POV Tiago Potter

                Já estávamos na segunda semana de aula, e já estávamos procurando problema. Tudo bem, que esse “problema” não é de hoje, mas agora, estamos tão perto de conseguir que meus nervos estão explodindo.

                No ano passado, nosso quarto ano em Hogwarts, finalmente descobrimos a razão de Remo sumir uma vez por mês e voltar sem falar com ninguém, sempre tenso e tentando passar despercebido, ele era um lobisomem.

                Toda lua cheia ele sumia, e nos, que não éramos idiotas, fomos investigar. Não me orgulho de ter remexido em literalmente todas as gavetas, bolsos de casacos, calças e camisas e em cartas e documentos, mas não me arrependo. Tudo aquilo tinha sido necessário para ajudarmos Remo.

                Quando contei isso para Sirius e Pedro, eles não ousaram descordar de mim: Tínhamos o dever de ajudar nosso amigo, e era isso que faríamos. Dês de então, estamos desesperadamente tentando nos tornar animagos ilegais.

                - Vamos lá Tiago, feche os olhos. – Sirius ordena e faço o que ele manda. Estávamos tentando nos transformar em animais. – Não pense em nada, respire fundo.

                Faço o que ele pede respirando fundo. Sinto meu corpo começar a adormecer, mas minha mente continuava lucida. Era como se meu corpo estivesse mudando de forma, mas, com apenas uma distração, caio no chão.

                - Droga! Essa foi por muito pouco. – Pedro diz o obvio, os cabelos loiros extremamente bagunçados. – Acho que no próximo mês já conseguiremos.

                - Nada de próximo mês, Pedro! Agora que estamos tão perto vamos até o fim! – Digo determinado me jogando em minha cama. – Para na próxima lua cheia já estarmos na casa dos gritos com Remo.

                - Concordo com Tiago. – Diz Sirius.

                - Claro que concorda. – Pedro resmunga me imitando e jogando-se na cama.

                Ia protestar o comentário de Pedro quando um som agudo ecoa pelo nosso quarto e por todo o castelo. Hora das aulas.

                Saio do quarto com os dois se estapeando atrás de mim durante todo o caminho até a sala de aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.

                Para mim, aquela era a aula mais debochada do dia, por Merlin, para que inventar uma aula sobre defesa quando não podemos sequer estar com nossas varinhas nas mãos? Não acho muito sábio abrir um livro com Aquele Que Não deve Ser Nomeado preparado para lhe atacar.

                A professora Hiven estava em pé no meio da sala esperando que todos os alunos entrassem na sala. Vou me sentar no mesmo lugar que sentei no ano passado, ao lado de Sirius, quando noto etiquetas com nomes em cada bancada.

                - Agora temos lugar marcado? – Sirius reclama por mim para a professora enquanto os alunos da Sonserina murmuram algo. – Isso está se transformando em Azkaban!

                Professora Hiven responde o comentário de meu amigo apontando para onde o seu lugar seria. Ele vai irritado até perceber que é ao lado de Marlene. Ela revira os olhos me fazendo rir sozinho.

                Me sento na penúltima bancada, onde meu nome está escrito, ao lado de Lucy Grimm, ela é uma nascida trouxa bem calma, calada e até bem bonitinha, mas é muito insegura para perceber isso.

                Atrás de mim, Lily se senta junto a Lupin, que tinha subitamente reaparecido. Imediatamente puxo ele pela gravata para longe das duas meninas.

                - Você está com a Lily! – Falo o chacoalhando pelos ombros. Ele ri. – Eu quero ficar com a Lily! Troque de lugar comigo por favor, Remo!

                Ele, com os braços cruzados, parece pensar um pouco até que ri de meu desespero para estar perto daquela garota ruiva tão encantadora.

                - Lily vai me odiar por isso, tenho certeza, mas o que posso fazer? Você não vai desistir mesmo. – Ele diz e eu pulo em cima dele para um abraço. Lupin gargalha. – Calma aí, amigo! Não se exalte. Não se exalte.

                Voltamos para nossas bancadas e trocamos os lugares e as etiquetas com nossos nomes. Lily me olha abismada e revira os olhos.

                - Dia bonito hoje hein, ruivinha? – A provoco cutucando sua barriga com a ponta de minha varinha a fazendo pular na cadeira.

                - Se vamos ser uma dupla estabeleceremos uma regra: Você, nunca jamais, toca em mim. – Ela diz cruzando os braços e voltando sua atenção para a professora que tinha começado a falar, mas antes murmura – Queria estar com Severus.

                Não sei bem porque, mas aquilo me dói. Olho para o esquisito de cabelos sebosos na segunda fila e tento achar alguma característica boa naquele sujeitinho desprezível. Só acho uma, o amor de Lily. Me assusta o fato de que eu trocaria tudo de bom que tenho se Lily sorrisse para mim e me abraçasse todos os dias.

                Com raiva, faço uma caricatura dele ao invés de prestar atenção na aula e, com a varinha, faço o papel ser arremessado no meio da testa de Ranhoso e se abrir em sua frente antes que ele rasgue o papel.

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                Mais uma vez naquele dia, estávamos sem Lupin em nosso dormitório tentando nos transformar em animais. No meio do quarto, respirava fundo tentando me concentrar com os olhos fechados.

                Conto até três com a respiração ofegante e, quando abro os olhos, o quarto não estava mais tão espaçoso. Sirius e Pedro correm até mim.

                - Você conseguiu! – Pedro grita comemorando. – É um cervo!

                Sou um cervo. Mas propriamente um veado. Um animal nobre, honroso, grandioso. Não esperava nada menos que isso.

                Volto ao normal quando Sirius e Pedro se transformam. Sirius, em um grande cão com pelugem preta e Pedro em um rato com um rabo similar a uma minhoca. Corro até Sirius para alisar sua cabeça rindo de Pedro, que corria desesperado pelo quarto em forma de um rato. Puxo ele pelo rabo e o apoio em meu ombro, o acalmando acariciando seus pelos com o dedo.

                Os dois se afastam de mim para voltarem a forma humana e eu me sento na beirada da cama extremamente feliz apenas em pensar em Remo sem ter que esconder seu segredo apenas para ele.

                Puxo Pedro e Sirius para um abraço sem conseguir conter a minha felicidade. Finalmente tínhamos conseguido.

                Exatamente nesse momento, a porta se abre e Remo entra com uma pilha de livros nas mãos. Ele apoia a pilha na mesa próxima a sua cama e nos olha com curiosidade.

                - Por que estão se abraçando? – Remo pergunta com uma sobrancelha levantada. – Vocês não são muito de abraços.

                - A não ser, meu querido amigo, que tenha uma razão extremamente especial! – Falo rindo sem conter minha felicidade. – Lupin, temos que lhe revelar algo.

                - Eu lhe aconselho a se sentar   . – Pedro resmunga.

                Remo acata o comentário do garoto loiro se apoiando na parede. Sabia que Sirius estava prestes a se transformar em sua forma animaga e isso poderia assustar Remo, por isso me apresso.

                - Sabemos que você é um lobisomem. – Falo. Remo arregala os olhos e parece querer vomitar. Continuo sem me deixar abalar. – Descobrimos isso no terceiro ano e, dês dessa época, estamos tentando nos transformar em animagos.

                - Para você não ficar sozinho durante as noites de lua cheia. – Pedro fala.

                Remo nos olha abismado durante alguns segundos e começa a rir. Mas não é qualquer tipo de riso, ele gargalha e seus olhos se enchem de lagrimas enquanto se contorce sentado no chão gelado. Cruzo os braços assim como Sirius e Pedro, esperando ele terminar seu show.

                - Vocês são idiotas! É a única explicação plausível! – Ele diz tentando recuperar o folego. – Eu sou um lobisomem, vocês deveriam cortar relações comigo, não quererem se aproximar ainda mais de mim!

                - Nós somos seus melhores amigos e não vamos te abandonar, idiota. – Sirius reclama.- Você sendo um lobisomem, elfo doméstico ou fada.

                Sinto que Remo está apreensivo, ele é inseguro demais para acreditar que realmente nos importávamos com sua segurança. Babaca.

                - Tudo bem. – Lupin fala por fim com um suspiro longo.

                - Tudo bem? – Peter exclama. Dou um tapa fraco em seu braço. – Tudo bem, tudo bem, tudo ótimo inclusive.

                Sem resistir, gargalho do rosto vermelho de Peter.

                Depois de algum tempo jogados, cada uma em sua cama, conversando assuntos idiotas, decidimos dormir.

                Mesmo tentando, não consigo de imediato. Além de Lily, outra coisa está cem por cento do tempo em minha cabeça: minha sede por aventuras, desafios. Como animagos ilegais, espero realmente que isso nos meta em confusões. Não sou louco, mas a adrenalina que percorre meu corpo enquanto faço loucuras é incrível.