verdade - porém tudo o que eu tinha aguentado daquela mulher durante esses dias se fechou em volta de mim e me impediu de considerar qualquer coisa que não fosse me deixar com o coração aos cacos. Então eu ia me abster de escutar o que quer que fosse.

—Então é isso? Você vai embora também? - a voz dele chegou sentida aos meus ouvidos, eu já tinha a mão na maçaneta.

—Agora ela está de volta, não preciso mais ocupar o lugar de ninguém - senti a primeira lágrima escorrendo e fui direto para o meu carro, ele não veio atrás de mim.

Eu dei partida no carro com os os olhos cheios de lágrimas, minha respiração saia entrecortada, e não consegui chegar mais longe do que a primeira esquina antes que um choro magoado tomasse conta do meu rosto. Meu peito doía com os soluços, mas muito mais pelo sentimento de desespero e perda. Fim: esse foi o lugar em que eu e o Ron chegamos e eu não conseguia acreditar. Minha cabeça girava tentando dar um sentido ao que tinha acontecido, como o que estava tão bom podia acabar em um instante? Porém, não se deixava de amar alguém com a mesma rapidez com a qual se terminava relações e eu sabia que o meu coração ainda era dele, e seria por muito tempo, se é que eu conseguiria expulsá-lo.

Cheguei em casa com as pernas bambas, os ombros caídos com o peso do que eu tinha feito. Me joguei no sofá encolhendo os joelhos e apoiando a minha cabeça neles, deixando as lágrimas correrem soltas. Eu me sentia perdida, há tempos eu seguia um caminho que eu julgava conhecido - caminho esse que sempre me levava de volta para perto do Ron - mas agora era como se de repente tudo tivesse se modificado e eu não soubesse mais para onde ir. As pontadas de arrependimento começaram a surgir, me dizendo que talvez eu tivesse jogado fora rápido demais o que para mim era tão importante, mas elas foram rapidamente apagadas pela mágoa e a tristeza de imaginar que eu não estava sendo o suficiente para ele precisar novamente daquela mulher por perto.

Levei as mãos ao rosto, tentando enxugar as lágrimas. Trabalho em vão, pois novas já se colocavam no lugar das antigas. Acabei desistindo, porém meus dedos acabaram roçando a corrente que estava no meu pescoço desde o dia do meu aniversário, e que eu esperava não tirar mais. Peguei o pingente e fiquei encarando aquele coração tão lindo e delicado, que agora mais me machucava do que trazia bons sentimentos. De repente, o peso dele em volta do meu pescoço foi demais para que eu aguentasse. Tateei atrás do fecho, e com os dedos trêmulos, consegui de alguma maneira me desvencilhar da corrente fina. O fio de ouro agora estava embolado na minha mão, e eu não sabia o que fazer com ele.

Voltar a usar era impossível, eu não precisava de uma recordação constante de tudo o que eu não tinha mais. Porém, ao mesmo tempo, não conseguia pensar em me desfazer do presente que ele tinha me dado com tanto carinho. Naquele dia, ele me falou que eu tinha o coração dele, só que agora eu não tinha mais essa certeza, e era o que doía mais. Apertei o pingente na mão, antes de me inclinar e depositá-lo sobre a mesa de centro da sala. O objeto parecia me encarar, me acusando de ter tratado mal o que me tinha sido dado, mas eu ainda via a cara de satisfação da Lilá me olhando, o rosto dizendo que ela tinha tudo exatamente como queria, e mais uma vez a raiva e a mágoa voltavam.

Desisti de ficar jogada entregue aos meus pensamentos. Não teria solução para aquilo, eu era apaixonada demais pelo Ron para conseguir não sofrer pelo término do que eu esperava que não fosse terminar nunca. Levantei e fui tentar aliviar a cabeça tomando um banho quente. Também não foi de muita ajuda, apenas me facilitou o fato de que as lágrimas eram lavadas pelo jato de água que escorria pelo meu corpo. Eu estava sem ânimo para nada, eu podia ligar para a minha mãe ou o Ced, mas a verdade era que eu não queria escutar nada de ninguém, apenas remoer sozinha a nova realidade da minha vida. Sem mais delongas, eu puxei as cobertas da minha cama e me joguei no colchão. Claro que o travesseiro dele estava ali, claro que tinha o cheiro dele, e isso foi o suficiente para fazer as lágrimas querem voltar.

—Merda! - falei em voz alta, sentindo mais uma vez as lágrimas quentes escorrendo pelo meus rosto. Sem pensar duas vezes, eu agarrei o travesseiro e atirei para o mais longe possível, fazendo-o bater no armário e cair solitário no chão - chega! - determinei. Afundei a cabeça no meu travesseiro e me forcei a fechar os olhos e dormir.

Acordei no dia seguinte ainda pior do que fui dormir. À luz do dia, tudo parecia mais real, e o peso dos acontecimentos ainda pairava sobre a minha cabeça. Entretanto, eu me forcei a levantar e me arrumar de maneira impecável. Eu não ia faltar ao trabalho ou chegar atrasada em hipótese alguma! A maquiagem naquele dia foi feita com extremo cuidado de ocultar as manchas escuras sob os meus olhos - resultado de tanto choro - e a roupa escolhida para me deixar mais confiante do que eu realmente sentia. Porém com uma calça colada, a blusa certa, e os sapatos perfeitos, todo mundo podia parecer o que não era de verdade.

Percorri o caminho inteiro até o escritório mentalizando que eu não ia encontrar com a vaca durante o dia todo. Eu não me sentia estável o bastante para nem sequer vê-la de longe, quem dirá para trocar palavras. Fui direto para a minha sala, aproveitando o andar ainda vazio, e fechei a porta que geralmente permanecia aberta. Afundei imediatamente os pensamentos no trabalho, nada melhor para não me fazer lembrar do aperto que eu tinha no peito. Algum tempo depois o Ced chegou, diferente do normal, ele entrou com cautela na minha sala, provavelmente estranhando a porta fechada.

A verdade era que eu não queria falar sobre o assunto, pelo menos não ainda. Era tudo muito recente para que eu tivesse a capacidade de colocar em palavras sem me deixar levar por uma corrente de lágrimas. Então, assim que o Ced me olhou de lado, com aqueles olhos que enxergavam bem mais do que a média, eu me adiantei antes que ele pudesse fazer a primeira pergunta.

—Não, eu não estou bem, e não, eu não quero falar sobre isso - olhei séria para ele, encontrando uma cara de espanto me encarando.

—Bom dia? - ele tentou soar tranquilo.

—Também não é um bom dia - meu humor não estava para nada positivo.

—Eu ia até fazer uma gracinha, mas melhor não… não vou saber mesmo o que aconteceu? Posso ajudar em alguma coisa? - percebi que ele estava preocupado e respirei fundo antes de fazer um resumo dos fatos apenas para tranquilizá-lo.

—Não dá pra ajudar, Ced. Eu e o Ron terminamos, só isso - senti a minha voz falhando no final da frase, e tratei logo de parar de falar.

—Só? - ele abriu a boca para perguntar alguma coisa, mas fechou-a de novo desistindo em virtude do meu pedido, mas o olhar de permanecia intacto.

—Depois eu te conto, Ced, agora não dá…

—Tá bom, Mi. Se precisar de qualquer coisa me chama - ele saiu, me deixando novamente sozinha.

Permaneci o expediente todo dentro da minha sala, me recusando a sair e arriscar dar de encontro com aquela mulher. Eu sabia que não conseguiria evitá-la para sempre, mas pelo menos de alguns dias eu precisava. Julguei ter sido bem sucedida na minha empreitada quando fechei a porta do meu escritório, passei pela mesa já vazia do Ced e fui em direção aos elevadores, no entanto a voz estridente que eu passei a odiar com todas as forças, me alcançou antes que eu pudesse ir embora.

—Oi, querida, como você está? Parece cansada… sobre ontem - ela começou, mas eu logo interrompi, não estava com nenhum pingo de paciência para ela no momento, e nem nunca.

—Eu não quero comentar nada sobre isso, Sra Malfoy - respondi seca, ela porém, não se calou.

—Ah, não querida, eu não quero que fique nenhum mal entendido - agora ela queria esclarecer as coisas? - eu não fui lá por nada, ele me chamou para conversar não quero que isso cause nenhum problema - ela me olhava com uma sinceridade tão fingida, que eu senti o meu sangue borbulhando, tive que apertar os braços no corpo para não me atirar em cima dela.

—Não se preocupe que não tem mais problema nenhum, você que se entenda com ele - nem me despedi, ou fique esperando para ouvir a resposta dela, pois o elevador chegou e eu me atirei para dentro dele como se a minha vida dependesse de pegar esse exato elevador.

As palavras dela ficaram ecoando na minha mente. Ele tinha a convidado? Meu estômago se afundou com esse pensamento, mas eu não conseguia me convencer de nada, não sabia se ela tinha mentido descaradamente para mim, ou se aquilo era verdade. Nada naquela história me parecia certo. Se ele não convidou, como ela sabia onde ele morava? Mas como ele faria isso comigo? Eu precisava clarear a cabeça, a raiva pela cara sonsa da dondoca, estava me deixando louca. Cheguei em casa a tempo apenas de deixar o carro e pegar um táxi para qualquer lugar. Parei num bar aconchegante perto do meu prédio, e logo sentei. Eu não tinha o hábito de beber, apenas um pouco socialmente, mas pela primeira vez, eu senti a necessidade do álcool nas veias para me tranquilizar. De repente, após a primeira dose de tequila, eu me senti sozinha demais, a vontade de falar, colocar tudo para fora tinha chegado. Passei a mão no celular, procurando entre os meus contatos até achar a pessoa certa para a ocasião.

—Oi, Mione, tudo bem? - o Harry atendeu no segundo toque, o tom bem humorado de sempre.

—Oi, Harry e não, não está tudo bem - falei sem rodeios.

—Aconteceu alguma coisa? - ele perguntou alarmado.

—Você tá ocupado agora?

—Não, acabei de chegar em casa.

—Podemos ter essa conversa ao vivo? - pedi, sinceramente precisando que ele aceitasse.

—Claro! Onde eu te encontro?

—Eu te passo por mensagem o endereço do lugar em que eu estou, pode ser?

—Sim, eu já estou indo.

Assim que eu desliguei a ligação, digitei o endereço do bar e mandei para ele. No momento em que o barulhinho característico de mensagem sendo enviada soou, eu me dei conta de que tinha acabado de envolver o namorado da minha amiga na novela que virou a minha vida, porém não me importei. Tinham algumas coisas na vida com efeito instantâneo de aproximar as pessoas, e a última sessão de sofrimento que eu e o Harry compartilhamos, tinha sedimentado um entendimento que eu não acharia com mais ninguém. Claro que eu podia ter chamado o Ced para me fazer companhia e escutar as minhas divagações, mas não era da perspectiva dele que eu precisava. O Harry sabia muito melhor o que significava ter um dos Weasleys na vida, sabia também como era perder um.

Ele chegou aproximadamente quinze minutos depois, vestido como sempre com a tradicional calças jeans escura e camisa. Ainda bem que a minha amiga não estava ali para ver os olhares que o acompanharam pelo caminho que ele fez até se juntar a mim na mesa que eu ocupava.

—Oi, Mione, cheguei - eu o cumprimentei sem muito ânimo - qual é o problema? Sua cara não está muito boa… - ele me olhou cauteloso - e você tem um copo de tequila vazio na mão… o que aconteceu?

—Ai, Harry - suspirei, sem saber direito como começar, meu coração batendo de novo apertado com as lembranças que voltavam com força total.

—Por acaso tem a ver com o Ron? - ele continuava medindo as palavras antes de dizer alguma coisa, eu até riria da maneira preocupada dele se tivesse algum pingo de animação dentro de mim no momento.

—Tem tudo a ver com aquele…. - bufei batendo o copo vazio na mesa.

—Tá já entendi, o que ele fez?

—Ah, isso depende de pra quem você perguntar, porque se for pra ele, ele vai dizer “eu não faço ideia” - eu imitei o jeito indignado com o qual ele me disse essas palavras.

—To perguntando pra você então.

—A Ginny te contou que ele já foi casado? - eu tinha que saber o quanto da história eu teria que contar.

—Sim, e pelo jeito com uma peça complicada - ele assentiu.

—Ela não é uma peça complicada, isso se aplica a um motor, ela é uma vaca de primeira mesmo e isso não é o pior.

—Não?

—O pior é eu ter que olhar para a cara dela todo santo dia! - falei exasperada.

—Não deve ser fácil mesmo - ele respondeu em solidariedade.

—Você já imaginou como seria trabalhar com algum ex idiota da Ginny? - a cara dele se fechou imediatamente, e ele negou veementemente - pois é, eu não preciso imaginar.

Ele ficou em silêncio, e eu ainda tinha muito o que falar, só que as palavras não estavam querendo sair.

—Eu vou precisar de outro desse, Harry - apontei para o copo vazio à minha frente.

Sem nenhum comentário, ele fez sinal para que o garçom trouxesse mais um copo para mim. Assim que eu o tinha nas minhas mãos, virei-o de uma vez, sentindo o líquido arranhando a minha garganta, ao mesmo tempo que me aquecia por dentro.

—Melhor? - ele indagou.

—Ainda não - chamei o garçom que passava por perto, e pedi mais um.

—Você não quer comer alguma coisa? - eu simplesmente dei de ombros, mas ele fez questão de escolher alguns itens do menu para a nossa mesa.

—Mas então… - ele voltou a me observar, assim que o garçom saiu com o pedido, inclusive do meu quarto copo de tequila, eu já sentia o meu corpo mais leve - o que exatamente aconteceu.

—O que aconteceu é que essa mulher decidiu infernizar a minha vida no trabalho, e não bastasse isso, resolveu ir atrás do Ron de novo!

—Como assim, Mione? Pelo que a Gin me contou eles não tem mais nada há anos.

—Eles nunca se viram, Harry… até agora e… - eu respirei fundo, engolindo mais uma dose da bebida - só de lembrar da cara dela sentada naquele sofá, eu queria ter arrancado o rosto dela com as unhas!

—Sofá da onde, Mione? Você me perdeu.

—A gente chegou e ela estava lá sentada, parecia a rainha do lugar - a comida chegou, mas passou completamente batida para mim, quem comeu foi o Harry, eu pedi mais uma dose de tequila, apesar de que eu já tinha os pensamentos todos enrolados na minha cabeça.

—Tá bom, vamos por partes, você e quem chegaram aonde?

—Eu e a Ginny! - olhei pra ele como se ele fosse surdo, eu já não tinha dito aquilo? Ou foi só na minha cabeça? - Eu saí cedo do trabalho, e aí a gente foi pro shopping a Ginny diz que não gosta muito não, mas sai sempre cheia de sacolas - eu ri pela primeira vez na noite.

—Eu bem que queria ver você a arrastando para uma tarde dessas - ele disse divertido.

—Aliás de nada.

—Pelo que?

—Eu fiz ela comprar umas lingeries que você vai amaaaar! - dei um tapinha no ombro dele sem prestar realmente atenção na reação ao assunto, pois precisei chamar atenção do garçom para me trazer mais uma dose.

—Não tá bom de tequila, Mione? - ele me olhou preocupado, contando os copos a minha frente.

—Ah, não, Harry a gente nem chegou na pior parte da história ainda, a vaca nem apareceu.

—Então vamos continuar, você e a Ginny chegaram aonde mesmo?

—Na casa do Ron e eu tava feliz naquela hora, sabe? Antes eu tava brava com a piranha loira, mas eu fiquei feliz com a tarde no shopping, eu amo comprar roupas eu já te falei? - eu expliquei com as palavras meio hesitantes.

—Nunca tinha percebido - ele sorriu, mas eu não consegui distinguir se ele estava brincando ou falando sério, mas não importava.

—E aí a gente foi direto para a casa do Ron porque não gostamos muito de cozinhar e ele ama - não sabia porque aquela informação me parecia tão relevante - mas aí a Ginny abriu a porta e ela tava lá! - falei indignada.

—A Lilá? - ele me olhou com os olhos arregalados.

—Claro que é a Lilá! De quem a gente tá falando? - de repente eu precisei parar e colocar as coisas em ordem na minha cabeça - sim é isso, a vaca é a Lilá.

—Tudo bem, mas o que ela estava fazendo lá?

—Esse é o problema! Ela tava lá dentro, Harry! Lá na sala, sentada na poltrona que eu adoro! - coloquei a ênfase em mim, batendo com a mão no peito - do lado do meu Ron que eu adoro também! - assim que eu falei o nome dele, alguma coisa pareceu se soltar dentro de mim, trazendo a tona toda a tristeza e melancolia, eu já sentia os olhos ardendo.

—E aí? - agora ele estava inteiramente interessado no assunto.

—Eu fiquei lá olhando e olhando… a Ginny começou a gritar com ela… acho que teve uns xingamentos, não... - parei um pouco tentando me lembrar, mas juntando o fato de que eu não tinha prestado muita atenção, com o de que eu estava claramente bêbada não foi fácil lembrar de muita coisa - não foram uns, foi muito xingamento, é! A Ginny é boa nisso, ela já te xingou alguma vez?

—O que? - ele foi pego de surpresa com a pergunta - Não, não que eu saiba pelo menos.

—Ah, é uma pena, você não sabe o que está perdendo…

—Mas e depois que elas brigaram?

—Ah sim! A Ginny fez a vaca sumir… foi meio mágica porque eu não sei como foi… e aí ela sumiu também e ficou só o Ron e eu e…. Ai, Harry - eu solucei, já sentindo a primeira lágrima caindo.

—Eu tenho certeza que vocês vão se acertar, Mione - ele levou a mão no meu ombro, tentando me acalmar.

—Não, Harry eu já falei pra ele que pode ir lá ficar com aquela vaca detestável, eu não vou ficar no caminho.

—Mas você não acha que ele tem alguma coisa com ela acha?

—Como ela sabia que ele morava lá? E por que ele deixou ela entrar, então? A gente não coloca cobras pra dentro de casa se não estiver a fim de ser mordido! - eu não sabia da onde aquelas coisas estavam vindo, mas tudo me parecia fazer muito sentido.

—Deve ter sido só um mal entendido…

—Ah é? E se fosse você chegando no apartamento da Ginny e o cardiologista gostoso estivesse lá? Sentado todo delicioso no sofá e com um copo de água na mão - ele ficou completamente em silêncio e eu já tinha a minha resposta - viu só? Eu quero matar aquela mulher, Harry!

—Calma, Mione…

—Tava tudo tão bem… por que a consultora teve que virar a ex esposa dele? Ela já era meio vaca, mas não podia ser de algum outro tipo?

—Não tenho resposta pra isso - ele falou sem saber o que dizer para me acalmar.

—Eu devia ter aceitado a proposta do Ced - resmunguei.

—O que foi que ele sugeriu? - ele riu, já imaginando as besteiras que o meu amigo teria dito.

—Que era pra gente contratar alguém para deixá-la careca… ou pra eu ir lá e pular no pescoço dela até os olhos pularem.

—Tudo meio violento, não?

—Mas eu não quero ir para a prisão - eu continuei sem dar atenção ao que ele falou - só que agora eu tenho que aguentar a piranha no trabalho e não tenho mais o Ron - agora eu estava realmente chorando. abaixei a cabeça tentando enxugar as lágrimas.

—Por que você não tenta falar com ele de novo?

—Eu não quero escutar nada que ele tenha a me dizer! Pra ouvir o que, Harry? Que a mulher dele está de volta? Que ele descobriu que ainda a ama?

—Eu acho que as coisas não são bem assim…

—Ele não soube explicar nada, NADA! - repeti, já com a respiração cortada.

—Mione, o Ron gosta muito de você, e ele se separou dela há muitos anos e..

—Gostar não é o suficiente - eu o interrompi - mas ele falou que o coração dele era meu… - falei baixinho levando automaticamente minha mão ao local onde eu não tinha mais o colar.

—Acho melhor você esfriar um pouco a cabeça, vai ver as coisas de um jeito mais claro depois - ele me aconselhou.

—Eu não quero ver nada de jeito nenhum, o que eu quero agora é chorar - confessei - e ficar com raiva dele! Eu não consigo ficar com raiva dele… isso é normal?

—É, mione, você o ama, não é?

—Amor é uma merda, não faz isso com você não, Harry… - aconselhei em meio às lágrimas.

—Já é um pouco tarde pra mim.

—Então boa sorte, me liga quando precisar beber e chorar também - minha visão do mundo não estava otimista, mas ele apenas riu - quero mais um desses - os meus dedos erraram o copo, que acabou escorregando da minha mão e se espatifando no chão - ih, quebrou… até o copo tá partido agora, Harry tá vendo - eu apontei para o chão, do mesmo jeito que eu sentia o meu coração.

Um garçom veio rapidamente recolher os cacos do copo e perguntou se estava tudo bem, o Harry respondendo que sim.

—Mione, acho melhor eu te levar para casa, que tal?

—Não sei… a Ginny não vai se importar? - era a ideia mais absurda do mundo a Ginny com ciúmes de mim com o Harry, mas o meu cérebro estava totalmente errado com a quantidade de álcool que eu ingeri de barriga vazia.

—Claro que não, somos seus amigos - ele me assegurou.

—Você é um bom amigo, Harry! - ele pediu a conta que não demorou muito a chegar.

—Você é uma boa amiga também, Mione - ele sorriu para mim, recebendo a conta e pagando.

—Eu tenho que pagar também - protestei, tentando abrir a minha bolsa.

—Não esquenta com isso, vamos - ele se levantou e me esticou a mão para que eu me juntasse a ele.

Assim que eu levantei, o mundo todo girou a minha volta e o Harry teve que me segurar para que eu não caísse de cara no chão.

—Você veio de carro? - ele me perguntou e eu neguei com a cabeça - ótimo, vamos que eu vou te deixar em casa.

A ida até o carro foi lenta, meus passos bem mais vagarosos e incertos do que o normal. Ele dirigiu em sem falar nada enquanto eu quebrava o silêncio com os meus soluços. Quando chegamos ao meu prédio, eu falei que subiria sozinha, mas ele insistiu que eu não estava em condições, o que acabou se mostrando verdade. Ele deixou o carro na vaga vazia da Ginny e me amparou até o elevador, ao chegar na minha porta, eu dei a minha bolsa na mão dele.

—Tem uma chave aí em algum lugar - ele levou alguns minutos vasculhando os vários bolsos até achar o molho de chaves e conseguir destrancar a porta.

—Vamos, vou te deixar na cama - ele declarou e eu obedi os passos decididos dele, que me levavam direto para o meu quarto.

—Harry… - eu falei meio sem forças, o meu estômago estava se revirando de uma maneira que eu nunca senti na vida.

—O que foi? - ele parou para me olhar - você tá bem?

—Acho que não to bem não - levei a mão à boca, o mal estar apenas aumentando.

—Mudança de planos, direto pro banheiro - ele me levou até lá, abrindo a porta e me posicionando de frente ao vaso sanitário, bem a tempo para que eu colocasse todo o conteúdo do meu estômago vazio para fora.

—Aí… - eu resmunguei, ainda me sentindo mal,

Meu equilíbrio ainda estava bem comprometido, então eu acabei me sentando no chão de qualquer jeito, nem percebendo que o Harry ainda estava ao meu lado.

—Calma que já vai passar, deixa eu tirar o seu cabelo da frente - ele puxou o meu cabelo para trás, segurando as mechas enquanto eu me ocupava com o meu estômago injuriado de novo.

Percebi que ele se esticou para pegar alguma coisa em cima da pia, e em seguida senti um pente sendo passado pelo meu cabelo. Na hora me veio a lembrança do Ron desembaraçando o meu cabelo, um gesto carinhoso numa tarde qualquer. A memória me fez começar a chorar de novo, ainda mais com a maneira desajeitada do Harry, tão diferente da delicadeza que foram os dedos do Ron pelos meus cabelos.

—Tá doendo Harry - eu falei chorando de novo.

—Aí, não chora! Eu só quero prender pra não te atrapalhar - ele pediu, se sentindo culpado.

—Como eu não vou chorar? Ele penteava o meu cabelo tão gostoso, nem doía assim - um soluço cortou a minha frase.

—Pronto, passou - ele levou a mão ao meu ombro depois de ter prendido o meu cabelo no elástico.

Fiquei mais algum tempo no banheiro, até que definitivamente não tinha mais nada para ser colocado para fora. O Harry me ajudou a levantar e me levou de volta para a minha cama, onde eu sentei praticamente desabando no colchão. Eu estava com calor, coloquei na minha cabeça que tinha que tirar a roupa e ir dormir. Tentei desabotoar os botões da minha blusa, mas não obtive muito sucesso. Olhei para o Harry deixando transparecer a minha frustração.

—Não quer abrir, Harry.

—Deixa eu te ajudar, vai - ele se aproximou, me olhou meio sem jeito e começou a trabalhar nos botões.

—Mas não olha nada, viu! A Ginny fica brava - olhei séria para ele.

—Deixa que com a Ginny eu me entendo, tenho mais medo do Ron, não vou olhar nada.

—O Ron não tem mais nada a ver com essa história - falei magoada, ele terminou de abrir a minha blusa e me ajudou a sair do tecido.

Eu me deitei e ele rapidamente conseguiu tirar a minha calça.

—Agora eu entendo porque a Ginny gosta tanto de você, você é bom nesse negócio de tirar roupa - falei rindo, achando a coisa mais engraçada do mundo - mas não se preocupa que garotos mais novos é coisa da Ginny - eu o assegurei, recebendo um olhar divertido.

Eu tinha que estar muito bêbada mesmo, pela quantidade de besteiras que saíam da minha boca sem que eu percebesse. Minha consciência parecia ter sido removida do meu corpo e colocada apenas para observar do lado de fora.

—Prontinho, agora é só dormir - ele jogou as cobertas em cima de mim.

—Obrigada, Harry - falei, já sentindo o sono pesando nas minhas pálpebras.

—Você tem algum remédio por aqui? - eu apontei para a gaveta onde eu guardava os remédios e ele voltou um tempo depois com um comprimido e um copo de água que ele buscou na cozinha - acho que esse serve - eu engoli como ele me indicou - amanhã você vai estar melhor.

—Uhumm… - resmunguei, já de olhos fechados.

—Qualquer coisa me liga, eu já vou. tchau, Mione.

Eu nem sei se me despedi dele antes que ele saísse e eu entrasse num sonho sem imagens nem sons.

O sábado amanheceu e eu nem me dei conta, fui acordar quase na hora do almoço com a cabeça latejando. Pouco a pouco fui recobrando os acontecimentos da noite anterior, e a cada frase que eu lembrava saindo da minha boca, eu ficava mais mortificada. Eu não só tinha chamado o Harry para me escutar, como bebido além da conta e feito com que ele tivesse que me trazer em casa, segurar o meu cabelo no banheiro e ainda me ajudar a tirar a roupa. Não era possível que tudo aquilo tivesse realmente acontecido, tinha que ser a minha mente me pregando uma peça. De todo jeito, eu sabia que tinha que ligar para o Harry e me desculpar sobre o assunto.

—Oi, Harry - ele atendeu logo.

—Oi, Mione, acordou bem hoje?

—Minha cabeça ainda dói um pouco… aí, Harry desculpa por ontem - pedi, completamente consternada.

—Que isso, você estava precisando das tequilas - ele me assegurou, o tom divertido de sempre.

—Você teve até que me colocar na cama, eu não sou assim…

—Eu sei disso, não se preocupe.

—Eu nem lembro todas as besteiras que eu falei… mas me diz que o comentários sobre tirar as roupas é só um fruto da minha imaginação bêbada - perguntei, por mais que no fundo eu já soubesse a resposta.

—Sinto te decepcionar, mas você falou em alto e bom som - ele riu.

—Bom, se a Ginny resolver parar de falar comigo eu já sei o que é - eu brinquei, pois por mais que eu soubesse que ela era ciumenta, eu não a imaginava fazendo tal coisa.

—Fica tranquila que eu deixei bem claro a parte de ser ela que gosta dos caras mais novos - ele provocou.

—Ai meu Deus, eu falei isso também…. Eu prometo não te colocar mais nessa situação, Harry.

—Pode me ligar quando precisar, Mione, e se for pra outro porre, sem problemas, afinal você me ofereceu companhia pra se eu precisar me embebedar também.

—Agora você está fazendo de propósito! - reclamei, mesmo morrendo de vontade de rir - não precisa ficar repetindo tudo o que eu disse.

—Já esqueci.

—Melhor assim - nós rimos - mas obrigada, Harry por ter escutado e… por tudo.

Nós nos despedimos logo depois e eu fui dar um jeito de começar o meu final de semana, dessa vez sem incluir o Ron. Tentei pensar o mínimo que eu pude nele, ou no que tinha acontecido, pois toda vez eu voltava ao mar de confusão que me assolou quando eu vi a Lilá sentada na sala dele. Era raiva, misturada com mágoa, misturada com insegurança, tudo entrelaçado para me deixar num estado nem um pouco agradável. O problema, foi ter sido extremamente mal sucedida em me desviar desses pensamento, Cada canto do meu apartamento me lembrava ele, tudo me contava versões do que eu poderia estar fazendo naquele momento, que envolvesse um par de olhos azui.

Ao chegar no fim da tarde, eu estava dividida em sair de casa e só voltar no dia em que o meu coração não fosse mais se apertar ao ouvir o nome do Ron, ou tentar achar uma solução para o que eu estava sentindo. Nenhuma das opções me pareceu viável, mas eu precisava fazer alguma coisa. Uma ideia surgiu na minha mente, e eu peguei o celular para mandar uma mensagem.

”Oi, Ced está ocupado?”

Fiquei esperando uma resposta, mas ao invés disso, o meu telefone tocou, anunciando uma chamada do meu amigo.

—O que foi, Mi? Aconteceu mais alguma coisa? - ele parecia aflito.

—Calma, eu estou bem, só queria saber se você não estava a fim de dar uma passadinha aqui em casa…

—Chegou a hora de falar?

—Sim - respondi sincera.

—Me dá meia hora que eu já estou aí - ele respondeu depressa.

—Se você estiver ocupado não tem pressa, Ced, eu… - eu ia dizer que eu podia esperar por outro dia, mas ele me cortou.

—Até parece, minha amiga precisa de mim, não tem ocupação que não passe para depois! Até daqui a pouco - ele desligou, me deixando com a certeza de que eu tinha um amigo maravilhoso.

Não foram bem trinta minutos que ele levou, mais para quase uma hora, mas atrasos do Ced eram de se esperar. Ele chegou já se acomodando ao meu lado no sofá.

—E então, Mi, Pode me contar tudo o que houve.

Respirei fundo e comecei a relatar a história para ele, que impressionantemente, permaneceu calado, a única reação foram os olhos se arregalando cada vez mais.

—E aí eu fui embora  - finalizei.

Esperei alguns segundos para que ele dissesse alguma coisa, mas o meu amigo parecia perdido em pensamentos.

—Não vai dizer nada?

—Eu ainda estou um pouco chocado com essa história, Mi… como a vaca teve coragem de ir até lá?

—Mas de acordo com ela, ele a convidou…

—Mas ele não falou que não tinha convidado?

—Não sei mais o que pensar, Ced - apoiei a cabeça nas mãos, confusa.

—Uma coisa eu sei, nela é que você não tem que acreditar, que credibilidade a piranha tem? Sou mais o senhor Incêndio!

—Só que como ela ia saber onde ele mora, Ced? - isso era uma incongruência que eu não conseguia relevar.

—Aí você me pegou…

—Ele não soube me explicar nada, e ela estava lá sentada com aquela cara de dona do barraco! - vociferei.

—Você tem certeza que deu chance para ele se explicar?

—Dei! - ele me olhou desconfiado - eu…

—Te conheço, dona Hermione!

—E eu ia ficar lá pra escutar o que? Que ele quer conversar de novo com a ex mulher? Que ela fez falta?

—Não é possível que você acredite nisso… - ele revirou os olhos - você acha que só porque ela apareceu, ele não sente mais nada por você? Me poupe, chefinha, tem mais inteligência do que isso nessa cabecinha.

—Não é isso, Ced… só que ele não teve nenhum tipo de fechamento com o que houve com ela, e se ele estiver voltando atrás? E se ele sentiu falta dela? E se essa mágoa que ele guardou esses anos todos, também guardou o amor que ele tinha por ela? - comecei a colocar para fora todas as minhas dúvidas e inseguranças. Não era que eu pensava que o Ron tinha magicamente deixado de gostar de mim por causa da aparição da ex, eu só temia não ser mais o que ele achava que precisava ou queria ao lado. E chamá-la para conversar não foi uma indicação boa.

—Ah e se dragões existissem? E se eu pudesse usar mágica? Tá vendo que essas perguntas estão no mesmo nível de possibilidade? - ele me repreendeu.

—Não é assim, Ced…

—Sabe o que você está fazendo? - eu balancei a cabeça em negativa - exatamente o que a vaca loira quer, se perdendo nesses medos e inseguranças e deixando o amor da sua vida para trás.

—E eu tenho que aceitar que ele se encontre uma tarde inteira com a ex dele sem falar nada? Muito normal isso, não? - falei irritada.

—Não estou dizendo que ele não fez nenhuma besteira, só quis apontar as suas.

—Agora já é tarde, Ced… eu dei tchau e ele aceitou. E toda vez que eu lembro daquela cena, me vem uma raiva incontrolável…

—A raiva vai passar, Mi e sabe o que vai ficar? Saudade, porque você gosta dele, e depois vai ficar se perguntando porque não escutou o que ele tinha a dizer.

—Mas eu escutei! - me defendi - ele que não tinha como se explicar.

—Ai, Mi… não sei o que te dizer mais. Eu acho que vocês deviam conversar de cabeça fria.

—Você e o Harry foram para a mesma escola de conselhos? - perguntei irritada.

—O que o lindinho tem a ver com isso?

—Eu me encontrei com ele ontem num bar, você ficaria orgulhoso do meu segundo porre - falei sem um pingo de humor.

—Ah, quer dizer que eu fui demovido para cargo de segundo melhor amigo, é? - ele resmungou contrariado - agora é pro Harry que você conta as coisas?

—Não seja assim, Ced… é que ele entende bem o que é ter um desses irmãos por perto - tentei explicar o que não o convenceu muito.

—Ele pode até entender disso, mas eu entendo de tudo! - falou convencido.

—Eu sei, Ced, por isso você está aqui, me dando conselhos enquanto eu estou sóbria - ele acabou rindo, e eu sabia que a crise de ciúmes tinha passado.

—Você está muito desanimadinha para o meu gosto, chefinha, não gosto de te ver assim - ele me olhou com o rosto solidário.

—Eu já estou com saudade dele, Ced… e do meu coração também, não consegui pegar de volta antes de sair - a verdade era que esquecer ia ser muito difícil.


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Notas finais do capítulo

Ai meu Deus! Deu tudo mais do que errado! A Mione resolveu ser radical com os acontecimentos... com tanto estresse que aquela vaca colocou em cima dela, não sei nem se eu condeno, mas por que o Ron foi deixar essa vaca entrar na casa dele? Nem eu sei mais o que pensar...
Me contem os seus pensamentos sobre o que aconteceu, só não queiram a minha morte, por favor, preciso terminar a história! hauhauha

Bjus

Crossover: vocês querem ver como o Ron ficou depois disso e o que a Ginny achou desse encontro entre o Harry e a Mione? Não perca em DV!



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