As Palavras Não Ditas escrita por Izzy Lancaster Hutcherson


Capítulo 3
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Voltei bem rápido viu!
Prometi e aqui estou eu, tinha a pequena sensação de que se o capítulo não fosse postado hoje eu iria para a arena (brincadeirinha kkkkk).
Depois desse vai faltar apenas dois capítulos e POW! Epílogo. Preparados? Eu não estou. Enfim boa leitura :)



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Capítulo II – Only You

Katniss

Aperto o casaco contra o peito, tentando me manter mais aquecida. Larguei o calor da Califórnia pelo frio de Dublin a um ano e três meses atrás. Larguei meu passando no dia em que pisei no portão de embarque, mas eu não me arrependia.

— Eu poderia matar a ruiva, somente ela para me fazer largar o aquecedor lá de casa – fala Johanna irritada ao meu lado.

Estamos encarando o frio em plena avenida para poder pegar nossa amiga e colega de apartamento no aeroporto. Ela acaba de voltar dos Estados Unidos, foi visitar a família e nos ligou ontem dizendo que voltava hoje pela tarde. Então aqui estou eu, andando pelas ruas acinzentadas e movimentadas de Dublin a caminho do aeroporto, enquanto ouço reclamações de Johanna, que foi praticamente arrastada por mim.

— Vamos fazer esse sacrifício, conseguimos arranjar o atestado falso que foi um grande feito – comento rindo daquela pequena e ilegal travessura – Você é uma vândala, amiga.

— Não tanto, só tenho contatos. Vândala é aquela sua amiga baixinha, como é o nome dela mesmo?– pergunta enquanto atravessamos na faixa de pedestre.

— Clove, o nome dela é Clove e sim, ela é uma vândala – digo concordando fazendo rir.

Johanna havia conhecido Clove em uma das chamadas de vídeos que fazíamos, sempre nos falávamos toda semana e estávamos sempre a par das novidades de ambas as cidades. Em uma de nossas conversas Clove contou que sem querer havia pichado um dos bancos da faculdade escrevendo: Vocês não podem me controlar bitch!

Segundo ela estava sob adrenalina e nem tinha pensando antes de comprar o jet e pichar o banco. Ela disse que precisava apenas descontar sua raiva de um grupo da faculdade (que ela nomeou de grupo das plásticas), do Cato e da sua mãe. Elas nunca tiveram uma relação muito calma, desde que os pais se separaram e Clove foi quase obrigada a morar com a mãe, que mal parava em casa pois estava sempre trabalhando. Elas pareciam duas desconhecidas dentro de um ambiente em comum. Mal se falavam, mal se viam, mal conversavam...

— Chegamos, agora é só esperar a Cresta – comentou Johanna – Ela vai pagar o táxi. Não é justo a gente ter enfrentado o frio e voltar do mesmo modo.

— Tem razão –digo enquanto observo o movimento de pessoas. Vejo algumas pessoas carregando placas em frente ao portão de embarque. A espera de intercambistas.

Quando uma cabeleira ruiva surge no meio enquanto carrega uma enorme mala amarela. Sim amarela, como uma gema de ovo, não acho que se compara melhor com aqueles marcadores de texto amarelo neon. Sorrimos.

Annie Cresta divide apartamento comigo e Johanna, ela chegou um mês depois que eu eu cheguei em Dublin, faltava apenas uma semana para início das aulas e ela estava desesperada por apartamento para lugar. Como Johanna havia ganhado um apartamento dos pais, ela resolveu colocar o anúncio no jornal, em busca de dividir as despesas, assim viramos colegas de apartamento e mais tarde amigas inseparáveis.

— Oi meninas, eu senti tanta falta – comenta enquanto nos abraça.

— Essa sua mala dá para enxergar até de noite. Já te disse o quanto ela é feia – diz Johanna olhando para o objeto amarela na sua frente.

— Gente eu sentei ao lado de uma intercambista e ela era argentina! – diz sorrindo. Annie tem uma enorme paixão por países sul americanos, principalmente o Brasil. Sua avó é brasileira e ensinou o português a Annie, que ensinou a gente, desde então ela promete que nós três passaremos as férias no Brasil, curtindo a praia e visitando o Cristo Redentor.

— Ainda tem sua obsessão em passar as férias no Brasil? – pergunta Johanna pegando sua mala.

— Claro, vovó me falava que eu iria adorar. Você já conheceram Carlão, viu como brasileiro é gente boa – disse

— Não posso negar que a comida é boa.

— Em comparação com o arroz horrível da sua mãe...

— Everdeen! Você não reclamava quando ela fazia nossa comida.

— É porque nunca tinha provado as comidas brasileiras, agora não consigo passar uma semana sem ir naquele pub perto do meu trabalho.

— Gente que bolo de cenoura era aquele?!

Johanna é irlandesa, embora todos pensem que é Annie a nativa da turma. Os pais de Johanna tem uma pequena empresa de design e somos estagiárias, eles nos receberam como filhas e nos ajudam quando podem.

Johanna ama chocolate e bolo de cenoura, mas os bolos de cenoura irlandeses são sem qualquer tipo de cobertura, completamente diferente do brasileiro que vem com uma calda de chocolate por cima e deixa o bolo bem fofinho e macio. Erramos três vezes até acertamos e conseguimos fazer o bendito bolo, que é o nosso especial de sexta feira. Assim como o bolinho de queijo e o brigadeiro.

— Minha avó me fez comer Romeu e Julieta, você tem que experimentar Joh – comenta Annie em português levando um olhar intimidador de Johanna. Ela odeia quando falamos de comidas que não conseguimos aqui, porque ela gosta de coisas novas, enfim de qualquer tipo de comida está bom para Johanna.

— Annie, você paga o táxi – falo

— Por que? – responde assim que entramos dentro do veículo

— Porque você nos fez sair de casa em plena chuva, frio e tudo mais. Nada mais justo – responde Johanna

— Vocês me exploram isso sim – reclamou fazendo bico.

O caminho não é muito longo e logo estamos no nosso apartamento. Annie vai tomar um banho quente, é impossível pensar em um banho frio quando temos que usar aquecedor no apartamento de tão frio que a cidade está. Eu fico assistindo algumas séries na tevê, enquanto Johanna mexe nos armários em busca de algo comestível para o momento.

— Katniss, onde está aquela barra de chocolate que eu vi ontem?– pergunta da cozinha. Me viro para trás, de um modo que consigo vê-la.

— Você comeu ontem, esqueceu?– questiono a vendo revirar os olhos entendida.

— Esqueci, eu quero algo doce e que seja bom de comer – fala sentando-se na mesa enquanto observa as caixas de cereais nas prateleiras do armário.

— Tem cereal de chocolate na prateleira de cima – aviso

— Comemos cereal toda manhã – reclama – Quer saber é melhor do que nada.

— Annie disse que fará brigadeiro para hoje à noite, assim matamos Clove de inveja – comento divertida fazendo Johanna rir.

— Ela nunca comeu – rebateu

— Mas ama chocolate.

Me viro novamente e pego meu notebook, vendo se alguém está online. Ninguém tem a bolinha verde ao lado do nome, ninguém é esta online a não ser Cato, esse eu não falaria, pois sei que ele comentaria a conversa com Peeta se o mesmo pedisse e eu não vou correr esse risco.

A alguns anos eu me apaixonei pelo meu melhor amigo, um dos clichês que eu mais odiava em filmes de comédia estadunidenses, mas minha vida acabou se transformando em um. Desde meus quatorze anos eu sou apaixonada pelo meu melhor amigo que sequer sabe desse sentimento, nem ao menos desconfiaria. Eu o vi namorar várias garotas, beijá-las, quando eu desejava estar no lugar delas, mas eu fazia apenas meu papel de melhor amiga.

Me mudar para Dublin foi uma das melhor coisas que fiz nesses últimos anos, me libertar dessa paixão e ir em busca da minha própria felicidade. Com o tempo eu o deixei de lado. Doeu, ainda dói muito, apenas em citar seu nome meu coração se aperta, mas isso foi necessário. As primeiras semanas foram difíceis, eu via que teria que deixá-lo cedo ou tarde e meu erro foi ter adiado isso por um ano. Faz três meses que não o vejo, nem sequer ouço sua voz, mas eu ainda me lembro de cada detalhe, de cada gesto. Acho que por mais que eu queria eu nunca o esquecerei, nem mesmo deixarei de amá-lo.

Prim: Oi irmã !

Katniss: Oi Patinha! Como estão as coisas?

Prim: A mesma coisa de sempre. Papai e mamãe estão planejando uma viagem, Clove e Cato não param de brigar mas se amam e Peeta está com uma ressaca terrível. 

Katniss: Ressaca? Onde você está?

Prim: Na casa da Delly. Como estão as coisas aí ?

Katniss: Normal, também. Annie acabou de chegar e está ansiosa para contar as novidades. Johanna está reclamando por não ter chocolate e eu estou mesma coisa. 

Prim: Ainda está chovendo?

Katniss: Tinha parado a pouco tempo, mas voltou de novo. Sempre chove aqui, estou começando ficar com saudades do calor...

Prim: Vem passar as férias aqui?

Katniss: Annie está planejando uma viagem ao Brasil, estamos pensando rm ir com a ruiva. Como enrolamos no português, talvez fique mais fácil. 

Prim: Mas no Brasil não fala espanhol? Enfim, esquece. Acho que vai ser fantástico, parece bem animado.

Katniss: E é.

Prim: Delly está mandando um oi, disse que senti saudades.

Katniss: Oi Delly!

Katniss:Olha Prim, não quero que caia no ouvido de certas pessoas, apenas o silêncio é melho.

Prim: Ele achou o caderno, Kat. Estava aberto em cima da cama dele, ele vai saber de tudo.

Katniss: Isso iria acontecer um dia, eu deixei o caderno para ele afinal. Bem eu preciso ir, nos falamos depois Patinha.

Prim: Quá!

— Estava falando com Prim?– pergunta Annie aparecendo com uma toalha sobre a cabeça enquanto caminhava em direção a cozinha.

— É, ela estava me contando como estão as coisas – respondo

— E o que te fez ficar com essa cara?

— Peeta abriu o caderno, ele vai saber de tudo.

— Esse não era seu objetivo.

— Era, mas eu não sei como ele vai reagir. De qualquer maneira, não mantemos mais contatos.

— Você pelo menos vai deixá-lo saber dos seus sentimentos, que embora você lute, ainda estão aí.

— Já não deveria estar.

— Mas a gente não manda nessas coisas, quer saber...esse nome, Peeta não me é estranho, embora não é comum.

— Nem sei de onde Hazel teve toda essa criatividade, mas não é um nome muito comum mesmo. Não podemos nos esquecer de Katniss e Primrose que também não é lá muito comum...

— Eu acho lindo, são rosas, todo mundo sabe.

— Não, só você Annie.

Quando Annie veio fazer a pequena entrevista para morar conosco, quando nos apresentamos ela disse que meu nome vinha de uma rosa. Poucas pessoas sabiam disso e isso me surpreendeu. Minha mãe sempre  fora fã de rosas, motivo pelos nossos nomes. Assim como minha mãe, Annie também é apaixonada, não é atoa que consegui um emprego em uma floricultura.

— Vocês querem o jantar o que? Podemos pedir pizza – sugere Joh

— Pra mim está perfeito – digo animada

— Para mim também – diz Annie

— Agradeço sempre por Katniss amar pizza, assim ela não pode me impedir como minha mãe sempre faz – diz Joh pegando o telefone.

— Eu quero portuguesa – diz Annie

— Ah quero frango – falo fazendo bico tentando fazer com que elas peçam de frango também.

— Eu quero uma  pizza metade portuguesa e metade frango com queijo – pede Johanna – Ok, se atrasar não pagarei.

— Deixe de ser ruim – peço rindo

— Não fui eu que coloquei no panfleto o aquele anúncio, de que se passar de trinta minutos a pizza é grátis.

— Você sabe que mal temos trânsito, ele chegará antes dos trinta.

— Eu sei e isso é uma droga! Mas falo somente para por medo.

— Sabemos.

— Ei o que falavam antes deu falar da pizza.

— Peeta descobriu o caderno – revelo

— Estava na hora – fala Joh – Não me olhe assim Everdeen, você deixou aquele caderno lá porquê quis, poderia ter colocado no fogo, mas não...

— Eu não conseguia mais segurar aquilo. Não conseguia mais guardar dentro de mim, Joh. Tinha que colocar para fora.

— Entregando a ele tudo que não contou em quatro ou cinco anos? Como acha que ele vai se sentir?

— Ele vai me odiar, talvez mais do que já odeie.

— Eu também faria isso, você foi muito...burra. Se não sentisse nada não guardava aquela foto dele no notebook.

— Você guarda uma foto dele no seu notebook? Por que nunca me contou?– questiona Annie tomando o notebook do meu colo e começando a mexer.

Depois de alguns minutos ela grita surpresa. Eu e Johanna olhamos para a ruiva sem entender nada.

— Gente ele é lindo, sua burra! – grita do nada, fazendo Johanna rir.

— É, eu sei, Annie – digo com um sorriso. Annie é uma figura.

— Como é o nome dele?– pergunta

— Peeta Mellark – falo

— Katniss eu vi ele! Eu vi ele na balada antes de ter que embarcar. Ele falou de você!


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Vou deixar no suspense o que tem dentro do caderno... Joh e Annie presente no capítulo, o que vocês acharam das duas?

Sobre o fato de Prim achar que nós, brasileiros, falamos espanhol, muitos estrangeiros também acham. Acho que é porquê no geral a América do Sul fala espanhol e só o Brasil português.

Enfim comentem o que acharam e até o próximo amores :)



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