Redenção escrita por mjonir


Capítulo 37
Pura Esmeralda




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Natasha fazia de tudo para se livrar do aperto de ferro que sua oponente a submetia. As duas se enfrentavam bravamente como se não houvesse amanhã. A Agente 15 mantinha sua atenção na ruiva presa em seu golpe, até ser surpreendida com a reação de Natasha a levantando com a lombar e a jogando no chão a sua frente. As costas de Diana bateram no concreto da rua. A moça soltou um silvo de dor. Os olhos das duas se encontraram. 

Por uma fração de segundos Diana se rendeu a tontura e o zumbido em seus ouvidos, porém não podia deixar que sua oponente a prendesse com as pernas daquela forma. Em desespero a Agente 15 bateu sua cabeça na da mulher que a mantinha no chão. Natasha soltou um gemido sôfrego de dor e se levantou um pouco desorientada deixando Diana livre.

A ruiva sabia que não poderia deixar sua oponente a distrair e muito menos fazê-la abaixar a guarda. Suas pesquisas sobre a Agente 15 da Hydra a fizeram se perguntar se realmente valia a pena enfrentá-la corpo a corpo, principalmente pelo mito de suas habilidades especiais em congelar o que quisesse.

Diana já havia se colocado de pé e partia para cima da Viúva Negra sem nem ao menos ofegar. Natasha se pôs a correr para longe dela encontrando lá na frente civis que tentavam se proteger no meio do tiroteio e da luta corporal entre o Soldado Invernal e o Capitão América.

— Saiam! Saiam daqui! Escondam-se! - Natasha gritava a plenos pulmões enquanto corria para trás de um grande caminhonete branca.

Os civis pareciam tê-la escutado e começaram a gritar em desespero e corriam como se não houvesse amanhã para longe de toda a confusão. A ruiva mantinha seus olhos atentos a todos os lugares. Pressionou seu comunicador tentando entrar em contato com Steve. Os dois, definitivamente, não deveriam ter vindo sozinhos enfrentar duas máquinas de matar. 

— Steve?! Steve?! Me responde... - Natasha sussurrou para o comunicador.

O silêncio de medo dentro de si ficava cada vez mais ensurdecedor. Apesar do barulho de tiros, explosões, pessoas gritando e até mesmo de seu coração batendo, Natasha só conseguia ouvir o silêncio amedrontador naquele momento. Algo daria muito errado.

Diana observou os carros abandonados; ela sabia que sua oponente se escondia atrás de um deles. Apesar de toda a confusão ao seu redor, era sua mente que gritava e grunhia de forma ensurdecedora como se algo dentro de si tentasse lutar contra ela mesma para tomar o controle. Ninguém, naquele momento, estava mais confusa que Diana.

Ao chegar perto de um dos carros, preto e aparentemente blindado, a Agente 15 chutou com toda a sua força. O veículo foi jogado brutalmente perto de onde Natasha se escondia. A ruiva se assustou com a velocidade e principalmente com o barulho do veículo batendo em outros. Rapidamente Natasha pescou suas armas e se pôs a postos vendo sua oponente a alguns metros de distância. A Viúva Negra apertou o gatilho das duas armas e começou a atirar.

Diana pulou para trás de um carro. As balas se enterravam dentro do veículo fazendo furos perigosos perto do ombro desprotegido da Agente. Quando os barulhos de tiros pararam, Diana pegou sua arma e revidou os tiros de Natasha com fervor. Uma silhueta e um balançar de cabelos ruivos passou discretamente por entre os carros correndo para se proteger.  A Agente 15 abaixou seus olhos para o seu lado e lá havia uma pequena bolinha. Uma luz vermelha piscava freneticamente.

— Merda! - Ela grunhiu se levantando e se pôs a correr rapidamente para se proteger.

O carro o qual ela se escondia foi tomado por chamas causado pela explosão. E pela grandiosa força o veículo foi arremessado para cima da Agente 15. Uma das portas arrebentou das dobradiças e acertou Diana nas costas enquanto ela corria. A moça caiu no chão tentando respirar, tamanho o baque em sua lombar. Ao observar que o carro voava em sua direção Diana se jogou rapidamente para o lado grunhindo desesperada por ar. 

Ela protegeu sua cabeça com os braços. O carro caiu bem onde ela estava. Seu ouvido direito zunia. Diana olhou em volta por entre os braços. O comunicador gritou em seu ouvido esquerdo.

— Agente 15?! - O Soldado Invernal disse.

A moça apertou o comunicador com as mãos trêmulas. Ela sentia que sua voz sairia como se estivesse destruída, porém tinha que respondê-lo.

— Sim?! — Ela sussurrou.

Apenas a respiração descompassada do Soldado foi ouvida por alguns momentos como se ele quisesse lhe falar algo.

— Sim?! - Diana perguntou novamente e dessa vez mais forte.

Um suspiro foi ouvido do outro lado da linha. Diana franziu o cenho. Ele parecia estar suspirando de alívio.

— Pegue a ruiva. O Capitão América já foi rendido. - Ao dizer isso, Bucky cortou a conexão.

Diana suspirou e se levantou. Observou o carro completamente destruído e foi buscar uma de suas armas que acabou sendo deixada lá. Ainda tinha muito o que fazer. De repente um baque em seu ombro a fez se assustar. Lá estava a ruiva presa em suas costas como uma aranha. Suas mãos seguraram em seu pescoço fazendo com que a Agente 15 perdesse o ar. 

Em puro reflexo Diana deu o mesmo impulso que Natasha havia feito antes e jogou a ruiva no chão. Antes mesmo que a Agente 15 pudesse socá-la no rosto, Natasha envolveu suas longas pernas em volta do pescoço de sua oponente e lhe aplicou uma chave de perna. A morena levantou um pouco seu corpo e se jogou  para que as costas de Natasha batessem no chão.

As pernas da Viúva Negra afrouxaram o aperto e Diana aproveitou para se livrar dela. A Agente 15 levantou a ruiva pelo colarinho. Natasha chutou seu estômago e Diana a soltou procurando por ar. Sua oponente aproveitou para chutar seu rosto. Apesar da força maciça que a ruiva havia aplicado em seu golpe a morena não caía. Diana cuspiu sangue no chão e segurou o braço de Natasha antes que ela lhe aplicasse outro golpe. 

A Viúva Negra arregalou os olhos ao observar o rosto ensanguentado de sua oponente. Os olhos dela pareciam estar consumidos em chamas vivas. Diana lhe aplicou um golpe com a perna. Um chute no estômago jogando Natasha para o outro lado. A ruiva caiu com um baque surdo no chão. Ela grunhia procurando por ar, porém ainda conseguiu encontrar forças para se levantar. Seus pés se arrastaram sofregamente pelo concreto, ela sabia que estava perdida.

De repente uma queimação em seu ombro esquerdo a fez parar e caiu sentada ao chão. Tonta e desconcertada Natasha olhou para o local onde queimava e arregalou os olhos. Uma estaca de gelo estava enterrada ali e sangue molhava sua jaqueta cor caramelo. A Viúva Negra pôs a mão sobre a estaca e tentou puxá-la. Um grito de dor saltou de seus lábios. Sangue e mais sangue pintava o chão e suas mãos.

Diana se aproximou da Viúva Negra e arrancou a estaca com um puxão. A mulher gritou novamente e levantou os olhos marejados para a morena. A Agente 15 não a olhava nos olhos, soltou a estaca no chão e apertou sua orelha com a mão pintada de sangue. A parte esquerda de seu rosto manchou-se de carmim com a marca de seus dedos.

— Viúva Negra rendida, senhor. Nos encontramos no furgão! — Diana sussurrou para o comunicador.

Natasha abaixou os olhos para o chão. A Agente 15 segurou a ruiva pelos cabelos a fazendo levantar os olhos para ela.

— Hail HYDRA! — Diana sussurrou soltando o cabelo de Natasha.

A morena pegou a ruiva e a colocou em seus ombros como se fosse apenas um saco de entulho e a carregou para o fim da rua seguinte onde o Soldado Invernal a esperava.

Loki olhava para a pequena tela que chamavam de Tv. Carros pegavam fogo, ambulâncias corriam para lá e para cá auxiliando pessoas que estavam no meio do conflito entre o Capitão América e o tal Soldado Invernal. Ele observou uma cabeleira ruiva lutando contra o inimigo com a estrela no braço mecânico. 

A cena cortou rapidamente porque eram apenas vídeos de cinegrafistas amadores como disse a mulher na Tv. Uma imagem de explosão tomou a cena e Natasha apareceu correndo. Atrás dela uma mulher de costas. Cachos grossos amarrados no alto da cabeça para impedir que os fios atrapalhassem sua visão. A roupa preta da moça contornava seu corpo. A cena cortou novamente e Natasha apareceu atirando. Após isso algumas fotos tiradas pelo helicóptero da equipe jornalística focaram na mulher de preto. Em uma delas, ela olhava pra cima. 

Loki se levantou de onde estava sentado. Ele conhecia muito bem aqueles olhos castanhos, a pele cor de oliva e os cabelos emaranhados. Sua expressão de fúria fez com que ele se lembrasse da forma que ela o olhou na última vez que se viram e principalmente em seu último dia em Asgard.

— Diana! — Ele sussurrou para a Tv e se pôs a andar. 

Saiu da sala em que estava. Thor andava de um lado para o outro na sala ao lado. Ele falava com Maria Hill. A agente havia saído para buscar Steve, Natasha e um tal de Sam Wilson e pelo jeito precisaria de ajuda.

— Loki! Precisamos ajudar a Maria Hill. Há muitos soldados da HYDRA. E parece que Diana está lá.

— Eu sei! - Loki disse passando pela sala onde Thor estava.

— E então?! Onde vai? Precisamos ir! - Thor gritou para Loki se encostando na porta.

— Vou preparar nossa isca. - Respondeu o deus da trapaça e sumiu entre as longas portas cinzas do bunker escondido.

{...}

Ao chegar na sala onde Thomas se encontrava, Loki apenas fez sua lança se materializar. Ao vê-lo o ruivo encolheu-se. Seus olhos se arregalaram. Thomas possuía manchas escuras ao redor dos olhos por não dormir. Sua mente parecia estar derretida, extremamente bagunçada com a realidade e a ilusão.

— Por favor! - Thomas disse em um sussurro sôfrego.

— Já não se cansou de implorar?! - Loki grunhiu para ele.

O ruivo se encolheu mais uma vez. O deus da trapaça soltou um risinho pelo nariz por sentir o temor que Thomas demonstrava apenas em vê-lo. Sua promessa havia sido cumprida e agora precisava trazer Diana de volta para que pudessem zarpar logo. Ele enfrentaria Odin e todos os asgardianos que pudesse para ser livre dentro de seu planeta junto com ela.

— Você vai fazer algo pra mim! - Loki disse colocando a ponta de sua lança no peito de Thomas.

Rapidamente o olho de Thomas ficou azul assim como o do Gavião Arqueiro. Loki abriu um sorriso satisfeito. Como ele sentia falta de sua lança.

— É... Eu senti falta disso. - O deus da trapaça sorriu.

Ao puxar sua lança os olhos de Thomas voltaram ao normal. Loki sabia que tinha total controle de sua mente, porém a HYDRA não sabia e nem deveria saber disso.

— Loki! - Thor gritou do lado de fora do saguão.

Thomas se levantou e ficou ao lado de Loki olhando para o vazio.

— Vamos, irmãozinho. - O deus da trapaça saiu do saguão juntamente com Thomas.

Thor observou os dois e assentiu. O plano iria começar a partir de agora.

{...}

Thor havia recebido orientações de Maria Hill sobre serem discretos, então nada de chegar voando, com outro carro ou fazendo estardalhaço. Loki resmungava no canto inferior do táxi. O motorista tamborilava os dedos no volante ao som de uma música animada. O taxista olhava a todo momento para o retrovisor. Ele era um senhor de idade um tanto animado.

— Cara, você parece aquele herói dos Vingadores. Qual o nome dele mesmo? Aquele do martelo. 

Quando Thor abriu a boca para responder o taxista o interrompeu.

— Acho que é o Ghor? Sei lá, cara. Só sei que essa fantasia sua e do seu amigo estão incríveis. Estão indo para algum evento de... Bosplay? Como é que minha filha fala mesmo?

— Senhor...

— Ah! É Cosplay. Acho que é isso que ela fala. Minha filha se amarra nisso. - Ele disse rindo e olhando Thor pelo retrovisor - Ela sempre vai nesses eventos e me arrasta junto mesmo eu não sabendo de nada.

Loki revirou os olhos. Nunca tinha escutado tanta ladainha. Observou a estrada onde estavam. Deveriam descer ali.

— Pode parar aqui! - Loki disse para o motorista.

— Beleza, meu chapa! - O taxista sorriu para ele.

Loki revirou os olhos mais uma vez, abriu a porta e arrastou Thomas para fora. Thor saiu puxando sua capa vermelha.

— Minha filha nem vai acreditar que eu vi cosplay do Ghor. - O taxista disse recebendo o dinheiro que Thor havia lhe entregado. - Obrigada aí, meu chapa! Vê se aparece mais nos eventos, minha filha vai adorar.

Thor assentiu sorrindo para o taxista que pisou o pé no acelerador deixando os asgardianos para trás. 

— Os midgardianos nunca param de me intrigar com essas linguagens. - Thor disse ainda rindo.

{...}

Hill havia indicado onde Thor e Loki deveriam ficar. Ela já estava dentro do carro onde se encontravam dois agentes da HYDRA juntamente com Steve, Sam e Natasha. Ela estava extremamente preocupada com a ruiva. Sangue e mais sangue saía de seu ombro e seu olhar não estava se focando em nada. Ela precisava que Loki e Thor fossem rápidos.

De repente o carro parou. Barulho de portas bateram. Os agentes abriram a porta e saíram. Hill fez o mesmo. O filho do diretor estava parado na frente dos carros escuros da HYDRA. Assim que os agentes da frente correram para socorrer Thomas, a agente rapidamente golpeou os outros dois ao seu lado com um bastão. Eles caíram desacordados. 

Loki apareceu e assentiu para Hill entrando dentro do furgão. Steve o olhou espantado. Natasha arregalou os olhos e se encolheu um pouco no fundo do carro. Sam Wilson teve a mesma reação que os amigos. O deus da trapaça apenas lhes deu um sorriso malicioso.

— O que diabos tá acontecendo aí atrás, Blade?! - O motorista do furgão gritou.

Uma porta bateu. Hill se escondeu ao lado da van. Quando o homem chegou não havia mais onde se esconder, Hill apontou a arma para sua cabeça e sem pestanejar atirou no meio de sua testa. O motorista caiu morto ao seus pés. Rapidamente Maria retirou o capacete e apareceu na porta. Steve foi o primeiro que a reconheceu.

— Ouvi dizer que os meninos precisavam de ajuda. - Hill sorriu para eles. Steve soltou um suspiro de alívio. Loki fechou a porta.

Ela correu para tomar o controle do carro. Com o pé pisando fundo no acelerador, Hill cantou pneus e acelerou muito mais para sair da linha dos carros da HYDRA. O burburinho entre os agentes aumentou ao observar que o carro em que estava os prisioneiros havia sido tomado. Os agentes entraram em seus carros e começaram a perseguir Hill. Mais sons de tiros ecoaram pela rua. Maria tentava de todas as formas segurar o volante e atirar contra os agentes ao mesmo tempo.

Foi quando uma parte do céu escureceu e na frente dos carros o deus loiro apareceu. Um raio caiu sobre o mjonir e ele apontou para o chão criando um caos. Alguns dos veículos tombaram e capotaram pegando fogo. E com toda essa confusão os outros agentes ficaram presos entre os seus. 

Thor levantou voo e seguiu o carro de Hill de volta para o bunker. Ao olhar para trás mais uma vez ele encontrou o olhar de Diana em meio ao fogo e em meio a tantos agentes. Ela olhava para ele de forma vazia como se fosse apenas um fantoche nas mãos de alguém.

Um médico cuidava dos ferimentos de Natasha enquanto ela estava deitada na maca. O olhar da moça alternava entre a figura viva de Nick Fury e a de Loki ao lado de Thor. Ela se perguntava frequentemente o que os dois estavam fazendo ali.

— Thor, é sempre um prazer recebê-lo aqui. - Fury disse - Mas se me permite, gostaria de saber o porquê. 

— É um prazer também, Nick Fury. - Loki ironizou para o homem negro a sua frente.

Hill revirou os olhos ao lado de Steve que prestava atenção na conversa olhando de forma raivosa para Fury. 

— Não posso dizer o mesmo, Loki. - Fury alfinetou.

— Fury! - Thor chamou atenção do diretor - Estamos aqui por causa de uma amiga. Ela se chama Diana e foi sequestrada pela HYDRA.

Loki suspirou e saiu da sala indo diretamente para a outra parte do bunker. O crepúsculo já caía. Ao encontrar a parte aberta do bunker, Loki se encostou ao parapeito. O local ficava muito bem escondido dentro de Washington D.C. Ele observou o céu estrelado. A noite estava quente. Loki não se preocupou em ficar perto de Thor enquanto ele narrava tudo o que acontecia. Viver uma vez aquela história já lhe era o bastante.

Através do deus do trovão os heroizinhos ficariam sabendo o que aconteceu e os detalhes do plano criado por Loki. Eles resgatariam Diana e ajudariam a SHIELD a dar um fim definitivo na HYDRA, o que claro, Nick Fury não iria recusar; ainda com os olhos postos sobre o céu, Loki imaginou como Diana estaria depois de tudo aquilo. Claro que ela havia visto Thor levantando voo. Será que ela havia se lembrado dele?

O moreno sacudiu a cabeça de leve tentando impedir que pensamentos e mais pensamentos gritassem em sua mente o deixando ensurdecido. Ele sabia que precisava estar preparado para qualquer coisa que aconteceria no outro dia. Sabia que Diana poderia enfrentá-lo estando em seu transe criado pela HYDRA e que agora ela estava mais forte. Muito bem treinada e sem medo. A Diana que enfrentou Nidhogg. Lá a moça estava apenas descobrindo sua força.

— Ela está bem? - Jane disse se aproximando de Loki.

A Foster não sabia o que dizer de Loki desde que se encontraram, apenas sabia que não deveria subestimá-lo, porém depois desse tempo perto dele e observando toda sua quietude e seus olhares vazios notou que havia uma semelhança entre os dois.

Quando Thor havia deixado a moça aqui ela tinha as mesmas atitudes e expressões do deus da trapaça. O vazio dentro de si, a saudade remoendo todas as paredes de seu ser fazendo com que ela sofresse e mantivesse uma esperança insana de que ele voltaria.

Loki se virou e encontrou Jane encostada perto da porta. Os cabelos cor de caramelo da moça estavam muito maiores do que quando se viram pela última vez. Ela realmente era bonita. Ele havia constatado isso desde que colocou seus olhos na moça, porém mesmo assim não entendera como Thor havia se apaixonado por ela. A forma como Jane olhava para Thor o incomodava muitas vezes, pois não compreendia o sentimento até seus olhos encontrarem os de Diana. Ela o olhava daquela mesma forma e então ele finalmente entendeu.

— Ela vai ficar! - Loki disse voltando seus olhos para a lua.

Paramédicos limpavam a parte direita do rosto de Diana. Sangue seco estava encrustado em sua pele. A explosão havia feito seu ouvido sangrar. Os enfermeiros o examinaram e disseram que apesar do sangramento não era absolutamente nada preocupante porque o sistema de regeneração de Diana era muito mais poderoso do que dos humanos.  

A moça estava sem camiseta. Os enfermeiros trabalhavam em seu ombro que havia sido atingido de raspão por uma das balas de Natasha e a Agente nem havia se dado conta. Diana olhou para o lado, Bucky estava na mesma situação sentado em uma maca. Seus olhos abaixados para as mãos com pequenos hematomas. Diana olhou para as suas próprias mãos e observou que elas estavam com hematomas e calejadas. 

Assim que os paramédicos terminaram de examiná-la se levantou e colocou novamente sua camisa. Bucky havia se levantado também e saiu rapidamente da sala. Os olhos da moça seguiram as costas rígidas do Soldado sumindo rapidamente pelo corredor, ele parecia estar tão perturbado quanto ela. A cena do homem loiro voando pelo céu e a observando não saía de sua cabeça. Seu rosto, a capa e o martelo lhe pareciam imensamente familiares.

Diana saiu da sala deixando alguns enfermeiros falando sozinhos e seguiu Bucky. O Soldado ia direto para o terraço do bunker da HYDRA. Ela franziu o cenho. Desde quando Bucky ia até seu lugar secreto? Somente Diana ia até o terraço algumas vezes, ela treinava sozinha ou ficava apenas observando o céu em noites quentes como a de hoje.

Ao chegar lá Bucky se enconstou no parapeito de costas para Diana. A agente se pôs ao seu lado e se sentou no parapeito de frente para a porta. Bucky levantou os olhos para ela. Ele parecia confuso, perturbado. Seus olhos estavam um tanto marejados.

— Ele disse meu nome. - O Soldado sussurrou para a mulher.

Diana franziu o cenho para ele. Sem pensar a moça encontrou a mão quente e grande de Bucky no parapeito. Ele se assustou e olhou para a mão dela segurando a dele. Seus olhos se encontraram. Os dois não estavam em transe, e sabiam disso. Desde que se beijaram na grande convenção não haviam conversado sobre nada, e muito menos haviam se visto sem ser como Soldado Invernal e Agente 15. Ali eram apenas Diana e Bucky.

— Eu gostaria de saber o que está acontecendo... Acontecendo conosco. - Diana sussurrou de volta para ele.

Bucky afastou o olhar dela. A moça soltou sua mão e segurou seu rosto virando para ela de forma gentil. 

— Eu não me reconheço mais... Eu. - Ela gaguejou.

— Parece errado tentar entender quem eu sou. Toda vez que forço minha mente eu só sinto... Dor. Mas com você... - Ele disse rapidamente - Com você eu não sinto toda essa... Dor e questionamento.

O Soldado se virou para ela e se aproximou. Uma de suas mãos segurou gentilmente a perna de Diana. A moça levantou os lábios em um pequeno sorriso.

— Eu sinto o mesmo. - Ela acariciou o rosto do Soldado. Ele fechou os olhos aproveitando o carinho.

Diana aproximou seu rosto do dele e tocou os lábios de Bucky gentilmente. Ela fechou os olhos. Não sentia explosões, arrepios e aquele frio na barriga. Ela não sabia de onde conhecia todas aquelas emoções, porém sentia falta de todas elas. Os lábios de Bucky lhe proporcionavam uma pequena paz e esperança, mas não o suficiente. Nunca era o suficiente. Ela suspirou e se afastou dele ainda acariciando seu rosto. Bucky abriu os olhos e voltou seu rosto para o céu estrelado. Ele ainda acariciava a perna da moça gentilmente. Diana levantou os olhos e encontrou a lua prateada e extremamente grande no céu. Parecia que o satélite natural a observava e a recriminava pelo que acontecera.

Mais uma vez a moça suspirou ainda observando a lua. Por que dentro dela uma saudade incompreensível a remoía? Cada vez mais parecia que uma parte lhe faltava e nem a HYDRA, nem as conquistas com o vértice ou até mesmo Bucky poderiam preencher. Haviam lacunas em todas suas lembranças e pensamentos. E sabia que dentro de si, no mais profundo de seu ser, sentia falta de alguém... Alguém com olhos cor de pura esmeralda.


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