Redenção escrita por mjonir


Capítulo 9
Proponho um acordo




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Saí do carro aflita com meu namorado ao meu encalço. Policiais e viaturas se encontravam na porta de minha casa, e os vizinhos estavam vigiando pelas janelas. Meu coração batia desenfreadamente em meu peito e o medo me consumia. Eu simplesmente não conseguia manter pensamentos positivos.

— Diana O’connor? – Disse o policial vindo até mim.

— Sim, o que houve? Onde estão meus pais? – Me desesperei.

— Os vizinhos nos ligaram…

Engoli em seco e fechei os olhos deixando as lágrimas caírem, eu sabia o que viria depois.

— Seus pais foram encontrados mortos. – Disse ele completamente frio.

Minhas pernas vacilaram e eu caí no chão.

Não é possível, meus pais estão mortos… Mortos

Soltei um grito agudo e dolorido batendo minhas mãos no chão e chorando alto. Senti as mãos de meu namorado em meus ombros tentando me consolar.

— Ei, ei Di… Acalme-se, por favor, meu amor. – Disse ele com a voz também embargada. – Eu não quero te ver assim, por favor, respire…

Eu não conseguia me acalmar. Meu corpo todo começou a tremer e eu não me lembrava mais como respirar, levantei meus olhos e encontrei meu namorado olhando pra mim em desespero. Olhei em volta tentando entender o que estava acontecendo e pude perceber os vizinhos com suas expressões de dó dirigidas a mim.

Meu namorado puxou meu rosto para ele e dizendo algo que não conseguia ouvir. O silêncio tomou meus ouvidos. Não conseguia mais captar nenhum som, e ele continuava desesperado tentando me fazer entender. Franzi meu cenho e passei a mão pelo rosto tentando limpá-lo, estava molhado de lágrimas e o choque da realidade tomou-me.

Meus pais estão mortos. Foram assassinados. Eu estou sozinha no mundo agora.

Fechei meus olhos tentando acalmar meus pensamentos e fui tomada por uma sonolência muito forte. Não conseguia mais abri-los até que a escuridão me carregou em seus aconchegantes braços.

— Diana meu amor, por favor, acorda. – Uma voz baixa e embriagada disse me fazendo franzir o cenho.

Uma pontada em minha cabeça me fez levantar a mão e colocá-la na testa tentando em vão fazer a dor parar.

— Você acordou. – A voz disse em alívio.

Abri meus olhos encontrando meu namorado de pé a minha frente. Estava deitada na minha cama. Dei uma olhada em volta reconhecendo meu costumeiro quarto, com as paredes pintadas de galáxias, e tentei me sentar na cama. A dor voltou assim como as lembranças. Minha respiração se tornou descompassada.

— Meus pais… Estão… Mortos. – Gritei.

Meu namorado veio rapidamente me abraçar, e se deitou na cama comigo amparando meu choro. Os soluços que saíam de meus lábios estavam ficando cada vez mais altos. Minha respiração desregular.

— Calma… Shhhh! Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui. – Dizia ele. – Se não se acalmar terá outro ataque de pânico, Diana. Respire fundo e olhe pra mim, por favor.

— O que estou fazendo dentro dessa casa? Eles foram mortos aqui. – Gritei chorando. – Eu não posso suportar isso, não posso.

— Shhhhhh… Está tudo bem, estou aqui com você. – Ele me abraçou mais forte e eu retribuí.

Eu apenas tinha elem e não sabia mais o que fazer. Meu muro de planos e sonhos tinha acabado de ser demolido com apenas um toque do destino, e eu estava como ele, em destroços.

Acordei desesperada com um retumbar de trovão. Olhei em volta e percebi que estava em Asgard. A chuva forte chicoteava minha janela, me assustando com a tamanha fúria.

Eu sabia que depois do que aconteceu não teria uma noite de sono em paz. Havia passado a maior parte do tempo desperta pensando no que havia acontecido entre mim e Aaron, e quando finalmente consegui pegar no sono lembranças tomaram meus sonhos me fazendo lembrar da morte de meus pais.

Eu suspirei e me mexi na cama puxando o cobertor até a altura do pescoço. Já era de manhã, e o tempo em Asgard parecia seguir meu humor completamente nebuloso e cinzento. Hoje seria mais um dia em que eu deveria colocar em prática a missão de ajudar Loki, todavia é visível meu estado decadente.

Quando paro para pensar em tudo que passei, e principalmente na morte de meus pais me lembro do fato de não dormir a anos em paz. E haviam também as malditas crises de pânico que decidem me atormentar de vez em quando. Não deveria deixar que aquilo me tomasse e me fizesse afundar como uma vez já deixei que acontecesse.

Decidida, me levantei da cama e coloquei as roupas que usava para treinar com Sif. Peguei minha espada e o arco e flechas que recebi de Aaron. Antes de descer dei uma breve olhadela no espelho, é eu estou com olheiras extremamente roxas. Não iria mostrar a ninguém minha fraquez,a e então usei a típica maquiagem de Asgard para tentar, ao menos, esconder as enormes manchas roxas em volta de meus olhos castanhos.

Desci as escadas e fui diretamente para o pátio de treino. Cumprimentei alguns soldados que já me conheciam. Felizmente como era cedo, não encontrei Sif e as crianças e principalmente Aaron, o que me fez suspirar de alívio.

Enquanto treinava meus tiros, pude me desligar um pouco de tudo que havia acontecido me conectando apenas com a arma em minhas mãos. Percebi que a cada vez mais que treinava minha pontaria se tornava melhor, estava orgulhosa por fazer algo além de estudar e dar aulas. Asgard não era um castigo assim tão grande.

A chuva continuava molhando meus cabelos e meu corpo deixando minha visão um pouco turva. Algumas lembranças do sonho maldito que tive tomaram minha mente de novo, e as lágrimas foram escorrendo de meus olhos. Tentei manter a calma e o que mais me ajudava era o treino.

— Sua maneira de segurar o arco está meio torta. – Disse uma voz conhecida e arrastada.

Pulei de susto me virando e levei o arco e flecha juntos apontando pra quem havia dito. A surpresa tomou-me ao ver que quem estava a alguns metros de mim era Loki.

— O que faz aqui? – Tentei não deixar que minha voz ficasse trêmula. Falhei.

— Parece que está na hora de nosso passeio. – Disse dando um sorriso sarcástico.

Revirei meus olhos. Quando pensava que o dia e meus pensamentos não poderiam ficar piores, me aparecia aquela criatura desprezível. Loki me olhou de cima a baixo, não deixei de reparar em seu cabelo elegantemente penteado para trás.

Ele estava na parte coberta do pátio de pé com as mãos presas, e dessa vez para trás. Me olhava intensamente de tal forma que me irritava. Loki é o ser mais bipolar que eu já conheci, e a razão pra minha mais nova maluquice é ele.

— Você está me deixando maluca. – Disse furiosa, e ele me olhou maliciosamente. – Não dessa forma, seu desprezível. – Cuspi as palavras.

Ele soltou uma gargalhada gostosa, seus olhos se fecharam tamanha sua diversão em me confundir. Aquilo me fez ficar cada vez mais irritada. Puxei a flecha e soltei a fazendo cortar o ar, não muito perto de seu rosto, ele abriu os olhos rapidamente e os semicerrou para mim.

— Que mau humor é esse? – Ele fez um biquinho.

Guardei minhas flechas na aljava, e a coloquei nas costas. Segurei o arco na outra mão indo em direção à saída do pátio.

— Já disse que está na hora de nosso famoso passeio que, aliás, até o momento tento compreender o motivo de ter pedido que me tirassem da cela.

Dei meia volta e fui até ele. O encarei furiosamente.

— Eu tentei ser amigável com você e te ajudar. Pedi que lhe tirassem da cela porque da mesma forma que eu estava ficando maluca lá dentro percebi que você também e, aliás, está certo, eu realmente me importo contigo, mas posso ver claramente que isso é um erro.

Loki abriu e fechou a boca várias vezes demonstrando a surpresa em me ouvir, finalmente, admitir. Confesso que eu mesma fiquei completamente surpresa em dizer aquilo, no entanto dei de ombros demonstrando que de fato, aquilo era irrelevante para mim no momento.

— E no que consiste isso? Por que se importa?

— Se me tratasse bem e agradecesse pelo que fiz a você, quem sabe até lhe diria. – Disse levantando uma de minhas sobrancelhas. Ele torceu o nariz o que me arrancou risadinhas escarnecedora.

— Eu não te deixo maluca, você! – Ele respondeu franzindo o cenho.

— Então temos mais isso em comum, não acha? – Rebati azeda. – Volte para onde veio, não estou disposta para passeios hoje, Príncipe Loki.

Ele semicerrou os olhos e torceu o nariz me olhando de forma superior. Comecei a me afastar de novo e ele se mexeu como se fosse segurar em um dos meus braços me impedindo de ir.

— Espere… Eu quero lhe propor um acordo. – Disse rápido.

— Como é? – Girei em meus calcanhares ficando de frente para o homem. Tive que olhá-lo de baixo para cima, afinal sempre fui baixinha.

— Você ouviu o que eu disse. – Revirou os olhos. – Já que temos esses passeios insignificantes, e eu vou ter que te aguentar até que Thor ou Odin voltem a pensar com clareza, bom, eu pensei que talvez nós pudéssemos nos ajudar.

Ele começou falando de uma forma menos fria comigo, o que me deixou completamente surpresa. Não estava acostumada com o mínimo de bom humor dele, e apesar de estar dizendo coisas como ter que me suportar percebi algo diferente em sua voz, talvez cumplicidade.

— Quando tentou me tirar da cela, alguns dias atrás, não tínhamos um plano e acho que podemos arquitetar isso. Você quer sair de Asgard e eu também, entende? – Ele fitou meus olhos e disse tentando me convencer.

— Quer dizer que está pedindo minha ajuda para fugir de Asgard? – Respondi tentando esconder um sorrisinho.

— Não estou lhe pedindo ajuda, afinal eu não preciso. Isso seria apenas uma troca de favores e uma forma de agradecimento por ter pedido a Odin que me tirasse da cela.

Sorri abertamente. Ele estava me agradecendo?

— Ora, ora. Vejamos que alguém está me agradecendo, não é mesmo? – Disse alto.

— Abaixe esse tom, midgardiana desprezível. – Bufou. – E pare com esses sorrisinhos. Isso não significa que o desejo de te matar tenha se esvaído.

Fiz uma carranca, Loki é o ser mais difícil de compreender em todos os reinos. Odin que me livre, viu?

— Eu vou pensar em sua proposta, e quem sabe nós podemos conversar sobre isso.

— Pare de ser tão teimosa, você sabe que não tem nada a perder.

— Isso é o que veremos. – Dei uma piscadela para ele.

Dei as costas para Loki e sai do pátio de treinamento. E enquanto subia as escadas fiquei pensando em sua proposta, não era tão ruim assim, afinal eu queria mesmo sair de Asgard, porém Loki não era confiável, ou era? Pois quando tentei tirá-lo da cela, me protegeu assumindo toda culpa da fuga.

Entrei em meu quarto tirei o vestido molhado e deixei a banheira encher-se de água quente, adentrei e relaxei meus músculos, minha mente estava uma bagunça e ainda era muito cedo. Afundei dentro da banheira tentando silenciar meus pensamentos dentro d’água.

Meses após a morte de meus pais, passei a morar com meu namorado. Só tínhamos um ao outro agora e ele cuidava de mim.

Estávamos na reta final do ano letivo e as cartas de faculdade chegaram. Surpreendi-me em ser aceita em uma de New York, em Manhattan,  e decidimos então que nos mudaríamos para lá.

Hoje seria um dia difícil, pois iria a casa buscar minhas coisas e desocupar de vez o local. Alguns tios meus viriam buscar os móveis, e depois doariam as roupas de meus pais. Não queria ter contato com nada mais que me fizesse ter crises de pânico outra vez.

Ao chegar à porta do meu antigo lar, engoli em seco. Precisava ser forte para entrar ali e juntar meus cacos, e assim levá-los comigo para enfim colá-los e sobreviver.

Empurrei a porta e entrei no costumeiro hall. Minha antiga casa agora estava completamente sombria e era visível que estava desocupada há meses. Passei pela grande sala que ainda tinham marcas de sangue na parede e no chão. A perícia havia deixado tudo da mesma forma e eu não queria por as mãos naquilo.

Engoli em seco e passei rapidamente. Subi as escadas indo para meu quarto, peguei uma mala em cima do guarda roupa e comecei a guardar minhas coisas. Observei meu porta retratos que continha uma foto minha com meus pais e o abracei, e as lágrimas inundaram meu rosto. Eu sentiria a falta deles para sempre, acho que nunca superaria o fato deles terem sidos tirados de mim e eu não poder ter dito que os amava, afinal já tinha alguns dias que havíamos discutido sobre a maldita pesquisa em que eles viviam metidos.

A limpa em meu quarto resultou em uma mala enorme e três bolsas. Tentei descer completamente desajeitada as escadas com a mala enorme e as bolsas. Até finalmente conseguir e suspirar de alívio.

Voltei ao meu quarto e peguei o que faltava. Meu cobertor de florzinhas. Desci as escadas rapidamente e passei na cozinha para dar uma olhada. Lá tinha uma enorme poça de sangue, o que fez meu estômago revirar e meus olhos se encherem de lágrimas, todavia algo no chão chamou minha atenção.

Era um papel amassado e eu corri para pegá-lo. Quando terminei de lê-lo, meu coração retumbou, meus pelos se eriçaram e soltei a respiração. Era a primeira pista do assassinato de meus pais em meses e aquilo passou despercebido da perícia? Nele dizia:

‘’Vocês foram avisados.

S. H. I. E. L. D ‘’


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