Tom: A história de Nick e Judy escrita por O Deus Da Festa


Capítulo 5
'Adn'




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Judy manteve-se imóvel e boquiaberta, ao ver Tom e Nick sentados no sofá. 

"Cenourinha, ainda bem que passaste por cá !" Exclamou Nick, num tom animado. "Tens de conhecer este tipo."

"Nick, enlouqueceste !?" Gritou ela. "Esse homem é um psicopata homicida !"

"Ei !" Retornou Tom. "Eu nunca matei ninguém. Só queimei a fábrica com os produtos inimigos, não queimei ninguém até à morte."

"Judy, como teu melhor amigo, eu estou a ser sincero." Jurou Nick. "Quando conhecemos este tipo bem, percebemos que ele é mesmo altamente."

"Só podes estar a gozar com a minha cara ! Aqui o aspirante a Al Capone enganou o governo de vários países e as pessoas estão a achar que é um génio."

"Ei, qualquer um que mostre à França quem é que manda merece uma parada, na minha opinião. " Referiu Nick.

"Ei, Nick, importas-te de ir buscar mais salgadinhos ?" Perguntou Tom. "Eu preciso de falar a sós com a Judy."

"Claro." Concordou Nick, dirigindo-se à cozinha. 

Tom então baixou-se ao nível de Judy. Para isso, teve de se ajoelhar. 

"Ouve agora, bola de algodão. " Disse ele num tom mais frio e sério que nunca. "Podes achar que sou um falso, vigarista e sacana. E tens razão. Mas o Nick também era um, e olhem para vocês. Melhores amigos ! Deixa-me perguntar-te uma coisa, Judy. Quando te juntaste à polícia de Zootopia, achavas que ia ser tão simples quanto algemar pessoas e metê-las em celas ? Foi isso ? Bem, o mundo é um pouco mais complicado que isso. E mais importante: achaste que todas as pessoas no caminho iam ser justas. 'OH, olhem para mim. Sou uma coelha inteligente com grandes aspirações e vou para Zootopia, viver a grande vida!'. Bem, achaste mesmo que podias brincar com os grandalhões ? Achaste que nós íamos jogar limpo ? Heheheheh....querida, eu aprendi UMA coisa com a vida e foi que, neste tipo de mundo, não vais chegar a lado NENHUM com a vida jogando limpo. Eu estou muito bem na vida porque agi como tu, Judy. Podia derrotá-los pela força bruta, mas decidi divertir-me. Jogar à guerra com cartas e dados. E amiga, foi mesmo divertido. E agora, olha para mim. Tenho dinheiro, tenho amigos, tenho diversão, eu tenho um iate ! Pois é ! Eu tenho um iate ! Agora, se eu podia ganhar tudo isso da maneira justa ? Não., não podia. Podes achar-me um idiota por esta abordagem, 'fofura', mas já era hora de alguém te ensinar como o mundo real funciona."

Nessa altura, Nick voltou da cozinha. Tom trocou rapidamente a expressão seria para uma casual e divertida, e voltou a sentar-se com Nick. Enquanto isso, Judy permaneceu quieta, até que decidiu ir embora, batendo com a porta com muita força na saída. 

—3 horas depois-

Judy estava no seu apartamento, sentada a ver TV. Tentou focar a sua atenção no MTV Hits, mas a sua cabeça estava cheia com o pensamento que lhe foi dado por Tom. O que ele disse realmente mexeu com ela.

Enquanto se distraia na sua melancolia pensadora, alguém bateu à porta. Judy abriu, para ver Tom do outro lado. Ela tentou fechar-lhe a porta na cara, mas ele meteu o pé entre a porta, impedindo-a. Judy nem se incomodou a fechá-la e sentou-se de novo.

"Eu vou assumir que isso seja uma permissão para entrar ?" Disse ele, sendo ignorado por Judy. Tom entrou e olhou-a nos olhos.

"O que queres ?" Perguntou Judy.

"Honestamente, foi ideia do Nick que eu viesse aqui." Respondeu ele. "Ele quer que todos os seus amigos socializem."

"Então, agora eu fui substituída por um vigarista internacional ? Belo amigo que o Nick saiu."

"Ei, mantem o Nick fora disto, Judy. É entre nós, e sabes disso. Além disso, substituída ? Pfff, rainha do drama..."

"Pareces não perceber. Eu  não quero ter nada a ver contigo ! Sai !"

"Ouve, Judy. Devo ter batido com a cabeça na porta para dizer isso, mas...desculpa. ok ? Estás satisfeita ?"

"Não ! Tom, qual é o teu problema ?"

"O meu !? É bastante óbvio que EU estou óptimo. Já te falei no meu iate ?"

"Sim, e está a tornar-se irritante. E ainda estás no meu apartamento. Sai agora !"

"15 minutos ! No meu apartamento. E depois, se me quiseres odiar para a vida, tudo bem . Que tal ?"

"Parece-me...justo."

Judy entrou com receio no apartamento de Tomazzo. E ficou muito surpreendida. Estava muito diferente que antes. Dantes, aoenas tinha um sofá barato e uma TV pequena. Agora, Tom tinha instalado papel de parede branco a cobrir as paredes, o que dava um ar muito moderno à casa. Tinha um sofá branco muito confortável, uma televisão plasma muito grande, mesa de centro de vidro cristalino, chão completamente alcatifado, um lustre com visual antigo pendurado no teto e bancada da cozinha em granito.

"Uau." Exclamou ela. "Muitas mudanças num dia. Eu pensei que fosse o apartamento típico de viciado em drogas."

"Eu vendo drogas, não as consumo." Disse ele, caminhando para a cozinha e enchendo 2 copos com vinho. "Além disso, já te esqueceste que eu sou rico ? "

Tom esticou o braço e entregou um dos copos a Judy.

"Vinho ? Eu realmente não devia."

"Porquê ? Vais conduzir ou assim ?"

"Bem, não, mas..."

"Judy, agora a sério. Eu lamento ter agido de uma forma tão rude. Eu queria apenas realçar o facto de que, para pessoas como eu, a vida não é assim tão fácil no inicio. "

"Como assim ?"

"Longa história. " Disse ele, sentando-se no sofá e dando um convite claro a Judy para se sentar também. "Eu sofri bastante discriminação nos meus primeiros anos de vida. Estás a ver, ninguém me reconhecia como cidadão. Eles sabiam que eu podia matá-los num ápice, por isso mantinham-se calados. Mas eu sei que não me aceitavam. Podia ver nos olhos deles. Então, fui em busca da única coisa eu sabia que faria as pessoas terem respeito por mim: poder. Dinheiro. Eu tentei jogar limpo, Judy, a sério que tentei. Fiz umas entrevistas de emprego e tudo, mas nunca fui aceite. Por vezes, eu ainda me olho no espelho, nas noites escuras...e pergunto se eu sou sequer alguém mais do que o monstro que eles julgavam eu ser..."

Apesar de tudo, Judy sentia-se triste por ele. 

"Talvez não sejemos assim tão diferentes, Judy." Continuou ele. "Temos coisas em comum. Ambos fomos desrespeitados. A sociedade recusou-se a ver o nosso potencial, e julgou-nos pela aparência. Pelo lado positivo, isso inspirou-me. Para poder comprar os meus primeiros veículos quando comecei a Tommy Inc., esse dinheiro teve de vir de algum lado. E de onde veio ? Disto."

Tom alcançou um livro médio entre aqueles que tinha em cima da mesa e entregou-o a Judy. A capa era simples. Era preta e tinha uma imagem de um fio de ADN abstrato. O título era "ADN", e lia-se por baixo 'por Tomazzo Vicenti'.

"Tom, escreveste um livro !?" Perguntou Judy, em espanto.

"Sim. Tenho de admitir, que coloquei nele o meu ódio pela sociedade. Foi esse livro que financiou a Tommy Inc. Podes ficar com ele. Tenho mais cópias. "

"Sobre o que é ?"

"Uma zebra e um tigre que se apaixonam, nos finais da década de setenta, e que lutam para sobreviver contra o preconceito numa sociedade que não os aceita e os considera monstros. Um amor, separado pela lei da evolução....faz-nos pensar, percebes ?"

"Tom, eu nunca pensei que tivesses este lado emocional."

"Aquilo que o cientista te contou era mentira, Judy. Posso ser artificial, mas eu sou mais que uma máquina. Eu tenho sentimentos. E sim, consigo sentir empatia. E tudo o que eu sempre quis foi ser respeitado. E como ninguém me deu valor por o que eu sou por dentro...eu tentei que me dessem valor pelo que eu possesso. Mas algo eu e tu temos em comum, Judy. Não importa quão grande a marca que deixamos neste mundo, haverá sempre quem não veja mais em nós do que aquilo que somos por fora: uma coelhinha e uma máquina assassina."

"Nisso, eu vou ter de concordar. Os teus 15 minutos passaram, Tom, mas...eu estou disposta a repensar a minha opinião sobre ti."

"Era só isso que eu queria." Sorriu Tom, ao ver Judy sair do seu apartamento.


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