Tangled Hearts escrita por bmirror


Capítulo 6
Capítulo 6 - Sobre um filme de terror


Notas iniciais do capítulo

alô alô, graças a Deus!
Pessoas lindas desse site, tudo bem com vocês? Demorei um pouquinho porque estava viajando para o sul desse nosso brasilzão, lááá em Gramado (aliás, tem algum/a leitor/a daquela região? Porque eu fiquei A P A I X O N A D A pela paisagem).

Enfim, tá aqui, babies. Se tem alguém menor de idade lendo essa história, eu preciso avisar que esse capítulo só tem sarração, foi mal.

(alguém ainda fala sarração???)



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Capítulo 6 – Sobre um filme de terror

 

— Nós precisamos de algum código – a voz dela chegou ao seu ouvido pelo telefone enquanto ele jogava a mochila no chão do quarto. Tinha acabado de fazer sua última prova na universidade e agora precisava esperar uma semana para saber o resultado. De qualquer maneira, estava confiante. Ele na verdade mal podia esperar para acabar esse ano letivo de uma vez.

— Como assim, tipo um batsinal?— riu, imaginando a cena – quando um precisar do outro, a gente projeta uma posição do kama sutra no céu, o que você acha?

— James, sério – Lily falou baixo, mas deu para perceber que ela também estava sorrindo. – Eu estou pensando em uma palavra ou frase, sei lá. Tipo...“chihuahua”. O que você acha?

Ele riu, sentando-se na cadeira da escrivaninha.

— Eu nunca vou conseguir levar a sério esse código. Por que não dizemos simplesmente “Venha para minha casa transar?”

— Porque eu nunca falaria isso se alguém estivesse do meu lado. – ela respondeu e apesar de não vê-la, ele podia jurar que estava revirando os olhos. – pode ser...hm, “Cervo na floresta?”

— Claro, parece plausível. Ninguém vai suspeitar se eu te ligar e só falar “cervo na floresta”... – James apoiou o rosto na mão e sorriu.

— Bom, tem ideia melhor?

Ele bufou.

— Não. Vamos usar esse mesmo.

— Ótimo, então vamos testá-lo. Cervo na floresta.

James riu e olhou para a porta.

— Estamos usando o código mesmo? É para eu ir aí?

— Sim, besta – ela riu – vem logo. Vou te mandar o endereço por mensagem

Ele desligou o telefone ao ouvir o apito contínuo e levantou-se de onde tinha acabado de sentar. A mensagem com o endereço chegou quando estava saindo pela porta. Ele pensou em deixar um recado para algum dos meninos, mas achou melhor deixar quieto. A sensação é de que estava saindo para cumprir uma missão secreta, e esse pensamento o fez rir sozinho enquanto caminhava pela rua. Uma senhorinha com uma capa de chuva o olhou com a testa franzida, mas ele ignorou.

O prédio de Lily ficava a poucas estações de ônibus da sua casa (era ainda mais perto de metrô, mas gostava mais de ver a cidade por cima e não pelo subsolo). Ele se pegou cantando uma música pop enquanto saía do veículo e ela ficou presa na sua cabeça até ele tocar o interfone de um prédio branco. Ele ouviu um estalo e se preparou para se apresentar, mas antes mesmo que pudesse dizer algo a porta abriu automaticamente.

A estrutura do prédio parecia ser igual ao dele, mas com uma aparência muito mais nova. Esse era o esquema de Londres: os prédios novos imitavam os antigos e ia por aí. Ele subiu a escada, pulando os degraus de dois em dois. Quando chegou ao quarto andar, a porta à direita se abriu.

Ele se aproximou na mesma hora que Lily colocou a cabeça para fora. Ela estava como James nunca a vira: com o cabelo preso no topo da cabeça, sem calças e uma regata bem maior do que seu tamanho. Abriu a boca para fazer uma piada, mas ela o puxou pelo pescoço, trazendo-o para dentro do apartamento enquanto colava seus lábios nos dele.

— Eu não estava preparado – ele sorriu, afastando-se um pouco. Suas sobrancelhas subiram divertidas enquanto ela tentava abrir sua camisa jeans com dificuldade.

— Ah qual é, você ouviu o código. Sabe exatamente o que vai acontecer aqui. – E o puxou para mais um beijo.

— Então tá – riu abafado, com a boca colada na dela. – Sem enrolações, gosto assim.

Ela estava com gosto de canela e James abriu o olho um pouquinho para ver a chaleira com o chai latte em cima do fogão. Ela sorriu e puxou a camisa uma última vez, antes de jogá-la para algum ponto atrás dos dois. Depois, afastou-se só para passar a blusa surrada pela própria cabeça, o que o fez sorrir porque ela usava um sutiã cor de rosa de lacinhos completamente destoante do estilo despojado anterior.

— Tem alguém aqui? – Ele perguntou, sem saber direito para onde guiá-la, já que não conhecia absolutamente nada do apartamento. Olhando rapidamente ao redor, ele conseguiu ver a porta aberta de dois quartos, mas não fazia ideia nenhuma de qual era o de Lily, porque para ele, os dois eram iguaizinhos.

— Não. Lene está na aula.

Ele abriu o sorriso, satisfeito, mesmo que isso ainda não respondesse suas dúvidas. Mas antes que ele pensasse mais no assunto, ela o puxou para um sofá branco cheio de almofadas. Algumas caíram no chão no processo, mas ela não parecia ligar nem um pouco. Ele apoiou o braço na lateral de sua cabeça porque o sofá era tão macio que parecia que iria engolir os dois. Ele riu durante a confusão de línguas e Lily se desvencilhou, puxando a camiseta branca que ele usava.

— Meu Deus, você está rindo de tudo hoje.

Ele sorriu mais uma vez, abaixando a cabeça para que seus lábios tocassem o maxilar dela.

— É que hoje está tudo engraçado. – respondeu abafado enquanto descia os beijos para o pescoço alvo, e então para o peito.

Se James já tinha se surpreendido com a maciez que era o cabelo dela, nada se comparava com a pele de seus seios. Às vezes ele se pegava tentando encontrar uma textura parecida, mas nada chegava nem remotamente próximo. Ele levou as mãos ao fecho em suas costas, mas por mais prática que tivesse com essa área, nunca saberia abrir com destreza.

Lily revirou os olhos impaciente e o empurrou levemente para que ela mesmo o abrisse. James sentou-se em seus próprios joelhos, as pernas dela entrelaçadas ao redor de seu quadril.

— Viu, nem você consegue – ele falou, arqueando a sobrancelha direita quando ela fez uma careta ainda lutando contra o fecho.

— Fica quieto – ela sorriu. – Tá perdendo tempo, vai tirando a calça aí.

Ele riu e se ajeitou, as costas apoiadas agora no encosto do sofá. Geralmente ela fazia tudo tão lentamente (e de uma maneira quase torturante) que estava sendo no mínimo divertido essa pressa toda. Depois desabotoou a calça, balançando as pernas para que elas caíssem no tapete felpudo.

Lily comemorou enquanto finalmente soltava o sutiã e o lançava longe. Ele a puxou pelo braço para que sentasse em seu colo, o que ela fez sem reclamar, as duas pernas apoiadas na sua lateral.

Eles voltaram a se beijar com ferocidade, e Lily levantou os braços para soltar o penteado. James soltou um grunhido e enterrou seus dedos no cabelo dela, agora caindo em seus ombros desnudos, e a puxou para mais perto ainda.

Lily precisava confessar que sentia um prazer indescritível ao arrastar os dedos por toda a superfície de suas costas, mas agora, por estar sentado, seu ritual foi dificultado; então ela se contentou com os seus braços, e então seu peito, e por fim, seguiu descendo o toque até que chegasse na barra da samba canção que ele usava.

James soltou um gemido baixo e ela separou-se para encará-lo. Ele abriu os olhos e sorriu quando Lily o olhou de cima porque eles mal tinham começado e ela já começava a ficar corada.

Ela se levantou um pouco mais, para arrastar a própria calcinha pelas pernas, o que deu a James a oportunidade de beijar-lhe os seios novamente, agora sem nenhum tecido para impedi-lo. Ela arfou pesadamente com os beijos lânguidos e voltou a se sentar, completamente nua.

Lily esticou as mãos e tirou os óculos dele, colocando com um cuidado medido na mesinha ao lado. Era uma espécie de código que eles criaram inconscientemente: Tirar os óculos, começar o que interessa. James deu um sorriso torto e tirou as mãos da cintura dela para poder afastar a única peça que ainda os continha: a samba canção.

O tecido caiu por suas pernas, parando em seus tornozelos. James tentou se mover para terminar de tirá-la, mas antes que pudesse sacudir os pés, Lily posicionou-se com precisão em seu membro, unindo-se à ele de uma vez por todas. Ela soltou um gemido alto, longo e, ele constatou, completamente involuntário. Ele estava hipnotizado com a cena: a ruiva jogara a cabeça para trás, a luz da tarde entrava pela janela e alcançava os dois corpos, iluminando algumas gotas de suor que começavam a brotar e escorrer por seu pescoço. E então...

Antes que pudesse começar a se mover de verdade, ela abriu os olhos e o encarou.

— O que foi isso?

James tentou ouvir alguma coisa que não fosse seu coração retumbando em seus ouvidos. Eram passos pesados. Ele não saberia o que fazer se Marlene (ou qualquer pessoa, na verdade) entrasse naquele momento, mas para seu enorme alívio, os passos continuaram para o fim do corredor e depois desapareceram com um abrir de portas em algum outro lugar.

— Caramba – ele sorriu, esticando o rosto em sua direção – Se fosse um ladrão eu ia ter que deixá-lo levar tudo. O que eu, um cara completamente pelado, poderia fazer para impedir um assalto?

— Cala a boca – Lily sorriu, aproximando seu rosto também, sentindo as mãos dele apertarem sua cintura com determinação. Ele começou a puxá-la mais para baixo, como se fosse possível fundir-se.

Lily aproveitou esse incentivo e começou a se mover com um ritmo rápido e incerto. James a apertou com ainda mais força, mas ela apenas sorriu em sua direção. Ficou óbvio que ela faria o que queria.

E estava tudo bem para James porque, por ele, podia viver o resto da vida naquela posição. Ele sorriu pensando que apenas algumas horas atrás estava fazendo uma prova de Direito Civil e tinha certeza que passaria o resto do dia procurando as respostas corretas nos livros; mas não, estava numa tarde ensolarada, sentado em um sofá confortável e transando com Lily Evans. A vida tinha dessas.

Ah, James— ela suspirou baixo, aproximando o rosto de seu ouvido para que só ele escutasse. James sorriu, sentindo o conhecido formigamento começar a se espalhar, começando pelos dedos do pé e subindo pela perna. – Não...pára...

— É você que está fazendo tudo, não sou eu – não se conteve em provocar, trincando o maxilar para que pudesse aguentar mais um pouco. Ela fechou os olhos, deixando a cabeça tombar para trás mais uma vez. Mordeu os lábios com força e seu corpo inteiro se contraiu. Depois soltou um último gemido longo e profundo, e ele sabia que ela tinha atingido seu ápice.

Ele não seria piegas de dizer que essa cena que o fez gozar, mas a verdade é que precisou tirá-la às pressas de cima de si para que não terminasse dentro dela.

Ela tombou ao seu lado no sofá, puxando-o para um último beijo, bem mais calmo dessa vez, antes de jogar o corpo para trás e deitar-se nas almofadas.

— Temos que começar a usar camisinha – falou, a voz ainda meio falha. Ele concordou com a cabeça, recompondo-se aos poucos. Seu cabelo grudava na testa e sua visão ainda estava meio turva.

James puxou a cueca que ainda pendia nos seus tornozelos para cima e tateou o chão para pescar a calcinha e a blusa dela que jaziam aos seus pés. Ele os atirou em sua direção, e ela suspirou antes de se levantar para vestir-se novamente.

— Obrigada por isso – sorriu, indo ao seu lado para pegar os óculos e colocar em seu rosto novamente – eu estava precisando.

— Às ordens – James sorriu, ajeitando a armação que ela posicionara torta em seu nariz. – Quer sair para comer algo?

Lily passou os dedos pelo cabelo, tentando asseá-los.

— Se você puder esperar um tempinho...eu precisava só terminar um trabalho que precisa ser enviado hoje até meia noite. Depois disso podemos fazer o que você quiser.

James levantou-se para fechar a calça e a olhou. Sirius tinha uma teoria de que as mulheres ficavam mais atraentes depois do sexo, e ele estava começando a concordar.

— Sem problemas. Sou um homem completamente livre a partir de hoje – ele pigarreou, procurando a blusa que usava.

— Ótimo. Pode assistir televisão, se quiser. Ou jogar vídeo game. Mas nós só temos Super Mario, desculpe – ela deu um sorriso aberto, apontando para a televisão apoiada numa cômoda branca – Eu vou só tomar um banho, e aí trago meu computador para cá, ok? Fique à vontade.

Ele concordou com a cabeça e voltou a se sentar no sofá.

— Difícil ficar mais à vontade do que como eu estava agora há pouco, mas tudo bem. – completou baixo, mas ela ouvira porque soltou uma gargalhada antes de fechar a porta do banheiro.

James pegou o controle e começou a zapear os canais sem prestar muita atenção. Ele acabou deitando o corpo no sofá e teve a certeza de que era realmente muito confortável. Ia com certeza perguntar para Lily onde elas o compraram. Ou talvez fosse a quantidade de almofadas. Isso fazia muita diferença. Os meninos não tinham almofada nenhuma em casa porque...oras, ele não sabia exatamente porquê. Ele fez uma anotação mental para implementar a volta das almofadas.

O sol se arrastava lentamente pelo tapete e um filme sem graça passava na TV. Tudo tinha um tom de uma tarde preguiçosa de verão e James não percebeu que suas pestanas piscavam pesadas. Na verdade, ele nem reparou que começara a cochilar.

Devia estar mesmo cansado, porque não se lembrava de quando fora a última vez que sonhara em um cochilo assim, de meio de tarde. Choviam papéis e canetas do céu, e ele e Sirius tinham que correr de toldo em toldo para se esconder da chuva. E então, tudo mudou para um jogo do Super Mario, mas ele era o Mario e estava irritado porque o macacão não lhe dava a agilidade que precisava para pular nos blocos de concreto...e então ele estava jogando futebol, ainda vestido de Mario. Lily era a goleira e era muito boa, na verdade. Ele estava ficando irritado porque não conseguia acertar nenhum gol, mas ela só piscava em sua direção com um sorriso arrogante e...

Ele acordou horas depois, quando o sol já estava se pondo e só porque alguém fechara a porta de entrada com força demais. Na verdade, demorou alguns segundos para abrir os olhos, e quando o fez, ainda meio desnorteado, viu Lily, sentada no chão e escrevendo num notebook que estava apoiado na mesinha de centro, com um dedo na frente da boca, como se pedisse silêncio para quem quer que fosse que entrara de supetão no apartamento.

Era Lene, ele constatou ao virar a cabeça devagar em sua direção, ajeitando os óculos que ficaram tortos em seu rosto.

— Ah, desculpa James, eu não sabia que você estava aqui – a menina disse, colocando umas sacolas de plástico em cima da bancada que dividia o ambiente da cozinha.

— Tudo bem, eu acabei pegando no sono sem querer – ele respondeu com a voz rouca, limpando o canto da boca (porque tinha descoberto que acabara babando um pouco). – Não percebi que estava tão cansado. Que horas são?

— Sete e meia – Lily respondeu, levantando os olhos do teclado. Ela estava com os cabelos úmidos soltos, o que deixou duas marcas de água na blusa que ela usava. – Quer dormir mais um pouco no meu quarto?

— Não, tudo bem. – Ele sorriu, sentando-se novamente. Coçou os olhos por baixo dos óculos e depois se espreguiçou – Eu acho que vou voltar para casa. Os meninos devem estar preocupados – completou, tirando o celular do bolso da calça. Não tinha nenhuma ligação perdida e nenhuma mensagem. Ele riu – Ou não, né.

Marlene se aproximou prendendo o cabelo cheio com um lápis.

— Ah não, fique! Eu comprei uns filmes de terror que Lily se recusa terminantemente a assistir. – Ela foi até a cômoda da televisão e abriu uma gaveta. Depois tirou vários dvds, todos com pessoas sangrando ou gritando na capa.

— Fique – Lily apoiou o rosto na mão e sorriu em sua direção. – Podemos pedir uma pizza. Lene consegue um desconto na pizzaria – e as duas começaram a rir, aquela risada de algo que era com certeza uma piada interna. James arqueou a sobrancelha e ela fez um gesto descontraído com os ombros – Ela deu uns pegas no entregador da Vittorio’s. Mas e daí, pizza de queijo de graça para nós!

Ele dobrou as mangas da camisa e apoiou os cotovelos nos próprios joelhos.

— Bom, você sabe que não dá pra negar pizza de queijo e filme de terror, né...

— Eu não disse nada de filme de terror – Ela endireitou-se, olhando-o séria por cima do notebook. – Aliás, sou bem contra essa parte do programa.

James olhou para Marlene que revirara os olhos e riu.

— Ela tem medo de dormir sozinha depois – a amiga deu os ombros. Ela se abaixou para guardar as caixas de dvd de volta, mas antes que as fechasse, virou-se lentamente – Lily, não sei como você tem medo dessas coisas e consegue assistir Game of Thrones. Eu acho muito pior que – ela virou as caixas na mão – “O ataque dos Mortos-Vivos” ou...hm, “Assassinato na estação de trem”. Ah, e também “Espírito do Oeste”.

Lily grunhiu, voltando a digitar. James esticou a mão para a morena e ela lhe estendeu um dos dvds. Era o “Espírito do Oeste”.

— Olha esses nomes, meu Deus. Pelo menos Game of Thrones tem uma lógica, ok? Você quase nem percebe a violência toda de tão focado que fica na história em si. Não é, James?

— Uhum, é verdade – ele concordou, ajeitando os óculos e levantando os olhos de onde lia a sinopse – Aliás, Lils, te contei da nova teoria? Uma que diz que o Jon Sno...

— Ah não, parem com isso que eu não aguento mais ouvir teorias dessa série chata – Marlene balançou os braços. Ele riu, mas parou de falar de qualquer jeito. – Enfim, posso pedir a pizza de queijo?

— Por mim, com certeza – James respondeu, acariciando a própria barriga – Mas a série não é chata, viu. É que você nunca sentou para assistir.

— É, tanto faz – ela balançou os ombros, indiferente – Evans, você é minoria aqui. Vai ser uma noite de pizza de queijo e...James, alguma sugestão?

Ele apontou para a embalagem na própria mão.

— Esse parece bom. Tem o Tom Hiddleston.

— Ok. Espírito do Oeste, então. Você vai demorar aí? – ela apontou para a amiga com as sobrancelhas levantadas.

A menina balançou a cabeça negativamente.

— Acho que não, estou nas considerações finais, já. Só mais alguns minutos.

Ela concordou com a cabeça e pegou o celular no bolso do jeans. James espreguiçou-se e olhou para a janela branca. Agora estava completamente escuro, o que o impedia de olhar para fora sem apertar os olhos, mas também não adiantava nada porque o apartamento delas dava de frente para a lateral de um outro prédio. Se ele forçasse a vista um pouquinho podia ver com clareza as pessoas da frente jantando em uma mesa redonda. Seu estômago roncou ligeiramente na mesma hora que Marlene desligou o telefone.

— Ok. Uma pizza grande de queijo a caminho. E...hm, James, quer jogar uno?

Ele virou o rosto, com um sorriso divertido. Nada daquele dia tinha sido planejado, mas tudo o agradava.

— Sim. Uno parece bom.

 

 

Eles acabaram jogando bem mais rodadas do que tinham planejado. Marlene tinha ganhado as últimas duas últimas, mas James deu um sorriso sagaz ao olhar as novas cartas em sua mão: tinha três “+4” e um coringa. Isso ia ser bom.

Lily resmungava sozinha no chão, o que o fez aumentar ainda mais o sorriso. Às vezes ele a observava por cima do ombro, e pelas suas contas, ela tinha escrito bem mais do que só a “rápida” consideração final que tinha dito. Ela estava tão concentrada e alheia aos outros dois que chegava a ser fascinante. A única coisa que tirava suas mãos do teclado do computador era para estralar os dedos, o que dava a maior aflição à James (mas que ele tinha prometido à si mesmo que não ia falar nada porque não queria tirá-la do torpor de concentração).

Marlene deu um gemido agoniado quando ele virou a carta que guardara para o final, mas, para sua sorte, o interfone tocara bem na hora que ela precisaria comprar mais quatro cartas.

— Opa, parece que o jogo acabou, não é mesmo? – Ela levantou-se com um sorriso no que o menino respondeu com uma careta e um revirar de olhos. Depois saiu apressada porta afora antes que ele reclamar. Ele balançou a cabeça enquanto Lily fechava o notebook com força e jogava-se no chão, deitando no tapete.

— Finalizado e enviado, graças a Deus.

James levantou-se da cadeira e foi para seu lado.

— Quer dizer que você está oficialmente livre?

Ela esticou o braço em sua direção mas não moveu nenhum outro músculo. Ele riu e a puxou para cima, fazendo-a ficar rapidamente em pé.

— Completamente livre – sorriu, alongando-se de olhos fechados. Depois, aproximou-se dele e enroscou os próprios braços em sua cintura – Lene pode demorar algum tempo lá embaixo...quer fazer algo mais divertido?

James arqueou uma sobrancelha e a encarou divertido.

— Duas vezes no mesmo dia? Você tem um pique eu não acompanho...

— Ah, com um pouco de prática você logo chega no meu nível – respondeu, aproximando seu rosto ao dele. Mas antes que seus lábios se tocassem (e estavam quase), a porta de entrada abriu com violência novamente.

— Que saco, não era o Martin. Era aquele outro menino. O espinhudo. Stanislau alguma coisa – Lene bufou, fechando a porta atrás de si com o pé e colocando a caixa de pizza em cima da mesa, completamente alheia aos dois. Eles se afastaram rápido e James levou a mão ao cabelo, arrepiando-o. – Ué. Por que é que vocês não foram colocando o filme?

Lily deu os ombros e abriu a tampa, furtando uma das azeitonas.

— Porque só você quer ver essa porcaria.

— Ei, James também quer!

Ela revirou os olhos com um resmungo, indo até um armário na cozinha e pegando pratos. Cada um tinha uma decoração diferente – elas compraram um jogo de porcelana há alguns meses, mas tinham muita pena de tirá-lo da caixa. Lily fez questão de colocar o seu preferido (um amarelo com listras azuis) por baixo da pilha para não ser escolhido primeiro.

— Bom, nada que eu diga vai convencê-los a mudar de ideia, né?

Os outros dois se encararam e responderam um “não” em uníssono. Lene caminhou até a mesa e pegou um pedaço enquanto Lily lhe dava um dos pratos.

— Ah, pare de reclamar. Você escolhe o filme na próxima, ok?

Lily e Marlene esparramaram-se no sofá, mas James achou melhor sentar-se no chão, onde poderia apoiar seu copo de coca-cola em uma superfície plana (elas colocaram os seus no meio do joelho e James estava contando os minutos para alguma das duas derrubar toda a bebida). Quando ele alertou o que poderia acontecer, uma delas (e ele tinha certeza que fora Marlene) empurrou sua cabeça com o pé e apertou o play do vídeo.

Não era uma história muito interessante. Pelo menos no começo. O clichê dos filmes de terror: família feliz se muda para uma casa nova. Casa nova faz barulhos estranhos. Crianças vêem entidades demoníacas na casa nova. Os pais não acreditam nas crianças. Família feliz descobre a história da casa nova.

James só começou a prestar atenção de verdade quando, com uma reviravolta, descobriu-se que o pai era um dos assassinos dos antigos moradores. Ele deu um pulo quando Lily se levantou abruptamente para levar os pratos de volta na cozinha e ela riu.

— Desculpe – falou, achando graça na cara de concentração que ele fazia. Apertando os olhos para a tela e tudo mais. Ela, ao contrario de James, estava fazendo o possível para não prestar atenção em nada. Tinha conferido suas cutículas umas doze vezes nos últimos 30 minutos.

James fez um gesto qualquer sem desviar o olhar da televisão. “Martha, por que você não vai pegar minhas ferramentas na garagem?”, o pai falara, o que era claramente uma armadilha.

— Ele vai matá-la também, quer apostar quanto? – falou para ninguém especificamente, mas Marlene riu, concordando.

Lily voltou para a sala, mas, ao invés de voltar para o seu lugar no sofá, sentou ao seu lado no tapete. Ele a olhou curioso e ela franziu o nariz com um sorriso tímido. Depois ajeitou-se melhor, apoiando as costas no sofá para dar mais espaço à ela, e voltou a olhar atentamente a história que se desenrolava. Agora o filho mais velho suspeitava que o pai estava agindo estranho e tentava impedir a mãe, Martha, a obedecer as ordens de ir à garagem sozinha.

James estava tão dentro do filme que acabava gesticulando quando algum dos personagens também o fazia ou agitava os braços com ansiedade. Mas em determinado momento, estava tão centrado que suas mãos descansavam inertes em cima das próprias pernas cruzadas. Na verdade, demorou alguns segundos para perceber que algo se aproximava da mão esquerda, e desviando o olhar do filme, percebeu com um interesse emergente que era a mão de Lily que procurava a sua.

Ela não parecia estar segurando a sua mão por causa de medo. De qualquer maneira, não era uma parte supostamente feita para aterrorizar os telespectadores. James sentiu então os dedos dela se entrelaçarem carinhosamente com os seus. De repente, todo filme pareceu não existir mais.

Eles estavam saindo há um tempo, é verdade, mas em momento algum um dos dois segurara a mão do outro sem motivo aparente. Era isso que estava acontecendo, não era? James virou o rosto, mas o olhar dela permanecia impassível. Ele só percebeu que não fora inconsciente porque, depois de uma análise atenta, percebeu que os cantos de sua boca se curvavam ligeiramente para cima.

Ele certamente não fazia ideia do que aquilo significava, mas achou melhor não pensar muito. Era uma sensação boa, sentir um aperto inocente na mão. E parecia certo. Ele voltou a olhar a televisão, mas agora precisou fazer um esforço um pouco maior para prestar atenção no fim da história.

O resto do filme não foi muito bom. O pai matou todo mundo e mudou-se de cidade para procurar outra família. As letrinhas correram na tela com a imagem de uma estrada ao fundo. Marlene bufou alto e levantou-se do sofá.

— Mas que bosta de filme – ela falou, acendendo o interruptor.

Lily afastou a mão dade James, como se estivesse com vergonha de serem pegos com as mãos dadas. O que era absolutamente ridículo porque eles já tinham feito coisas muito pior do que segurar mãos, mas por alguma razão isso parecia algo que ela queria guardar para si.

James pigarreou e levantou-se, bocejando ruidosamente.

— Bom, acho que vou indo então – ele falou, olhando para o celular. Passava um pouco da uma da manhã. E ainda nenhuma mensagem.

— Ah, qual é – Lily colocou o cabelo atrás das orelhas. – Fique mais um pouco.

Ele não sabia o que dizer, porque se pudesse não iria para a própria casa nunca mais, mas não tinha mais desculpas para ficar. Ele franziu os lábios, cruzando os braços. Marlene tossiu e apontou para o quarto da esquerda.

— Eu vou dormir. Vocês podem ficar aí hm...jogando uno. Boa noite Lily, boa noite Potter – e deu uma piscadela antes de fechar a porta do próprio quarto.

Lily revirou os olhos e andou em sua direção, descruzando os braços dele com as mãos.

— Esse filme foi muito chato – murmurou, levando a boca ao maxilar dele e beijando-o levemente.

— Concordo – ele levou as mãos para a cintura dela, apertando-a contra o próprio corpo – mas você ficou com medo que eu vi.

— Lógico que fiquei – Lily respondeu, e James ficou na dúvida se ela estava sendo irônica ou não. Mas antes que pudesse pensar mais no assunto, seus lábios se alcançaram em um beijo calmo.

James subiu uma das mãos para o pescoço dela, levando a outra para baixo da blusa que ela estava usando, mas não alcançara o objetivo porque ela se desvencilhara e o puxara pela mão em direção ao outro quarto.

Ela tirou a blusa e chutou as pantufas para longe, mas James estava olhando para a decoração do ambiente. Ele sorriu porque se lembrou que na primeira noite que se conheceram ela contara que o quarto era amarelo. Era um tom claro, e ele viu que Lily colara umas folhas de árvore na parede do fundo, em cima da escrivaninha. Também tinha uma prateleira com livros de todos os tamanhos. Um parecia ter sido manuseado mais que os outros, e ele apertou os olhos para ler “Poemas de Seamus Heaney”. Ele conhecia aquela capa porque Remus tinha um exemplar igual (igualmente amassado).

Lily interrompeu sua análise, puxando-o em direção à cama. Eles se enfiaram desajeitadamente embaixo do edredom. Ela apertou-se contra a parede para dar mais espaço à James, mas ele a puxou de volta para perto e começou a beijar seu pescoço delicadamente.

— Marlene está aqui do lado – ela sussurrou, enroscando os dedos na parte de trás de seu cabelo – Nossos quartos são muito próximos um do outro...

Ele a ignorou, descendo os lábios por sua clavícula. James sentiu os músculos dela se amolecerem e aceitou a deixa para colocá-la embaixo de si.

— Bom, então teremos que ser silenciosos – Ele sorriu quando sentiu as pernas dela se prenderem em volta de sua cintura com força.

E eles realmente foram. Quer dizer, depois que ele tampou a boca dela por um certo momento e escondeu o rosto na curva do seu pescoço enquanto intensificava os movimentos para abafar o som. Fora esses pequenos incidentes, Eles tinham certeza de que tinham sido muito discretos.

James tombou ao seu lado depois de pouco tempo, fazendo o que dava para que os dois coubessem na cama de solteiro de Lily. Ela o olhou com a respiração ainda irregular, um sorriso satisfeito estampado no rosto. Ele tirou os óculos e esticou a mão para colocá-los na escrivaninha. Ela abriu a boca para falar algo mas interrompeu a si mesma, arregalando os olhos.

— O que foi? – James perguntou, olhando por cima do ombro em direção à porta fechada do quarto.

— Você ouviu isso? – ela disse, segurando o braço dele com um pouco de força.

Eles ficaram em silêncio para ouvir o que poderia ser, mas não tinha nada de diferente. Pelo menos na opinião de James.

— Acho que você ficou impressionada com o filme – ele sorriu, virando o rosto de volta em sua direção. – É só uma história, Evans.

— Tá, mas você pode ir se certificar de que não foi nada mesmo? Eu não quero morrer porque você confia demais nos filmes de terror.

James revirou os olhos e riu, mas concordou. Ele tateou o colchão e jogou as cobertas para o lado, vestindo a cueca de novo antes de levantar da cama. O resto do lugar estava na mais pura paz, tudo em seu devido lugar. O único barulho era o ruído da geladeira.

— Viu? Não tinha nada – falou quando voltou, fechando a porta com cuidado e virando-se para ela. Ele estava voltando para a cama quando ela levantou a perna e o impediu.

— Espera, espera. Será que você pode fechar o armário também, por favor?

James riu novamente e se virou para fechar a porta de veneziana branco. Lily soltou um suspiro e puxou o cobertor para que ele entrasse novamente.

— Obrigada – falou, beijando-o levemente antes de se virar para a direção oposta. Ele piscou preguiçosamente e não reclamou nada da visão. As costas nuas dela eram iluminadas pelas frestas finas da persiana, uma em particular que descia até o seu...

James estava com os olhos quase fechados quando alguém do apartamento de cima derrubou algo no chão e Lily virou o rosto abruptamente.

— E agora, o que será q...

— Lily – James sorriu com um suspiro – Eu não estou com sono mesmo, dormi de tarde. Eu fico acordado e espero você dormir, ok? Pode ficar tranquila.

Ela virou metade do corpo e percorreu o rosto dele inteiro com os olhos, como se estivesse procurando um sinal de zombaria. Ele arqueou a sobrancelha e, mesmo achando a situação divertida, fez questão de mostrar que estava falando sério. Lily relaxou os ombros e sorriu fraco.

— Ok. Obrigada. Vê se não cai no sono, hein – ela piscou em sua direção antes de virar de volta.

James riu baixo, perguntando-se exatamente como alguém podia ter medo daquele filme mal feito. Antes que tirasse conclusões, Lily aproximou inconsciente (ou não) mais o corpo do seu. Em poucos minutos, ele ouviu sua respiração ficar cada vez mais pesada e sentiu, finalmente, seus músculos se relaxarem por completo.

Ele sorriu. Gostou desse poder que tinha adquirido, o de tranquilizar alguém. Geralmente era o contrário. Costumava deixar todo mundo agitado ou nervoso por algum motivo. Mas isso era bom, senti-la ficar confortável o suficiente para conseguir dormir, mesmo estando com medo. Ele se certificou de que ela estava de fato dormindo e só então se permitiu fechar os olhos.

Por algum motivo, voltou a sonhar que era o Mario, só que dessa vez o Luigi era um cervo vestido com um macacão, correndo livremente floresta adentro.


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Notas finais do capítulo

Well, well.

Preciso dizer que estou passando por um período de bloqueio criativo, não sei porquê. Mas NÃO abandonarei nem essa e nenhuma das outras histórias, não se preocupem.

Comentem, please? ♥



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