Tom: A história de Nick e Judy escrita por O Deus Da Festa
Nick usou a chave extra que Tomazzo lhe deu do seu apartamento para entrar, de manhã. Não tinha nada de especial em mente para o dia, mas queria ver como Tomazzo estaria a reagir depois de ontem à noite.
"Ei, Tom." Nick cumprimentou.
"Nick, grandes noticias." Tomazzo respondeu, antes de engolir de uma só vez o jarro de limonada que tinha nas suas mãos. "Descobri a maneira ideal de fazer mais dinheiro: vou fazer um esquema com a Igreja."
"Vais roubar a Igreja !?"
"Não. Tenho tudo organizado. A Igreja local tem um armazém para doações de objectos como roupa, computadores, que são vendidos em segunda mão, e o dinheiro é dado à Cruz Vermelha. Eu vou assaltar o armazém, trazer os objectos, usar os meus contactos para os vender como se fossem novinhos em folha, e faço o dobro do dinheiro. Entrego metade de volta à Igreja, e guardo o resto."
"Vais roubar...da Igreja."
"Não. Discuti isto com o padre. Vamos fazer o esquema juntos. Ele anda a sacar dinheiro da caixa de doações à anos. Além disso, se Deus ligasse, teria feito alguma coisa."
"O padre Donovan é corrupto !?"
"História engraçada. O nome dele é Rafael Almeida. Dei-lhe um identidade falsa para entrar no país há uns 4 ou 5 anos atrás."
"Ok, chega ! Tom, não quero falar mais dos teus negócios."
"Esta bem. Queres falar das bisbilhotices do prédio ? Ouvi dizer que a cadela que mora no andar de cima dormiu com um homem 20 anos mais novo."
"Não ! Tom, eu tenho o pressentimento que estás a distrair-te com estes teus...negócios, para esqueceres o que aconteceu ontem à noite."
"Não. Estou a fazer estes meus 'negócios' porque eu faço tudo o que dê dinheiro, seja legal ou não. Drogas, armas, imobiliária. Nunca se é demasiado rico. Sabias que eu sou dono de 30 por cento da Apple ? Era só 20 por cento, mas roubei os outros 10 a um burro qualquer. Comecei por arranjar um tijolo, uma lata de sardinhas e uma pá. Depois..."
"Tom, para ! Não estás, eu não sei, confuso, curioso com o beijo ?"
"Oh, não. Já percebi tudo."
"Falaste com ela ?"
"HAHAHAHAHAHAH ! Falar com uma mulher sobre sentimentos !? Nick, Nick, Nick, Nick, Nick, tens muito a aprender."
"Como assim ?"
"Não se fala com as mulheres sobre sentimentos. Agimos. Ser colega de quarto com uma é o mesmo que ser amigo de uma. Acaba sempre de duas maneiras: ou elas falam mal de nós nas nossas costas, ou dormimos com ela."
"Estás a dizer que dormiste com ela ?"
"Não, mas não deve demorar muito. Além disso, não é como se estivesse apaixonada por mim."
"Tom, ela beijou-te."
"Eu sei mas, como disse, percebi tudo."
"Não estou a entender."
"Claro que não, Nick. És uma raposa. Nao consegues entender uma fêmea da tua própria espécie. Estavas à espera de entender uma fêmea de outra ? Nunca irias compreender a mente do Homo sapiens sapiens."
"Homo Sapiens Sapiens ? Eu posso traduzir isso para 'Gay super esperto'."
"Que piada. Mas a sério, Nick, é assim. Há uns dias atrás, hackeei os servidores do Exército. Muito fácil, já agora. Mas enfim, roubei os planos originais do meu design e do da Claire. E eles explicam toda esta situação."
"Como ?"
"Ainda bem que perguntas. A minha estrutura neural foi feita de uma maneira diferente, percebes ? Maneiras diferentes de conseguir aquilo que nós queremos. Eu fui feito para construir e destruir, alterar. Mudar o mundo a meu favor. A Claire foi feita para manipular os outros. Compreender os padrões sociais e manipular as pessoas, para conseguir o que ela quer. E estamos em guerra."
"Espera...guerra ?"
"Sim. Somos seres civilizados, mas os nossos lados animalescos não são controlados facilmente. Sem dar conta, os nossos subconscientes estão a batalhar pelo domínio do território, ou seja, do apartamento. Eu iria demorar HORAS a explicar a complexidade, por isso vou explicar assim: eu sou dinamite, e ela é um bebé com fósforos."
"Então, achas mais provável que tudo isto se resuma a uma guerra territorial do que ao simples facto de ela estar interessada em ti ?"
"Sim, basicamente."
"És louco. Completamente louco."
"Ei, num mundo de doidos, só os doidos sabem o que fazem."
"Está bem. Vamos fingir que tens razão. Qual é o plano ?"
"Bem, o plano A é resistir à tentação até que ela desista. O plano B envolve eu, ela, velas indianas, uma cama, um rádio, e um CD com a música 'Let's get it Started'. Agora, em retrospectiva, eu adorava que esse fosse o plano A, mas tenho de mostrar resistência antes de desistir."
"Nem penses que vais...espera, velas indianas ?"
"Claro ! Quem é que faz sexo melhor do que gente sem papel higiénico ?"
"Doentio. Simplesmente doentio. Mas essa trama emocional não é trabalho para mim. Aguenta aí e não faças nada, enquanto eu chamo a Judy para te impedir de fazer algo idiota."
"Nem pensar que vou ficar aqui ! Amanhã é Halloween !"
"Vais pedir doces ?"
"Não ! Isso é para crianças. Eu vou organizar uma grande festa no parque. Mas o que eu realmente quero é que chegue o dia a seguir ao Halloween."
"Porquê ?"
"Sabes que, durante as festas de adolescentes e pessoal do escritório, a maioria dos homens e mulheres ficam podres de bêbados e vão para a cama com gente aleatória ?"
"Sim..."
"Bem, eu gosto de me sentar no alpendre e ver esses otários a voltar para casa, com as máscaras todas desajeitadas e a vergonha na cara. Chamei-lhe 'Passeio da Vergonha'."
"Porque raio fazes isso ?"
"Aquele olhar de culpa e arrependimento ? Eu alimento-me disso. Não o perdia por nada."
"Isso é bizarro. Precisas de terapeuta urgentemente. E ainda tens de discutir o beijo com a Claire."
"Nick, não ouviste NADA ? Relaxa, eu sei como este jogo se joga. E quer gostes ou não, eu vou fazer xeque-mate."
"Sabes que mais ? Eu vou obrigar-te a falar com ela."
"Boa sorte. Ela saiu. Vai estar fora o resto do dia. Eu introduzi dados incorretos no sistema informático da câmara. O pessoal pensa que ela andou em Harvard, e foi procurar trabalho como advogada."
"Eu desisto ! Boa sorte com o teu plano, Tom."
Nick abriu a porta, e abandonou o apartamento. Entretanto, Tomazzo teria de fazer os preparativos para a festa.
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