Linha Tênue escrita por Sany


Capítulo 6
Capitulo 05.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite... Vamos dar inicio a segunda fase da fic.



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Certa vez ouvi sobre a tão conhecida terceira lei de Newton, não o lado físico já que no fundo acredito que poucos conheçam ou se lembrem da formula ou da teoria em si.  Me refiro ao básico aquilo que involuntariamente aplicamos a nossa vida ou que esperamos aplicar um dia, me refiro a simplicidade de que para cada ação existe  uma reação de igual proporção. Confesso que nunca acreditei nisso não no sentido aplicável a nossas ações na física eu posso até acreditar embora não me lembre muito do assunto, mas diferente do que alguns acreditam eu não acho que isso se aplique a tudo, não mesmo.

O som irritante do despertador me despertou e senti uma vontade imensa de ficar na cama, mas eu não podia me dar esse luxo não hoje já que tinha um dia cheio começando por uma reunião logo nas primeiras horas do dia. Então não tive outra escolha a não ser levantar e dar inicio a minha rotina. Um banho rápido e após me aprontar segui para a empresa sem nem ao menos tomar café. Atualmente eu morava em um prédio a algumas quadras do centro da Capital onde o transito conseguia ser um verdadeiro caos a essa hora da manhã, mas eu confesso que amava o caos, amava toda a movimentação nas ruas eu me sentia em casa em meio aqueles prédios e arranha-céus. Vir para a Capital tinha sido sem sombra de duvida a melhor ideia que meu pai teve nos últimos anos.

Havia sido de repente e inesperado quando no verão após a minha formatura papai conseguiu mudar o escritório da empresa para a Capital, algo sobre ter mais contatos e obter mais lucros, segundo ele era uma atitude arriscada, mas que valeria a pena principalmente a longo prazo. Prim era pequena demais para opinar e mamãe e eu não entendíamos nada dos negócios dele então viemos todos. E mesmo papai tendo que vender a casa onde cresci para comprar um apartamento consideravelmente menor, mas com uma localização perfeita no centro da Capital mamãe adorou a ideia.  A verdade é que Paula Everdeen era sempre vista nas festas sociais e fazendo compras nas melhores lojas o que sem duvida a deixava ainda mais feliz a cada dia, mesmo que isso significasse morar em um lugar com menos metros quadrados do que antes.

Eu por outro lado não me importei muito, embora a mudança tenha mudado totalmente os planos que tinha para o meu futuro. Começando com o fato de que não aceitei a bolsa de estudos de líder de torcida na Carson e ao invés disso papai entrou em contato com alguns conhecidos e pagou uma fortuna pelos meus estudos na Panem University aqui na Capital onde me formei em Marketing. Confesso que assim que soube que nos mudaríamos para Capital a primeira coisa que pensei na época era no quanto minha carreira como modelo teria maior chance de decolar e ironicamente não foi o que aconteceu.

De alguma forma o curso que comecei apenas para agradar meu pai acabou me atraindo e atualmente adorava o que fazia as matérias em si começaram a chamar minha atenção e quando comecei a trabalhar exercendo as funções da área eu me apaixonei.  Cheguei a fazer alguns trabalhos fotográficos em uma agência razoavelmente conhecida nos meus primeiros meses aqui, mas seis meses após iniciar o curso comecei a trabalhar na empresa do meu pai e acabei deixando de lado a ideia de virar modelo. Então pouco depois da metade do curso havia conseguido um estagio em uma empresa graças a uma professora que por mais rígida que fosse tinha ótimos contatos e acabou me indicando juntamente com mais alguns alunos para o processo seletivo onde acabei passando e logo que me formei e meu estagio acabou fui indicada pelo meu chefe para a empresa em que trabalhava atualmente como uma das gerentes de marketing e não me arrependia de ter deixado o sonho de se modelo de lado.

Passei na cafeteria que ficava em frente a empresa e após comprar meu café de costume, um Latte Macchiato com café extra e leite desnatado sem açúcar segui direto para a reunião onde passei quase toda a manhã discutindo um novo projeto com os demais gerentes. Após a reunião fui em direção a minha sala verificando minha agenda no celular e vi que tinha um encontro com meu pai no inicio da tarde o que faria com que eu perdesse parte do meu horário de almoço e isso estava me deixando tentada a desmarcar, mas como estava com tanto trabalho que já tinha desmarcado quatro vezes com ele só nas duas ultimas semanas não achei certo então teria que correr e ir ao encontro dele de qualquer forma.

Logo no inicio da tarde recebi uma ligação da secretaria do presidente de uma das maiores empresa de tecnologia de Panem pedindo minha presença em uma reunião de urgência aquela tarde, estranhei de inicio sem saber o que poderiam querer comigo, mas acabei aceitando afinal era da M.Company que estavam falando e como ligaram em meu numero pessoal poderia ser algo bom.  Talvez alguma vaga na área de marketing afinal eu era muito boa no que fazia e sabia disso, talvez alguém tenha comentado sobre meu trabalho e ele quisesse fazer uma proposta. Não sabia muito sobre a empresa já que não trabalhava nessa área, sabia apenas que a M.Company havia chegado ao mercado a pouco mais de seis anos, e que tinha sido fundada por um estudante que trouxe ao mercado um novo tipo de aparelho celular que logo de inicio virou febre entre jovens e adultos, com tecnologia de ponta cumpria todas as funções prometidas e não demorou muito para a pequena empresa iniciada no Distrito 3 crescer e virar a favorita no mercado abrangido a marca para computadores, tablets, TVs, sons, hometiter entre outros eletrônicos todos com a possibilidade de se interligarem entre eles, deixando os concorrentes para trás.

Na hora do almoço comi apenas um sanduíche natural bem rápido antes de seguir até o escritório do meu pai, que ficava localizado a alguns minutos de onde eu trabalhava, ele já me esperava em sua sala. Eu não via meu pai a pouco mais de duas semanas e me surpreendi com o nítido cansaço em seu rosto, ele parecia ter envelhecido alguns anos em semanas e estranhei.

— O senhor esta bem pai? – Perguntei me sentando na cadeira de frente para ele.

— Estou, acho que a idade anda dando seus sinais. – Ele tentou sorrir o que foi ainda mais estranho, considerando que nos últimos anos nossa relação não era a mesma. Nunca fomos próximos ele sempre foi de passar mais tempo trabalhando do que em casa, mas nos últimos anos vivíamos um verdadeiro conflito pessoal já que ele não concordava que eu não trabalhasse para a empresa da família e isso normalmente desencadeava uma serie de discussões constantes. – Quer beber alguma coisa?

— Não, o que o senhor queria falar comigo? – Perguntei direta, não queria me atrasar para a reunião.

 - Sei que não quer fazer parte da empresa, mas...

— Não acredito que me chamou aqui só para tentar me fazer trabalhar para você. – Interrompi aquilo estava cansando toda vez era a mesma coisa.

— Estamos quase falidos Katniss. – Continuou como se não o tivesse interrompido.

— Como? – Aquilo era algum tipo de brincadeira de muito mau gosto só podia ser.

— É isso mesmo que ouviu a Mockingjay esta a um passo de abrir falência e não tenho a menor ideia do que fazer, preciso da sua ajuda.

— Não é possível! A empresa estava indo bem não estava em crise como pode estar quase falindo?

— Estamos em crise a algum tempo filha. – Não podia ser. Meu pai e o sócio haviam herdado de seus respectivos pais cada um 50% da empresa e arriscaram vir para Capital para aumentar os lucros e estava dando certo. - Plutarch me avisou a três semanas que tem um comprador para os 35% que ele ainda tem da empresa. – A pouco mais de cinco anos eu soube que devido a gastos inesperados com a mudança na sede da empresa meu pai e o sócio precisaram vender uma parte cada um da empresa, Plutarch vendeu 15% enquanto meu pai vendeu 10% virando sócio majoritário e mantendo a presidência já que Plutarch nunca se interessou muito pelos negócios.

— Ainda sim a saída do Plutarch não significa que a Mockingjay faliu, você tem 40% da empresa e a presidência um novo sócio não pode ser algo tão ruim assim.

— Ele quer sair exatamente por estarmos falindo filha, não tenho mais dinheiro para investir ou para manter a empresa eu não sei o que fazer. – Ele parecia realmente preocupado. – E ainda tem o outro sócio, o minoritário que tem 25% das ações eu nunca o vi pessoalmente, mas se ele se unir a esse possível novo sócio eles iram representar 60% da empresa, e embora ele não tenha se manifestado até agora não acho que eles vão me manter na presidência.

— Talvez esse possível sócio tenha capital para investir na empresa e tira-la do sufoco pai, calma. – Ninguém compraria uma empresa falida sem um objetivo de lucro mesmo que fosse futuro.

— Não acredito nisso, acho que ele esta sendo enganado, vai comprar pensando que terá lucro Plutarch fara isso para lucrar alguma coisa. Eu não sei mais o que fazer filha, sua mãe vai surtar.

— Calma, vamos achar uma solução. – Não tinha ideia do que fazer já que minha noção admirativa não era muito extensa. – Talvez seja a hora de começar do zero, vende a sua parte também começa algo novo.

 - Não tenho mais idade para começar do zero Katniss.

 - É uma opção pai, mas vamos ver com calma e pensar em uma solução. – Olhei o relógio. – Eu preciso ir tenho uma reunião importante agora, mas vou pensar em algo, fica calmo.

— Certo, eu acho que vou para casa tentar pensar em algo, me sinto melhor trabalhando lá você sabe. – Concordei com a cabeça e seguimos junto até a garagem onde nos despedimos.  

A noticia da situação financeira do meu pai não veio em uma boa hora, eu nunca fui de poupar dinheiro e não tinha economizado quase nada do meu salario nos últimos anos, de fato minhas economias eram poucas e não ajudariam em nada em um recomeço ou em uma solução para a empresa, não tinha como investir em nada no momento.  Mas eu iria pensar em algo, talvez um empréstimo no banco ou algo que pudesse ajudar. Talvez usar meus antigos contatos, odiava pesar no Gale, mas ele foi o primeiro nome que me veio em mente.

Cheguei no prédio da M.Company em cima da hora combinada e assim que entreguei meu carro para o manobrista olhei o prédio na minha frente, com no mínimo 20 andares era repleto de janelas de vidro o símbolo da companhia um M desenhado com detalhe circular estava visível na fachada da empresa. Assim que entrei me surpreendi com uma recepção simples embora de muito bom gosto onde quatro recepcionistas estavam em um balcão ligeiramente alto, todas com um uniforme composto de um terninho feminino preto com o pequeno símbolo no canto direito e uma blusa branca. Ao lado da mesa havia uma pequena sala de espera com alguns sofás e uma mesa de centro com revistas. Na outra extremidade cerca de doze catracas de vidro davam acesso sete elevadores.

— Boa tarde tenho uma hora marcada com o presidente. – Com a correria do meu dia tinha esquecido completamente de perguntar o nome dele e me repreendi por isso afinal não era um bom começo não saber o nome de quem havia convocado a reunião.

— Seu nome, por favor. – A moça pediu simpática.

— Katniss Everdeen. – Ela digitou algo no computador e em seguida me pediu um documento de identificação me devolvendo após conferir e digitar algo.

— Olhe para câmera por um momento. – Pediu mostrando a câmera minúscula que não havia notado em cima do monitor. – Passe pela primeira catraca, use o elevador central, vigésimo quarto andar e mantenha o crachá visível, por favor. – Ela sorriu me entregando um crachá preto escrito Visitante. Agradeci e segui em direção a catraca indicada onde um dos dois seguranças estava, passei o crachá no leitor e segui em direção ao elevador que ficava no meio dos sete e pude notar que o mesmo era o único com as portas pretas e assim que entrei apertei o ultimo andar.

Aparentemente esse elevador era o único que tinha acesso ao vigésimo quarto andar já que era o único ali, em frente a ele havia uma sala circular com um vaso de planta em cada lado do elevador, uma porta dupla de vidro chamou minha atenção já que ao invés do costumeiro M símbolo da marca estava escrito Mellark Company. Aquele sobrenome não me era estranho, me aproximei e a porta abriu automaticamente revelando uma recepção totalmente diferente da anterior, luxo e elegância estavam presentes em cada detalhe.

Havia três portas visíveis todas eram duplas e estavam fechadas, havia alguns sofás de couro preto com uma mesa de centro. A secretaria sorriu simpática assim que fui até ela, mas antes mesmo que pudesse dizer qualquer coisa ela avisou.

— O Sr. Mellark irá recebê-la em alguns instantes Srta. Everdeen.

— Obrigada. – Estava me dirigindo ao sofá quando vi uma placa de metal um pouco maior do que uma folha A4 que me chamou atenção, o símbolo da empresa estava em destaque e assim que li a mesma senti um frio no estomago.

Presidente – Peeta A. Mellark.

Vice Presidente – Delly A. Mellark.

Aquele nome me fez voltar no tempo pouco mais de oito anos atrás, nas ultima semanas do colegial ainda no Distrito 12, não poderia ser a mesma pessoa poderia? O garoto que eu humilhei publicamente em frente a quase todo o colégio não poderia ser presidente da M.Company. Mas aquele não era um nome muito comum e seria muita coincidência o nome da vice-presidente ser o mesmo nome da irmã dele. A imagem do garoto magro de óculos com roupas surradas todo gentil me veio a cabeça, no exato momento em que a secretaria se levantou indo até mim.

— O Sr. Mellark vai recebê-la agora. – Ela caminhou na minha frente em direção a porta que ficava no meio abrindo-a em seguida. Entrei logo atrás dela em um escritório magnífico em tons escuros, a primeira coisa que vi foi a mesa de vidro devidamente organizada, mas vazia no centro da sala em frente a uma parede de vidro com uma vista privilegiada da Capital. – A Srta. Everdeen esta aqui. – ela anunciou e foi só nesse momento que o vi parado de costas com as mãos no bolso da calça social em frente a parede de vidro um pouco mais distante da mesa.

E foi um pouco depois daquele momento que comecei a acreditar que Newton tinha razão.


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Notas finais do capítulo

É isso. Qual será a reação que nosso loiro planeja para dona Katniss? O que vocês acham que ele quer com ela?
Bom sei que a maioria pensou que a segunda fase seria na faculdade, mas se passaram quase dez anos desde o dia da festa e as coisas estão bem diferentes para ambos agora.
Espero que tenham gostado do capitulo.
Ótimo final de semana.
Beijos.