Backstage escrita por Fe Damin


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Olá galera, depois de uma semana sem capítulo, venho trazer um mais cedo pra vocês!
A Mione anda atolada de trabalho para conseguir terminar tudo antes da viagem com o Ron, mas uma ligação dele pedindo uma ajudinha pode fazê-la mudar um pouco os planos, vamos ver o que acontece...
Espero que vocês gostem



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O final de semana que chegou, logo após o convite inusitado do Ron, foi totalmente dedicado ao meu trabalho, eu tinha um motivo muito válido para querer terminar todos os preparativos do desfile, então não desperdiçaria nem uma hora sequer. Além disso, era questão de honra mostrar para a Dolores que eu dava conta do serviço. Eu ainda nem sabia para onde íamos viajar, precisava me lembrar de perguntar para o Ron nos próximos dias, da última vez que nos vimos esses detalhes passaram longe da minha mente, minha preocupação era em aproveitar o momento.

Eu tinha, de uma vez por todas, desistido de tentar classificar o meu estado de espírito entre “felicidade pré possível resolvimento da confusão que morava na minha mente há mais tempo do que eu gostaria” e “felicidade proveniente de pura e simples loucura”. Deixaria isso para algum psicólogo ou psiquiatra que viesse a saber do caso um dia, no meu presente nível de ocupação e estresse, era demais para o meu cérebro, aceitei a felicidade e ponto final. Com sorte, até o fim da viagem eu teria respostas melhores.

O Ced estava tão cansado quanto eu, e dessa vez eu até consegui perceber, ele foi dois dias seguidos trabalhar com a mesma cor de camisa, o que só podia ser explicado por um nível de exaustão estratosférico, meu amigo jamais repetia cores assim. Claro que eu não pude deixar o comentário passar e tive que rir com vontade com a cara de horrorizado dele ao perceber o erro.

—Eu usei azul ontem? – ele parecia tão desapontado, que quem escutasse aquele tom de voz imaginaria que ele tinha feito algo realmente horrível.

—Longe de mim querer te deixar depressivo, Ced mas ontem foi um dia azul sim – dei uns tapinhas no ombro dele, tentando me controlar para não rir mais.

—Eu preciso dessas férias logo, chefinha olha o que esse trabalho está fazendo comigo! Estou ficando desleixado! – ele passou a mão pela testa exasperado.

—Sem exageros, a cor é a mesma, mas você continua fabuloso – encorajei com um sorriso, até porque era a verdade, se um dia eu chegasse a ver o Ced aparecendo em qualquer lugar vestido de maneira menos do que impecável, eu mesma declararia estado de calamidade pública.

—Não adianta tentar agradar agora, Mi você já estragou meu dia – ele fez um bico tão ressentido que por um segundo eu me senti mal por ter chamado atenção ao assunto, mas logo o meu olho enxergou a placa que funcionava como novo objeto decorativo do meu escritório e a culpa foi embora, ele era mestre em fazer gracinhas comigo, era a minha obrigação revidar.

—E se eu me esquecer e vier de azul de novo? Ou pior ainda, usar estampas repetidas? Ainda é terça feira, eu tenho tempo o suficiente para destruir a minha imagem tão cuidadosamente construída até o fim da semana – o olhar de pânico dele era simplesmente hilário, mas eu decidi que já era o suficiente.

—Ced, olha aqui – ele levantou os olhos para mim e eu bati uma foto com o meu celular – pronto, vou te mandar para você lembrar de que roupa usou hoje, ok? Assim seu cérebro não precisa se preocupar com isso, posso fazer o mesmo nos outros dias até as nossas mini férias.

—Chefinha, você é um gênio! – como era fácil deixa-lo feliz.

—Tenho os meus momentos – apertei os botões necessários e enviei a foto para ele – e aparentemente sou uma ótima fotógrafa também, a foto até que ficou bem bonita.

A pose dele sentado com o pé direito descansando sobre o joelho esquerdo e os braços largados nos braços da cadeira realmente tinha ficado boa, na hora me veio à cabeça o Ron me dizendo que ele parecia um modelo de capa de revista e eu acabei rindo.

—É, ficou boa mesmo, mas o modelo ajudou – ele falou olhando o arquivo que tinha chegado no celular dele – você está rindo do que?

—Nada, só uma besteira que eu acabei lembrando – respondi dando de ombros.

—Se eu estivesse menos cansado eu até perguntaria o que é, mas tem tantas pastas me esperando na minha mesa que eu vou ter que te desapontar.

—Meu Deus, será que o mundo acaba hoje? O Ced repete a cor da roupa e não faz perguntas intrometidas? – fingi uma cara de pânico.

—Rá rá rá, muito engraçada, Mi – ele respondeu torcendo o nariz – você vai ter que viver com a vontade louca de me contar o que era a razão daquela risada, lide com isso.

Ele levantou com uma pose nada sutil de superioridade e foi para a mesa dele, claro que a cena me trouxe mais risadas. No entanto sobre uma coisa ele estava certo, essa carga de trabalho estava mais do que na hora de diminuir, se não, repetir cores seria o menor dos nossos problemas, era até capaz de chegarmos de pijama para trabalhar qualquer dia desses.

Na quinta feira eu cheguei ao horário do almoço tendo que gritar por quase uma hora com um dos decoradores que eu tinha contratado para cuidar dos arranjos do desfile, pois ele teve a coragem de me dizer que não ia poder atender aos termos do contrato. Claro que eu não ia aceitar aquilo de maneira alguma, e depois de uma batalha de argumentos e ameaças, consegui que ele assegurasse que faria exatamente o que eu o havia contratado para fazer. Faltava menos de um mês para o desfile, a empresa inteira estava funcionando em prol desse evento, e a pressão era imensa em cima das nossas cabeças, eu gritaria com quem quer que fosse para que tudo saísse perfeito, achei até bem desestressante, inclusive.

—Tudo bem com a sua garganta, chefinha? – o Ced perguntou levantando a sobrancelha.

—Está ótima, preparada para gritar com mais dez prestadores de serviço se for necessário – respondi com um sorriso cruel.

—Eu acho que eu deveria estar com pena do ouvido do pobre coitado então – lancei a ele um olhar tão ameaçador que ele se retratou imediatamente – claro que se ele tivesse feito o trabalho direito não precisaria levar bronca.

—Bem melhor – assenti aprovando o novo ponto de vista dele.

—Vamos almoçar, Mi? Meus neurônios estão começando a falhar por falta de glicose na minha corrente sanguínea.

—Tudo bem, tenho um tempo entre essa sessão de berros e a próxima que eu preciso começar em breve – brinquei, fazendo-o chacoalhar a cabeça rindo.

Não demoramos muito no restaurante, por mais que apreciássemos o intervalo e a comida estivesse ótima, nossa agenda ainda estava lotada. Estávamos esperando a atendente voltar com a conta quando eu escutei o toque característico do meu celular. Abri a bolsa para encontra-lo e um sorriso involuntário surgiu em meus lábios ao ver o nome no visor.

—Não preciso nem perguntar que é – meu amigo revirou os olhos e eu sabia que ele tinha acertado quem estava ligando.

—Ele provavelmente só quer mais alguma informação para a nossa viagem – respondi à pergunta que nem existiu, ainda olhando para a tela do celular.

—Bom, você não vai saber se não atender, não se preocupe comigo eu sou uma estátua.

—Estátua fofoqueira, essa é nova – ele mostrou a língua pra mim e eu corri o dedo sobre a tela para atender, teria que ser na frente dos ouvidos bisbilhoteiros do meu amigo – alô.

—Oi, Mione está ocupada agora ou pode falar?

—Oi, Ron estou no horário de almoço, pode falar.

—Eu sei que você está super atolada de trabalho, mas eu tenho um favor para pedir – ele pareceu meio hesitante– mas se não der, não tem problema! – acrescentou rapidamente.

—Me diz o que é que eu te falo se consigo fazer ou não – a curiosidade para descobrir do que se tratava estava ali ao meu lado de mãos dadas comigo.

—Sabe o que é... eu tenho um jantar muito importante essa noite, é um cliente enorme que a empresa está tentando conseguir há tempos e finalmente consegui uma reunião – ele deu uma pausa e eu escutei ele respirando fundo.

—E? - encorajei para que ele continuasse.

—Acontece que ele é um cara bem formal e escolheu um daqueles restaurantes super frescos e... – ele não precisava nem terminar, e já tinha entendido do que se tratava.

—Você não tem ideia do que usar, não é? – perguntei achando graça.

—Nem de longe – eu conseguia imaginá-lo passando a mão pelos cabelos enquanto admitia – tem como você me ajudar? Eu sei que está bem em cima da hora.

—Claro, veio ao lugar certo – brinquei – que horas é o jantar?

—As nove.

—Ótimo, passo as oito na sua casa então, pode deixar que eu vou escolher tudo com cuidado.

—Obrigado, Mione! Você me salvou! Tem certeza que você tem tempo pra isso?

—Não se preocupe, eu dou um jeito – assegurei.

—Só mais uma coisa... – agora ele parecia seriamente encabulado.

—O que?

—Será que você pode ir comigo? – a pergunta me pegou de surpresa, ele nunca tinha me envolvido em nada que dissesse respeito ao trabalho dele, geralmente quem o acompanhava em festas e jantares era a Ginny, quando o horário dela permitia, é claro.

—A Ginny não vai poder ir?

—Eu não perguntei, na verdade.

—Ah – foi tudo o que eu consegui responder.

—Mas sabe como são os horários dela – ele se apressou a emendar – é que ele vai com a esposa e a reserva é para quatro pessoas e.... – ele começou a tagarelar o que quase me fez rir.

—Tudo bem, eu vou – respondi

—Vai? – senti o sorriso na voz dele e acabei sorrindo junto.

—Sim.

—Você pode vir de taxi então que eu te deixo em casa depois.

—Combinado.

—Até mais tarde, então e obrigado de novo! – eu me despedi e deliguei o telefone.

A conta já tinha chegado e sido paga, não que isso significasse que o Ced perdeu um mísero segundo da minha conversa.

—Não me faça perguntar sobre o que foi essa ligação - ele declarou assim que eu abri a boca para tentar desconversar.

—Agora eu sou obrigada a te contar tudo sobre a minha vida particular? Não sei onde está escrito isso na minha descrição de trabalho - levei a mão ao queixo fingindo ponderar o assunto.

—Está logo no primeiro parágrafo do contrato de amizade que firmamos há vários anos atrás, diz assim - ele limpou a garganta e continuou - um amigo nunca pode deixar o outro morrer de curiosidade.

—Ai, Ced você devia ser estudado - era cada ideia que saia da cabeça dele.

—Nada disso, prefiro permanecer um mistério, anda vamos indo, você me conta no caminho - ele se levantou e eu o segui para sairmos do restaurante.

Era claro que ele já tinha "decidido" que ia saber da história toda, e eu não havia alimentado esperanças de conseguir desviar a atenção dele, eu conhecia o eleitorado ali.

—Bom, pode começar, sou todo ouvidos.

—Ele ligou para me pedir um favor, dois na verdade - concedi a informação que ele queria.

—Que seriam? Você tem mania de não falar tudo de uma vez - reclamou de cara feia.

—E perder a chance de te ver fazendo careta? - sorri presunçosa e recebi um torcer de nariz em resposta.

—Ele tem um jantar importante hoje e pediu ajuda para saber o que usar, aparentemente é em um restaurante bem chique - o rosto do Ced se iluminou de tal maneira que eu fiquei até com medo dos pensamentos que estavam surgindo naquela mente imprevisível.

—Vamos ter que sair mais cedo hoje! - ele falou animado.

—O que? - nós chegamos ao nosso prédio e antes que ele pudesse me responder, entramos no elevador com várias outras pessoas, por sorte meu amigo teve a delicadeza de esperar chegarmos ao nosso andar para continuar a conversa.

—Posso saber o que você quiz dizer com isso? - perguntei ao entrar na minha sala com o Ced me seguindo de perto.

—Quiz dizer que nós temos que ir as compras para ajudar o Sr Incêndio, ou ele tem algo adequado para usar no armário?

—Ele tem um ou dois ternos, mas não acho que estão à altura, vou ter que procurar alguma coisa mesmo - eu não tinha me tocado do fato até o momento.

—Viu só? - comentou com tom triunfante.

—Mas isso não quer dizer que você esteja convidado - balancei o dedo indicador em negativa.

—Onde eu já vi essa cena antes? - perguntou em um tom fingido - Ah sim! Para comprar um tal presente que se eu me lembro bem, foi um sucesso devido à minha opinião perfeita.

—Por que eu ainda tento me livrar de você? - balancei a cabeça rindo.

—É uma resposta que me foge também, é mais fácil aceitar que dói menos, Mi - com a minha cara de derrota o sorriso dele só ficou mais radiante.

—Tudo bem, seu intrometido, saímos às 17:00 espero que de tempo de terminar tudo por hoje- comentei preocupada.

—Vai dar sim, e sempre tem amanhã - ele piscou brincalhão.

Ele se virou para sair, mas ao chegar a porta pareceu se lembrar de alguma coisa e voltou a me encarar.

—Qual era o segundo favor?

—Ele me convidou para ir junto - respondi sem rodeios.

—Claro, o que mais seria? - satisfeito com a resposta, ele dirigiu a sua mesa e voltamos ao trabalho.

O horário que eu havia marcado com o Ced para sair chegou mais rápido do que eu esperava, acabei me atrasando quase quinze minutos porque me recusava a sair sem terminar o último dos itens da lista de tarefas que eu tinha me proposto a completar naquele dia, nós simplesmente teríamos que ser mais eficientes na escolha das roupas. O trânsito conturbado, típico daquela hora, também não ajudou em anda a nossa chegada ao shopping, pelo menos eu tive a sorte de encontrar uma vaga no primeiro andar do estacionamento para não perder mais tempo ainda.

—Não vai dar tempo de procurar demais, Ced – olhei o relógio e confirmei que já passava das 18:30.

—Isso não é necessariamente um problema, chefinha conheço de cor todas as lojas de roupa desse shopping, como sei que você também conhece, é só começar pela melhor que tenho certeza que vamos achar o que queremos logo – eu balancei a cabeça em afirmação, concordando com a sabedoria das palavras dele.

Nos dirigimos sem interrupções até o terceiro andar onde se encontrava o que era, ao nosso ver, a melhor loja de roupas masculinas daquele estabelecimento. A marca era conhecida pelo ótimo acabamento, usava tecidos com um bom corte que davam um caimento excepcional, se era para ficar realmente bem vestido, eu encontraria ali o que eu tinha em mente.

—Boa noite – o atendente veio rapidamente em nossa direção indagar sobre o que precisávamos.

O Ced se apressou a responder sem nem me deixar abrir a boca, permiti que ele se divertisse, ele estava merecendo.

—Minha amiga precisa comprar um traje formal completo para o namorado – ele me lançou um olhar maroto, sabendo que eu não ia gostar nada da gracinha, de fato eu lancei um olhar reprovador em resposta, mas como sempre ele não pareceu ligar nem um pouco.

—Ah sim, e qual seria a ocasião?

—É um jantar de negócios – o Ced respondeu sério, mas eu consegui a ver o humor por detrás de suas palavras, ele estava realmente se divertindo com a situação – muito importante.

—Vou mostrar algumas peças a vocês e pego a numeração certa do que vocês mais gostarem, pode ser? – respondemos afirmativamente e ele nos levou ao interior da loja para começar a desfilar uma montanha de ternos para a nossa avaliação.

Passamos alguns minutos olhando e discutindo cores e tecidos, aquela loja tinha praticamente todos os tipos de terno imagináveis.

—Ai meu Deus! Olha esse! – o Ced quase agarrou o cabide que o atendente trazia no momento, foi amor à primeira vista.

—Ced, estamos aqui para comprar uma roupa para o Ron, não para você – ele estava hipnotizado por um modelo que nem de longe combinaria com o gosto do Ron, aliás, nem com ele próprio, já que o tom do tecido ficaria péssimo com a cor dos cabelos dele.

—Mas é tão lindo, chefinha – achei graça do tom apaixonado que ele direcionava ao terno.

—Realmente, mas você consegue imaginar combinando com cabelos ruivos? – minha pergunta pareceu dar asas a imaginação dele e eu vi seu semblante se transformando em um de puro desgosto.

—Você tem razão, ia ficar pavoroso, esse está descartado – ele entregou o cabide na mão do funcionário, mas não sem antes adicionar – mas não leva ele pra muito longe não, porque eu ainda posso decidir adquirir alguma coisa para a minha pessoa.

O rapaz fez como requisitado e nós continuamos a procurar. Por fim nos decidimos por um terno de corte contemporâneo cinza chumbo, em conjunto com uma camisa clara e uma gravata escura que combinava perfeitamente com o resto, as cores neutras harmonizariam perfeitamente com a cor viva do cabelo dele, finalizando bem o look.

—Viu? Nem demorou tanto, vai ser esse mesmo – meu amigo indicou as peças ao rapaz que nos atendia, ele esperou que disséssemos o numero que queríamos para finalizar a compra.

A pergunta dele foi respondida de maneira diferente por mim e pelo Ced, havia uma divergência entre nós em relação à qual seria o tamanho certo.

—Chefinha, claro que eu estou certo, entendo muito mais de roupas masculinas – ele declarou superior.

—Negativo, tenho certeza que eu acertei o tamanho.

—Você por acaso já comprou alguma roupa pra ele? – aquilo foi infantilidade, pois ele sabia a resposta.

—Não – declarei de mal gosto.

—Já olhou alguma vez a etiqueta das roupas dele?

—Claro que não, por que eu faria isso? – imaginei a cena absurda que seria eu tentando bisbilhotar as informações das etiquetas de alguma peça de roupa do Ron, ele no mínimo me acharia meio louca.

—Então você não sabe, eu acertei com certeza.

—O que você esqueceu, meu querido – falei sem suprimir a condescendência da voz – é que esses dedos aqui – chacoalhei minhas mãos praticamente no nariz dele – conhecem direitinho cada pedacinho do dono desse terno, então se eu digo que sei o tamanho, eu sei o tamanho!

—Touché, chefinha contra esse argumento eu não posso discutir, mas também não precisa ficar esfregando na cara do coleguinha aqui que você tem um Sr Incêndio todinho pra você – ele fez um bico, finalmente admitindo a derrota e eu acabei rindo do drama todo.

As compras foram embrulhadas e eu fui até o caixa pagar. O Ced me esperou já carregando as sacolas e saímos juntos de volta ao corredor do shopping

—Você já sabe o que vai vestir? – ele perguntou e seguida.

—Escolho alguma coisa rapidinho quando chegar em casa – respondi sem dar muita importância, não era como se o meu armário não estivesse cheio de opções.

—E você pretende fazer isso que horas? Que eu me lembre você marcou as oito na casa do Sr Weasley.

Olhei rapidamente o relógio e soltei um palavrão muito atípico de minha personalidade.

—Não vai dar tempo de passar em casa antes de levar a roupa pra ele, se não ele vai chegar atrasado – passei a mão na testa preocupada.

—Simples, compra um vestido novo e vai – ele deu de ombros.

—Vai ter que ser. Ced, temos uma missão relâmpago, vamos!

Ele não precisou de mais nenhum incentivo, disse que sabia exatamente onde deveríamos ir e me direcionou ao local. Chegamos à loja que eu conhecia bem, pelas compras frequentes, fiquei aliviada pela escolha do meu amigo, e ainda mais quando a moça que quase sempre me atendia veio em nossa direção.

—Olá Srta Granger, Ced – ela disse simpática, claro que meu amigo conhecia os funcionários daquela loja – em que posso ajuda-los hoje?

—Estou com pouquíssimo tempo, Sarah preciso de um vestido para um jantar formal.

—Não vai ter como experimentar então nos de um pouquinho do seu olhar mágico, querida – o Ced piscou para a moça que sorriu de volta, indo logo depois trazer o que pedimos.

—Não vou nem comentar – falei e o Ced riu da minha repreensão quase muda.

Poucos minutos depois, a Sarah voltou com os braços cheios de roupas que eu e o Ced não perdemos tempo em começar a olhar. Ela sabia o meu tamanho e as minhas preferências, então não foi surpresa perceber que eu tinha gostado de vários dos modelos a minha disposição.

—O que você acha? – perguntei esperançosa de que o meu amigo já tivesse elegido um vencedor.

—Que você ficaria bem em todos eles.

—Obrigada pelo elogio, mas não me ajuda muito no momento.

—Certo, vamos ser práticos então – ele se endireitou, assumindo um tom concentrado – não tem tempo de comprar sapatos novos, então você vai ter que ir com esses que está usando, que graças a Deus são lindos e pretos.

—Sim – concordei

—Vamos excluir todos os modelos pretos então para você não ficar com cara de funeral – ele afastou todos os que tinham aquela cor, o que diminuiu consideravelmente as opções.

Depois de uns minutos a mais de debate, acabei ficando entre um vestido uva frente única com a saia em corte evasê e um azul marinho que provavelmente ficaria colado em todas as curvas do meu corpo. Eu amei os dois, mas precisava apenas de um, no final das contas eu estava mais inclinada pelo uva, porém o meu assistente tinha uma opinião diferente.

—Que isso, chefinha? Os dois são lindos, mas você vai levar esse aqui, leva uma meia preta pra completar o look – ele apontou para o vestido azul – o Sr Incêndio vai gostar muito mais – ele sorriu maldoso, me fazendo entender todos os motivos que o levaram a tal resolução.

—Isso é um jantar de negócios, Ced não um desfile – revirei os olhos.

—E daí? Esse vai te deixar gatíssima!

—Tudo bem, não vou discutir, gostei dos dois mesmo e não tenho mais tempo – acenei para a Sarah indicando que levaria aquele e pedi para adicionar uma meia calça preta, até porque de noite a temperatura estava diminuindo consideravelmente, logo após fui apressada para o caixa.

—Agora sim, Mi! Pode ir embora que você já tem tudo o que precisar, na medida do possível, claro – saímos juntos da loja e nos despedimos.

O Ced me fez prometer que eu relataria todos os acontecimentos no dia seguinte, por mais que eu tenha insistido que seria apenas um jantar entediante de negócios, mas ele rebateu dizendo que se o Ron estava lá, era o que bastava para não ser nada monótono. Entrei ao meu carro com menos de vinte minutos para chegar na casa do Ron na hora combinada, decidi ligar avisando que eu já estava indo, no segundo toque ele me atendeu:

—Oi, Mione.

—Já estou a caminho, dependendo do trânsito eu vou me atrasar um pouco, então me espere pronto para só se vestir, eu ainda tenho que me arrumar – falei rapidamente.

—Você não está vindo de casa? – ele pareceu confuso com a ordem dos acontecimentos.

—Não, não ia dar tempo, tenho que ir vou ligar o carro, até daqui a pouco - coloquei o celular no banco do passageiro e dei a partida no carro.

Como eu previ, cheguei à casa do Ron com alguns minutos de atraso. A porta estava destrancada então eu entrei sem tocar a campainha.

—Ron, já cheguei – anunciei a minha presença enquanto largava todas as sacolas no sofá da sala.

—Estou no quarto – a voz dele veio abafada de dentro da casa.

Pequei o embrulho que continha a roupa dele e a minha nécessaire que eu tinha sempre comigo na bolsa e fui encontrá-lo, ele estava sentado na cama apenas de cueca com a toalha sobre a cabeça secando os cabelos.

—Oi – parei ao lado dele tirando a toalha do seu rosto para cumprimenta-lo com um beijo rápido – aqui está, se veste logo que eu vou tomar um banho rápido e me arrumar.

Entreguei a sacola na mão dele e recebi um olhar confuso de volta.

—Você comprou uma loja toda? Achei que vinha me ajudar a escolher uma roupa – ele jogou a tolha em cima da cama e abriu o embrulho para averiguar o conteúdo.

—Você me pediu ajuda, não foi? Não ia dar certo com o que você tem no armário.

—Obrigado pelo elogio ao meu guarda roupa – ele respondeu sarcástico.

—Para de ser dramático – eu empurrei de leve o ombro dele – você só não tem o costume de se vestir assim, é tudo.

—Me diz quanto foi que eu te dou o dinheiro.

—Até parece, presente não se cobra – dispensei a ideia rapidamente.

—Assim não é justo, você não precisava ter gastado tudo isso – notei que ele estava bem contrariado, mas eu não cederia.

—Eu comprei porque eu quis, fim da história.

—Então a viagem é por minha conta.

—Nada disso!

—Presente não se cobra, Mione – ele não teve vergonha de usar o meu próprio argumento contra mim, eu tinha perdido aquela disputa.

—Depois falamos melhor sobre isso, agora experimenta o terno enquanto eu vou tomar banho.

—Ok, pega uma toalha eu não sabia que você ia precisar.

Me dirigi ao banheiro, abri o roupeiro que ficava ali e peguei uma toalha para mim, como já havia feito tantas vezes. Comecei a me despir quando um pensamento me passou pela cabeça.

—Ron, qual é a chance de você ter um secador de cabelos? – falei alto para que ele pudesse me escutar através da porta entreaberta.

—Nula.

Era como eu imaginava, ainda bem que eu havia lavado e escovado os cabelos pela manhã eu teria que prende-los para tomar banho e rezar para que o resultado saísse suficientemente satisfatório para a ocasião. Abri a primeira gaveta do banheiro torcendo para que houvesse algo ali que me ajudasse a segurar o cabelo, pois eu sentia que era outra coisa que não existia em abundância naquela casa. Para minha surpresa um prendedor de cabelo meu estava lá, de repente me lembrei da última vez que eu o tinha visto ali e da resolução que eu pretendia por em prática naquele mesmo momento, não dava para eu estar mais distante. Entrei no chuveiro e em poucos minutos já estava me enxugando. Saí do banheiro vestida apenas com a minha lingerie, eu esqueci a minha roupa na sala.

—Ron, você pode pegar meu vestido na sala? Deixei na sacola em cima do sofá – ele já estava quase pronto e eu precisava começar a me maquiar se quiséssemos chegar a tempo.

Ele voltou rapidamente e eu passei os próximos minutos trabalhando no meu rosto usando o espelho nada adequado do banheiro dele, aquela sem dúvidas não era uma casa preparada para as necessidades femininas. Voltei ao quarto já devidamente maquiada, faltava me vestir e dar uma arrumada no cabelo.

—O tamanho ficou perfeito – me aproximei para analisar a roupa no corpo dele, ele ainda não tinha colocado o blazer, mas eu já conseguia ver que tinha escolhido certo – sabia que eu tinha acertado – fiz uma nota mental de esfregar a informação na cara do Ced no dia seguinte.

—Está certinho mesmo, já estou quase pronto – ele lutava para fechar os botões do punho, eu estava tirando minha roupa da sacola para começar a me vestir, mas decidi dar uma ajudinha.

—Deixa que eu faço isso – parei de frente a ele e peguei uma de suas mãos na minha para fechar o botão, ele ficou me encarando em silencio com um olhar meio estranho, terminei rápido e pedi a outra mão, ele me atendeu prontamente – precisa de ajuda com a gravara também?

—Você provavelmente é melhor nisso do que eu - ele respondeu com um sorrisinho no canto da boca.

—Por que eu acho que estou sendo explorada? – rebati, mas peguei a gravata em cima da cama mesmo assim.

—Eu te ajudo com todos os zíperes necessários em troca – ele se inclinou em minha direção para eu passar o tecido em volta do seu pescoço.

—Combinado – me concentrei em fazer a devidas voltas na gravata para conseguir um nó perfeito.

—Você é muito boa nisso – ele observou e eu levantei os olhos para ver que ele me observava com as sobrancelhas frisadas.

—Sim, porque meu pai é péssimo e minha mãe não leva muito jeito também e para o azar deles, ele usa roupa social constantemente na universidade – declarei dando de ombros.

—Ah – foi tudo o que ele respondeu, assumindo uma expressão mais relaxada.

—Não saio por aí dando nó na gravata de qualquer um, Ronald Weasley, sinta-se honrado – ele sorriu e eu senti uma vontade súbita de fazer uma última gracinha antes de me vestir – vamos ver se ficou bom o suficiente.

Puxei o nó em minha direção com a desculpa de verificar se não se soltaria, mas com a intenção bem clara de colar os lábios dele nos meus. Mantive meu corpo afastado do dele para não amassar a camisa, mas ele passou os braços pela minha cintura e me trouxe para perto. Ele estava com a vantagem de poder correr os dedos pelas minhas costas ainda nuas e por um segundo eu me esqueci de que deveria estar me arrumando para sair. Felizmente eu ainda podia contar com o meu cérebro para ser responsável, pois quando ele afastou a alça do meu sutiã eu tive a presença de espírito de me afastar.

—Ron, vamos chegar atrasados – coloquei as mãos no peito dele de modo a nos separar ainda mais.

—Não fui eu que comecei – seus olhos transmitiam o desejo de esquecer completamente aquele jantar, e ele se inclinou novamente em minha direção para beijar o meu pescoço.

—Sua camisa vai ficar amassada – sussurrei.

—Também não é culpa minha.

Consegui me desvencilhar dele, que fez uma cara feia enquanto eu me afastava.

—Não vai ficar bem para a sua empresa deixar o cliente esperando, não é, Sr Weasley? – ele assentiu, mesmo que ainda tivesse a expressão bem contrariada. – coloca o resto do terno para eu ver como fica.

Enquanto ele foi atender ao meu pedido, eu peguei a minha roupa sentei na cama dele e comecei a colocar a meia.

—E então, como estou? – ele fechou o botão do paletó e se endireitou na minha frente.

—Tenho muito bom gosto, além das habilidades com nós de gravata – provoquei, mas a verdade era que ele estava muito bonito naquele terno.

—Isso eu não posso negar – ele sorriu e entrou no banheiro, provavelmente para pentear o cabelo que continuava bagunçado.

Voltei a minha atividade anterior, mas acabei passando a unha de maneira inadequada no tecido da minha meia e desfiando-a.

—Droga! – eu não tinha plano B, teria que ir sem a meia e encarar o ar frio.

—O que foi? – a cabeça do Ron surgiu na porta do banheiro.

—Estraguei a minha meia – falei irritada jogando o tecido sem atenção em cima da cama – espero que não fique muito frio.

—Pera ai, eu já resolvo isso – ele voltou ao banheiro.

A declaração dele me deixou intrigada, da onde ele faria surgir uma meia calça? Não gostei nem um pouco das possibilidades que surgiram na minha mente, muito menos da noção de que ele sugeriria que eu usasse a meia de uma outra mulher, se fosse da Ginny eu aceitaria sem problemas, mas eu sabia que a minha amiga não era muito adepta desse tipo de vestuário. Ele passou por mim, se dirigiu ao guarda roupa, abriu a primeira porta e mexeu em uma das gavetas antes de voltar sua atenção para mim com duas meias pretas na mão.

—Usa essas, você esqueceu aqui – eu estendia a mão e peguei as meias que eu usei no aniversário dele.

—Você guardou? – me senti meio estúpida com a pergunta, mas honestamente eu não sabia o que pensar, todos os pensamentos que se passaram pela minha cabeça estavam errados.

—Claro, achou que eu ia fazer o que? Jogar fora? Lavei e guardei, só esqueci de te devolver.

—Obrigada – agradeci baixinho, eu já estava prestes a começar a por a primeira meia quando me veio à cabeça de que não dava pra usá-las assim – não vou poder usar assim, Ron eu não deixei o resto aqui também? – subitamente me senti envergonhada com aquela situação, só me lembrava da cara maldosa do Ced me fazendo comprar aquela cinta liga e da noite que se sucedeu.

—Ah sim – ele voltou à gaveta, procurou mais um pouco e me entregou a peça.

Coloquei a cinta liga distraidamente, peguei as meias que eu havia deixado na cama quando notei o Ron encostado na parede que ficava de frente para a cama, me observando com muita atenção.

—Você vai ficar ai me encarando? – perguntei levantando as sobrancelhas

—Com certeza – o sorriso dele não era nada inocente - quem diria que colocar meias seria um espetáculo assim? Quase melhor do que tirá-las.

Era um show que ele queria? Tomei como um desafio fazê-lo se arrepender de ter começado aquela gracinha. Virei em direção à cama, o que me deixava completamente à vista para ele, coloquei o pé em cima do colchão flexionando de leve o joelho. Ajeitei a meia adequadamente e me inclinei para frente, fazendo questão de apertar os braços em volta dos seios, a fim de passar o tecido fino pelo meu pé. Comecei a puxar a meia fazendo movimentos propositalmente lentos com as mãos até que a renda estivesse completamente esticada na minha coxa, me inclinei novamente puxando as ligas e conectando-as ao tecido. Sem olhar para ele, abaixei a perna já vestida e recomecei o processo a fim de colocar a outra meia. O Ron não emitiu nenhum som enquanto me olhava, fiquei satisfeita ao ver a cara dele praticamente hipnotizada em minha direção quando eu acabei.

—Gostou do espetáculo? – provoquei com um sorriso presunçoso.

Ele piscou, parecendo voltar a si e se aproximou em alguns passos, parou atrás de mim, correu a mão pelos meus ombros e com a boca perto do meu ouvido murmurou:

—Só se você me deixar tirar essas meias mais tarde, já bolei inúmeras maneiras – a respiração dele fez cócegas no meu pescoço.

—Vou pensar no seu caso – me virei para lhe dar um selinho rápido e vi os olhos dele brilhando com a certeza de que ele conseguiria o que queria até o final da noite.

Coloquei o vestido e me virei de costas para ele, para que me ajudasse com o fecho.

—Hora da sua parte do combinado – ele entendeu e fechou facilmente o zíper – Só vou arrumar meu cabelo rapidinho.

Entre no banheiro e penteei o cabelo o melhor que pude sem a ajuda de nenhum dos aparatos aos quais eu estava acostumada, retoquei o batom e fui me calçar.

—Pronto, tudo certo deixa só eu – me lembrei que eu não estava em casa e ali não teria o que eu estava procurando – caramba você não tem um espelho de corpo inteiro, como eu vou ver se ficou bom? Eu nem experimentei esse vestido na loja!

Ele riu com vontade da minha preocupação, o que me deixou mais irritada.

—Eu posso te dizer que você está linda – ele estava sentado na cama, com as mãos apoiadas ligeiramente para trás do corpo, deve ter cansado de me esperar em pé.

Por mais que eu tenha gostado do elogio, não ia ser suficiente para me convencer.

—Ron, você me disse a mesma coisa quando eu estava usando uma camiseta sua, desculpa se eu não estou levando muito em consideração o seu senso de moda – falei contrariada, ele riu ainda mais, sem nem se importar que eu tenha feito um comentário bem longe de ser elogioso.

—Se você sorrir, eu tenho uma solução.

—O que? O que isso tem a ver com um espelho? – eu perdi alguma coisa? Porque não entendi absolutamente nada.

—Me dá um daqueles sorrisos que eu gosto que você já entende – ele me olhava como uma criancinha ansiosa, acabei sorrindo involuntariamente com o disparate que era aquela situação.

Ele puxou o celular do bolso e tirou uma foto antes mesmo que eu entendesse o que ele estava fazendo. No final das contas ele teve a mesma ideia que eu havia usado com o Ced, como eu não pensei naquilo?

—Agora pode ver como eu estou certo – ele levantou e me passou o celular para que eu pudesse fazer uma avaliação completa da minha aparência.

—Tudo parece em ordem, melhor irmos – devolvi o celular e ele me acompanhou para sairmos – ah! Não dá para eu levar a bolsa que eu trouxe, é grande demais, você vai ter que dar um jeito de colocar minha carteira em algum bolso.

—E pra que você precisa da sua carteira? Você não acha que vai pagar pelo jantar também, né?

Revirei os olhos, mas decidi não insistir.

—Posso pelo menos levar um documento de identidade? – perguntei irônica.

—Isso é aceitável – abri a minha carteira e peguei minha habilitação e dei para que ele colocasse no bolso interior do terno

—Como eu acabei vindo de carro, na volta você me deixa aqui então – ele concordou e finalmente saímos em direção ao carro dele.

 Quando chegamos ao restaurante, o cliente ainda não estava lá. Assim como o Ron havia me avisado, o locar era realmente requintado, do tipo que usa talheres de prata e taças de cristal, tudo muito bonito e de bom gosto. O jantar estava delicioso e por mais que a conversa de negócios não estivesse entre os tópicos mais interessantes para mim, a noite foi agradável, o tal cliente e a esposa eram pessoas simpáticas. Os dois estavam casados há mais de 30 anos, como ela fez questão de contar, e pareciam continuar felizes juntos. Não pude deixar de imaginar como seria, tanto tempo ao lado de alguém sem que o amor fugisse, e o brilho no olhar se apagasse.

Nos despedimos do casal e voltamos para a casa dele, eu tinha que pegar as minhas coisas e ir embora. Ele abriu a porta e me deu espaço para que eu entrasse primeiro, já fui direto em direção à minha bolsa, mas ele me impediu segurando o meu pulso e me envolvendo num abraço.

—Onde você pensa que vai tão rápido? – a voz dele era um convite praticamente irrecusável.

—Ron, eu tenho que trabalhar amanhã – ele roçou o nariz no meu pescoço e começou a me beijar sem nenhum sinal de ter me ouvido.

—Aham

—Estou falando sério – ele escolheu aquele exato momento para morder de leve o meu ombro e me fazer engasgar com as palavras - tenho muita coisa para terminar antes da nossa viagem – por mais que eu ainda tentasse ser racional e responsável, dado o avançado da hora, meus olhos estavam fechados, aproveitando o momento e minhas mãos já tinham se intrometido por dentro do paletó dele.

—Também estou falando sério, eu seriamente preciso daquelas meias de volta na minha gaveta – ele abaixou a mão até a minha coxa, puxando para cima o tecido do vestido e revelando a renda que delimitava a meia.

—E por que isso?

—Só pra eu ter outra oportunidade de te assistir colocando outra vez, e pra poder tirar depois, claro – claramente ele tinha gostado bastante do show, mas estava imaginando coisas se pensava que isso viraria um evento corriqueiro.

—Você é impossível – puxei o rosto dele em direção ao meu para beijá-lo.

—Fiquei mal acostumado, culpa sua. Fora que eu prometi te ajudar com esse zíper – ele deslizou a mão pelas minhas costas abrindo o meu vestido, eu já tinha desistido de ir embora há varias frases atrás, mas ele não sabia, por isso lancei minha última exigência.

—Se eu ficar, você vai ter que me mostrar todas as tais ideias que você bolou para tirar as minhas meias

—Combinado.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam desse momento bem casal dos dois? Mas são muito cegos mesmo, né? Só eles não percebem o quanto ficam bem juntos.
Deixo para vocês imaginarem as maneiras que o Ron inventou de tirar as tais meias hauhauha
Me deixem feliz e comentem!!

Aviso importante: amanhã tem mais um capítulo de DV!! Sim é isso mesmo! Eu a Paulinha vamos fazer uma postagem bônus para vocês essa semana, se tudo der certo, tem Backstage de novo na sexta feira :)

Crossover: esse capítulo não tem ligações diretas com DV, mas não deixem de acompanhar porque no próximo capítulo as histórias se misturam de novo :) (https://fanfiction.com.br/historia/687490/Deja_vu/)