Nick abriu lentamente os olhos. Tinha tonturas. Não tinha dormido quase nada. Só quando se levantou percebeu que não se encontrava no seu quarto. Tinha passado a noite do quarto de Judy....com ela.

Tudo começou a voltar-lhe à cabeça.  

"O que fazer ?" Pensou ele. Não a podia acordar simplesmente. Mas também não podia simplesmente pegar nas suas coisas e sair....ou podia ? Como ele não tinha a mínima ideia do que fazer, e estando aterrorizado pela ideia de cometer o mínimo erro a este ponto, ele decidiu falar com a pessoa que certamente saberia o que fazer.

 Rapidamente vasculhou o quarto pelas suas roupas e abandonou as instalações.  dirigiu-se à porta ao lado do apartamente de Judy e bateu suavemente na porta, quando foi brevemente recebido por Tom.

Tom não era um amador. Ele percebeu que algo se passava pelo olhar frustrado de Nick, bem como e o facto da sua roupa estar desajeitada. O Nick NUNCA andava com a roupa desajeitada.

"Nick, seu otário !" Exclamou ele.

"O que foi ?"

"Aconteceu não foi ? Fizeram sexo ?"

"Sim..."

"Nick, só existem duas regras depois do primeiro encontro: não a peças em casamento e não durmas com ela. Não é nenhuma ciência !"

"Eu sei, Tom ! Simplesmente...aconteceu, ok ?"

"Está bem. Qual é o número daquela tal Jenny que viste no outro dia ? Sou capaz da persuadir a sairem outra vez."

"Porque eu iria fazer isso ?"

"Nick, por favor. Sexo depois do primeiro encontro ? Já era ! Não vais conseguir recuperar disso. Tens de seguir em frente."

"Oh, vá lá. Não há nada que eu possa fazer ?"

"Bem...existe uma coisa..."

"O quê ?"

"Lembras-te do "The Bro Code" ?"

"Sim."

"Bem, o Barney Stinson, escritor original do livro, escreveu um outro antes desse, chamado "Playbook". Esse livro contém todos os esquemas, estratagemas, enganos que ele pôde pensar para dormir com mulheres. Existe um truque que, se administrado invertidamente, pode reverter o processo."

"O...quê ?"

"Repara."

Tom retirou um livro com uma capa preta de couro de debaixo da mesa da sala de estar. Esse livro era o "Playbook". Ao folhear as páginas, Nick pôde reparar em imensas técnicas. 

"Uau. Tudo isso são truques ?"

"Yup. E eu usei a maioria. Oh, este é um dos meus favoritos. "Lorenzo Von Matterhorn". 

Por curiosidade, Nick leu rapidamente o que estava escrito

Truque 153: O "Lorenzo Von Matterhorn"

Passo 1: pensar num nome falso convincente. Para esta demonstração, usaremos o nome "Lorenzo Von Matterhorn".

Passo 2: Crie uma série de websites falsos nos quais descreva Lorenzo Von Matterhorn como um génio (qualquer coisa como uma viagem de balão na Antárctida ou uma ficha matemática que redemonstre a Teoria da Relatividade).

Passo 3: Selecione o seu alvo (a garota)

Passo 4: Aproxime-se do alvo, e finga ser a persona recém-criada. Quando sair, a garota irá pesquisar no seu celular sobre 'Lorenzo Von Matterhorn'. Ela irá ser enganada pelos sites falsos.

Passo 5: Se tudo for executado na perfeição, esta já cá canta !

Nick estava impressionado com o que leu.

"Uau." Exclamou ele.

"Eu sei. Mas não é este o truque. É este aqui." Respondeu Tom, virando a página.  

Truque 154: O Salvador

 Passo 1: selecione um alvo (uma garota).

Passo 2: Crie uma situação falsa em que a vida do alvo pareça em risco.

Passo 3: Salve o alvo.

Passo 4: já cá canta.

"Agora, este é o truque." Referiu Tom. "Como Judy já dormiu contigo, este truque deve ter o efeito oposto nela."

"Tens a máxima certeza que vai funcionar ?"

"Absoluta. Só precisamos de criar a situação mais ridiculamente perigosa possível,  e depois tudo o que tens a fazer é parecer todo macho e salvá-lo. Até o podemos fazer em público, e apareces nos jornais."

"Eu não sei....parece estúpido. "

"Relaxa. Nada pode correr mal."

"Ok. Então o que é que eu faço ? 

"Eu sei lá. "

"Tom !"

"Desculpa, Nick, mas eu estou neste momento a viver com um clone meu que eu mal conheço. E tenciono mudar isso. Mas não te preocupes. Sabes Nick, a maioria das pessoas na tua situação diria 'Perdi. Eu desisto.' Mas tu continuas a tentar ! És exatamente como a República Dominicana. Sempre a assassinar o cara no poder e a dizer 'Ah, este novato. Este novato vai fazer as coisas bem.'"

"O que é isso suposto significar ?"

"Significa que tu vais pensar em algo. Agora dá o fora daqui. Tens IMENSO trabalho pela frente. Planeia cuidadosamente."

"Obrigado, Tom." Agradeceu Nick, saindo porta fora. 

"Não fodas tudo outra vez !" Gritou Tom.

Antes que pudesse fazer mais alguma coisa, a sua colega de quarto apareceu. Para surpresa de Tom, em vez da sua roupa habitual, tinha apenas vestido o pijama, já que ainda era de manhã. As pernas e braços estavam quase completamente expostos.  "completa descontracção em situações constrangedoras." Pensou Tom. "Mais uma coisa que temos em comum."

"A gritaria toda para quê ?" Perguntou Claire.

"Oh, não vais acreditar. É simplesmente hilariante. O Nick, aquele raposo que conheceste ontem, acabou de fazer sexo com a coelha que também conheceste ontem, e agora vai tentar resolver tudo."

"Ah ! Sitcom clássica." Respondeu ela.

"Acha engraçado quando coisas irónicas acontessem aos outros." Pensou ele. "Mais uma coisa em comum."

"Então,  Claire, consegues arranjar trabalho, ou vou ter de telefonar ao Hospital para cobrar um favor ?"

Trabalhar como enfermeira ? Não parece a minha vocação. Mas tenho um plano."

"Sério ?"

"Sim. Primeiro, vou fazer algo que me renda uma quantidade notável de dinheiro, como escrever um livro ou assim. Depois..."

"WHOA ! Para tudo !"

"O que foi ?"

"Esse é o meu plano ! Não podes usar o meu plano !"

"Já não precisas do teu plano."

"Ok, não vai funcionar, está bem ? Eu sei que vais tentar ficar rica, como eu, mas Zootopia já está quase sob o meu controlo. Estás em território contestado."

"Nesse caso, tenho uma alternativa. Vou tentar um cargo legal."

"Como...?"

"Advogada."

"AH, as sanguessugas do Estado. Sangue frio. Excelente escolha. Esses filhos da puta hoje em dia ganham aí um quarto do que eu ganho."

"Perfeito, não é ?"

"Mas porquê advogada ? Porquê o interesse ?"

"Tom, é bastante óbvio que, se não fosses rico, serias um cidadão de segunda, certo ?"

"Obviamente."

"É por isso ! Quero defender oe direitos das pessoas."

"Uau. Que causa tão nobre.....qual é o esquema ?"

"Como assim ?"

"Por favor, Claire. Eu sou tu, e eu conheço-me. Alguém como eu não ia ter uma causa tão nobre sem uma contrapartida."

"O mais provável é, se descobrir que os meus clientes são culpados, vou esforçar-me para fazer um péssimo trabalho para os condenar. Assim vou poder lixá-los completamente."

"É assim mesmo ! Corrupção: mais antiga que o governo, mais antiga que a civilização,  mas não mais antiga que a prostituição. Num assunto não relacionado, quero fazer um teste."

"Como assim ?"

"Bem, se és realmente o meu clone, deves ter características semelhantes a mim. Por isso, vou fazer umas perguntas. Cor favorita ?"

"Verde."

"A minha também. Bioma preferido ?"

"Deserto."

"O meu também. Passatempo preferido ?"

"Passear."

"Hmmm...o meu é enganar idiotas. Mas tudo bem. A tecnologia de clonagem ainda é recente. Não está bem afinada. Ei, queres sair um dia destes ?"

"Uau. Essa foi rápida. "

"Sim, eu li nalgum sitio que as mulheres decidem se estão interessadas no primeiros 7 segundos em que nos conhecem. Por isso pensei 'Mais vale poupar tempo'."

"Eu adorava ir."

"A sério !?"

"Sim, como tinhas dito, eu já me tinha decidido. Nenhum de nós tem que fazer agora mesmo, pois não ? Podíamos ir agora."

"Pfff. E estavas a queixar-te de EU ser rápido. "

"Ei, sentido de humor. Mais uma coisa em comum certo."

"Ao que parece."

"Eu não tenho propriamente roupas para um encontro formal."

"Eu nunca uso roupa formal. Veste o que te apetecer. Ah, e já agora, o banheiro, ou como eu gosto de lhe chamar, o cagatorium, fica ao fundo do corredor."

"Obrigada. "

Claire saiu da sala de estar, deixando Tom sozinho.

"Vejamos....relação séria, ou sexo rápido ?" Pensou ele. "Meh. Decido no caminho."