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POV Malu

Eu queria parar de chorar, queria fazer aquela dor passar, mas Stiles estava completa e irrevogavelmente apaixonado por Lydia, e quando eu os vi se beijando, meu coração começou a falhar e querer parar de bater por conta própria...

— Malu acorda logo, não vou me atrasar de novo por sua causa! – gritava Julieta.

— Stiles, por que... – choraminguei.

— Aff, até que horas você ficou vendo Teen Wolf sua louca?

Acordei para a realidade vendo July arrancando minhas cobertas furiosa.

— Que mau humor, eu ein, quantos minutos eu tenho?

Sua expressão assassina me dizia que eram poucos, levantei e fui no banheiro fazer minha higiene, ao menos dessa vez já havia deixado minha roupa pronta, vesti-me rapidamente e logo estávamos saindo de casa, fiz uma careta de vitória por não ter nos atrasado desta vez.

— Tira esse sorrisinho, por pouco vamos chegar a tempo. – falou apertando o passo.

— Ta falando assim porque tinha terminado a quinta temporada antes de mim né July.

Ela sorriu de canto e me ignorou, eu sabia que ela estava me dando razão, então seguimos quietas, cada uma com seu pensamento, o meu no caso era meu sonho infeliz com o Stiles, ah Dylan O’brien, por que nem nos meus sonhos você pode ser meu? Perdida em meus devaneios tropecei em uma pedra e quase caí, não fosse Pedro me segurar de ultima hora.

— Mas cadê teus óculos Maloca? – disse rindo.

— Vai te catar Pedregulho, eu não acredito que esqueci mesmo dos meus óculos! – bati com a mão na testa.

— Também, deixa tudo pra ultima hora. – July me repreendeu já abraçando nosso amigo.

Rolei os olhos e segui andando, lastimando cada vez mais minha vida, primeiro o Stiles me troca pela Lydia no meu sonho, agora eu tropeço e esqueço meu óculos, o que mais pode dar errado? Mandei uma mensagem de texto para minha mãe pedindo para ela me levar o óculos no colégio, se não eu não ia ver nada e nem valeria ir na aula, senti algo pressionar de leve minhas costas e suspirei já sabendo do que se tratava.

— Amanda, sem piadinhas hoje, to no meu limite. Tira. – falei seca.

— Nossa, ela ta esquentadinha hoje né não? – disse a garota retirando o cartaz que dizia “min beja boy magya” que colara em mim.

Todos rimos quando lemos o cartaz, to pra ver mais criativa.

— A aula é de que? – disse Lucas, o mais perdido.

— Vamos procurar o cérebro dele depois da aula. – falou Pedro rindo.

— Literatura, dale professora Rita. – disse July fazendo corações com a mão.

Resmunguei baixinho, minha ultima nota em literatura não fora das melhores, eu estava tão angustiada para ver o final de temporada de teen Wolf que não tinha estudado para a prova. Chegamos no colégio e sentamos em nossas classes, o sinal bateu no momento em que minha mãe surgia na porta da sala, devia ter visto o sms e vindo com o carro do pai, corajosa a mulher.

— Ah se não fosse tua mãezinha ein dona Malu. – disse dona Flora, vulgo minha mãe.

— Ta, te amo, tchau. – falei rolando os olhos, que vergonha eu ein.

Ela riu e saiu, dando de cara com a professora, que elas não comecem a conversar... Ufa, a professora entrou na sala, minha mãe não sabe que eu já recebi a prova. Sentei em minha cadeira respirando aliviada, Pedro me olhou e fez sinal de alguém sendo enforcado, o que eu sabia que significava eu se minha mãe descobrisse minha nota, arregalei os olhos e fiz um sinal angelical na cabeça, e rimos.

— Hoje vamos falar um pouquinho do romance mais marcante de todas as épocas, e também um dos mais trágicos, vamos falar de Romeu e Julieta.

— Esperando esse tal de Romeu. – falou July rindo igual uma foca.

Toda a sala riu da piada, enquanto a professora fez uma cara maliciosa.

— Não sabia que havia tanta maldade em seu coração July, ta querendo matar quem? – entrou na brincadeira.

— Só uma pessoa ou minha lista negra? – deu risada.

— Certo, melhor não entrarmos em detalhes. Alguém aqui conhece a história de Romeu e Julieta? Por favor, sem piadinhas de que o amor é uma veneno e blablabla, essa já é velha.

— Basicamente as famílias eram inimigas e não queriam que o romance acontecesse, no entanto eles bolam um plano em que Julieta bebe um liquido que a deixa como morta por algumas horas, e quando Romeu descobre bebe veneno e deita-se ao lado dela para ficarem juntos, mas quando ela acorda seu amor está morto ao seu lado. – falei corando intensamente. Por quê? Nem eu sei.

— Doeu muito viu. – falou July secando teatralmente uma lágrima.

— July, foco. Muito bem Malu. Quero um trabalho acadêmico, sim, de nível universitário, sobre este romance, quero uma resenha completa e quero que vocês elaborem perguntas criativas sobre o romance. Agora como sou legal, vou passar um texto no quadro e quando terminarem de copiar podem se reunir em grupos para discutir o assunto da aula de hoje.

— Se quiserem saber sobre o Romeuzinho é só perguntar. – disse July fazendo um ,coração com as mãos.

Ah professora riu e balançou a cabeça, ela já nos conhecia há muitos anos e sabia que a Julieta seria sempre a Julieta, então nem adiantava discutir. Copiamos o texto e logo vieram os mesmos importunos de antes se reunir em volta de quem? Da míope da Maria Luisa.

— Da pra sair da frente Lucas? O burro não é transparente. – falei.

— A quatro olhos ta se achando. – falou arrastando a cadeira para o lado.

Mostrei a língua e terminei de copiar o que me faltava, eu só pensava em chegar em casa e terminar de ver o episódio 20x5 de Teen Wolf, e então choraria esperando a sexta temporada.

— Falaí, o Romeu usa cueca cavada ou boxer? – Amanda perguntou.

— Miga, ele não usa nada. – disse July fazendo a cara do meme “me gusta”. (Pesquisem).

— Vocês são bagaceiras, eu ein. – disse Pedro.

— Ai falou o menino certinho. – rolei os olhos.

Ele me ignorou e começou a escrever algumas coisas no caderno, eu tinha duas teorias, ou ele estava elaborando as perguntas, ou estava desenhando a July, aquela tonta não se dava por conta de que ele gostava dela. O resto dos períodos foram chatos pra caramba, a única parte interessante fora no intervalo em que compramos merenda e Nicholas Bittencurt veio falar comigo, a única hora do dia em que eu não pensava em Stiles era quando essa criatura linda vinha falar comigo... Olhos azuis, cabelo preto, pele branquinha... Gente, que isso. Foi algo como:

— Malu, ei, quer um café? – ofereceu enquanto tinha a atenção da vendedora.

— Não trouxe dinheiro. – falei sorrindo e dando de ombros, mas estava com um pouco de frio.

Ele sorriu e não disse nada, mas logo veio com dois cafés na mão.

— Eu não perguntei se queria comprar. – me entregou um café e roçou sua mão na minha.

— Ah, é, ham, pois é, obrigada. – fiquei completamente boba e me perdi nas palavras.

Percebi que ele olhava algo atrás de mim, logo deu risada e ficou um pouco vermelho, olhei a tempo de ver Amanda recolher um cartaz. Eu. Mato. Ela.

— O-o que dizia no cartaz dela? – perguntei rapidamente.

— Vem na aula amanhã, um pouco mais cedo, se a resposta for sim. É verídico o que ela mandou eu fazer? – e dizendo isso ele foi embora.

— O que dizia no cartaz? – perguntei na ida pra casa, enquanto corria atrás de Amanda, e ela corria de mim.

— Promete que não vai me bater? – perguntou se escondendo atrás de Lucas, e tirando uma casquinha ainda por cima que eu vi.

— Prometo, fala. – implorei.

Ela me jogou um papel amassado, dizia “Vai bejá o num vai? ela te ama boy!”

Fiquei em choque quando li aquilo, eu não acredito que ela tinha feito aquilo, mas eu não acreditava mais ainda que ele queria sim! Ao sair do estado de inercia olhei para a frente, contudo apenas Amanda e July estavam ali, os meninos deviam achar aquilo “menininha” demais para ficar.

— É isso aí, o Nick te quer. – July deu uma piscadela para mim.

Mordi o lábio inferior ainda absorvendo aquelas palavras, fomos para casa onde July e Amanda posariam comigo, afinal, elas teriam que me ajudar a me arrumar para o grande dia. Nicholas sempre fora minha paixonite no colégio, mas eu nunca havia tido reais esperanças, quer dizer, ele era areia demais para o meu caminhão, mas e se eu estivesse enganada? E se ele sentisse o mesmo?

— Malu, que isso, ta se drogando? – perguntou meu irmão enquanto eu imaginava absorta meu encontro com Nicholas.

— Cala a boca Theo. – falei empurrando a cara dele.

Ele riu e subiu para o seu quarto, logo desceu com uma mala enorme que eu nem sabia que ele tinha.

— Ei, vai aonde? – perguntei levantando do sofá.

July e Amanda vieram da cozinha com minha mãe ao ouvirem o alarme em minha voz.

— Ah, agora ta preocupada comigo hã? – brincou ele – Esqueceu que eu vou passar a semana naquele retiro da igreja? Calma mana, não to saindo de casa, ainda. – lançou um olhar para minha mãe.

— Vai com Deus meu filho, a mãe te ama. – disse beijando a testa dele.

— Também te amo mãe. Não vai me dar tchau pirralha? – perguntou usando o apelido que me dera quando eu era pequena.

O abracei sem falar nada, eu era muito apegada ao meu irmão, mesmo com todas as brigas, eramos parceiros para tudo, e eu o amava muito. Ele já conhecia meu jeito, então só passou a mão na minha cabeça e saiu, o carro do amigo dele o Ben estava estacionado, com certeza iriam juntos. Que Deus os guarde.

*

— Então... Já que vocês três vão posar aqui, pensamos em ir jantar fora, tudo bem para vocês meninas? – perguntou minha mãe na porta.

— Tranquilo mãe, mas acho que vai chover, se cuidem. – falei sem tirar os olhos do notebook onde pesquisava sobre Romeu e Julieta.

— Quem é a mãe aqui? – brincou ela.

Meus pais saíram e fomos para a cozinhar fazer um brigadeiro, logo que subimos com o doce para o quarto uma tempestade começou a cair, meus pais não tinham condições de sair de carro com aquele tempo, então iam demorar para chegar...

— Bem que poderíamos ver Teen Wolf comendo esse brigadeiro né... – falei dando uma colherada na panela ainda quente.

Se tínhamos uma coisa em comum era o amor por aquela série, elas não conseguiram resistir e toparam parar um pouco o trabalho para vermos o último episódio da série, eu conectei meu computador com a Tv da sala e nos aconchegamos no sofá, logo o Parrish estava correndo seminu coberto em chamas na nossa frente com cara de bicho fugido do zoológico, contudo começou a trovejar muito alto e não conseguíamos ouvir o que era dito, quando a luz se foi de uma vez. Que ótimo.

— Alguém mim salva! – disse Amanda se comprimindo entre July e eu.

— Romeu, cadê você seu bagre velho, de que me adianta ser Julieta se nenhum cara lindo montado num cavalo branco vem me salvar? – July resmungou.

— Pobre cavalo pra sair nessa chuva July. – dei risada.

O que nos restava era esperar a luz voltar, mas acredito que adormecemos naquele momento, contudo, eu não saberia descrever o que aconteceu em seguida...

POV July

Haviam muitas árvores que pareciam girar, ou correr em torno de mim, quanto mais eu tentava ajustar meus olhos ao local mais confuso ele se tornava, eu sentia um pouco de náusea e frio, era uma sensação muito desconfortável, eu sabia que estava sonhando, mas aquele local, apesar de familiar, eu sabia que nunca havia estado ali de verdade.

Abri os olhos lentamente com uma forte dor de cabeça, eu sentia o cheiro de floresta, o que não era para menos sendo que eu estava em uma. Espera, o que? Eu estou em uma floresta? Com a Amanda e a Malu caídas no chão comigo? Levantei sentido dor nas pernas, mas pelo menos a náusea já havia passado, vi Malu fazer uma cara de dor, logo que abriu os olhos, seu semblante fora tomado de pânico.

— Holland Roden? – ela disse fazendo uma careta.

— Não, meu nome é Lydia Martin, o que vocês são? – perguntou.

— Por que ela perguntou o que somos e não quem somos? – Amanda questionou se pondo de pé.

Eu não sabia o que estava acontecendo, digo, havia um tronco de árvore gigante a minha frente que eu sabia que se chamava Nemeton, contudo eu sabia que ele não era real, eu vira o cenário de Teen Wolf sendo montado por fotos no site da série, em blogs e afins. Haviam por acaso drogado a nós três e feito uma brincadeira? Muitas coisas passavam pela minha cabeça, mas eu não conseguia falar nada. Roden ou Martin, seja lá quem a garota estivesse sendo naquele momento, não agia como se fosse uma brincadeira, e a cada segundo eu ficava mais assustada.

Senti náuseas e frio novamente, minha cabeça rodou e meus olhos saíram de foco, algumas imagens tomavam minha mente, eu via o colégio fictício de Beacon Hills, Stiles e Scott saíam pela porta que dava para o campo de Lacrosse. Parrish chegava e lhes dizia algo, o que os deixava alertas, os olhos de Scott ficaram vermelhos e era como se olhasse diretamente nos meus. Assim que aquele tipo de visão se foi tomei foco do que se passava a minha frente, Amanda estava assustada e se firmava no Nemeton para não cair, Malu examinava Lydia que começava a abrir a boca...

Corri até elas para tentar nos proteger, mas fiquei surpresa com Amanda ficando com os olhos laranjas e abraçando Malu e a mim, logo fomos envoltas em grandes chamas em forma de asas, e o grito de Banshee não nos atingiu sem realmente nos afetar.

— Lydia! – ouvi um grito a poucos metros de nós.

Em questão de segundos Stiles, Scott e Parrish chegaram até nós e bloquearam nossa visão de Lydia.

— Quem são vocês? – Scott perguntou.

— Amanda já deu, sabemos quem eles são. – Malu acalmou nossa amiga, que eu suspeitava saber o que era.

Amanda examinou com seus olhos de fogo cada um dos três novatos chegados, devagar foi abaixando sua guarda e voltando ao normal. Quando ela não estava em chamas (guarde a música para você, eu sei que “this girl is on fire” passou pela sua cabeça), soltou a mim e a Malu.

— Eu sou uma fênix. – ela disse ofegando.

Eu e Malu nos olhamos, já havíamos deduzido aquilo, e inclusive o que estava acontecendo conosco.

— Scott, meu nome é Maria Luiza, estas são Amanda e Julieta, nós somos do Brasil e fomos atraídas pelo Nemeton, só não sabemos como.

— Como assim não sabem como? – perguntou Stiles.

— A única coisa que lembramos foi de estarmos dormindo no sofá da Malu ontem, eu e a Amanda posamos lá, mas veio uma tempestade... E acordamos aqui.

Tentei ser o mais honesta possível, se eu mentisse e meus batimentos me entregassem Scott não confiaria em nossa palavra, mesmo ainda estando confusa sobre os poderes de Amanda.

Logo o xerife Stilinski chegou, eu não sabia quem havia o chamado, mas ele chamou Stiles e Scott para um canto para conversar, acredito que o chefe de policia já estava acostumado a saber das noticias mais obscuras de Beacon Hills pelo filho e o melhor amigo, virei a cabeça para o lado para ouvir melhor o que falavam e me concentrei, possível ou não (surpreendente com certeza) consegui ouvir com clareza a conversa.

— Quem são elas? – perguntou o xerife.

— É confuso, elas dizem que são do Brasil e que vieram para cá por um teletransporte muito sem noção atraídas pelo Nemeton. – explicou Scott.

— Nós temos que falar com o Deaton. – disse Stiles. Scott e o xerife concordaram.

Vindo em nossa direção o xerife se posicionou em frente ao trio mostrando que era o líder, Stiles se posicionou perto de Lydia, quase tocando seus braços, o único problema é que Parrish a abraçava tão forte que era mais fácil tocar nele do que na garota de olhos vidrados.

— Vocês virão conosco até a delegacia, se resistirem serei obrigado a algemá-las. – Stilinski pai estava com a mão na cintura pronto para pegar as algemas.

POV Malu

Senti uns puxões na blusa e olhei para o lado, July estava com os olhos brilhando, eu sabia que era o sonho dela andar de viatura, quem dirá na de Beacon Hills com o xerife Stilinski e o Parrish.

— Nós vamos com vocês sem problemas. – falei rolando os olhos.

*

A delegacia era igual a da série, mas sem câmeras ou roteiros, era de verdade, assim como tudo aqui. Não pude deixar de sorrir ao lembrar o quanto sonhara – tanto dormindo quanto acordada – com aquele momento. Enquanto vínhamos na viatura e July quicava de felicidade, Stiles e Scott nos seguiram de Jipe, na delegacia nos deixaram em bancos do lado de fora da sala do xerife, enquanto este, seu filho, Parrish e Scott discutiam se chamariam Deaton até aqui ou nos levariam até ele. Só uma suposição.

Amanda permaneceu quieta todo o tempo, acredito que ainda em choque por descobrir que aqui ela tinha poderes. Alguns minutos depois fomos chamadas para dentro da sala do xerife.

— Eu gostaria que vocês me contassem o que fazem aqui. – falou cruzando as mãos o xerife.

— Será que eu posso falar senhor? – ergui a mão. Não lembrava como era o modo correto de falar com uma autoridade da polícia, então disse “senhor” mesmo. Ele apenas assentiu com a cabeça.

— O senhor já ouviu falar na “Teoria do Multiverso”? – gesticulei com as mãos, ele  fez uma expressão de confusão para sim.

— Bem, é assim, imagine um queijo, ok? Ele é feito de energia quântica, e os furos desse queijo são vários universos, em um destes eu sou uma policial, o senhor é um ator muito famoso... Captou?

— E isso nos leva a? – ergueu as sobrancelhas.  

— Se a teoria estiver correta, eu acho que, bem... Nós fizemos uma viagem através de uma brecha de energia quântica entre nossos universos. – conclui.

— Mas como você pode ter tanta certeza? – perguntou Parrish.

— Porque, em nosso universo... – olhei para Amanda e July que faziam que não com a cabeça – Vocês são atores e tudo isso, Beacon Hills, lobisomens, banshees, cães infernais... É tudo uma série chamada Teen Wolf.