Tangled Hearts escrita por bmirror


Capítulo 2
Capítulo 2: Sobre a manhã seguinte


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pela recepção dessa minha nova onda de inspiração ♥ . Vocês são fofíssimos e me inspiram todo dia.
Espero que gostem desse porque eu escrevi enquanto deveria estar estudando, hehe.



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Lily Evans costumava brincar que Deus tinha lhe concedido três presentes: o primeiro é que sempre sabia dizer as horas antes mesmo de olhar no relógio. Esse era um dom extremamente útil na época da escola. Ela sabia exatamente quando podia parar de prestar atenção porque o horário da saída estava chegando. As pessoas sempre se impressionavam com essa habilidade, mas Lily realmente não sabia explicar como adivinhava sempre.

A segunda coisa é que ela também sempre acertou a bolinha de papel na lixeira. Era outro talento útil quando a preguiça a consumia e ela não queria levantar do sofá para jogar o rascunho que estava fazendo no lixo. Marlene parara de competir arremesso com ela há tempos porque não aguentava mais perder.

E o último, porém mais importante, é que ela não tinha ressaca nenhuma. Quer dizer, uma vez aos dezesseis ela passou muito mal depois de beber em uma festa. Mas é porque um de seus colegas da escola trouxe uma bebida esquisita da Tailândia e ela não se adaptou muito bem. Fora essa ocasião, ela nunca mais sentira nenhum efeito colateral do álcool. Suas amigas da universidade diziam que um dia ela iria perder esse dom porque simplesmente não era justo que a vida para Lily Evans fosse assim tão fácil.

É por isso que o que a acordou naquela manhã não foi o mal estar que geralmente acompanhava as noites de bebedeira, e sim uma fresta irritante que projetava um raio de luz em seu rosto.

Ela tentou ignorar o sol que se apertava em pequenas frestas, forçando sua entrada no quarto, o máximo que pôde. Lily pensou, antes de abrir os olhos, que a primeira coisa que faria ao acordar de verdade seria implorar para Marlene comprar uma cortina nova. Essa não estava mais funcionando. Não dava para dormir no quarto dela com essa persiana toda rachada.

Ela franziu a sobrancelha e olhou para o teto, abrindo as pálpebras lentamente. Por que é que estava dormindo no quarto da amiga mesmo? E por que o lustre estava diferente? Ela lembrava especificamente de ir com Marlene até aquele antiquário negociar um lustre da época vitoriana que estava em...

E então veio a lembrança da noite anterior. Ela com certeza não estava dormindo no quarto de Lene. Lily se moveu e sentiu o músculo do pescoço se alongar. Ela tinha dormido na mesma posição quase a noite inteira. Precisava se espreguiçar.

Sentou-se na cama, tomando consciência de que estava completamente nua. Ela puxou o lençol cinza até o pescoço, tomada pela vergonha de acordar pelada ao lado de outra pessoa. Mas, agora olhando para seu companheiro da noite, ela percebeu que não tinha muito o que se preocupar. Ele dormia um sono profundo, completamente alheio à influência solar que suas persianas velhas não bloqueavam. E também completamente alheio à presença dela ali. Ele estava de bruços, com os braços embaixo do travesseiro e a boca meio aberta. Lily não resistiu e levantou o lençol que cobria a parte inferior do seu corpo para ver se ele também estava pelado. Estava. Ela se sentiu uma menina de quinze anos novamente ao segurar uma risada travessa para não acordá-lo.

Como era mesmo o nome dele...? Era algo forte, com uma tonalidade...ah! James. Ela se lembrou de ter gostado isso dele – o nome combinava completamente com o rosto. Sem contar que ele era bem gostoso. Ela o tinha visto de relance na noite anterior, um pouco antes daquele David idiota chegar. Ele tinha um cabelo bem legal, mas precisava de um corte.

E agora, vendo-o sem roupa...Lily queria poder se dar um troféu. Marlene costumava dizer que seu gosto para homens era péssimo, mas se ela pudesse ver o rapaz que dormia ao seu lado, iria bater palmas para ela com certeza.

Lily se levantou fazendo o menor movimento possível, e caçou suas roupas pelo chão do quarto. Ela achou o sutiã de renda perto do pé da cama e sorriu para si mesma. Era a primeira vez que o usava. Isso só podia significar que tinha se tornado seu novo sutiã da sorte. A blusa jazia em um montinho ali no chão. Deus! Lene ia zombar tanto dela quando voltasse para casa com as roupas amassadas da noite anterior.

Ela abriu uma porta ao lado do armário e agradeceu ao encontrar um banheiro. Lá podia se ajeitar melhor. A maquiagem de ontem já tinha saído quase completamente, mas ela achou melhor lavar o rosto mesmo assim. Pelo menos se sentiria mais limpa. O cabelo, no entanto, não tinha muito jeito. Ela vasculhou o gabinete abaixo da pia, mas não encontrou uma escova sequer.

Estava pensando como se despediria (deixaria um bilhete? Como seria melhor acordá-lo?) quando alguém bateu na porta. Não foi nada delicado, foi quase como se uma empilhadeira passasse por cima do apartamento. O susto a fez pular no lugar.

— PRONGS – alguém gritara do outro lado. – PRECISO DE ANALGÉSICO A-G-O-R-A!

Ela olhou para James rapidamente, esperando que isso não tivesse o acordado. Mas ele já resmungava, virando-se no colchão. Pelo menos resolvera a questão do que fazer a seguir.

Ele piscou os olhos várias vezes antes de se sentar, e só então percebeu a menina no canto do quarto com a mão que escondia um sorriso teimoso. Ela o viu fazer uma careta em direção à luz e depois levar a mão à cabeça. Ele gemeu quando a pessoa atrás da porta tentou girar a maçaneta com força. Lily percebeu que ele obviamente não dividia o mesmo presente de Deus que ela.

— Por que a porta está trancada? – Perguntou a pessoa, desesperada para entrar –Potter você nunca tranca essa porta, o que é qu...

E então, com pena da cara de dor que ele fazia, Lily destrancou e abriu a porta de supetão. O rapaz que estava apoiado nela precisou se segurar no batente para não cair dentro do quarto. Ele estava com uma cara parecida de sofrimento, com os cabelos escuros num embaraço absurdo. Seus olhos claros se arregalaram ao perceber que quem abria a porta não era de fato James, e sim uma garota.

Lily sorriu sem graça e disse rapidamente:

— Ele já vai.

No que o menino respondeu um "ok" e fechou a porta ele mesmo.

— Obrigado. Ele não ia parar – James falou com uma voz fraca, arrastando-se no colchão para sair. Um pouco antes de tirar o lençol, ele se deu conta que não vestia nada, e percebeu que não poderia sair dali. Então voltou a se cobrir rapidamente.

Lily pegou a primeira coisa que achou – um par de calças de moletom velho – e atirou em sua direção. Ela desviou o olhar porque não ia aguentar a visão dele tentando colocar as calças por baixo do lençol sem cair na gargalhada.

Quando ele enfim saiu da cama, ela reabriu a porta. Não tinha mais ninguém do outro lado, mas ela podia ouvir cochichos vindo do outro lado do corredor. Então pegou o casaco e o lenço e os vestiu. Não estava frio, mas pelo menos escondia a aparência desleixada que a blusa estava causando. Depois colocou a bolsa de qualquer jeito sobre os ombros.

James cambaleou até o banheiro e ela ouviu o barulho da água saindo da torneira. Ele gritou um "argh" mais para si mesmo do que para outra pessoa. Quando voltou para o quarto, seu rosto e boa parte do cabelo estavam bem molhados.

— Quer comer alguma coisa? – perguntou, a voz um pouco mais forte agora. Ela teve a impressão de que ele estava tentado manter uma aparência não tão...morta.

— Ah, obrigada, mas não precisa. Acho que vou para a casa mesmo.

Ele tateou a superfície do criado mudo e quando não encontrou o que procurava, tateou o chão ali próximo. Por fim, pegou os óculos que usava antes e os colocou no rosto.

— Ah, posso oferecer pelo menos uma refeição de despedida – ele sorriu, ainda com uma careta. – Quer dizer, por "refeição" eu quero dizer uma caneca de café.

Lily pensou em negar, seria menos constrangedor. Mas ele estava fazendo uma cara muito fofa, precisava admitir. Então antes de se dar conta, ela concordou com a cabeça.

Ele a guiou porta afora, mantendo-se atrás dela até chegarem em uma sala iluminada. James gemeu de novo e cobriu os olhos por baixo dos óculos. Era uma casa tipicamente masculina – tinha um sofá velho cinza, um pufe perneta e uma poltrona verde com uma aparência muito confortável, todos apontando para uma enorme televisão.

Do lado esquerdo, em um esquema de cozinha americana, ficava a cozinha. Lily sentiu seu rosto esquentar consideravelmente quando viu três rapazes a encarando curiosos como se ela fosse uma zebra que fugira do zoológico.

Ela estava decidida a mudar de ideia e andar até a porta para ir embora, mas James passou por ela e foi até a bancada, como se não houvesse nada de diferente naquela manhã.

— Vocês fizeram café? – James perguntou, pegando duas xícaras descombinadas em um dos armários.

Isso pareceu fazer os amigos despertarem do transe. Um deles pigarreou e virou-se para ele. O outro contornou a mesa e puxou uma das cadeiras para ela. Lily agradeceu com um sorriso sem graça e se sentou.

— Moony fez – o garoto com cabelos cor de areia sentado à sua frente disse. Ele estava virando uma caixa de cereal em uma tigela verde. Ele pareceu frustrado quando a caixa acabou, mas deu os ombros e colocou leite mesmo assim.

James colocou uma caneca à sua frente e ela sentiu o cheiro forte da bebida. Café, infelizmente, era um de seus vícios. Ela sorriu em agradecimento e ele retribuiu com uma piscadinha. Depois sentou ao seu lado e bebeu da própria caneca.

— Peter – o menino que puxara sua cadeira e agora estava em pé, encostado na geladeira, disse com uma voz suave. Ele era o único que não parecia sofrer com ressaca. – Não acredito que você vai comer o cereal sem oferecer à...

— Lily – ela respondeu depois de dar um gole no café. Pareceu acordar todas as células de seu corpo e ela ficou feliz pela primeira vez na manhã por não ter ido embora correndo na primeira oportunidade. – E não precisa, eu agradeço pelo café de qualquer jeito.

— Nós moramos do lado de uma cafeteria, ninguém pode ir lá buscar um bolinho para ela? – Peter perguntou, preparando-se para colocar a primeira colherada na boca.

Lily achou graça e olhou para James. Ele encarava o amigo com as sobrancelhas franzidas.

— Larga a mão de ser mal educado – disse. Ela bebeu mais da caneca. Fazia tempo que não gostava tanto assim de um café caseiro. Nem ela, nem Marlene sabiam fazer direito. – Eu que comprei esse cereal, por sinal. Pode ir dando para ela.

Peter revirou os olhos, mas empurrou a tigela em sua direção. Ela balançou a cabeça negativamente, mas ele continuou empurrando. Pareceu que agora ele fazia por honra. Sua mãe sempre dissera que negar um presente era tão mal educado quanto pedir descaradamente por um. Então ela falou:

— Vamos dividir, então.

Ela sorriu, pegando uma colher em cima da mesa e colocando a tigela no meio do caminho. Peter se ajeitou na cadeira para poder alcançar o cereal também.

— Gostei dela – disse, fazendo-a rir com a colher na boca.

James riu fraco ao seu lado e virou todo o conteúdo a caneca fazendo uma careta.

— Esse aí é Peter – apontou para o menino com quem dividia o prato. Depois apontou para o que estava de pé – Esse é Remus. – E por fim, apontou para o moreno que agora apoiava a cabeça nos braços. – E esse é Sirius. Ele provavelmente morreu, então não precisa decorar o nome dele.

Ela deu uma risada, e Sirius levantou a mão em um gesto rápido.

— Não, ainda está vivo – Remus sorriu, bebendo um copo do que parecia ser suco de laranja. – Que horas são?

Lily olhou ao redor e para o alcance do sol nas tábuas do piso de madeira. O apartamento não era tão grande, mas parecia um lugar bem confortável de ficar. Era pelo menos o dobro do tamanho do seu, e o teto também parecia mais alto.

— Provavelmente dez e pouco – respondeu, dando os ombros. Eles olharam para um relógio que ficava acima do fogão. Marcava 10:07.

— Como você sabia? – James se virou boquiaberto. Ela deus os ombros e piscou com um olho só, segurando o café com as duas mãos. – Isso é coisa de vidente. Rápido, qual é a cor da cueca de Padfoot?

Ela encarou James, sem ter a menor ideia de quem seria "Padfoot". Como Remus e Peter soltaram risadinhas em uníssono, ela imaginou que seria o desmaiado.

— Preta.

— Ha – Sirius falou, levantando a cabeça só o suficiente para encará-la – errou. Estou completamente pelado.

— Ah, ok. Não precisava saber disso – ela franziu o nariz. Apoiou a caneca, agora vazia, na mesa e deixou a colher que segurava na tigela de cereal. – Bom, James, acho que agora eu vou embora mesmo.

Ele levantou as sobrancelhas.

— Não se intimide pela nudez de Sirius. Nós já nos acostumamos. – disse, fazendo uma cara de seriedade, mas rindo em seguida. Ela riu e se levantou.

— Ha, não, mas acho melhor ir logo – completou, levantando o rosto porque James se levantara também. Ela não tinha percebido o quão alto ele era ontem à noite. – Ainda não dei notícias. É melhor eu ir para casa ou a Interpol vai estar atrás de mim logo, logo.

Os meninos riram.

— É, não podemos nos meter com a Interpol de novo – Remus disse, balançando a cabeça e sorrindo. Ela sorriu.

— Tchau. Obrigada pelo café – falou, indo até a porta. Ela ia se virar para se despedir de James, mas ele a acompanhou.

Lily ficou repentinamente sem graça. Como deveria se despedir? Nas poucas vezes que fizera algo parecido (e podia contar nos dedos da mão), ela tinha ido embora antes do cara acordar, ou não tinha nem passado a noite.

Ela colocou o cabelo atrás da orelha timidamente e abriu a boca para falar algo, mas James a cortou, apoiando-se no batente da porta de entrada.

— Então...como posso me comunicar com você? Tenho que fazer sinal de fogo com o isqueiro que me deu?

— Até poderia – ela fingiu pensar – mas eu não teria como responder, já que meu único isqueiro agora é seu.

Ele riu. Ela procurou algo na bolsa e achou uma caneta. Depois pegou um recibo antigo da farmácia e rabiscou seu número de telefone.

— Olha, o meu celular é muito antigo, então tenha paciência – Lily lhe estendeu o papelzinho com um sorriso. – muita paciência.

Ele sorriu e guardou o papelzinho em um bolso da calça. Então, antes que ela pudesse dar qualquer outro tipo de despedida que planejara, ele segurou seu rosto e a beijou bem de leve. Ela sorriu e se afastou, mas ele a observou descer as escadas até ouvir o "clique" da porta do prédio.

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— Puta merda, Lily Evans, onde é que você estava? – Ela ouviu assim que pisou na soleira do próprio apartamento. Lily conseguiu inspirar uma vez antes de ser atacada por um bolo de cabelos castanhos. Marlene a segurou pelos ombros e a chacoalhou sem delicadeza nenhuma – Você não me mandar mensagem, normal, estou acostumada. Mas imagine a minha surpresa ao chegar em casa hoje de manhã e não a encontrar em lugar nenhum? Quase tive um infarto.

Passava um pouco do meio dia. Lily tinha se distraído um pouco no caminho, era verdade, mas isso porque decidira descer algumas estações antes do ônibus e ir andando até em casa. Estava ligeiramente quente, então ela amarrara o casaco na cintura e guardara o lenço na bolsa.

Ela gostava de passear no domingo de manhã. A cidade parecia relativamente menos caótica. Crianças passeavam com seus pais, e não com babás. Casais andavam de mãos dadas, demorando-se perto das bancadas de flores. Era impressão ou a população no geral parecia mais feliz? Devia ser a chegada da primavera.

Lily balançou a cabeça, fechando a porta do apartamento com o pé.

— Achei que você só chegaria de noite – sorriu, se desvencilhando do aperto da amiga – Estava ruim lá em Northampton?

Ela balançou a cabeça, afastando o cabelo do rosto.

— Estava um tédio, isso sim – Marlene andou até o sofá branco na pequena sala do apartamento minúsculo que dividiam. Elas estavam sempre mudando a decoração. Dessa vez as almofadas combinavam com a parede verde água. Marlene pegou uma sacola de plástico branca e a entregou à amiga. – Eu achei que seria melhor voltar para cá e te animar com um pouco de chocolate.

— Uh, chocolate é sempre uma boa ideia.

As duas sentaram-se no tapete felpudo que Lily trouxera da casa da sua mãe. Marlene virou a sacola de cabeça para baixo e caçou um snickers.

— E então – repetiu com a boca cheia – onde é que você estava?

Lily ficou mais do que feliz em contar tudo o que acontecera na noite anterior. Eram esses pequenos momentos que ela adorava em morar com uma amiga. Ela nunca tivera um bom relacionamento com a irmã, e sabia que ela fora muito solitária quando morou sozinha. Agora que ia casar, talvez as coisas melhorassem. Um marido talvez trouxesse a felicidade que Petunia Evans não conhecia, mas nada se comparava a poder se sentar com a melhor amiga num tapete e conversar coisas sem importância, como meninos e chocolates.

Marlene era uma boa ouvinte: reagia com "ah!" e "oh" nos momentos apropriados, e quando ela lhe contou sobre a altura de James, a amiga fingiu desmaiar.

— Mas...e vocês combinaram alguma outra coisa? – ela perguntou, quando a história chegou ao fim. Lily balançou a cabeça com indiferença enquanto virava o saquinho de m&ms que chegara ao fim.

— Nah, deixei meu telefone, mas não sei se quero sair com ele de novo.

Lene revirou os olhos.

— Mas por que? Achei que você tinha gostado do menino.

— Gostei, ué, mas não estou querendo nada com ninguém no momento. – Ela deu os ombros. – Lene, estou no meio de uma graduação, louca de coisas para fazer, sem paciência nenhuma para homens. Foi divertido passar a noite com ele, com certeza, mas era o que eu precisava para desestressar. Agora tenho que voltar à confusão que é minha vida.

— Ai, Lils, que besteira. Uma coisa não exclui a outra.

— Você diz isso porque acha um desperdício negar um homem alto.

Elas riram

— Querida, acho um desperdício negar qualquer homem.

Lily jogou a cabeça para trás para gargalhar e acabou deitando no tapete. Ela pensou, olhando para o teto, que o seu era muito melhor pintado que o do quarto de James.

Marlene tinha razão, mas Lily tinha poucas certezas na vida e uma delas era o seu futuro. Essa era a época de se concentrar nele. Talvez ela ligasse para James daqui a um tempo...no ano que vem, talvez. Ele era divertido e muito bom de cama, não podia negar, mas não era o momento para pensar nesse aspecto da sua vida.

Ela estudava Literatura na Universidade de Artes de Londres, e ficava muito feliz em perceber que se destacava dos seus colegas. Uma de suas professoras tinha até lhe dito que se o seu desempenho continuasse assim, ela poderia trabalhar na editora dela no final do ano. Isso quase a deixara em êxtase, mas precisava manter o...

Ela não conseguiu concluir o raciocínio porque sentiu o telefone em seu bolso vibrar. Lily o segurou na mão e leu na telinha uma mensagem de um número desconhecido. Ela soube imediatamente de quem era.

"Chegou em casa? Sem Interpol te esperando?. xx" 

Ela não conteve uma risada e Marlene a olhou com suspeita.

— Espera um pouco...você tá olhando para o seu celular e rindo...Lily Evans, você está falando com o menino, não está? O altão?

— Não estou não, sai pra lá – ela mentiu, empurrando a amiga com o pé para impedi-la de se aproximar.

— Está sim, sua mentirosa!

Lily a ignorou porque digitava rápido (ou o mais rápido que conseguia num celular do século passado):

"Sem Interpol, mas Marlene de cara feia me aguardando. Mil vezes mais assustador"

Ela sorriu para a própria resposta e sentiu algo em seu estômago se revirar. Não, ela não precisava se envolver em nada. Precisava de um banho, isso sim.

"Coitada. Pode pedir asilo político quando você quiser", ele respondera.

— Você está proibida de respondê-lo se não tiver interesse nele – Marlene resmungou. Lily a ignorou e bufou. Que raiva tinha dele por ser tão fácil de conversar. Não dava pra ignorá-lo tão facilmente assim.

"Tudo bem. A hora dela vai chegar, e aí será a minha vez de ser assustadora".

Ela se levantou com um suspiro e atirou o celular para trás do sofá. Talvez assim ela resistisse à vontade de mandar mais mensagens para James.

Lily ouviu o telefone vibrar, mas se recusou a olhar a resposta. Ela tirou a blusa ainda no corredor e enfiou toda a roupa que usava no cesto de roupa suja. O que ela precisava, pensou, não era de um menino com um papo charmoso. Era de um banho bem frio.

 

 


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Notas finais do capítulo

O próximo talvez demore um pouco (Calma! não tanto assim, rs), mas enquanto isso, comentem para que eu saiba o que vocês estão pensando! Sugestões, críticas e receitas de bolo são muito bem vindas! Beijão em todos ♥



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