Luzes. Uma das coisas mais bonitas de se ver na noite parisiense eram as luzes. A Torre Eiffel iluminada era a maior prova disso.
Apesar de gostar de observar o céu iluminado, Marinette fechou a janela assim que sentiu um vento frio invadir o seu quarto, porém antes que o fizesse, uma mão a interrompe, ou melhor, uma pata.
— Chat Noir?
— Em charme e garras. - ela riu com a piada idiota. Queria que Ladybug risse assim das minhas piadas.
— Porque veio aqui?
— Ah sabe, hoje é dia dos namorados e como falhei em entregar o presente para a garota que eu estou a fim, vim aqui tentar ser consolado. - riu pelo nariz.
— Sei como é, falhei também em entregar meu presente para o garoto que eu gosto.
— Então que bom que estou aqui, assim podemos chorar enquanto olhamos algum filme de romance e falamos sobre nossas frustrações amorosas. - brincou.
— Ah claro, claro. - ela sentou na cama e ele fez o mesmo. Marinette pegou uma sacola que estava em cima da mesinha e entregou para Chat Noir.
— O que é isso? - ele perguntou segurando a sacola.
— É o presente que eu ia dar para aquela pessoa. - o felino abriu a sacola e se deparou com alguns docinhos - Eu que fiz e se não comer hoje vão estragar, então fique com você já que teve o mesmo problema que eu. - Adrien sorriu.
— Obrigado princesa. - ele tirou a mão que estava nas costas e entregou para azulada uma caixinha em formato de coração. - Comprei uns chocolates para aquela garota, mas agora são seus.
— Muito obrigada Chat. - Marinette pegou a caixa e depositou um beijo na bochecha do loiro que ficou levemente corado. - Não sabe o quanto é difícil não conseguir se declarar para a pessoa que você gosta. Me sinto uma perdedora.
— Parece que somos dois perdedores então. - Chat Noir disse enquanto comia um dos doces de Marinette.
— Chat Noir e Marinette, a dupla de perdedores. - os dois fizeram um cumprimento de soquinho como o felino fazia com Ladybug ao derrotarem um akuma.
— Bela dupla. - ele riu - A propósito, estão deliciosos. - apontou para os doces. Marinette sorriu e comeu um dos chocolates.
— Nossa, são muito bons. - disse ela.
— Então, quem é esse garoto que roubou seu coração? - a azulada corou de leve.
— Porque quer saber?
— Porque preciso avaliar se ele será bom o suficiente para a minha princesa. - ela riu.
— Vou dizer assim que você falar quem é a menina que você gosta.
— Golpe baixo. - Marinete soltou uma risada fraca e baixou a cabeça, pensando em como era patética quando se tratava de Adrien. Ela simplesmente não conseguia falar uma palavra e isso a corroía por dentro. - O que acha de sairmos um pouco ao invés que ficarmos pensando em nossos problemas amorosos? - sugeriu ficando de pé e percebendo a tristeza da amiga.
— Sair? - ela o acompanhou - Mas para onde?
— Diga-me, tem medo de altura? - ela negou com cabeça e o gato a segurou pela cintura e logo saiu pela janela, com a ajuda do seu bastão saltou e foi indo até o topo da Torre Eiffel. - É uma ótima vista não acha?
Marinette foi até o parapeito e aproveitou para olhar a noite. Não é como se nunca tivesse estado lá, pois aquele era o ponto de encontro dela do parceiro para as rondas noturnas, mas hoje, parecia que Paris estava mais bonita. Talvez seja porque ainda é dia - ou melhor, noite - dos namorados e como aquela era a cidade do amor, não é a toa que as luzes estavam mais intensas.
— Acho. - o felino observou a expressão serena de Marinette enquanto ela admirava a vista e se posicionou ao lado dela.
Nunca pensou que pudesse estar observando as luzes da cidade do topo da Torre Eiffel ao lado da garota que sentava atrás de si na sala de aula. A mesma garota que achou que o odiava pelo fato de sempre gaguejar ou falar coisas sem sentido na presença dele. Talvez seja uma boa hora para esclarecer.
— Você odeia alguém? - a azulada olhou confusa para ele.
— Acho que não, porque?
— Nada não. - ele não se contentou - Tem certeza? - ela assentiu ainda confusa - Nenhum colega que você não goste?
— Bom, para falar a verdade tem sim. - ele arregalou os olhos de leve - Não sou muito fã da Chloé, mas não chego a odiá-la.
— Mais ninguém?
— Não. Porque a pergunta? - será que ela tinha vergonha de falar que odiava ele?
— Ah, é porque sabe... eu sou amigo daquele seu colega, o Adrien. - Marinette desviou o olhar corando de leve, mas o felino não percebeu. - Ele me disse que você age meio estranho com ele. Na verdade ele acha que você o odeia.
— O Adrien falou de mim para você? - ele assentiu - Oh céus, eu não acredito que ele acha que eu o odeie. - ele levou a mão até o rosto.
— Então você não o odeia?
— Não, claro que não.
— E o que sente por ele? - aquela pergunta atingiu Marinette em cheio.
— Ãhn... e-eu... s-sabe... - ah, ela estava gaguejando de novo. Será que a deixei desconfortável? É isso, talvez seja por isso que ela gagueje na minha presença.
— Você fica desconfortável perto dele? - ela assentiu. - Porque?
— Promete que não conta para ninguém? Nem pro Adrien?
— Sim. - ele se aproximou atento.
— É que bom... eu acho que... - Marinette viu que Chat permanecia sério e a observava com atenção - É que eu gosto dele. - os dois coraram violentamente.
— Hum... - foi só o que ele disse. Ainda não havia caído a ficha que aquela garota que ele achava que o odiava , na verdade gostava dele.
— Hoje eu tentei entregar meu presente para ele, mas eu simplesmente travei e quando finalmente tive a coragem, ele teve que ir antes que eu conseguisse chegar perto dele. - riu pelo nariz. - Então... agora que eu falei de quem eu gosto, acho que é sua vez. - tentou desviar o assunto.
— Ah, é? Bom, acho que não é difícil. - a azulada o encarou - Eu a vejo praticamente todos os dias, mas sempre que tento me declarar, um bipe nos separa.
— É a Ladybug? - Marinette perguntou receosa e ele confirmou com a cabeça. - Hum... - foi a vez dela ficar pasma.
— Ela é maravilhosa, sempre tentando ajudar à todos. É determinada, alegre e tem um senso de justiça inabalável. - os dois coraram de novo.
— N-Não sabia que pensava tudo isso dela. - Marinette gaguejou, mas o felino nem percebeu. Chat Noir soltou uma risada fraca.
— E porque você gosta do Adrien? Ele não parece meio superficial para você?
— Não o vejo dessa forma.
— Como assim?
— É que as garotas que são gostam dele, são apaixonadas por Adrien Agreste, modelo e filho do maior estilista de Paris. Mas eu vejo o quanto ele é fofo, gentil e inteligente. Não interessa se estampa uma capa de revista ou não. - o garoto sorriu. - No entanto, eu sou um desastre total, ele nunca olharia para mim. - a azulada abaixou a cabeça.
— Ei, não fale assim. - Chat Noir segurou no queixo dela e levantou sua cabeça, fazendo com que os olhares se cruzassem. - Você é uma garota incrível. Adrien é um idiota por não perceber isso. - engoliu em seco.
Enquanto o gato morria de amores para joaninha que não lhe retribuía o sentimento, sequer olhou em volta e percebeu que havia uma garota tão maravilhosa quanto Ladybug que gostava dele.
Marinette pensava da mesma maneira. Ficou tão cega de amores por Adrien, que não notou o quanto seu gatinho admirava ela.
Chat Noir não esperou muito para tomar os lábios de Marinette para si. No começo a garota arregalou os olhos, mas depois cedeu enquanto levava suas mãos até o cabelo do gato.
A azulada acariciou os cabelos dele e o ouviu ronronar entre o beijo, fazendo com que ela soltasse uma risada fraca. Assim que se separam por causa da falta de ar, permaneceram encarando um ao outro.
— Você é o primeiro garoto que ronrona. - riu de leve.
— Isso é porque eu sou um gato.
— Tecnicamente você ainda é um garoto.
— Tudo bem, você venceu. - eles riram e voltaram a encarar a noite, como se nada tivesse acontecido. - Sabe, eu posso não ser exatamente o cara que você gosta, mas... - hesitou - Quer dizer, é bom estar aqui com você. - ela corou e olhou para ele.
— Isso foi muito gentil da sua parte. - sorriu sincera - Obrigada. - ele se aproximou dela e a abraçou.
— Queria poder ficar a noite toda aqui, mas amanhã você tem aula e não pode se atrasar.
— Eu me atrasar não seria novidade. - riu de leve - Acho que podemos ficar mais um pouco.
— Tem certeza?
— Tenho. - Marinette fez uma expressão extremamente fofa e Chat Noir a beijou novamente.
Em meio a ronronados e risadas, iluminados pelas luzes da cidade, aquela noite dos namorados havia sido a melhor noite da vida dos dois.