Tom: A história de Nick e Judy escrita por O Deus Da Festa


Capítulo 23
Temos de falar




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Já tinham passado várias horas desde que Tomazzo saiu. Foi apenas quando o sol se começou a pôr que alguém bateu à porta de Judy. Para grande surpresa de Judy, bem como de Nick, que ainda lá estava aguardando, não era Tomazzo. Era Claire. 

 

 

 

 

"Claire !" Exclamou Judy.

 

 

 

"Judy, não tenho tempo para falar." Informou Claire. "Onde está o Tom ?"

 

 

 

"Ele..saiu, umas horas atrás. Era por isso que precisava de falar contigo. Claire, nós sabemos sobre o que aconteceu entre ti e ele."

 

 

 

"Vocês sabem ?"

 

 

 

"Não tem vergonha nisso." Nick Consulou. "Estavam os dois bêbados da festa de Halloween. Não tinham como saber."

 

 

 

"Não. " Negou Claire. "Ele estava. Eu fui de livre vontade."

 

 

 

"O quê !? Porquê ?"

 

 

 

"Porque...porque eu sinto algo pelo Tom, está bem ?! Eu estava tão obcecada desde a noite em que ele me salvou de ser capturada pelo Governo. Quando tive uma opurtunidade de estar com ele, as coisas...descontrolaram-se."

 

 

 

"Claire, nós...temos más noticias. Quando o Tom saiu, ele estava furioso. Nós tentámos falar com ele, porque sabíamos o que tinha acontecido. Nós achávamos que ele também gostava de ti. Do tipo, gostar mesmo de ti."

 

 

 

"Mas não correu bem." Judy concluiu. "Ele saiu, e gritou connosco. Disse que nunca, mas nunca haveria nada entre vocês os 2."

 

 

 

"Ele disse mesmo isso ?"

 

 

 

"Sim. Talvez fosse só da raiva, mas...ele parecia muito sério."

 

 

 

"Eu devia saber." Claire baixou a cabeça, em derrota. 

 

 

 

"Claire, o Tom é um idiota." Judy afirmou.

 

 

 

"Achas que eu não sei !?" Exclamou Claire. "Eu sabia que ter interesse num cara assim não ia acabar bem, mas não pude fazer nada."

 

 

 

"Será assim tipo, um instinto por serem os únicos da vossa espécie ?" Ponderou Nick.

 

 

 

"Eu só...preciso de ficar sozinha um pouco." Claire apertou o seu casaco e virou-se pronta a descer as escadas até à saída. 

 

 

 

"Claire, está a chover a potes lá fora !" Avisou Judy. Mas Claire ouviu, simplesmente não quis saber.

 

 

 

"Bem...fizemos o que podíamos. " Afirmou Nick. "Agora, resta esperar que acabe bem."

 

 

 

—Entretanto, no distrito da floresta...-

 

 

 

 Tomazzo encarava a vista do topo da árvore que aguentava sem problema o seu peso. Mesmo por baixo dele corria um rio, com uma ponte a atravessá-lo. Os pássaros chilreavam, enquanto a água corria pelo rio. A kistura desses sons com a paisagem davam a Tomazzo uma grande sensação de paz. Mas não grande que chegasse para o acalmar no momento.

 

 

 

"Estúpidos." Pensou ele. "Estúpida Claire. Estúpida Judy. Estúpido Nick. A pensar que preciso da ajuda deles. Estúpidos !"

 

 

 

 Enquanto se debatia com a sua raiva desenfreada, ele pôde sentir o seu corpo a amolecer. Esgava a ficar com sono. Porque tinha ele tanto sono, assim de repente ? 

 

 Calmamente, pousou o corpo em cima dos ramos e fechou involuntariamente os olhos, incapaz de se manter acordado contra aquela falta de energia. Alguma coisa de errado se passava.

 

 

 

Tomazzo levantou-se. Abriu os olhos. Esta numa sala fechada. Sem portas. Todas as paredes, teto e chão pintadas de vermelho escuro e tons de púrpura. Tinha um espelho na parede, o qual encarava de frente. Mas não repetia os seus movimentos. Enquanto ele tinha os braços para baixo, o reflexo tinha os braços cruzados. 

 

 

 

"Onde eu estou ?" Perguntou Tomazzo, a si mesmo.

 

 

 

"Num sonho, Tom." O reflexo respondeu,  do outro lado do espelho. "Isto é uma representação abstrata do teu subconsciente."

 

 

 

"Oh, isso explica....e tu és ?"

 

 

 

"Eu sou a tua consciência. Eu trouxe-te aqui porque temos de falar."

 

 

 

"Oh, excelente. Agora EU vou armar-me em psiquiatra comigo mesmo."

 

 

 

"Estamos aqui porque estás a ser um cobarde."

 

 

 

"O que me chamaste !?"

 

 

 

" Cobarde ! Ouviste bem. Nós os 2 sabemos que estás a fugir aos teus sentimentos sobre a Claire."

 

 

 

"Esta conversa outra vez !? Eu já disse que não quero falar disso !"

 

 

 

 "Tom, isto é um sonho abstrato. Eu sou a tua consciência. Aparentemente, tu queres falar disso."

 

 

 

"Ugh ! Eu vou repetir: Não estou apaixonado pela Claire. E não devia estar a tentar provar isso a mim mesmo !"

 

 

 

"Ah, isso é que devias. Foi isso que sempre fizeste. Tentar convencer-te a ti próprio disso."

 

 

 

"Como ?"

 

 

 

"A tua vida inteira, tens sido um  completo idiota, Tom. A tua vida toda !"

 

 

 

"Vai à merda  !"

 

 

 

"Encara os factos. Durante todos estes anos, tentaste convecer o mundo de que és uma espécie de sobrevivente solitário. E que não precisas de ninguém. Convenceste o mundo disso. Mas não era suficiente. Nunca te convenceste a ti mesmo disso."

 

 

 

 "O que estás a dizer ?"

 

 

 

"Estou a dizer que não és assim tão forte. És demasiado orgulhoso para admitir que não importa quão resistente a fogo e balas és, continuas a ser tão frágil por dentro como qualquer um !"

 

 

 

"Eu...eu..."

 

 

 

"E agora, olha a que isto chegou. Tive de ser eu a tirar-te desse sonho acordado."

 

 

 

"O que...o que se passa comigo ?"

 

 

 

"Talvez a culpa não seja totalmente tua, Tom. Todos olham para ti e vêm um rei. Um imperador. Um magnata. Mas tu...tu ainda te olhas no espelho, e só consegues ver aquele soldado inocente e confuso, que viu uma menina indefesa de oito anos a morrer na sua frente. Foi aí que percebeste, Tom. O mundo ia fazer de tudo para te apanhar. Para te ferir. Em vez de o enfrentar, trancaste-te. Não consegues encarar o que sentes pela Claire, porque tens medo, daquela pequena chance que sempre há de acabares machucado."

 

 

 

"E se eu parar com isto ? E se eu, de alguma forma, decidir deixar de sentir o que quer que seja por ela ?"

 

 

 

"Oh, Tom, tens tanto para aprender. Julgas que podes escolher isso ? O amor à primeira vista não existe, mas podes olhar alguém pela primeira vez e mesmo assim saber. Saber que te vais preocupar com ela. Encarando a realidade, és um completo otário. Se a Claire pudesse escolher outro, escolhia. Mas não pode. Quando o cérebro decide o que quer, ninguém o para. Está para lá do teu poder."

 

 

 

"Então este tempo todo eu estive errado ?"

 

 

 

"Tom, estás literalmente a discutir contigo próprio. O que achas ? Aquilo que disseste sobre a definição de amor ao Nick e à Judy não está errado. Mas tu estás a enganar-te a ti próprio se pensas que podes fugir disto."

 

 

 

"Nesse caso, o que devo fazer ?"

 

 

 

"E que tal, por uma vez na tua vida, tentares ter uma conversa civilizada com alguém do sexo oposto sem a levares para a cama ? Esse parece um bom plano de acção, não ? Agora acorda."

 

 

 

"O quê ?"

 

 

 

"ACORDA !"

 

 

 

 Tomazzo levantou-se repentinamente. Abriu os olhos. Estava de novo na árvore, preso entre os ramos, à chuva intensa, durante a noite.

 

 

 

"Bem, Tom, tens trabalho a fazer." Pensou ele.

 

 

 

 Aí, Tomazzo olhou para a ponte que passava o rio mesmo por baixo dele. Uma figura estava à chuva, encarando a paisagem do rio. Tomazzo reconheceu essa figura.

 

 

 

"Claire !" Chamou ele.

 

 

 

"Tom ?" Claire reconheceu a voz a aproximar-se. Tomazzo saltou do cimo da árvore diretamente para a ponte, aterrado de forma segura em frente de Claire.

 

 

 

"O que estás aqui a fazer ?" Perguntou ela.

 

 

 

"Eu podia perguntar-te o mesmo. Claire, temos de falar."

 

 

 

"Aqui ?"

 

 

 

"Sim, aqui ! Não quero adiar mais isto."

 

 

 

"O Nick e a Judy já me contaram..."

 

 

 

"Não ! Aquilo que eu disse, eu...eu falei por raiva. Não era a sério."

 

 

 

"O que quer isso dizer ?"

 

 

 

"Ok, eu nunca mais vou dizer uma merda destas mas...Claire, eu estou confuso, está bem ? Confuso ao ponto de ter uma conversa comigo mesmo sobre o que raio se passa comigo. Eu estou sempre a gabar-me de como eu sei tudo o que há para saber sobre emoções, mas a verdade é que...eu não sei o que sinto. Tenho a cabeça às voltas por causa do que aconteceu, e teria um nó no estômago se não fosse feito de ferro fundido. Claire, eu não sei se és apenas uma amiga para mim, ou se não. Eu não faço a mínima ideia ! E tu ?! Por favor diz-me, Claire, o que se passa comigo !?"

 

 

 

"É normal, Tom. É normal que as pessoas pensem que são estúpidas por isso. Mas até há uns dias atrás, eu estava na mesma situação. Eu não sabia o que tinha de errado comigo. Ainda assim, foste um completo idiota."

 

 

 

"Eu sou um completo idiota, está bem !? E não planeio mudar ! Eu não posso mudar ! Eu nasci com uma personalidade completamente formada. Se queres culpar alguém, culpa o Exército !"

 

 

 

"Eu não quero culpar ninguém. Eu só quero saber o que sentes. Mas nem tu podes responder."

 

 

 

"Não tenho resposta mas tenho um pequeno teste. Faz um favor e não consideres isto assédio, sim ?"

 

 

 

 

 

—3 horas mais tarde, no apartamento de Judy...-

 

 

 

"Eu estou muito preocupada com Claire." Judy afirmou. "Quer dizer, tu conheces o Tom. Ele era capaz de lhe arrancar a cabeça !"

 

 

 

"Oh, vá lá." Negou Nick. "Acho que ele está mais zangado connosco que com ela."

 

 

 

"Eu não consigo evitar ficar preocupada."

 

 

 

 Alguém bateu à porta. Judy abriu-a, na esperança de que fosse Claire ou Tomazzo. Mas era, na verdade, Stu, o pai de Judy.

 

 

 

"Pai ?" Judy estava surpreendida. "O que estás aqui a fazer ?"

 

 

 

"Eu precisava de falar contigo, Judy." Stu começou. "Eu estive a refletir um pouco sobre aquilo que o vosso amigo Tomazzo me disse. E ele tinha razão. Eu admito que foi errado julgar o Nick. As tradições já não são assim tão importantes. Os tempos mudam, e...precisamos de nos deixar de superstições. Nick..."

 

 

 

 Nick levantou-se, ao ouvir o seu nome a ser chamado por Stu.

 

 

 

"...Sê bem vindo à família." O pai de Judy apertou firmemente a mão de Nick, olhando-o simpaticamente nos olhos.

 

 

 

"Então, gente ?" A voz de Tomazzo foi ouvida a aproximar-se. 

 

 

 

"Tomazzo !" Stu interrompeu qualquer reacção de Nick e Judy ao aparecimento do amigo. "Eu queria agradecer-te, por me ajudares a entender que estava errado. Eu peço desculpa."

 

 

 

"Ah, sim, pois. Eu ainda estou furioso, mas não importa, nada me pode deitar abaixo neste momento !"

 

 

 

"Porquê ?" Perguntou Nick.

 

 

 

"Porque estou apaixonado !"

 

 

 

"Como é que é ?"

 

 

 

"Encontrei a Claire no distrito da floresta. Depois de um sonho muito estranho com o meu reflexo, eu percebi o que tinha a fazer. Eu abracei-a, mano. E percebi pefeitamente o que se passava. Eu olhei-a mesmo no olhos e entendi. Eu amo-a. Foi como naquelas cenas dos filmes aborrecidos que as solteiras de 50 anos costumam ver, a pensar que a vida delas é importante."

 

 

 

"Isso são óptimas noticias !" Exclamou Nick. "Mas, onde estiveram esse tempo todo ?"

 

 

 

"No meu apartamento, aqui ao lado, a fazer sexo."

 

 

 

"O QUÊ !?!" Gritou Judy.

 

 

 

"Sim ! Fizemos, tipo, umas 6 vezes seguidas. Vocês não ouviram pela parede ? Eu arrasei ! Até tirei umas fotografias com a câmara."

 

 

 

"Tom, mas que merda !?!" Exclamou Nick.

 

 

 

"Vá lá, Nick. Sou eu, Tomazzo Vicenti. Estavam à espera de quê ? Um encontro com flores e chocolate ? Não é o meu estilo, estás a ver ?"

 

 

 

"És um idiota, Tom." Disse Judy.

 

 

 

"E não planeio mudar, Judy. E não planeio mudar."

 

 


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