Tangled Hearts escrita por bmirror


Capítulo 3
Capítulo 3 - Sobre uma banda sem nome


Notas iniciais do capítulo

Queria dizer que a minha empolgação para escrever essa história vem da recepção linda que vocês estão me dando. Mil vezes obrigada! beijos em todas as bundas de vocês!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/692404/chapter/3

 

Capítulo 3 – Sobre uma banda sem nome

 

 

 

O professor estava falando sobre uma matéria importante e James sabia que deveria estar anotando. Mas ele estava com muito sono para abrir o caderno. Na verdade, ele nem abrira a mochila ainda. Ela estava, no momento, sendo muito bem usada como um travesseiro.

Também, ninguém mandara ficar jogando vídeo game até tarde com os meninos. Ele não podia ter caído nas provocações de Peter. Deveria ter tido o mínimo de noção e ido para cama pelo menos à meia noite, depois de perder do primeiro inimigo.

Mas ele simplesmente não podia sair no meio da fase. James era orgulhoso demais e não ia conseguir viver com essa vergonha.

Ele abriu os olhos quando ouviu o barulho da porta fechar. Alguém estava entrando na sala de aula atrasado. Ele olhou no relógio de pulso. Bem atrasado. Ele só conhecia uma pessoa que não tinha compromisso nenhum com o horário assim. E tinha certeza que era ela antes mesmo de virar o rosto para comprovar.

Samantha Reynolds o encarou antes de se sentar duas fileiras à frente. Ele achou que ela desviaria o olhar, mas não. Parecia até bem orgulhosa.

Eles tinham terminado há quase dois meses, mas nesse meio tempo, ela fizera ao menos 4 tentativas de voltar. Ele conseguira resistir à todas. Bem, isso se você não contasse a primeira vez. Aquela tinha sido uma recaída leve.

Ela era bem bonita. Bonita não, era linda. Tinha o cabelo dourado até a cintura e olhos puxados que estavam sempre marcados com uma maquiagem escura. Eles tinham começado a sair há alguns meses, depois de muitas trocas de olhares durante as aulas. Eles iam à festas juntos e só saíam de lá quando o lugar estava fechando. Gostavam de passar os finais de semana na casa de campo da família dela, e passavam os dois dias sem usar peça de roupa nenhuma. Ela gostava de desfilar para ele usando nada além de um finíssimo robe e uma taça de vinho.

Umas cinco semanas adentro desse relacionamento, James começou a perceber que não era nada feliz.

A princípio, ele não notara. Achava que era natural ter uma relação assim. Foi só depois de uma conversa franca que tivera com Remus numa dessas madrugadas em que os outros dois não estavam em casa, que ele começou a ver os sinais.

Ela o diminuía. Dizia que ele não sabia de nada. Fazia com que ele se sentisse mal por não fazer as coisas que ela queria. Dizia que era sorte dele ter alguém. Qualquer outra pessoa que não fosse ela não suportaria ficar muito tempo ao seu lado. Que ele deveria ser grato.

Nada para ela estava bom, nada a agradava. Logo, todas as lembranças negativas superaram as positivas. Ele parou de ficar animado ao vê-la. Evitava suas ligações mais do que as atendia. E, em uma noite depois de seis meses nesse estado, decidiu acabar tudo. Não ia aguentar mais um minuto sequer.

Remus respirara aliviado quando ele lhe contou a novidade. Sirius comprara duas garrafas de conhaque para comemorar. Ele olhou seu reflexo naquela noite e ficou surpreso ao ver os sinais de desgaste pela primeira vez. Suas olheiras estavam enormes. Seu rosto estava mais magro.

Pela primeira vez em muito tempo, ele sorriu. Estava sozinho e livre.

E depois, pensou enquanto virava o final da primeira garrafa de Sirius, ele não estaria sozinho de verdade. Tinha seus amigos. Eles eram folgados, costumavam se meter um na vida do outro e davam mil opiniões que nunca foram pedidas. Mas uma coisa era certa: eles nunca deixariam de apoiar-se completamente um no outro.

James balançou a cabeça para não sucumbir ao sono. O professor dizia alguma coisa sobre a política internacional proposta pelo antigo Primeiro Ministro. Ele se perguntou, pela centésima vez desde que começara a faculdade de Direito, porque é que não tinha escolhido estudar algo mais simples.

Ah, mas ele ia ter que pedir as anotações de Song Wu de novo. Ela ia reclamar, com certeza. Mas nada que seus habituais subornos com mini-muffins de blueberry não resolvesse.

Estava prestes a cutucá-la quando sentiu o bolso da sua calça tremer. Seu estômago deu um salto involuntário: estava esperando uma resposta de Lily há quase um dia. Ela lhe dissera que seu celular era antigo, mas isso era ridículo. Às vezes ela parava de responder e só voltava à dar sinal de vida alguns dias depois.

Agora fazia quanto tempo que se conheceram, quase duas semanas? Ele ainda estava na dúvida se queria chamá-la de novo para sair. No começo, tinha muita vontade. Mas agora, não tinha certeza.

Claro, ele não ia negar que houvesse a possibilidade de acabar na cama com ela mais uma vez, aceitaria na hora. Quem em sã consciência rejeitaria essa oportunidade? Ele precisava admitir que às vezes gostava de fechar os olhos e puxar uma das únicas cenas que ainda guardava daquela noite: Lily abaixo dele, os cabelos ruivos espalhados como um leque assimétrico em seu travesseiro velho. Aquele sorriso irônico em um dos cantos da boca. Os olhos verdes o espiando por baixo dos cílios longos. Depois de algum tempo, a imagem vinha em flashes e não em uma lembrança inteira.

Ele não a conhecera muito, mas ela parecia ser intensa. Intensa de um maneira positiva. Não do jeito que Samantha costumava ser. Intensa de um jeito intrigante. Ele sentia que conversar com ela o inebriava. Mesmo por mensagens de texto em dispositivos arcaicos, ele não conseguia se concentrar em mais nada até escrever a resposta perfeita. E por isso, tinha medo. Não queria mergulhar em uma coisa tão profunda assim. Precisava de um tempo sozinho para se conhecer melhor.

Ele tirou o aparelho do bolso e o olhou esperançoso – mas era apenas Remus perguntando se queria almoçar. Ele bufou de frustração, mas depois se lembrou que isso era bom. Um pouco de distância e espaço o fariam pensar com mais clareza.

James digitou rapidamente um "Saio em 10 minutos. Me encontre perto da fonte" e guardou o celular na mochila.

Ele tentou se iludir e fingir que conseguiria prestar atenção no final da aula, mas nem percebeu que começara a olhar para fora da janela até que todos ao seu redor se levantassem e começassem a sair.

Ele alcançou Song Wu na porta e prometeu mil mini-muffins se pudesse copiar suas anotações. Ela revirou os olhos e lhe entregou o próprio caderno, e ele a puxou e beijou sua testa, ignorando o grunhido irritado que a menina deu como resposta. Depois disso, se mandou de lá o mais rápido que pode, antes que Samantha o alcançasse.

Remus o esperava sentado na fonte, absorto demais em escrever algo num caderninho desfalcado. Ele se aproximou do amigo e jogou-se ao seu lado, no concreto.

— Mate-me agora. Vamos, enquanto há tempo de enterrar meu corpo sem que a segurança do campus perceba o que você fez.

— E você diz que eu que sou dramático – Remus riu, sem tirar os olhos do caderninho. Apagou uma última palavra e olhou para seu trabalho satisfeito. – Terminei um haicai ¹. Vê se dá para entender.

James estendeu a mão e pegou o caderno do amigo. A letra rabiscada ocupava a página inteira. Estendeu em frente ao seu rosto e leu:

"Teu corpo deitado

Acorda desejos

Não confessados"

— Gostei – James falou, levantando o corpo até ficar sentado. – É sobre quem?

Remus deu os ombros, guardando o lápis na bolsa de couro.

— Ninguém.

— Como ninguém? Você não pode sair por aí escrevendo poemas sem pensar em uma pessoa específica. Não é tipo, contra a lei do romantismo literário, ou algo assim?

O amigo riu, esticando o braço para pegar o caderninho de volta, mas James o levantou, colocando-o fora do seu alcance.

— Se você não tem ninguém em mente, não vai se importar se eu o pegar – falou, rasgando a página e devolvendo o caderno, agora em branco.

— Porra, Prongs – Remus protestou e puxou o caderno da mão do amigo, mas em seguida o guardou na mala com um revirar de olhos – Pára de fazer isso, caramba. Se quiser eu copio para você, mas isso é roubo de material original. Vou te denunciar.

Não era a primeira vez que James roubara um de seus poemas. Na verdade, tinha uma gavetinha cheia de poemas dele. Gostava de ler o que ele escrevia, mesmo que Sirius e Peter não tivessem paciência de ouvir metade. Ao contrário dos outros dois, ele achava interessante que a mente de Remus trabalhasse de uma maneira tão diferente da sua. Ele nunca seria capaz de escrever duas linhas sequer.

— Vem. Vamos comer – James falou, levantando-se e jogando a mochila novamente às suas costas. Remus o acompanhou e ambos seguiram em direção ao único restaurante que servia um almoço decente pelo preço que um universitário podia pagar.

Eles se sentaram do lado de fora e fizeram seus pedidos, sem nem olhar no cardápio. Já o conheciam praticamente de cor. Também conheciam a garçonete, Juliette, há tempos. Mas agora, James não podia olhar para seus cabelos curtos porque eram da mesma cor avermelhada que os de Lily, e ele não conseguia...

Não, pensou. Não sairia nada de bom desse pensamento.

Quando ela trouxe os pratos, James evitou encará-la mesmo assim e olhou para seu celular que vibrava. Ainda nenhuma resposta dela. Era Sirius, compartilhando a localização do jogo que teriam no fim da tarde.

James fechou a cara inconscientemente e deu uma garfada no arroz. Remus percebeu e olhou do amigo para o telefone em sua mão. Ele estava fazendo isso o tempo todo nos últimos dias. Não era coincidência que começara depois que encontraram a menina na cozinha.

Ela causara uma boa impressão em todos, era verdade. Principalmente porque não era comum que James trouxesse garotas para casa. Sirius, tudo bem. Era uma diferente praticamente a cada final de semana. Peter acabava sempre expulso do próprio quarto e se revezava para dormir no chão dos outros dois. Mas James era mais contido. Geralmente ia para algum outro lugar. E, quando queria algo casual, não costumava ficar tão obcecado com o seu celular, como estava agora.

Remus não segurou uma risada com o pensamento e James levantou os olhos confuso.

— O quê?

— Você tá ridículo aí, esperando a menina te mandar mensagem.

James franziu as sobrancelhas e sentiu o pescoço esquentar.

— Quem foi que falou que estou esperando Lily me mandar uma mensagem? Eu estou é esperando uma resposta da minha mãe. Ela quer que eu...hm, vá visitá-la nesse final de semana.

Remus revirou os olhos e espetou uma cenoura com o garfo.

— Sua mãe não manda mensagem. Ela é uma das únicas que liga lá em casa, nós sabemos – ele sorriu, como se soubesse todos os segredos que o amigo tentava esconder - Qual é o problema, James? Liga para ela e pronto.

— Não faz parte dos meus planos – James balançou a cabeça, virando a tela do celular para baixo. – Eu só gosto de conversar com ela, é isso. Não quero nada demais.

— Sair com ela de novo não qualifica "algo demais", ué – Remus deu os ombros. – Acho que você está precisando se divertir. Por que não a convida para o show de Sirius?

James levantou as sobrancelhas mas não respondeu. Seria uma boa desculpa, é verdade. Mas não sabia se era o momento para chamá-la para um encontro. Ela não estava parecendo meio evasiva nas mensagens que mandava? Será que tinha interpretado os sinais errado e na verdade ela não queria nada com ele?

Não, ele decidiu. Talvez devesse ir sozinho no show de Sirius. Ele sempre acabava encontrando alguém lá para passar a noite, mesmo. A base de fã da banda era praticamente constituída por garotas com cabelos cheios e jaquetas de couro, e sair de lá com uma delas seria perfeito para que ele parasse de esperar a resposta de Lily.

 

—-------------------------------------------------------------------------

 

Algumas horas depois, ele já não lembrava mais que esperava uma mensagem. Era isso que James mais gostava em jogar futebol: por alguns minutos, tudo que importava era ele, a rede, e a bola.

Ele olhou para o lado e viu Sirius indicando sua direita. Lounge, do time adversário, vinha correndo em sua direção. Ele o driblou com habilidade e avançou para a área do gol, contente em ouvir os "ohs" que a torcida improvisada soltava com empolgação.

Quando ele propôs aos colegas da turma que formassem um time para jogarem contra os outros meninos da universidade, todos ficaram mais do que felizes em apontá-lo como capitão. Eles até agora permaneciam invictos por doze jogos seguidos. E ninguém reclamou quando James convidara Sirius e Peter para participarem do time. Não era contra as regras, afinal. Foi decidido pela comissão de esportes da universidade que cada equipe poderia contar com 20% de integrantes que não estudassem na dita faculdade.

Remus observava o jogo de longe, na sombra de uma árvore. Hoje era contra o pessoal de Jornalismo, seu próprio curso. Ele não sabia direito para quem torcer, porque gostaria de ver seus colegas ganharem. Mas sabia que se sentiria um traidor se posiciona-se em qualquer torcida contra os amigos.

Então ele aproveitou o momento de ambiguidade e abriu os livros para terminar aquele trabalho que estava absurdamente atrasado. Ele só levantou a cabeça quando ouvia as pessoas ao seu redor gritarem um "gol" animadas. Ele não sabia para quem elas torciam, porque metade era formada por outros estudantes que gostavam de acompanhar o campeonato universitário, e outra metade de passantes que pararam ali no campo do parque, curiosos com o jogo.

James se jogou na grama para fugir de uma rasteira de Michael Gamblen. Sentiu o joelho bater no chão e depois um choque no osso. Ele gritou, mas quando Sirius se aproximou para ajuda-lo a levantar, balançou a cabeça com indiferença. Não era um machucadinho que o impediria de se classificar para as semifinais.

Pelas suas contas, faltava menos de dois minutos para acabar o jogo. O seu time estava ganhando de 2x1, mas James não estava satisfeito. Precisava de mais um gol. Ele ignorou as indicações dos colegas de voltar para a defesa e saiu correndo em direção ao rapaz (que ele não conhecia) que agora tinha posse da bola. O menino tomou um susto com a aproximação repentina e James aproveitou a distração para roubar-lhe a bola. Com o campo livre a sua frente, ele não resistiu e soltou uma risada ao correr para o gol do adversário.

Ele acertou a bola bem no meio da rede alguns segundos antes do árbitro apitar o fim do jogo. 3x1. Estava ótimo. Ele levantou o braço ao mesmo tempo que sentiu seus companheiros pularem em suas costas. Sirius levantou sua cabeça e beijou-lhe o cabelo. Depois fez uma careta porque assim como todos os outros, estava incrivelmente suado.

Eles se juntaram à Remus depois de alguns minutos de comemoração e tapinhas de "valeu, gente" e "boa, time!". Peter tirou a garrafa de água do amigo e virou-a inteira na boca. Sirius lhe deu um croquete na cabeça.

— Seu idiota, eu também estou com sede.

— Vai comprar ué, essa aqui é minha – Peter respondeu, esfregando o lugar atingido com a palma da mão

— Ahn...dá licença? Era minha – Remus empurrou o amigo com o pé – Agora você está me devendo duas libras.

O sol começava a se pôr e isso deixava o calor menos insuportável. James forçou o olhar por causa da meia luz e enxergou um carrinho de comida não muito longe da árvore que estavam. Ele se levantou e espanou o calção (não que fizesse muita diferença porque haviam marcas de terra e grama em todo seu uniforme).

— Eu vou comprar mais, seus imbecis. Me dêem dinheiro – brincou, estendendo a mão aberta na direção dos amigos.

Eles abriram bolsos e carteiras e jogaram algumas notas em sua mão. James riu. Tinha bem mais do que ele precisava, mas ele é que não ia reclamar.

— Belo jogo, Potter! – duas meninas exclamaram quando passou por um grupo sentado numa grande toalha. Ele sorriu sem mostrar os dentes e balançou a cabeça em agradecimento.

Ele contou rapidamente a quantia que tinha e viu que eram mais de quinze libras. Ele riu sozinho. Ia se recompensar com um hambúrguer. O cheiro que vinha da barraquinha era realmente tentador e...

Ele se interrompeu quando olhou para o lado. Uma menina de cabelos vermelhos contava moedas na palma da mão, num gesto quase idêntico do que ele fizera há pouco. James riu. A coincidência não era uma coisa maravilhosa?

— Ahn, duas garrafas de água, um hambúrguer e o que ela quiser – Ele falou, quando chegou na sua vez, apontando para a menina.

O homem barrigudo que cuidava do caixa virou-se para ela e perguntou, sem paciência:

— E então, moça, quer o que?

Ela levantou o rosto surpresa e encarou o homem. Depois, seus olhos verdes lampejaram na direção de James.

— Eu...? O que é que...- Lily abriu um sorriso aberto ao reconhecê-lo – James! O que está fazendo aqui?

Ele passou a mão no cabelo, tentando parecer menos desarrumado.

— Eu tive um jogo aqui agora há pouco.

— Ah! Acho que vi vocês ganharem, então – ela sorriu – cheguei bem na parte do último gol. Eu...espera um pouco...era você?

Ele abriu um sorriso orgulhoso.

— Moça – o homem da barraquinha repetiu, mais alto – vai querer o que?

Lily piscou distraída em sua direção e depois olhou rapidamente para a vitrine.

— Ah! Acho que um hambúrguer, por favor. Mas vou pagar separado.

— Não vai não, pode por na minha conta – James se virou para o homem e entregou o dinheiro antes que ela pudesse fazer algo. – Na verdade, na conta dos meninos. O dinheiro é deles – continuou com um gesto descontraído.

Lily riu.

— Ah, então tá bom. Tenho certeza de que você ganhou esse dinheiro honestamente.

— Pode apostar que sim.

Ela abriu o sorriso ainda mais e o encarou. Ele tinha esquecido como ela era muito mais bonita na vida real do que nos seus delírios de distração.

O homem entregou as duas garrafas de água e os dois hambúrgueres de uma maneira emburrada, bufando em todo o processo. James levantou uma sobrancelha, mas ignorou. Eles saíram da fila e ele apontou com a cabeça para um banco ali perto. Ela o seguiu sem hesitar.

— Então – James disse, dando a primeira mordida no sanduíche. Estava uma delicia. Quase compensava a grosseria do atendente – Como está passando esses dias? Principalmente esses em que você está me ignorando.

Lily estava abocanhando o hambúrguer também, e acabou engasgando um pouco. Ela bateu com a mão em seu próprio peito e levantou os olhos, não contendo uma risada.

— Eu não estava te ignorando. Você infelizmente me conheceu em uma época em que estou ficando completamente louca de tanta coisa para fazer.

James levantou as sobrancelhas. Ela parecia falar a verdade. Ele ficou ligeiramente feliz por ter interpretado mal os sinais.

— Tipo... – ele gesticulou para que ela continuasse, mas Lily estava de olhos fechados, mastigando vagarosamente. Ela soltou um suspiro e um "eu estava morrendo de fome". James riu.

— Tipo trabalhos de faculdade. Eu estudo literatura, não sei se tinha falado.

— Não tinha – ele sorriu. Ele não imaginava, mas agora que sabia, não achava que nenhuma outra coisa combinava mais com ela do que isso.

— Você faz direito, não é? Eu lembro que você falou algo assim.

James concordou com a cabeça, surpreso por ela ter lembrado. Nem ele mesmo lembrava quando tinha contado, mas devia ter sido pessoalmente, porque com certeza não fora por mensagem. Ele deu uma outra mordida, que levou praticamente metade do hambúrguer.

— Então – ela olhou para frente – Me desculpe se isso o ofender, mas a maioria das pessoas pensa que por Literatura ser um curso...inferior, nós não fazemos nada – Ela fez uma careta quando pronunciou a palavra "inferior" e James abriu um sorriso.

— Eu nunca pensaria uma besteira assim.

Ela o encarou. Ele estava sério, mas com um sorriso brincando nos lábios. Ela ficou com vontade de sorrir também, mas já tinha comido hambúrguer demais para ter coragem de realmente o fazer.

— Enfim. Eu também faço uns bicos de escrita, se quer saber. Essa semana vendi uns artigos para The Cambridge Quarterly. Me ocuparam quase 24 horas por dia. E eu, como o ser desequilibrado que sou, não consegui fazer nada além disso.

— Nossa, sinto que sou eu que devo pedir desculpas, então – ele disse, balançando a cabeça.

— Imagina, claro que não – Lily franziu o cenho. Depois completou baixinho, quase como se não fosse para ele ouvir: - conversar com você é bom, me distrai.

Ele abocanhou o restante do hambúrguer, sorrindo com a boca fechada.

— Como você está? – ela perguntou, sentindo uma brisa fresca afastar seu cabelo do rosto. Depois apontou com a mão livre para a faixa amarela em seu braço esquerdo. – Capitão? Uau.

James abriu a garrafinha de água e virou-a quase inteira num gole só. Tinha se esquecido da sede que sentia pós-jogo.

— Ah. Sim. Pelo menos uma coisa que eu sei fazer.

— Eu diria duas – ela piscou com um olho só, num misto de discrição e provocação.

James engasgou com a própria saliva de tanto rir. Ele percebeu, subitamente, porque ficava tão animado quando ela respondia suas mensagens. Lily era tão leve, tão divertida. Ele queria ser amigo dela, independente do que acontecesse depois.

Ele sabia que já tinha aceito a ideia de ir sozinho ao show de Sirius. Era mais fácil assim. E tinha mais: ele com certeza não sairia sozinho de lá. Mas não deu. Ele não conseguiu arranjar desculpas para impedir a si mesmo de perguntar.

— Escuta, vai fazer o quê amanhã?

Ela o encarou, amassando a embalagem de papel, agora vazia, com as duas mãos.

— Eu tinha combinado de fazer algo com a minha amiga. Ela não vai voltar para a casa da família nesse final de semana. Mas não tínhamos escolhido nada. Por quê?

James sorriu. Assim era até melhor. Pareceria menos ainda um encontro, o que ele certamente não queria que fosse.

— Sirius, meu amigo, vai tocar em um pub. Você lembra de Sirius, né?

— Ah sim. O que morreu.

— Ele mesmo. Então, Sirius tem uma banda com uns amigos da faculdade. Ele me enche o saco tocando aquele baixo maldito às 3 da manhã, mas preciso admitir que são bons.

Ele apontou casualmente para a árvore em que os amigos estavam e ela acompanhou o olhar. Alguém acenou para eles lá longe e Lily retribuiu o cumprimento.

— Eles vão tocar num pub no centro, se você tiver afim. Claro, e se Marlene quiser ir também.

Ela o encarou, sem perceber que ele se lembrava do nome da amiga.

— Parece uma ótima ideia. - respondeu por fim, sorrindo abertamente. – Qual é o nome da banda?

James coçou a parte de trás da cabeça enquanto levantava as sobrancelhas.

— Bom, aí você me pegou. A banda não tem nome.

Lily piscou em sua direção, os cantos da boca teimando em subir apesar da cara séria.

— Ahn...James. Esse show existe mesmo ou é uma desculpa para você me sequestrar e vender meus órgãos?

James jogou a cabeça para trás para rir.

— Droga. Você descobriu. Eu levei tanto tempo para pensar nesse plano...

Ela riu também, empurrando-o com o braço.

— Pode fazer piada, mas isso é exatamente o que um psicopata diria para disfarçar.

James sorriu mais um pouco. Ele ouviu Sirius chamar seu nome e apertou os olhos para a árvore. Os meninos estavam se levantando e jogando as mochilas pelos ombros.

— Mas então. Posso por seu nome na lista da banda para amanhã? – perguntou, levantando-se do banco e observando-a fazer o mesmo.

Lily fingiu pensar com uma careta forçada e revirou os olhos teatralmente.

— Tudo bem, vai. Se eu tiver que perder algum órgão, que seja um dos rins. Deixe o fígado, por favor. Eu vou precisar de muito álcool ainda na vida.

 

—-------------------------------------------------------------------------

 

O dia seguinte pareceu se arrastar. Geralmente James gostava muito de sexta-feira. Eram suas duas aulas preferidas na universidade e seu restaurante favorito servia pizza no almoço.

Mas essa parecia ter mais horas que o normal.

Assim que chegou em casa, James decidiu que dormir seria a melhor opção. Ele precisava fazer um trabalho enorme para a próxima segunda, mas não conseguia nem abrir o notebook. Ele se distraia muito fácil com a perspectiva de ver Lily mais tarde.

Ele se repreendeu por sentir esse aperto no estômago. Não tinha se convencido de que não queria nada muito intenso?

Ficar nervoso com a ideia de sair com ela definitivamente classificava algo como intenso. Ou talvez não. Talvez não significasse nada. Mas e se significasse?

James balançou a cabeça com frustração antes de arrancar a blusa e passa-la pela cabeça com irritação.

As coisas tinham que ser mais fáceis, pensou, enquanto se enfiava nas cobertas abarrotadas (ele esquecera de arrumar a cama antes de sair pela manhã) e fechava os olhos.

Por um milagre, ele dormira quase a tarde inteira. Só acordou quando ouviu risadas altas vindo da sala e reconheceu a voz dos companheiros de banda de Sirius.

Ele demorou alguns minutos se arrumando. Queria ter lavado roupa no começo da semana, mas tinha esquecido. De qualquer maneira, só tinha usado aquela calça uma vez, então não achava que seria um problema muito grande usa-la de novo.

Já o cabelo era um problema. Ele tentou arrumá-lo com os dedos, mas os fios simplesmente não ficavam numa direção só. Então deu os ombros e saiu do quarto conformado com o pouco que tinha conseguido.

Ele ouviu uma salva de palmas quando entrou na sala de estar. Ele riu, fazendo uma reverência irônica para os amigos.

— Ah, princesa! Achamos que você não ia acordar nunca – Frank Longbottom, o baterista da banda, exclamou, rindo da própria piada. James o cumprimentou com um high five alto. – Podemos ir, então?

Ele beijou a bochecha de Alice que estava ao seu lado e ela o abraçou com carinho. Ela sempre fazia tudo com carinho.

Ele concordou com a cabeça enquanto observava Sirius arrumar o próprio cabelo uma última vez no reflexo do microondas. Eles se empurraram para fora do apartamento, rindo o caminho todo. James ficou feliz de estar saindo com todos os meninos. A última vez que fizera isso, ainda estava com Samantha, e ela o obrigara a voltar para a casa depois de apenas uma hora.

Ele respirou o ar metropolitano de Londres enquanto esperavam o metrô parar na estação. O cheiro da cidade era horrível. Mas ele seria louco de trocá-la por qualquer outro lugar do mundo. Cada dia que passava estava mais feliz por ter saído da pequena cidadezinha que crescera. Não tinha nada lá para ele.

O pub em que Sirius tocaria os chamava pelo menos uma vez a cada dois meses. James não imaginava o amigo ficando famoso em um futuro próximo, mas até ele precisava admitir que suas apresentações estavam ficando cada vez mais cheias. Ele tinha certeza de que se a banda tivesse realmente um nome, ele veria camisetas com essa estampa por toda parte. Por ora, apenas algumas pessoas olharam duas vezes em sua direção quando abriram as portas duplas do lugar.

Enquanto os meninos arrumavam os instrumentos no palco apertado, os outros três correram na direção do bar. Até Remus pediu uma caneca de chopp dessa vez. Todos tinham concordado que as músicas de Sirius soavam melhor com um certo teor alcóolico no sangue.

— Vamos pedir algo para comer? – Peter sugeriu, olhando o cardápio de plástico – Uh, bolinhos de carne seca?

— Nossa, com certeza – James concordou no momento que August Willie, o vocalista da banda cumprimentava as pessoas e agradecia ao convite do dono. Ele tocou o primeiro acorde de uma música própria e os meninos brindaram em comemoração.

— Já começou sem mim? – ele ouviu atrás de si.

Lily o cutucou no ombro, mas não precisava realmente ter feito isso porque James já tinha se virado quase completamente. Ela estava com um shorts jeans alto, uma jaqueta de couro e os lábios pintados de um vermelho escuro. James se lembrou da descrição mental que fizera das fãs de Sirius, o que o fez soltar uma risada involuntária.

— Essa aqui é Lene – ela falou, virando um pouco de lado para dar passagem à uma menina com os cabelos castanhos saindo em cachos grandes da cabeça. Ela tinha os olhos pintado de uma maneira que James se perguntou se ela tinha um maquiador profissional em casa ou se era modelo.

— Oi. James, certo? – ela lhe estendeu a mão, e James percebeu que ela o media com o olhar. Quando ele concordou, a morena olhou discretamente para a amiga e as duas deram um sorriso estranho. Não soube direito o que pensar sobre isso, então achou melhor ignorar. – Eu estou trocando uma noite de netflix e nutella por isso, então é bom que a banda do seu amigo seja perfeita.

James riu com vontade. Ele podia imaginar com detalhes o que seria a vida na casa das duas meninas.

— Ah. Você não vai se arrepender. E se por acaso não gostar, pode jogar um tomate naquele cara ali. O baixista – ele falou, indicando o amigo. Marlene olhou para a direção que ele apontava e James pôde jurar que por um mísero segundo ela pareceu uma leoa que encontrara a presa do dia.

Ela balançou a cabeça e foi cumprimentar Remus e Peter, que pareciam deslumbrados com a sua presença. Talvez ela fosse mesmo modelo.

Lily pediu uma batida de coco e James deu aquela risada que duas pessoas têm quando compartilham uma piada interna. Ela piscou com um olho só e sorriu com o canudo na boca.

— Ah, Lene – ela falou, parecendo se lembrar de algo – esse é o cara que eu falei que faz o melhor café do mundo.

Remus levantou as sobrancelhas surpreso. Elas riram em sua direção e isso pareceu confortável o suficiente para fazê-lo sorrir de volta.

— Ah! Cara, você tem que nos ensinar a fazer. - Marlene disse, jogando o cabelo para trás do ombro. Peter engasgou com a própria cerveja. – Estamos vivendo de Starbucks há quase um ano.

— Ah sim. Hm, eu não sei como ensinar. Água quente e pó de café?

Eles riram e James sentiu Lily se aproximando. Seria muito ruim se ele a puxasse para um canto e largasse todos? Ele a encarou e ela sorriu como se tivesse lido sua mente.

— Então – ele perguntou, mais para se distrair do que qualquer coisa – Como vai a importantíssima produção de artigos?

— Queimei tudo – ela deu os ombros. Ele riu – infelizmente, é mentira. Mas essa noite eu estou fingindo que não tenho nada para fazer. Quer se juntar à mim?

— Parece uma ideia ótima.

— Que bom. – ela sorriu. Marlene pegou uma bebida no bar e Lily a encarou. A amiga disse um "só esse" e ela revirou os olhos. James levantou a sobrancelha – Ela é extremamente, profundamente, irreversivelmente fraca para álcool – explicou. – Uma vez ela bebeu literalmente duas latinhas de cerveja e saiu correndo pelada pelo corredor.

Ele riu alto, quase deixando o próprio copo cair. Ele olhou para a menina ao seu lado que conversava animada com os amigos e não conseguiu tirar a imagem da cabeça sem uma gargalhada.

— Frank, o baterista, também –falou, quando se recuperou – no último show deles, ele bebeu um pouco demais e desmaiou no meio da apresentação. Nunca vi Alice tão brava.

— Quem é Alice? – Lily perguntou em meio à risos.

— A esposa dele. – ele a viu levantar as sobrancelhas - Eles se casaram cedo porque acredite ou não, ele é religioso. – falou. Lily quase cuspiu a bebida para segurar a risada – Bom, e fazia sentido. Eles namoram desde os 14 anos.

— Quantos anos eles têm?

— 22.

Ela soltou um assobio baixo.

— Fofos. Mas acho muito cedo para decidir o futuro assim, você não acha?

James concordou enfaticamente com a cabeça.

— Acho.

Os dois olharam para o palco levados pela onda do pensamento. James achou melhor mudar de assunto.

— Acabo de perceber que te convidei para um show sem nem perguntar o estilo de música que você gosta.

Ela sorriu, apoiando o copo quase vazio no balcão.

— Ah, você sabe. Adoro cantos gregorianos². Poderia ouvir o dia todo. E também fundei um grupo para convencer as pessoas que rock é a música do diabo.

James gargalhou porque acreditou por um segundo que ela gostasse de Cantos Gregorianos. Ela era imprevisível assim. Mas a parte do rock era difícil.

— Estou brincando – ela sorriu, apoiando o braço no ombro dele – Gosto de rock assim. Meio alternativo. Meio "estou-tentando-parecer-legal-com-um-cigarro-na-boca-e-óculos-escuros". Você me trouxe ao lugar certo.

James piscou lentamente, abrindo um sorriso. Ele ouviu a risada dos amigos meio distante e se perguntou se agora era a hora de arrastá-la para o canto.

Acabou que eles ficaram conversando por quase mais uma hora antes que a oportunidade surgisse. Em sua defesa, o assunto simplesmente fluía. Era praticamente impossível não conversar com ela.

Mas depois de muito tempo e alguns copos de bebida a mais, na pausa do show, ela começou a brincar com os botões da camisa jeans dele. Marlene já tinha passado da cota pré-estabelecida há muito tempo e tinha vindo duas vezes beijar a amiga no rosto. Na última vez, até ele recebera um. Eles estavam rindo disso enquanto a menina se afastava, quando Lily o puxou pela gola e o beijou, colidindo seus lábios quase com força demais. James riu durante o beijo porque reparou que ela estivera esperando por isso tanto quanto ele.

James colocou a mão no pescoço dela, puxando-a para mais perto quando alguém se espremeu ao seu lado do bar para tentar ser atendido. O cabelo dela roçou em seus dedos, e ele sorriu porque lembrou-se repentinamente do quanto tinha achado macio da última vez. O quão estranho seria se ele perguntasse a ela se usava algum produto?

Lily aproximava o corpo o máximo que conseguia, às vezes até subindo na ponta dos pés para alcançá-lo. Ela era tão quente que por um segundo pareceu que eles tinham mergulhado numa banheira de água fervente. Ou talvez fosse a proximidade que os dois corpos se encontravam. Ele sentiu ela segurando seu cabelo com uma força que quase não dava para acreditar que saía de uma menina assim.

Ao fundo, a banda começava a tocar um cover de Arctic Monkeys. James reconheceu a música porque fazia parte do CD que ele dera a Sirius de natal. Por algum motivo, combinava perfeitamente com o momento. Principalmente porque fizera as pessoas ao seu redor correrem para perto do palco e eles agora estavam menos apertados. Não que isso os fizesse se desgrudar. Pelo contrário, pareceu até ela estava tentando fundir o seu corpo com o dele durante o beijo.

James levou a mão à cintura dela e contornou o cós do jeans. Ele colocou apenas a as pontinhas dos dedos por dentro do shorts de cintura alta e ela estremeceu ao sentir a mão gelada dele em contato com as suas costas, o que o fez rir.

— Vou jogar gelo dentro da sua calça para você ver se é bom – Lily murmurou em seu ouvido quando eles se soltaram e ele continuou os beijos pelo pescoço dela. – Vou virar um freezer inteiro aí dentro.

Ele riu e voltou a beijá-la. Alguém passou batendo palmas e mesmo de olhos fechados, ele tinha certeza de que provavelmente era um de seus amigos.

James estava se perguntando quando tinha sido a última vez que beijara alguém por tanto tempo assim quando ela recuou a cabeça e ele (a contragosto) a encarou confuso.

— Você por acaso não mora perto daqui também, mora? – ela perguntou com a voz ligeiramente rouca.

— Infelizmente não – ele sorriu. O batom dela tinha saído quase inteiro e ele tinha a séria impressão que estava tudo em seu rosto. – Mas tem ônibus. Trem. Taxi. Helicóptero. O que você quiser.

Ela sorriu beijando-o de novo, mas não tinha nem se aproximado o suficiente quando alguém bateu em seu ombro. Ele pensou em ignorar mas ouviu Remus bufar irritado um "Prongs, caramba".

Eles se soltaram e James encarou o amigo irritado.

— Marlene está passando mal no banheiro feminino – Remus soltou, fazendo o favor de ignorar a boca vermelha do amigo. – Alice está lá com ela.

Lily soltou um suspiro irritado, mas que deixava claro que estava acostumada com aquela situação. Ela passou a mão pelo cabelo dele, um gesto de carinho que James não estava esperando, como se ela pedisse desculpas pelo imprevisto.

— Vou ter que levá-la para casa .

James fez uma cara de tristeza que a fez rir. Ela lhe deu um beijo rápido, mas ele continuou com a cara comicamente triste.

— Amanhã – ela disse, aproximando o rosto de seu ouvido como se fosse um segredo– É aniversário de uma amiga. Você pode ir, se quiser. Eu ia gostar muito. Te passo o endereço por mensagem, ok?

James riu baixo. Ela olhou para a boca dele. Estava vermelha e inchada.

— Tá, mas vai passar mesmo. E vê se usa o celular da Marlene se o seu não funcionar.

À menção do nome da amiga, Lily levantou as sobrancelhas como se lembrasse porque tinha que ir embora. Ela sorriu e o beijou uma última vez antes de se afastar.

James a observou se esquivar entre a plateia em direção ao banheiro feminino e virou-se para pedir outra cerveja. Ele se convenceu que o aperto no estômago que sentia era por causa da bebida e não pela cascata de cabelos acobreados que sumia na multidão.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

¹ Haicai é um tipo de poema composto por 3 versos.

² Cantos gregorianos é um gênero de música basicamente composto literalmente por monges cantando num coral, comum do século XIV (mas existe até hoje).



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tangled Hearts" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.