Redenção escrita por mjonir


Capítulo 21
Mestiça




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A luz do sol invadia as janelas do quarto, os feixes de luz incomodavam meus olhos. Grunhi e coloquei o travesseiro sobre meu rosto tentando impedir que meus olhos ardessem como se tivessem jogado ácido neles.

Virei-me para o lado direito tirando o travesseiro do rosto e abri os olhos ainda sonolenta, encontrei o quarto totalmente vazio. O lugar que Loki havia se deitado ontem à noite intacto assim como a poltrona de carvalho em que ele se sentou para ler. Passei as mãos por meu rosto tentando me livrar da sonolência e me sentei na cama, não havia tirado o vestido que Caliel me emprestara, o coitado pedia clemência - creio eu - por estar tão amassado.

Tomei coragem e me levantei indo até a pequena porta perto da cômoda que não tinha percebido noite passada, encontrando lá um pequeno banheiro, um tanto esquisito e diferente, mas pelo menos há um e fico feliz com isso. O banho já estava preparado e quente na grande bacia de madeira. Imagino que Caliel teria vindo mais cedo e preparado para que me sentisse à vontade, não poderia agradecer mais. 

Ao sair do pequeno banheiro esquisito e voltar para o quarto, havia um novo vestido, em cima da cama, vermelho carmesim e longo - pra variar - cheio de pedrarias e quase parecido com o que a Elfo usava quando a conhecemos. Dei de ombros e comecei a vesti-lo, tenho que me conformar que nos outros oito reinos não existe calças jeans. Outra sapatilha da mesma cor que o vestido me esperava em cima da cômoda.

Tentei de alguma forma dar um jeito no ninho de passarinho que meu cabelo havia se tornado e optei por prendê-lo em uma trança um tanto mal feita, suspirei e me dirigi à porta de saída para enfim descer e descobrir o que me esperava lá embaixo. Coloquei a minha mão sobre a garganta tentando encontrar a grande jóia redonda que é o Brisings, mas não o encontrei ali, virei-me rapidamente para a cômoda tentando achá-lo, até que um brilho dourado me chamou atenção em cima da poltrona que Loki estava sentado noite passada, como diabos ele havia parado ali?

Com os dedos sobre o Brisings desci as escadas de carvalho da casa de Caliel encontrando lá embaixo a mesma sentada à mesa ao lado de Loki fazendo o desjejum. A mulher não economizava sorrisos para o Asgardiano enquanto ele contava como fugimos de Thor.

— Bom dia, querida. - Caliel cumprimentou dirigindo seu sorriso estonteante para mim.

— Bom dia, Caliel. - Abri um pequeno sorriso para ela e me sentei à mesa.

Ao ver os pães, geleias e frutas vermelhas como aquelas que comi na caverna meu estômago protestou fazendo com que eu me apressasse para experimentar um pouco do que havia na mesa. Enquanto calmamente comia a pequena fruta vermelha pude sentir o olhar de Loki sobre mim, o que me fez olhar para todos os lugares da casa menos para ele.

— Loki, você sabe que não precisa ir agora e... - Caliel começou com seu sotaque arrastado me fazendo olhá-la. Nós iríamos embora? 

— Caliel, minha querida - Ele começou me fazendo reprimir a vontade de revirar os olhos. - Eu preciso achar Freyja o mais rápido possível.

— Mas vocês não tem nenhuma pista - A Elfo disse me fazendo concordar mentalmente. - A não ser que tenha...

— Um plano. Eu sempre tenho. - Loki a interrompeu sorrindo abertamente.

Caliel fechou a expressão como se estivesse tentando entrar na mente de Loki para descobrir o que ele queria dela, e não duvido nada que estava tentando de verdade.

— O que quer de mim? - Ela perguntou ainda séria fazendo com que eu sentisse a tensão no ar. 

Loki olhou para mim e depois para o Brisings em meu pescoço, suspirou e voltou seu olhar para a Elfo.

— Preciso que localize Freyja. 

O silêncio se instalou na sala de Caliel me fazendo respirar devagar e observar atentamente tudo que estava acontecendo, será que a Elfo reagiria mal a esse pedido? 

— E como acha que vou fazer isso? - Explodiu a mulher de cabelos prateados a minha frente me fazendo dar um pulo de susto na cadeira. - Por que você não faz isso? Eu o ajudei com a magia. 

Como é? Achei que Frigga havia ajudado Loki a praticar magia...

 - Quer dizer então que vocês se conhecem faz tempo? - Questionei a Elfo sobre Loki e ela assentiu rindo.

— Loki adorava passar por Vanaheim quando Thor começava a ficar ''insuportável'' como ele costumava dizer. Somos bons amigos. - Disse sorrindo para ele.''

Lembrei-me do dia anterior quando havia questionado Caliel sobre como ela havia conhecido Loki, ele se escondia aqui e a Elfo o abrigava e lhe ajudava com a magia.

— Eu não posso tocar no colar. - Loki rugiu tirando-me de meus devaneios.

— E por que acha que eu posso? Não viu que me queimei quando tentei tocá-lo? - Ela esbravejou de volta.

Comecei a ficar um pouco nervosa com aquela discussão, e se os dois começassem a brigar de verdade e acabassem transformando um ao outro em sapos ou ratos? Quase pude ver minha consciência revirando os olhos para mim e dizendo:

Maldita hora em que leu contos de fadas, Diana.

— Você não, mas ela pode. - Loki apontou para mim atraindo minha atenção novamente para a discussão. 

Caliel se calou e me observou com atenção como se tentasse ver através de minha alma, sustentei seu olhar até que uma centelha de decepção apareceu em seus olhos dourados, ela suspirou e olhou para Loki.

— Mas... Eu não... - A Elfo resmungou algumas vezes. - Você não entende. Eu não consigo saber o que há nela, eu tento ver, é como se houvesse um bloqueio.

Loki suspirou e colocou uma de suas mãos grandes no rosto delicado de Caliel, seu olhar amoroso dirigido a ela me fez suspirar. 

— Eu sei que consegue, você pode fazer isso por mim? 

A mulher exuberante sentada à mesa suspirou e colocou as mãos em seu rosto, seus pulsos tinham cicatrizes grandes e esquisitas como se tivesse sido queimada. Aquilo me assustou um pouco e me pus a observar as marcas horrendas. Caliel tirou as mãos do rosto e assentiu para Loki, os olhos cheios de lágrimas. Seu olhar se encontrou com o meu e pude ver seu sofrimento e angustia.

— Agora eu preciso me certificar de que há um portal lá fora. Não fique assim, eu sei que você conseguirá de alguma forma, minha querida. - Loki disse acariciando a maçã do rosto corada de Caliel. 

O asgardiano se levantou da cadeira de carvalho e cruzou a sala chegando até a porta, meus olhos o seguiram observando cada passo dado por ele. Antes que Loki abrisse a porta ele se virou e olhou para mim com uma centelha de preocupação. 

— Caliel ajudará você a encontrar Freyja, concentre-se... Eu volto em algumas horas. - Ele disse para mim ainda sério.

Assenti rapidamente e assim se foi o asgardiano a procura do portal para os mundos. 

— Não há nada aqui! - Rugiu a Elfo praguejando o livro em suas mãos e me fazendo estremecer na pequena cadeira de carvalho ao seu lado. 

— Ei - Segurei uma de suas mãos carinhosamente e ela olhou para mim. - Por que não paramos um tempinho para descansar? Estamos nisso há algum tempo, e você está bem perturbada depois da conversa com Loki. 

Caliel suspirou e encarou nossas mãos juntas, mesmo com uma expressão triste a mulher a minha frente não deixava de ter uma beleza exuberante, de onde diabos ela herdou tudo isso? Seu olhar estava fixado nas fotos penduradas na parede da casa. 

— Por que não falamos sobre outra coisa? - Sugeri.

A Elfo olhou para mim e mordeu seus lábios cheios segurando o choro, continuei afagando sua mão até que ela suspirou novamente e começou a falar com seu sotaque arrastado. 

— Não, eu preciso lhe contar algo... Só Loki sabe disso porque é o único amigo que tenho, mas sinto que posso confiar em você. - Sua repentina ideia me surpreendeu. 

— Se é o que quer, tudo bem, mas saiba que não precisa me contar... 

— Você está intrigada por eu ter ficado tão perturbada por ele me pedir algo que não tenho ideia de como fazer... E é isso que me perturba, pois lembro de meu pai.

 Ela fungou como se fosse começar a chorar de novo, acariciei novamente suas mãos e assenti para que ela continuasse. 

— Eu nasci em Alfheim - Ela continou. - O reino dos elfos brancos, um lugar tão mágico que só os habitantes poderiam descrever. Árvores grandes com troncos como esse que eu moro hoje, as florestas vívidas cheias de alegria, amor e principalmente magia. Nós servimos a natureza e nosso poder vem dela, e por isso o reino floresce em harmonia. Minha mãe costumava me contar sobre o dia de meu nascimento, o reino todo em festa, a alegria e a magia no ar por ser a primeira herdeira do Rei Magnus e a Rainha Zella. - Caliel fez uma pausa e imaginei o quão mágico foi o dia de seu nascimento, a princesa de Alfheim. - As luas se passaram e eu cresci, quando completei quinze luas recebi a notícia de meu pai que meus treinos de magia começariam, eu não poderia estar mais ansiosa para isso, e quando o dia chegou eu descobri que meu próprio pai me treinaria.

'' - Vamos Caliel!- Meu pai me chamou enquanto eu saltitava pelo palácio. 

— O que vamos fazer, papai? - Meu pai me lançou um sorriso cúmplice que compreendi de imediato. - Finalmente vou praticar magia? 

Ele assentiu ainda sorrindo, estendeu a mão para mim que segurei rapidamente e me joguei em seus braços o abraçando.

— Obrigada, papai. ''

Caliel piscou várias vezes tentando afugentar as lágrimas traiçoeiras dos olhos, e continuou a contar.

— Nós íamos todos os dias para a sala de treinamento, e meu pai tentava tirar algo de mim. Eu sabia que todos os Elfos apresentavam dificuldade no começo, mas já se passavam dois meses e eu não conseguia praticar um simples feitiço que trazia vida às plantas. Meu pai ficava cada vez mais nervoso e não falava comigo fora dos treinos, não me deixava sair e nem treinar com o arco e flecha. Comecei a me sentir prisioneira e não uma filha, a raiva foi me consumindo aos poucos até que um dia ela explodiu, aquele dia com toda certeza foi o pior de toda a minha vida.

''O Rei Magnus a espera na sala de treino.''

— Um bilhete foi jogado por debaixo de minha porta, nem os serviçais tinham a permissão para se comunicar comigo, somente Magnus e minha mãe. Decidida a confrontá-lo e pedir para me libertar fui ao encontro de meu pai, assim como cheguei decidida a fazer algo, ele também estava decidido a não me escutar.

'' - Se você não conseguir fazer essa semente germinar eu... Eu deserdo você, Caliel! - Magnus esbravejou me assustando com aquelas palavras.''

— Assustada e com muito medo de ser deserdada eu tentei de todas as formas fazer aquela maldita semente germinar e se tornar uma planta, usei todas as forças que eu possuía até me fadigar completamente. Estava tão cansada que nem havia percebido que chorava tanto. 

'' - Eu desisto! - Gritei chorando desesperadamente - Não consigo fazer isso. 

— É claro que consegue! - Magnus gritava - Eu não deixei você viver para que fosse inútil na prática de magia.

A expressão de Magnus se tornou surpresa ao me observar, mas eu não ligava para o que ele estava pensando no momento, o ódio havia me tomado e minha pele se encheu de cicatrizes.

— Os olhos... - Sussurrou Magnus.''

Ao descrever aquilo pude ver Caliel estremecer, seus olhos se tornaram duros e de maneira alguma ela me olhava, lágrimas molhavam seu rosto de anjo. 

— Ele disse que havia me deixado viver como se eu fosse algo descartável para ele, veja o que um pai dizia sobre a própria filha, eu tentei mostrar a ele que sua vontade por um filho homem não me afetava, mas não era só isso que Magnus repudiava em mim. - A Elfo disse em tom de deboche.

— Te deixado viver? Isso soa como se ele não fosse seu... - Eu disse olhando para Caliel, seus olhos e rosto banhados em lágrimas.

— Ele não é meu pai. Quando soube disso o ódio me tomou e despertou em mim o DNA de meu verdadeiro pai, a força que tenho não é comparada a que eu tinha naquela noite, mas consegui fazer um pequeno estrago em Magnus. - Ela fez uma pausa passando a mão pelo rosto tentando limpar as lágrimas que desciam freneticamente. - Naquela noite ele interrogou minha mãe da forma mais violenta possível até ela admitir que eu não sou filha dele. Magnus a torturou na minha frente, posso ouvir os gritos de agonia dela quando me lembro disso tudo. - Caliel fechou os olhos e trincou os dentes, sua pele ficou arrepiada. Passei meu braço por seus ombros e a tomei em um abraço apertado enquanto ela chorava.

'' - Diga-me Zella, quem é o pai dessa miserável? - Magnus dizia enquanto rasgava o braço dela com sua lança de prata, minha mãe se debatia com os braços amarrados em uma cadeira. - Os olhos ficaram vermelhos como de um...

— Para de fazer isso com ela! - Eu gritava de volta para ele enquanto me debatia amarrada à cadeira, as cordas esfolavam meus pulsos e as lágrimas saltavam de meus olhos.

— Cale-se, sua imunda! - Magnus se aproximou de mim e desferiu um tapa em meu rosto.

— Não a machuque, Magnus. - Zella implorou atraindo a atenção daquele que um dia tinha sido meu pai.- Eu que devo sofrer por amar outra pessoa e ter uma filha maravilhosa como Caliel, e não te dar um filho homem? Uma mestiça. - Zella respondeu Magnus com ironia, mas virou seus olhos para mim cheios de amor. 

— Você deve aprender como se portar, meretriz. - Magnus esbofeteou minha mãe enquanto eu gritava desesperada. ''

— Naquela noite eu descobri que sou metade Elfo e metade Jotun. Minha mãe havia se apaixonado por um gigante de gelo e engravidou. Magnus ficou feliz ao receber a notícia, Zella achava que eu nasceria uma Elfo completamente normal ou se tivesse algo relacionado aos Jotun ela conseguiria adormecer com um feitiço, mas todo feitiço tem uma brecha por menor que ela seja, ainda existe. 

— Com todo o ódio que Magnus estava matou minha mãe na minha frente, os gritos de dor me deixavam enfurecida assim como as ameças de morte que o Rei dirigia a mim. Quando experimentei da força de um gigante de gelo da primeira vez eu não sabia como fazer, apenas fluiu, mas no momento em que vi Magnus matando minha mãe eu soube o caminho para arrebentar as cordas, e o fiz. Minha pele se tornou azulada com marcas parecidas com cicatrizes, e o ódio me cegou.

'' - Por que fez isso? - Gritei para Magnus apertando seu pescoço - Eu sou a sua filha. 

— Você. Nunca será. Minha filha - Resmungou Magnus enquanto eu apertava mais seu pescoço. 

As lágrimas molhavam minha face, o Rei dos Elfos lutava para não apagar tentando soltar-se de minhas mãos azuis.

— Você é uma inútil, Caliel. Nunca será um Elfo porque não pratica magia, seja apenas o monstro horrível de gelo que nasceu pra ser.''

— As palavras dele me deixaram ainda mais enfurecida, mas nunca seria capaz de ser tão cruel. Eu queria que ele vivesse para saber que eu conseguiria sobreviver e me tornar uma mestiça poderosa como minha mãe disse. Desmaiei Magnus e fugi da sala de treinamento, peguei os livros que conseguia levar, e principalmente o mais importante de Alfheim: O livro que continha as magias mais fortes e precisas que só o Rei tinha o conhecimento. Assim fugi de Alfheim pelas grandes montanhas, me perdi dentro de cavernas até encontrar uma passagem que me trouxe para Vanaheim e aqui eu sobrevivi e me tornei quem sou hoje.

A voz de Caliel já não era mais chorosa e sim forte, sua história me fez pensar o quanto ela sofreu sendo pressionada pelo Rei dos Elfos a fazer magia, e depois ver a própria mãe ser morta pelo suposto pai.

— Você é uma mestiça poderosa, Caliel. - Consegui dizer enquanto abraçava a Elfo a minha fente.

— Obrigada querida... Por favor não tenha medo de mim... - Ela disse com a voz embargada. 

— Eu nunca terei medo de você, é minha amiga. - Abracei ela mais forte.

De forma repentina a porta de carvalho se abriu e Loki entrou, seus olhos ligeiros encontraram os meus. Ele franziu o cenho ao ver Caliel enroscada em meus braços com o rosto vermelho de tanto chorar. O asgardiano se aproximou e acomodou-se à mesa de carvalho. Caliel me soltou e observou Loki com um sorriso pequeno.

— E então, vocês conseguiram achar Freyja? 

Um arrepio subiu por minhas costas, havíamos esquecido de procurar a deusa, todavia Caliel precisava de um ombro amigo.

— Eu tive uma ideia enquanto eu e Diana conversávamos. - Ela se levantou da cadeira rapidamente e fez um gesto para que eu me levantasse.

Observei Loki com o cenho franzido, ele olhava para Caliel da mesma forma que eu, levantei-me também e me aproximei da Elfo. 

— Segure o Brisings. - Ordenou Caliel.

Abri o fecho do colar e segurei a joía com as duas mãos.

— Agora feche as mãos e os olhos! Siga minha voz. 

Fiz o que a Elfo mandou, fechei os olhos e me concentrei em sua voz. 

— Pense em Freyja, Diana. 

— Mas eu não a conheço... 

— Shhhhh! Apenas pense nela, não deixe que sua mente vagueie para outro lugar. 

Concentrei-me na deusa que nunca havia visto em toda a minha vida. Alguns minutos se passavam e eu tentava não pensar em outra coisa, o que se tornou um desafio, pois meu estômago havia começado a protestar novamente.

— Me dá uma ajuda aí, Freyja.— Sussurrei achando que poderia pedir ajuda assim a uma deusa que talvez nem soubesse quem sou.

Flashes passaram por minha cabeça, lutei para ficar consciente, imagens passavam rapidamente e meus olhos queriam se abrir, forcei-os a se fechar e me concentrei mais em Freyja.

— Me diga o que vê, Diana. - Era a voz de Loki.

— Hummmm... Freyja... Ela está perto de um rio e está muito, muito frio. - Meus braços se arrepiaram o vento soprava em mim como se eu estivesse junto da deusa. 

Meus olhos continuavam fechados e eu podia ver neve caindo ao meu redor, uma mulher loira amarrada a um tronco de árvore, seus lábios começavam a ficar azuis pelo frio, os olhos abertos observando o local, a respiração descompassada. O barulho do rio ao meu lado fazia com que meus ouvidos doessem. 

— Freyja está... Está amarrada em um tronco de árvore e há um rio pequeno, mas muito barulhento e... - Eu me interrompi, pois um bafo quente fez o arrepio de meus braços sumir, mas o arrepio em minha espinha só aumentou.

Algo negro cheio de escamas começou a se aproximar de mim, os olhos vermelhos e enormes observavam Freyja enquanto ela gritava desesperada, o animal enorme cheio de escamas começou a roer a parte de cima do tronco em que a deusa estava, os olhos vermelhos não deixavam os dela.

Gritei em desespero e senti as mãos quentes de Loki em meus ombros me sacudindo freneticamente. 

— O que está vendo?! 

— Há um... um... Animal enorme e negro... Cheio de escamas e com os olhos vermelhos e ele... - Soltei um grito de desespero - Ele cospe fogo! É um dragão! 

Soltei rapidamente o Brisings que caiu no chão, meus olhos se abriram rapidamente e eu agarrei Loki pelo pescoço ainda arfando, observei todos os lugares da sala de Caliel temendo que o dragão aparecesse e me comesse viva ou então fizesse churrasquinho de Diana.

— Está tudo bem, calma! - Loki disse afagando meus ombros. 

Caliel atrás de Loki tinha uma expressão surpresa, ela observava o Brisings no chão.

— Enquanto você segurava o colar... - Ela disse - Ele brilhava como se tivesse acionado algum botão e... Como conseguiu se comunicar com Freyja? 

Ainda alarmada eu não conseguia responder nada, só pensava nos olhos vermelhos e o fogo saindo da boca daquele dragão.

— Você disse que havia um... Dragão? - Loki  puxou meu queixo para que nossos rostos ficassem um de frente para o outro, seus olhos me inspecionavam minuciosamente.

Assenti ainda com o pânico eternizado em minha expressão.

— Havia um rio também, mas era muito pequeno, muito... Uma espécie de fonte. - Eu disse tentando controlar minha respiração.

Os olhos de Loki se arregalaram e ele apertou suas mãos sobre meu rosto mantendo seu olhar no meu.

— Eu já sei onde Freyja está. - Afirmou Loki sustentando nosso olhar, seu rosto tão próximo do meu, aquilo quase me distraiu, quase.

— Onde? - Perguntei engolindo em seco e observando seus lábios finos e convidativos.

— Ela está em Nilfheim, na frente da fonte Hvergelmir. 

Caliel soltou um arquejo de surpresa fazendo com que eu olhasse para ela, sua expressão e a de Loki eram de pânico o que fez o arrepio na base de minha coluna tomar todo meu corpo, isso com certeza é um sinal de que estamos mais do que ferrados.


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