Perdidas em Teen Wolf escrita por MorgsValdez


Capítulo 7
Völva


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei e eu sei. Dois meses sem postar, vocês provavelmente já até desistiram da matilha não é mesmo? Bem, eu realmente espero que não. Como diz a música 70's do meu pai "não está sendo fácil", pessoal. Muita prova, muito trabalho, muito seminário... Mas me esforcei para trazer algo decente para vocês, e espero ter conseguido. Como alfa (rsrs) eu quero pedir desculpas e dizer que é muito importante para mim os comentários de vocês, assim como escrever essa fanfic. Então, como eu estava enchendo muito (pra caramba) a bola da Malu, trouxe um capítulo totalmente dedicado a July, e o próximo também será e tals... Mas anyway, também terão caps totalmente dedicados a Amanda. Prometo! Espero que curtam, comentem, e por favor, não desistam da matilha! ♥



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Pov July

Por mais incrível que pareça, aquilo parecia mais uma viagem para os meus pais depois que eles assimilaram tudo o que estava acontecendo, pediram para Malu para irem buscar dinheiro em casa e iriam se hospedar em um hotel no centro para passar alguns dias e ver como a cidade era o que eu achei uma péssima ideia, foram para o centro com o Parrish e ele mostrou os hotéis que tinham quartos disponíveis, meus velhos escolheram o mais caro, eles estavam sendo tão infantis, mas ao que parecia, os Laskar iam conhecer Beacon Hills mais a fundo. Scott convidou Nicholas para ficar na casa dele, o que eu achei super estranho, digo, eles nem se conheciam, aquilo não fazia o menor sentido, ainda mais depois do que ele fez. Provavelmente tinha sido um pedido da Malu, mas eu não ia perguntar.

Pedro pediu para ficar com o Stiles, ele era o maior fã do cara, mas ele estava esquecendo que era o Stiles, não o Dylan O’brien. De qualquer forma o xerife disse que tudo bem para o filho, já que Pedro disse que ia ajudar com os gastos. Mas eu não estava gostando nada dessa história, todo mundo se instalando aqui e fingindo que isso é uma brincadeira... Não estamos na série Teen Wolf, estamos no mundo de Teen Wolf, onde o sobrenatural existe e a morte não é controlada por nenhum produtor, aqui os vilões existem e eles são realmente maus.

Há alguns dias eu estava tentando controlar meus poderes sozinha, sem a Lydia. Tentando ver se eu podia ter uma visão buscando-a, não pelo acaso, o que foi bem difícil, tive algumas passagens com pouca informação e de coisas que acabaram acontecendo no meu cotidiano, mas uma bem estranha foi quando vi algo como uma Déjà vu de quando eu e Pedro ficamos, ninguém sabia e eu não queria contar, pois as meninas insistiam que ele era apaixonado por mim, mas eu não queria me iludir, ele era perfeito demais. Ficamos há mais ou menos três anos atrás, mas ele me disse que não queria estragar nossa amizade e não sei mais o que... Enfim, por isso não queria acreditar no que elas diziam. Mas que aquele Déjà vu mexeu comigo, de fato.

Neste momento meus pais estavam se preparando para ir com a Malu para casa.

— Sério mesmo que vocês vão fazer isso? Vocês sabem que depois que brincarem de vikings exploradores e voltarem ainda vão ter contas e responsabilidades né? – falei cruzando os braços.

— Querida, nós somos adultos, não tente bancar a mãe conosco. – disse meu pai.

— Bah, muito responsáveis. – falei relembrando a cena na cozinha.

— Quem te ensinou tudo o que você sabe July? Isso mesmo, então caladinha. – disse minha mãe segurando a mão da Malu.

Minha amiga por sinal estava se divertindo muito com a situação, ela ria dos meus pais e eu discutindo, mas acho que ela estava um pouco incomodada no fundo com o fato de ser “usada” como transporte como ela mesma dizia. Ela havia se abastecido bem, digamos assim, com doces antes de ir já que iam ser duas viagens rápidas, ir e pegar o que precisavam e voltar. Pedro chegou correndo, queria ir também para trazer algumas coisas para ajudar, ele ia também conferir como estava a família de Nicholas para ele.

Ponto importante: Malu ia se transportar perto da delegacia, a primeira coisa que fariam seria denunciar que o pai de Nicholas estava dentro de casa, meu pai tinha um sistema de segurança que ligava pelo celular, ele disse que durante o assalto estava com o celular no bolso, mas como viu que os homens estavam armados não quis acionar por medo que pudessem machucar nossa família, mas quando o fazia as portas se trancavam, então era um bom plano. Que esse pelo menos se cumpra, por favor.

— Bem, querem dar uma passadinha em Marte antes? – Malu perguntou com um sorriso no rosto.

Meus pais e Pedro perderam totalmente a autoconfiança que tinham e paralisaram, Malu, eu e Stiles que estávamos ali caímos na gargalhada, é claro que a essa altura do campeonato tudo era possível na cabeça deles, Malu disse que só estava brincando e o alívio foi claro nos semblantes dos três. Minha mãe segurou uma das mãos da ruiva a sua frente, meu pai a outra, e Pedro em seus ombros, e como em uma explosão de purpurina eles sumiram.  Não é uma coisa com a qual você se acostume.

Sentei na sala de Stiles e suspirei alto, minhas contas estavam um pouco confusas com toda essa mudança de tempo, mas eu tinha quase certeza que meu aniversário era amanhã. Dezoito anos, finalmente. Eu sempre quis fazer a minha festa de dezoito na praia, vivia falando com as minhas amigas sobre isso e agora acho que ninguém vai lembrar com toda essa confusão, mas eu não falaria nada. Seria decepcionante não usar o maiô que eu havia comprado no inicio do ano? Seria, mas fazer o que? Comecei a me sentir sonolenta...

||

— Chegamos. – disse minha mãe me balançando. – Filha, acorda, quero falar com você.

Peguei no sono no sofá, e cara, parece que foi por bastante tempo. Meus pais trouxeram muita coisa, tipo, muita coisa mesmo. Eles disseram que era para eu sair da casa da Malia e ir com eles para o hotel, que era um gasto a menos que eu ia dar e que queriam que eu ficasse perto deles. Como eu ficara muito preocupada com o que acontecera e me senti a pior filha do mundo quando tive aquela visão por estar distante deles não hesite em aceitar, fui até a casa de Malia e peguei minhas poucas coisas, meus pais haviam alugado um carro e me esperavam do lado de fora.

— Fico feliz em conhecer seus pais. – disse o senhor Tate - Diga a eles que foi uma honra te abrigar aqui enquanto eles cuidavam da mudança para cá.

Malia usou desculpas individuais para nós quando fomos morar com ela, uma de nós era a que os pais iam se mudar, calhou que fui eu a quem isso aconteceu. Fomos para o hotel e, honestamente, eu não podia reclamar de nada, era fantástico, não conhecia essa parte de Beacon Hills! Era arejado e expansivo, perfeito para decorar. Meus pais tinham profissões muito valorizadas no Brasil, já que a advocacia (minha mãe é advogada) e a medicina (meu pai é cardiologista) foram as primeiras universidades no país. Então, bem... Eles não economizaram.

— Querida, como vamos passar um tempo aqui, você pode dar uma decorada do seu jeito, mas sem exageros ok? – minha mãe disse na porta, mandou um beijo e foi para o seu quarto.

Suspirei e me joguei na minha cama, amanhã seria um dia longo e depressivo, do tipo ei, eu to de aniversário, mas sou boa demais pra ficar tentando chamar a atenção de vocês e então me entupiria de chocolate assistindo "Um maluco no pedaço".

Sonhei o tipo de coisa que seria comum pra quem assiste vikings, mas no caso era a Malu quem assistia, não eu, então eu não estava entendendo o motivo daquele sonho. Eu estava em uma praia, uma que eu nunca estivera antes, ela era rústica e não parecia do tipo em que as famílias iam tirar o final de semana de folga, tinha um pouco de sangue nos troncos de árvores com musgo... O que me assustou bastante. Eu me sentia diferente, era como se o meu corpo estivesse habituado àquele lugar, mas não era o meu corpo, eu só não sabia explicar como. Eu usava um vestido longo, marrom, e meu cabelo estava trançado para os lados, senti um cheiro estranho, o tipo de cheiro nostálgico que você sabe que fez parte da sua infância, mas não sabe de onde vem.

— Julieta, querida. Finalmente. – ouvi uma voz familiar.

Virei-me rapidamente para ver minha avó, o que só deixava o sonho mais assustador, eu não pensava e nem sonhava com a minha avó desde os meus 9 anos, quando ela faleceu. Minha respiração ficou rápida, mas ao invés de eu me afastar, caminhei até ela, com pressa.

— Vó Gherta? O que a senhora faz aqui? – perguntei tolamente.

— Meu bem, você fez 18 anos, eu devia vir encontra-la para esclarecer algumas coisas nessa data, como você fazer parte de uma linhagem muito importante... que sempre pula uma geração, então eu já sabia que você seria especial.

— Uma linhagem importante? Se pula uma geração, quer dizer que minha mãe não é, mas eu sou... E você era. – cada vez eu tirava mais conclusões óbvias. Mas era um sonho, afinal, era normal que meu raciocínio fosse lento não?

— Sim. Lembra-se das histórias que eu ensinei para seus pais quando se casaram? E depois para você quando pequena? Sobre nossos antepassados...

— Os vikings. – minha voz saiu um sussurro.

— Sim, e qual era a principal história? A que eu contava toda noite sem falhar antes de você dormir? – os olhos dela se arregalaram e tomaram um tom de dourado.

— As völvas. – falei.

Senti um puxão nas minhas entranhas, como em um milhão de anos em um segundo todo o conhecimento sobre essa genealogia veio a tona, eu vi as histórias se tornando reais, eu vi as coisas boas e ruins que podíamos fazer, eu vi minha avó me ensinando cada dia e eu não via de verdade o que ela me mostrava, quem eu era, quem nós éramos. Seu sorriso me iluminou, então sua luz dourada saiu e veio até meus olhos...

Acordei ofegante e completamente suada, eram 8h30min, mas parecia que eu havia fechado os olhos por apenas alguns minutos! No entanto me sentia cheia de energia, levantei da cama e fui tomar um banho, o apartamento pelo menos me oferecia esse bônus: meu próprio banheiro. Liguei a ducha que veio com força total, pelo custo do aluguel devia ter até luzes em neon, mas gostei muito de qualquer forma. Eu não entendia, me sentia radiante, eu não conseguia sentir medo daquilo, eu sentia vontade de gritar que era fascinante. Porque eu conhecia, em apenas um sonho, eu já sabia tudo.

Enrolei-me na toalha e fui secar o meu cabelo, o secador já estava sobre a pia de mármore, mas antes de ligar ouvi ruídos na minha porta, concentrei-me no som e ela estava sendo aberta, larguei de vagar o secador e meu coração começou a acelerar quando ouvi passos de várias pessoas. Apertei mais a toalha onde a prendi, acalmei meu coração e respirei fundo, eu tinha memórias da minha avó fazendo aquilo em momentos nos quais se sentia em perigo, contei até três e saí porta a fora.

— SURPRESA!— gritaram meus pais e amigos segurando balões no quarto.

Mas eu estava em posição de ataque, minha pele brilhava em um tom de dourado radiante, minhas mãos em punhos estavam em frente ao meu rosto e os pelos dos meus braços estavam eriçados, eu estava pronta para atacar.

— Vocês queriam ser mortos ou o que? – perguntei me endireitando.

— Isso que é autoconfiança. – disse meu pai.

Respirei fundo. É claro, por enquanto eles só sabem das visões. Minha mãe viu que eu estava pensativa, então pediu para todos saírem para eu poder me vestir, no entanto ela ficou dentro do quarto. Enquanto eu escolhia minha roupa, vagarosamente, ela sentou na cama e suspirou profundamente, eu conhecia minha mãe bem demais, havia algo que ela queria me contar.

— Mãe, fala logo. – falei ainda escolhendo minha roupa.

— Sua avó... Eu sonhei com ela ontem a noite. – sua voz saia trêmula.

Me virei rapidamente, os olhos da minha mãe estavam com medo e ela entrelaçava as mãos constantemente muito nervosa.

— Mãe, o que a vó te disse? – perguntei me ajoelhando diante dela. – Me fala, por favor, eu preciso saber.

Ela estava com dificuldade para respirar, eu podia ver sua luta mental para decidir se me contava ou não o que a vó tinha dito para ela. Segurei suas mãos e olhei no fundo dos seus olhos, implorando, eu precisava que ela me contasse.

— Ela disse... E-ela... – limpou a garganta – Ela disse que eu tinha que te dar uma coisa.

— O que mãe? O que a senhora tem que me dar? – pressionei.

— É o...

— Pelo amor de Deus mulher, deixe a garota se vestir! – meu pai entrou interrompendo minha mãe e puxando-a para fora.

Dei um soco no colchão frustrada, ela ia me contar! Tratei de me vestir rapidamente, assim que saísse ia especular mais sobre o assunto até minha mãe me contar o que quer que estivesse tentando me esconder. Eu só não entendia... Ela parecia tão despreocupada na frente dos outros, mas quando ficou sozinha comigo parecia completamente apavorada, o que ela vira?

Escolhi uma roupa leve, apenas uma blusa e um short-saia com um all-star e saí no corredor em busca da minha mãe, estavam todos os meus amigos, mas meus pais não estavam.

— Ei pessoal, onde estão meus pais? – perguntei.

— Foram preparar tudo gatinha, fica relax! – disse Amanda que veio me abraçar.

A abracei de volta, era reconfortante ter minhas amigas comigo, mas eu ouvi um barulho de papel amassado e percebi que minha amiga estava voltando aos antigos hábitos. Por que ela gostava tanto de colar papel nas costas das pessoas?!

— Amanda, pode tirar. – falei sem conseguir evitar sorrir.

— Ai como você ta chata. – ela disse tirando o papel. Peguei para ler:

ESSA NEGA LINDA TA DE BIRTHDAY, SIMBORA JOGA OVO NELA E DAR PRESENTE!

Comecei a rir compulsivamente, como eu amava a cabecinha sem noção dessa guria! Dei um beijo super forte na bochecha dela.

— Mas eu vou encher a tapa quem me jogar ovo, estou falando muito sério. – avisei apontando o dedo para todos.

— Nossa, você é a rainha dos sem graça. – disse Malu tirando as mãos das costas e guardando uns três ovos na bolsa.

Rolei os olhos e dei uma olhada em volta, será que meus pais iam demorar?

— July... O seu presente. – disse Pedro me entregando um pacote – Para ser honesto, eu já havia comprado há um tempo.

Meu coração começou a bater rapidamente, parecia que ele estava querendo sair do peito, tanto que chegava a ser fisicamente doloroso. Abri a embalagem e ali tinha uma coisa muito, extremamente significativa, era um colar com três pingentes: Um cadeado, um coração e uma chave. Eu simplesmente sabia que éramos nós. Eu tinha a chave do seu coração, como ele me dissera quando nos beijamos. Claro que em seguida ele disse que não queria estragar a nossa amizade, e tudo que eu fiz foi evitar ao máximo alimentar os sentimentos que tinha por ele.

— É lindo, perfeito, obrigada! – falei abraçando ele o mais forte que pude.

Ele me abraçou de volta e beijou o topo da minha cabeça, quando ele me soltou vi Amanda e Malu com olhares super maliciosos em nossa direção, corei intensamente e mordi o lábio com força para não rir histericamente de nervosismo. As duas vieram em seguida com seus presentes, Malu me deu um óculos espelhado fantástico que pus na hora com um estojo branco com girassóis estampados, lindo demais. De Amanda ganhei sandálias de salto alto igualmente lindas. Scott e Stiles me deram em conjunto um kit de maquiagem “a vendedora disse que era o melhor” disseram.

— Pessoal, muito obrigada, nem tenho palavras pra dizer o quanto agradeço. – falei.

Vi Nicholas um pouco afastado, ele não tinha dinheiro para um presente, eu estava ciente daquilo. Quando os outros se distraíram um pouco no celular eu fui até ele.

— Hey, parabéns. – ele disse se assustando com a minha aproximação.

— Obrigada. Tudo que tem acontecido é meio louco, e você sabe que ainda vai demorar para termos a confiança de antigamente, mas... Não se afaste. Você só vai conquistar a todos se mostrar que vale a pena. – falei sorrindo de canto.

— Sim, só é um pouco estranho os olhares agressivos e tal... Mas vou mostrar que realmente não queria que aquilo acontecesse. E desculpe por não te dar um presente, só não tenho dinheiro. No momento. – a vergonha era transparente.

— Hey, relaxa cara, nem pensa nisso. – pisquei.

Virei para o lado para rir lembrando que há alguns dias ele estava assaltando minha casa, mas toda a graça acabou quando vi meus pais chegando. Nicholas parecia estar falando alguma coisa, no entanto saí e fui até o meu foco principal que era a mulher muito parecida comigo, porém com alguns anos de estrada. Minha mãe endureceu o olhar quando me viu, ela sabia que eu ia exigir respostas.

— Mãe eu queria conversar com a senhora... – falei pegando em sua mão.

— Querida, temos uma surpresa! – disse meu pai interrompendo de novo. Não podia ser grossa.

— Sério pai, qual? – tentei demonstrar entusiasmo.

— Nós vamos a... Praia! Como em todos os seus aniversários filha! Então, o que achou? – os olhos dele brilhavam mais que o sol, nossa, isso ficou brega.

— Fabuloso pai! Fico muito feliz! – o abracei rapidamente – Mãe, podemos conversar?

Meu pai estava tão animado com aquilo que nem percebeu como minha mãe estava gelada e assustada, mas consegui movê-la até o quarto comigo. Sentamos na cama e segurei suas mãos novamente.

— Mãe, pode confiar em mim, você deve me contar. – falei calmamente.

— Tudo bem. – engoliu em seco – Ela disse para eu te dar uma herança de família, algo que passamos entre gerações.

O que podia ser tal coisa? Nunca ouvira falar de algo assim...

— São três anéis, eles ficam guardados no cofre da nossa casa. – ela dizia com os olhos fechados.

— Três anéis? Eu nunca te vi usando nenhum além da aliança. – constatei.

— É porque eu não posso usar. Sua avó nunca deixou, ela dizia que apenas você poderia usá-los, que seria perigoso se eu colocasse. Eu achava que era bobagem, mas... – ela abriu os olhos e olhou no fundo dos meus – Quando voltamos para pegar nossas coisas, algo aconteceu. Eu os trouxe, e não sabia por que fizera isso, mas agora estou assustada. Quando eu os peguei, vi você fazendo coisas... Coisas nada boas. E vi de novo no sonho com sua avó. O que é isso Julieta?

— A vó não te contou no sonho?

— Ela disse... Como é possível? Eram apenas histórias, contos... – minha mãe começou a chorar.

— Ei, para, mãe você não pode chorar, o que as pessoas vão pensar? – falei secando suas lágrimas. – Acostume-se, esse mundo existe e é isso que eu sou. E você faz parte disso agora, mais do que jamais fizera antes. Eu... Eu quero ver os anéis, mãe.

— Seu pai vai lhe dar de presente quando estivermos na praia. Só me prometa uma coisa Julieta, você não fará nenhum mal com esses anéis, você continuará sendo a menina que eu criei, boa e humilde. – minha mãe havia se recomposto e falava a sério comigo.

— É claro que sim, eu prometo mãe.

Saímos do quarto para tomar o café da manhã em um restaurante perto dali, meu pai devia estar se sentindo milionário partindo do pressuposto de que estava pagando tudo para todo mundo. E olha, ninguém estava sendo muito comedido não viu. Após o café fomos todos arrumar nossas malas, íamos a praia de Beacon Hills, que eu nem sabia que existia. Mas como disse o Scott “Hey, aqui ainda é a Califórnia sabiam?”.

—||-

Eu não sabia que existia uma praia em Beacon Hills, mas fala sério, o lugar era lindo. Ficava há mais ou menos uma hora e meia do condado, mas valia muito a pena. Como saímos logo após o almoço quando chegamos a água estava cristalina e límpida, era como se tivessem tirado capa pequena sujeira do lugar especialmente para nós. Colocamos nossos guarda-sóis em posição e nossas toalhas, eu já estava com o meu maiô por baixo assim como as meninas.

A Malu estava com um biquíni laranja fluorescente que combinava muito com a pele dela, e nem preciso comentar que com o seu cabelo, ela estava muito linda. Amanda usava um biquíni preto cintura alta com a parte de cima preta e branca, valorizava muito o corpo dela. Ambas correram para a água e começaram a me chamar. O Pedro estava sentado perto de mim, e me olhava sorrindo, mas eu sabia bem o que ele estava esperando. Não é como se ele nunca tivesse me visto com um maiô, eu postava muitas fotos nas redes sociais de quando ia a praia, mas... Agora era diferente. Depois que ele me deu aquele colar, bem, eu sabia seu significado. E estava morrendo de vergonha!

Mas fazer o que, eu estava na praia e não podia ficar estranha de repente. Só na cara e na coragem tirei meu calção e minha blusa e parti pro abraço, pulei na água junto com as meninas e logo Pedro, Scott e Stiles vieram. Os outros não quiseram vir, disseram que iam ficar de olho na cidade e tal... Mas depois Stiles me contou em particular que como estávamos a maioria em casal, eles acharam que ia ser chato ficarem ali, e disse que me contou apenas para não ficar chateada, mas que não era para fazer comentários quando voltasse. Na realidade o único casal assumido ali era ele e a Malu, mas sabíamos muito bem que a Amanda e o Scott estavam na maior química, e bem... Não preciso falar mais nada sobre mim e o Pedro.

Ficamos por um bom tempo na água enquanto meus pais armavam a barraca, pois é, íamos acampar ali. Segundo meu pai não seria perigoso, ainda mais com nossos bônus... Bem, um lobisomem, uma fênix e uma intercessora (o que meu pai ainda insistia em chamar de transportadora instantânea), ele fazia questão de não me incluir no time sobrenatural, não que fosse algo que realmente mudasse o fato do que eu era. Minha mãe estava tentando ao máximo disfarçar o nervosismo, mas eu podia perceber que ela se arrepiava toda vez que me via olhando para ela, como se estivesse com medo de mim. De mim! Eu não sabia o que minha avó tinha mostrado a ela, mas com certeza a deixou aterrorizada.

Saímos da água para comer, olhei para o lado em busca das minhas amigas e vi Stiles indo ao encontro de Malu, ele a envolveu com seu braço e a beijou ternamente no rosto, ela corou e suspirou olhando para ele... Admito que até mesmo eu corei vendo a cena, quando voltei a olhar para frente, Pedro me olhava com as sobrancelhas unidas, como se se decidisse sobre algo.

— July? – perguntou vindo ao meu encontro.

— Uh?

— Você... Ta com frio? – falou coçando a nuca.

— Frio? Com esse sol? Ta com febre Pedro? – dei risada tocando em sua testa.

Ele riu e balançou a cabeça, então me acompanhou até o banco onde sentamos para comer os hambúrgueres que meu pai havia feito, às vezes a comida dele era tão boa se não melhor que a da minha mãe. Exceto o ensopado de peixe, ugh, ele faz com muita cebola. Mas o lanche em questão estava ótimo. Pedro comia de vagar, ele estava pensativo desde a hora que embarcamos para vir até aqui, e eu estava a cada minuto mais inquieta e nervosa pensando no que ele estava pensando. Será que ele queria ir embora? Será que isso aqui é demais para ele? Sendo honesta comigo mesma, não queria ficar sem ele. Eu sou muito egoísta.

— Então, daqui um pouco vai anoitecer, que tal os mais novos irem buscar um pouco de madeira para fazermos a fogueira? – minha mãe sugeriu.

Acho que ela só me queria distante.

— July, vamos juntos? – Pedro falou com a boca ainda cheia de hambúrguer.

Sorri e assenti, pus meu chinelo e fomos caminhando reto em direção as arvores, ao nos afastarmos um pouco Pedro começou a mexer as mãos, muito nervoso, ele passava no cabelo, ou então estalava os dedos, e voltava a repetir o processo. Aquilo realmente já estava me deixando louca, então tomei uma atitude, segurei suas mãos e nos fiz parar no meio do caminho.

— Que droga você tem Pedro? – falei apertando suas mãos – Você tem estado assim desde que entramos no carro! Se quer falar alguma coisa, fala logo! Quer ir embora?

Eu não queria, realmente de verdade não queria chorar, mas o meu emotivo não estava dos melhores, e então simplesmente comecei a derramar lágrimas e mais lágrimas depois de despejar tudo aquilo em cima dele.

— Ah Julieta... Eu aqui quase enfartando por não saber como te pedir em namoro e você acha que quero ir embora?

Ele me puxou para si e colou nossos lábios, meu coração começou a disparar de um modo que eu pensava que ia pular para dentro do peito dele e tentar ficar ao lado do coração dele, abracei seu pescoço e ele me apertou ainda mais contra seu peito, eu já estava quase sem ar, mas dane-se o oxigênio, quem precisa dele mesmo? Pedro me empurrou contra uma árvore e nosso beijo se intensificou, minhas mãos já estavam no seu cabelo emaranhando completamente, suas mãos estavam na minha cintura em baixo da blusa e pegavam fogo...

— Ham ham... – Amanda limpou a garganta - Isso aqui não é Lost sabia? E se são os seus pais que vem ver por que vocês estão demorando? – ela falava apertando os lábios ao máximo para não cair na gargalhada. Provavelmente da nossa cara de pânico. – Voltem logo. E com madeira, de preferencia.

Obviamente caímos na gargalhada, mas de fato, ainda bem que não era nenhum dos meus pais. Pedro então me olhou com um sorriso de canto, pegou minha mão e me puxou novamente.

— Então Julieta Laskar... Quer namorar comigo? – perguntou com aqueles olhos do gato de botas.

— Nah, contigo? Não, não quero estragar nossa amizade. – falei sorrindo ironicamente e me soltando de vagar.

— Ah July, me perdoa ok? Eu fui um idiota completo, eu estava completamente apaixonado e...

— Apaixonado? – perguntei me virando rapidamente.

— E fiquei com medo de te perder. Eu fui um babaca completo. Um babaca apaixonado completo.

Dei os passos que nos separavam e o beijei novamente.

— Nunca mais faça uma merda daquelas. – falei brava.

— Nunquinha. – ele disse sorrindo de novo.

Nós juntamos rapidamente o máximo de madeira que pudemos e voltamos até onde todos estavam, Pedro disse na maior cara de pau que paramos apenas para conversar, como se alguma das pessoas ali – inclusive meus pais, que não eram idiotas nem nada para não ver o que sentíamos um pelo outro – fossem acreditar. O sol começou a se afastar, então fizemos uma roda na fogueira e minha mãe pegou três pacotes gigantes de marshmallow e nos deu espetinhos, meu pai se posicionou no centro e fez sua cara de contador de histórias. E que as lendas comecem.

— Bem, para quem não sabe, a nossa família é de origem Eslovaca... dos vikings. – disse meu pai apertando os olhos a cada palavra – Temos muitas lendas, e como a minha filha hoje está completando seus 18 anos, vou deixa-la escolher a primeira que vou contar. Julieta.

— Julieta, nome viking forte, yeeeah. – falei rolando os olhos. – Pode começar com... As völvas.

Olhei para minha mãe, ela engoliu em seco e ficou olhando para seu marshmallow, pelo jeito ela sabia mais do que demonstrava.

— Muito bem, mas antes. – meu pai pegou uma caixa de seu bolso e me entregou. – Esse é seu presente de aniversário, é uma herança de família muito importante.

Ao pegar a caixa na mão, senti-a corresponder ao toque, era como se ela soubesse quem eu era e o que eu era. Abri e vi os anéis, eles reluziam na escuridão, as chamas da fogueira tornavam tudo muito mais misterioso e fascinante, coloquei cada um dos três na minha mão esquerda e, o sentimento que tive... Era inexplicável. Eu me sentia completa. Era como se antes eu estivesse nua, e agora estivesse de armadura, pronta para o que viesse.

— As völvas eram conhecidas como videntes... As lendas contam que elas eram capazes de fazer profecias, aumentar a riqueza de pessoas, sua reputação... Quando uma völva chegava a um povoado, era muito bem tratada, pois não seria nada agradável aborrece-la. Também contam que elas tinham o poder de manejar e batalhar contra forças tanto do bem quanto do mal.

Quando meu pai terminou a última frase, um vento forte e frio veio bruscamente, apagando nossa fogueira. Pegamos nossas lanternas e meu pai buscou sua caixa de fósforos para acender novamente, no entanto o vento continuava e seria impossível de o fogo queimar, um redemoinho veio do mar e todos nos levantamos para olhar.

Duas pernas grandes saíram do redemoinho, em seguida o corpo e a cabeça. O homem tinha uns bons 2 metros e meio, e caminhava em nossa direção. Que graça teria um aniversário sem sermos atacados não é mesmo?


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Notas finais do capítulo

Ficou menor, eu sei, mas garanto que isso vai mudar no próximo cap wolfs! Beijão betas ♥ Ps: não esqueçam de comentar :'(



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