Redenção escrita por mjonir


Capítulo 13
Casa das Névoas


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a Becca por recomendar a história. Obrigada por acompanhar Redenção.
Beijos, sua linda! ♥



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Meus pés se arrastavam lentamente tentando sentir onde diabos eu estava pisando, minhas mãos se encontravam a minha frente tateando a parede para encontrar o caminho. A escuridão era quase palpável, o que estava começando a me deixar desesperada.

Respirei fundo tentando acalmar meus nervos e manter a concentração para não surtar naquele lugar esquisito. Como eu vim parar aqui? A última coisa da qual eu me lembro de é de estar no palácio completamente molhada com Aaron a meu encalço e depois disso mergulhei em um sono profundo na deliciosa cama de Asgard.

Será que eu tinha sido sequestrada por alguém? Por Odin? Será que ele quer me matar?

O desespero começou novamente a tomar conta de todas as minhas células, um vento passou uivando pelos meus ouvidos fazendo os cabelos da minha nuca se eriçar. Rapidamente abracei meu corpo tentando de alguma forma me aquecer.

— Diana... – Uma voz melodiosa chamou meu nome de longe.

Um frio correu pela minha espinha me fazendo dar uns dois passos para trás, quem estava ali comigo e como sabia meu nome?

De repente uma pequena luz apareceu a alguns metros de mim me fazendo ver que estava dentro de um corredor escuro, a luz apesar de ser pequena era forte e me guiava, olhei para minhas roupas, estava com um vestido roxo escuro com as costumeiras fendas Asgardianas, alguns adornos e o mesmo bracelete de estrelas que encontrei nas joias de meu quarto e meus pés descalços no chão frio do corredor.

Apressadamente comecei a seguir a luz. O corredor ficava a cada vez mais estreito até chegar a um momento em que deveria me agachar e rastejar até o fim, o suor escorria por minha testa e minha respiração ficava cada vez mais rápida. Parecia que quanto mais eu chegava perto da saída do corredor o pesar e o cansaço dentro de mim tomava conta de todos os meus sentidos.

Ao finalmente chegar até a luz, que era apenas uma bola incandescente como as estrelas, tive o impulso de segurá-la, mesmo achando que iria obter uma queimadura de terceiro grau ou que minha mão fosse incinerada. Ao tocá-la não senti dor alguma, apenas uma leve cócega no vão de meus dedos.

Uma porta apareceu a minha frente quando toquei a luz e se abriu lentamente revelando um local completamente sombrio, mais do que o corredor em que eu estava. Não só em meu corpo, mas sentia o pesar e cansaço em minha alma, a sonolência fazia com que abrisse meus lábios para bocejar a todo momento e meus olhos piscavam freneticamente tentando espantar toda aquela aura esquisita que se apossara de mim.

Rastejei para fora do corredor sentindo a neve em meus dedos, aquele local era completamente assombroso com arcos de neve para todos os lados. A minha frente existia uma ponte negra imensa em arco, feita de pedras úmidas e cheias de musgo, levantei-me de onde me encontrava e comecei a andar por ela morrendo de medo. A luz em minha mão servia como uma luminária para que eu pudesse enxergar meu caminho, pousei meus olhos sobre meus ombros sentindo falta da minha aljava e o arco, talvez eu precisaria de minha grande companheira Sann.

Ao passar pela grande ponte negra centelhas de tochas apareceram, o ar ficou cada vez mais frio e o cheiro de carne apodrecida tomou meu nariz me fazendo franzir o cenho e tapar o rosto tamanho o fedor.

Lá na frente uma figura distorcida se mantinha parada em frente a grandes portões. A luz em minhas mãos brilhava mais forte, deduzi que ela estaria me mostrando o caminho e que estava cada vez mais perto. O barulho de rio tomou meus ouvidos me fazendo encostar perto dos arcos da ponte e olhar as águas escuras e lodosas que se encontravam abaixo de mim.

Ruídos estranhos e o uivo do vento faziam com que meus braços se arrepiassem, o vale ficava cada vez mais sinistro e a figura continuava parada como uma grande estátua encoberta com um grande manto verde musgo.

Em alguns momentos relâmpagos iluminaram o cenário, aquele com certeza era o pior pesadelo de todos.

A cada passo que eu dava chegava mais perto da criatura esquelética, o medo tomava todos os meus sentidos, mas a bola incandescente em minha mão me puxava para perto daquela criatura. Eu temia saber o que existia embaixo daquele manto.

— Onde estás indo, habitante do mundo dos vivos? – Bradou a criatura, sua voz tinha um som metálico, meio robótico.

Ao ouvir sua voz parei e sinceramente, quis dar meia volta, porém era como um frenesi. A luz me levava mais perto dos portões e já que não havia como fugir. Eu deveria enfrentar o medo e aquela criatura.

— Quem é você? – Respondi tentando colocar firmeza na voz.

— Sou Modgud, guardiã da ponte que atravessa o rio Gioll! – A criatura respondeu levantando os braços e mostrando o grande portão.

— Que lugar é... Esse? – Engoli em seco.

A criatura levantou seu rosto e sorriu me surpreendendo pela beleza natural, lábios carnudos e rosados, porém sua feição pálida me lembrou um cadáver. Olhos mais dourados do que os de Heimdall, sua íris negra parecia que observava minha alma.

— Aqui é Helheim, Casa das Névoas e domicílio dos mortos governado por Hel, minha senhora.

Mas como é que é? Quer dizer então que eu dormi em Asgard e acordei no domicílio dos mortos? Ou seja, eu estou no inferno? Ou sei lá? Será que eu morri em Asgard?

Fechei meus olhos tentando reconectar-me com meu corpo, lembrando a sensação de mexer os dedos dos pés e das mãos, levantar os braços e até sorrir.

— Volte para seu corpo, estúpida! Você não pode ter morrido, não, não, não e não... – Sussurrei para mim mesma enquanto chegava mais perto de Modgud.

Minha mente deu um estalo me fazendo lembrar o que havia aprendido com Loki na biblioteca, nós falamos sobre Midgard e ele me contou sobre Asgard e os nove reinos. Modgud é a virgem guardiã da ponte de Helheim, eu deveria ter me lembrado de tudo isso ao ver todo aquele cenário sombrio e sinistro.

— Você não morreu, Diana. – Ela disse ainda sorrindo de forma maquiavélica em minha direção. – Apesar de que minha senhora adoraria por as mãos em sua alma, você a intriga.

Mais arrepios passaram por meu corpo como descargas elétricas. Será que eu viria para cá quando estivesse morta?

— O que faço aqui então? – Minha voz subiu uma oitava.

Seu sorriso se dispersou dando lugar a uma carranca nervosa, o que diabos eu fiz de errado?

— Uma alma que está em posse de Hel pediu para lhe dar uma mensagem, aquela alma é muito importante e está presa aqui por satisfação de minha senhora.

Por que uma alma iria querer falar comigo? As feições de minha mãe tomaram minha mente, será que ela estaria aqui e queria me dar alguma mensagem?

— E onde está essa alma agora? – Não contive o nervosismo em minha voz.

— Por que estás tão ansiosa, criança? Mensagens vindas dos mortos nunca são boas.

A maldita criatura me jogou um balde de água fria, fazendo com que todas as minhas esperanças de reencontrar minha mãe ou meu pai fossem aniquiladas.

— Ahnnnn... Você poderia me leve até ela... Por favor?

A risada alta e aguda de Modgud entrou pelos meus ouvidos me assustando, será possível? Essa mulher é insana.

— Agora entendo porque minha senhora se sente intrigada por você, Diana O'connor. Siga-me!

A criatura se virou para os grandes portões e fez com que eles se abrissem, uma silhueta brilhosa começou a andar cada vez mais rápido vindo a meu encontro, quando passou por Modgud fez uma careta e acenou com as mãos. A criatura entendeu o recado e se afastou de nós.

A silhueta brilhosa se aproximou revelando uma mulher incrivelmente formosa, seu vestido de um tom azul, cheia de adornos, com um colar de ouro em seu pescoço e flores em seus cabelos loiros compridos e volumosos. Meu queixo devia estar no chão, afinal eu usava o mesmo estilo de vestido que ela, porém não chegava aos pés de como estava a mulher a minha frente.

— Diana! – Ela suspirou.

Eu devia estar com a maior expressão de questionamento de todo o universo maluco em que estou inserida.

— Ahn... Quem é você? Não me parece estranha. – A observei mais uma vez tentando de alguma forma saber de onde ela me era familiar.

A luz incandescente em minha mão brilhava tanto que meus olhos ardiam ao tentar olhar para ela.

A mulher levantou as mãos e tocou na luz fazendo com que ela parasse de brilhar e se transformasse em um objeto pequeno que ela escondeu em suas mãos, ela olhou por cima do ombro para se certificar de que Modgud não estava vendo e nem ouvindo nossa conversa.

— Eu sou Frigga, a deusa da fertilidade, esposa de Odin, mãe de Thor e Loki de Asgard.

Ela sorriu de uma forma que me contagiou, sorri de volta para ela. Eu sabia que a conhecia de algum lugar, Frigga é uma heroína em toda Asgard e continua sendo depois de sacrificar sua vida para salvar a de Jane Foster, causando todo o reboliço com Odin e seu ódio por midgardianos.

— Oh... Você é... Frigga! – Minha voz aumentou uma oitava fazendo com que ela colocasse a mão sobre meus lábios e soltasse um riso.

— Não se exalte, criança. Precisamos conversar, mas tenho pouco tempo para lhe falar, então apenas escute minhas instruções.

Assenti rapidamente, eu não queria deixar Frigga aqui, mas o medo de ficar mais algumas horas ou dias nesse lugar me fez mudar de ideia e fechar o bico.

— Eu não deveria estar em Helheim, mas a senhora desse mundo sombrio me aprisionou aqui por uma vingança ridícula contra Loki, depois de ser assassinada para que Jane Foster vivesse, eu deveria estar em Valhalla com as Valquírias onde ficam os guerreiros.

Então o culpado de Frigga estar aqui é Loki? Mas esse trapaceiro não cansa de causar discórdia.

— Eu sei o que está pensando e não, ele não é o culpado por isso, filha. Hel está cega por sua vingança e minha aura divina a deixa cada vez mais poderosa, minha alma necessita ser retirada daqui e acredito que posso até renascer novamente em Asgard. – Seus olhos demonstravam a tristeza de estar sozinha naquele lugar.

— E como posso ajudá-la a sair daqui, Frigga? – Disse desesperada.

— Não é isso que importa agora, Diana. Eu só queria lhe agradecer por ajudar meu filho e se importar com ele, eu sabia que você viria ao encontro de Loki e não posso estar mais feliz por isso.

— A senhora... Sabia? – Esbugalhei os olhos me surpreendendo com suas palavras.

— Sim! Eu vi no destino dele que uma brava guerreira iria finalmente lhe trazer a paz e salvá-lo de si mesmo. – Ela sorriu.

Sorri de volta para a doce mulher a minha frente.

— Obrigada pelas belas palavras, mas não sei se posso salvar Loki, eu sou um imã para perigos, nem salvar a mim mesma eu consigo, quem dirá um deus.

— Não duvide de você mesma, criança. A fé está dentro de você, só é preciso alimentá-la e cuidá-la. Não se esqueça disso.

— Não me esquecerei, pode ter certeza. – Sorri para ela.

— Meu tempo está acabando, preciso finalizar o recado.

Assenti fazendo com que ela continuasse a falar:

— Você precisa ficar atenta, Diana. Eu não consigo compreender seu destino quando olho para ele, vejo morte, sangue e guerra, mas também há amor e paz. Você precisa decifrar isso e ajustar as peças de seu grande quebra-cabeça. Além disso, você terá um papel importante ao ajudar Asgard, mas corre perigo por isso, continue atenta, aproxime-se de Loki, sei que ele a ajudará. Você pode confiar nele.

Minha cabeça estava confusa, totalmente embaralhada, Frigga ficava desfocada. Apertei meus olhos tentando manter o foco, a sonolência de antes foi me tomando devagar.

— Escute! – Ela disse colocando uma de suas mãos em meu rosto, sua outra mão segurou forte a minha colocando algo na minha palma. – Esse é o colar Brisings de Freyja, a deusa protetora do amor e da feitiçaria, ela está tentando achar um jeito de me ajudar a sair dessa prisão maldita que é o Helheim, ela lhe confiou seu amado colar para que possa saber que deve confiar nela, mostre ele a Loki e diga o que acontece comigo, quando der um fim em toda a guerra em Asgard e Midgard você poderá devolver a ela, tenho fé de que nos veremos de novo no fim de tudo isso, querida.

— Eu cuidarei do colar de Freyja, senhora, mas onde posso encontrá-la? – Minha voz ficou cada vez mais enrolada.

— Loki irá ajudá-la, filha.

Assenti quase fechando os olhos, Frigga se aproximou de meu rosto e apertou minha mão em que continha o Brisings, segurei forte o colar e ela soltou, aproximou-se de minha testa e me deu um beijo.

Hold deg fast modig kriger.

Ao ouvir aquelas palavras meus olhos se fecharam completamente me levando para a escuridão, o sono me agarrou, porém luzes e barulhos se fizeram presentes me fazendo franzir o cenho.

— Ela está bem? – Sussurrou uma voz de trovão.

— Por que ela estava na chuva, soldado Aaron? – Uma voz conhecida e arrastada disse.

— Ela estava treinando, meu senhor.

— Está febril, seus lábios rachados e o rosto corado, você deveria ter tirado ela de lá. – Grunhiu a voz arrastada.

— Sim, senhor. – Aaron suspirou.

— Não é hora de culpar ninguém, meu irmão. – A voz de trovão disse.

Abri meus olhos respirando fundo, tentei organizar meus pensamentos, o teto dourado me dizia que estava em Asgard e o colchão macio onde estava repousada confirmava isso, finalmente havia saído daquele inferno.

Reconheci meu quarto e me remexi na cama, estava cheia de cobertas grossas e pesadas que me impossibilitavam de fazer movimentos bruscos.

— Ai! – Gemi.

Três olhos me fitaram e um deles para minha surpresa tinha um tom de verde irreconhecível, Loki estava em meu quarto junto com Thor e Aaron, e pelo visto eu estou doente e o príncipe asgardiano estava chamando a atenção de meu amigo por me deixar no pé d'água.

— Di, você está bem? – Disse Aaron.

Loki revirou os olhos soltando um silvo de indignação, Thor colocou uma de suas mãos nos ombros do gafanhoto e deu um tapinha de leve.

— O que houve comigo, Aaron? – Minha voz me surpreendeu de tão rouca.

— Você adoeceu, é isso que houve. Está desacordada por dois dias. – Sibilou Loki.

— O quê?! – Soltei um ganido e tentei me sentar na cama.

As mãos dos três homens me empurraram novamente para cama e eles disseram juntos:

— Deite-se!

— Você precisa descansar, Diana. – Disse Thor.

— Nada de treinos até melhorar e sem brincadeiras na chuva, mocinha. – Aaron me repreendeu como meu pai quando eu tinha cinco anos de idade, sorri ao me lembrar disso.

— Faltou as nossas aulas e quase morreu por causa de uma... Uma... Eu não sei como chamam essa maldita doença em Midgard. – Grunhiu Loki.

Soltei uma risadinha, ele estava completamente irado por me ver dessa forma, isso se chama preocupação?

— Gripe? Ou talvez hipotermia, deve ter sido isso.

— Sua midgardiana abusada, quase vai para Helheim e ainda sorri dessa maneira. – Ele esbravejou.

Franzi o cenho, eu estava dormindo quando tive aquele sonho com Frigga em Helheim, todavia tudo o que senti era completamente real, apertei minha mão esquerda e um objeto metálico se encontrava lá para confirmar que tudo havia sido real.

— O que... O que está fazendo fora da cela? – Levantei as sobrancelhas.

— Você perdeu muita coisa nesses dois dias, midgardiana. – Ele sorriu debochado.

Fiz uma careta, ele sempre seria um completo idiota com sua ironia e deboche.

— Jerk! – Soltei fazendo minha melhor cara de ironia.

Ele tentou fazer uma careta feia para mim fingindo que estava com raiva, porém pude captar o sorrisinho em seus lábios, estava orgulhoso mesmo tendo ofendido ele.

— Midgardiana abusada. – Vociferou escondendo o riso.

— Você não sabe o quanto. – Suspirei me arrumando na cama de novo enquanto Thor puxava Aaron para fora do quarto.

Quando eles finalmente saíram, Loki soltou uma risadinha me contagiando.

— És uma aluna horrível que falta as aulas...

— Mas ainda sim aprendo, e bem rápido, não é mesmo, Jerk? – Soltei de novo e ele riu.

— Não posso negar. – Sorri.

Definitivamente não era eu a brava guerreira que traria paz a Loki, afinal o pouco que me resta ele toma por completo só por sorrir dessa maneira ou em nossas discussões infinitas e também em todos os momentos confusos que vivemos.

Se realmente for eu quem o trará essa dádiva, posso ter certeza que ficarei em completa escassez de paz pelo resto de minha breve vida.


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