Linha Tênue escrita por Sany


Capítulo 24
Capitulo 22.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite...
Esse capitulo vai ser dedicado a Bel que recomendou a fic, Bel adorei a recomendação.



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Duas semanas passaram muito mais rápido do que eu poderia desejar, com isso pensar na viagem ao Distrito 12 se tornou inevitável, não me surpreendi quando Peeta “sugeriu” que devia fazer a gentileza de arrumar a mala dele, já que segundo ele uma boa esposa faria isso. Estava tão irritada naquela manhã que apenas de raiva fiz a pior mala que alguém poderia desejar, não coloquei nada útil para ele tão pouco estava me importando com isso.

O aniversário da minha sogra seria no domingo, entretanto iríamos viajar na sexta-feira no início da tarde, Peeta havia ido trabalhar no horário habitual e me encontraria no aeroporto. O motorista me levou no horário e confesso que não estranhei quando além do meu maridinho encontrei suas irmãs, Finnick e Chaney esperando também. O que estranhei foi o clima entre eles, havia algo ali que não consegui captar de imediato, mas que sem sombra de dúvida estava estranho principalmente entre Peeta e Delly.

Assim que me avistou com naturalidade ele levantou e veio até mim beijando levemente meus lábios antes de seguirmos com os demais para o jatinho particular que descobri pertencer a família.

— Devíamos trocar o modelo da M. Company por um desse. – Delly comentou enquanto sentava em uma das poltronas individuais mais a frente. – Sou uma das que mais utilizo e sinceramente por mais pratico que seja esse é muito mais confortável.

— Não vejo muita diferença. – Chaney se sentou de frente para ela.

— Você nem ao menos usa ele.

— Não é culpa minha, reclame com o presidente. – apontou para o loiro que estava passando.

— Ela não pode deixar o Alex sozinho por muito tempo, sabe disso. – o tom de voz que ele usou não era de alguém irritado, mas notei que ele parecia tomar cuidado com as palavras.

— Eu cuido dele, aliás gente para cuidar do Alex é o que não falta, quero discutir esse assunto na próxima reunião.

— A troca do avião ou as inexistentes viagens de negócio da Lavinia?- Annie perguntou sentando na fileira seguinte ao lado do marido.

— As duas coisas, odeio aquele avião e Lavinia precisa expandir seus horizontes. No próximo ano não poderei ficar indo de um Distrito a outro com tanta frequência.

— Bom te aconselho a anotar isso para a reunião de terça feira. E já deixo avisado que irei me opor a ficar fazendo pequenas viagens.

— Então pelo menos me de apoio na troca daquela lataria.

— Lataria que custou milhões.

— Odeio quando você está ligada no modo financeiro. – as duas riram. – Ainda sim o avião é desconfortável.

— Quem escolheu o avião mesmo? – notei que os quatro estavam sorrindo, o que provavelmente era devido alguma piadinha interna em relação a Delly que revirou os olhos e suspirou alto.

— Eu Finn, mas em minha defesa não estava pensando direito e não foi meu melhor negócio.

— Claro que não, você escolheu aquele modelo porque seu namoradinho na época indicou. – Peeta parecia realmente relaxado sentado ao meu lado no fundo, as coisas pareciam ter voltado ao normal.

— Já disse que não foi o meu melhor negócio, mas não é como se fosse a única na família a deixar o lado pessoal influenciar nos negócios. – e lá estava o clima estranho presente novamente, pelo olhar dela soube que era algo relacionado a mim, e acabei pensando nas ações da Mockingjay.

— Começo a achar que seria interessante vender o jato da empresa e deixar as viagens da M. Company voltarem a ser feitas em voos comerciais.

— Engraçadinho. Você não faria isso.

— Vai querer apostar?

— Os dois querem parar! – Annie falou seria e vi que ambos olharam na direção da mesma. – Não é hora nem lugar para isso, estamos indo para o aniversário da mamãe então ou vocês dois sentam e resolvem isso como dois adultos ou ao menos finjam melhor durante o final de semana, mas acreditem se escolherem fingir quero uma atuação que mereça um Oscar porque a mamãe conhece os dois bem demais para não notar. Então o que vai ser?

— Ainda não concordo, mas vamos falar novamente sobre esse assunto só na próxima reunião. – a loira parecia contrariada enquanto olhava diretamente para o irmão.

— Certo... – esperava conseguir qualquer outra informação sobre o assunto, mas nada mais foi dito durante o voo, os dois pareciam entretidos demais cada um em seu assento, Peeta se manteve do meu lado lendo o que pareciam algum tipo de relatório enquanto Delly e Chaney abaixaram a mesa no meio duas poltronas analisando algumas coisas. Annie e o marido optaram por colocar os fones e assistirem a um filme.

Aceitei uma revista que a comissária de bordo que não lembro nome ofereceu, mas mantive minha atenção aos pequenos diálogos entre os três, contudo nada em relação a Mockingjay foi dito.

Já era fim de tarde quando pousamos no Distrito 12 onde dois carros esperavam por nós, os quatro entraram em uma Pajero prata enquanto Peeta me conduziu até um Hilux preto 4x4 e logo me lembrei da velha caminhonete ultrapassada que ele dirigia no colégio. Não estava nem um pouco animada em ver as ruas onde passei a maior parte da minha vida, dez nos atrás quando sai dali queria deixar aquele lugar no passado na minha cabeça estava indo para outro mundo tinha deixado aquele Distrito pequeno e estava indo para o coração de Panem.

Mantivemos o velho silêncio enquanto seguíamos pela rodovia atrás do outro carro, contudo não consegui esconder a minha surpresa quando ele entrou na estradinha de terra próximo ao quilometro 122.

— Seus pais anda moram no mesmo lugar? – perguntei reconhecendo a velha estrada afastada do centro do Distrito.

— Olha sua memoria não é tão ruim afinal.

— Estou impressionada, um homem com tanto capital e recurso não ter comprado um lugar melhor e mais próximo ao centro para os pais. – sem duvida pelo que ele demostrava ser esperava que tivesse mudado um pouco a vida dos pais, não que tivesse deixado os dois naquela velha casa.

— Meus pais moram onde querem morar. – ele não parecia ofendido ou irritado, na verdade não chegou a tirar os olhos da estrada enquanto falava, estava prestes a comentar o quanto a imprensa adoraria saber desse detalhe quando avistei a propriedade.

No lugar da pequena casa de dois andares que esperava achar era possível ver um casarão amplo que ocupava mais que o dobro do espaço da propriedade antiga embora fosse ligeiramente semelhante a casa anterior com uma varanda bem feita o redor. O velho celeiro não se encontrava mais ali, entretanto reconheci a antiga caixa de correio com o sobrenome que agora também me pertencia.

Ele estacionou e veio abrir a minha porta, e antes de que descesse avistei minha sogra vindo em nossa direção acompanhada do afilhado do loiro que logo correu ao encontro da mãe. Observei a matriarca dos Mellark abraçar e beijar cada um dos novos visitantes.

— Katniss que bom vê-la. – não tinha certeza da veracidade dessas palavras, mas de qualquer forma seu cumprimento para comigo foi cordial e definitivamente não tão afetuoso quanto com os demais.

Peeta se encarregou das nossas malas e nesse momento reparei que os demais não pareciam carregar nada além da bagagem de mão. Assim que entramos notei que a diferença no interior era ainda maior do que por fora, a ampla sala de estar lindamente decorada com moves claros não lembrava em nada a sala que passei uma tarde estudando na minha outra visita. As fotos ainda estavam lá, mas em porta retratos de muito mais qualidade e acompanhadas por novas fotos que incluíam os Chaney, Finnick e até mesmo Thresh.

— Olha só, minha prole enfim chegou. – Haymitch parecia animado enquanto cumprimentava os filhos. – Achei que não iriam mais aparecer hoje e Alex e eu teríamos que comer sozinhos a torta de maçã deliciosa que Effie fez.

— A idade anda deixando você dramático pai. – Delly comentou enquanto o abraçava.

— Vocês deviam ter vindo ontem. – Effie comentou.

— Tínhamos uma reunião importante mãe.

— Sei, sei espero que essas pastas não sejam trabalho. – Annie e Finnick sorriram enquanto os outros três ficaram em silêncio olhando a mais velha. – Deem aqui.

— Mãe...

— Nada de mãe, passem as pastas e o computador. Sabem muito bem como as coisas funcionam aqui. E se reclamarem pego o celular e o tablet também, onde já se viu parecem que não conseguem desconectar do trabalho. Os dois tem algo que deva confiscar?

— Não nosso expediente acabou assim que deixamos a empresa. – Annie estava se divertido sem duvida.

— Ótimo sigam o exemplo da irmã de vocês e aprendam a separar trabalho de lazer, devolvo antes de irem.

Não demorou para o jantar ser servido e confesso que a refeição estava muito gostosa, o clima no jantar era tranquilo e a conversa fluía de forma natural. Aparentemente Alex tinha vindo para o 12 no inicio da semana e estava animado em contar a todos o que tinha feito nos últimos dias. Não era incluída em quase nenhuma conversa, mas não reclamei em ficar apenas de observadora nessa interação entre eles.

Somente um pouco depois das dez horas quando Chaney disse que iria colocar o filho para dormir que todos começaram se dirigir para os quartos, Peeta me guiou até o último quarto do corredor do segundo andar. Comparado ao que dividíamos na Capital aquele era um quarto pequeno mesmo sendo uma suíte. As paredes eram cinza, a porta do armário ficava na mesma parede que a do banheiro entre elas ficava um painel preto de muito bom gosto com uma televisão, em baixo um rack fino. A cama que ficava de frente era de casal padrão e não contive meu suspiro ao notá-la.

— Sério que vamos ficar aqui?

— Onde mais ficaríamos se não no meu quarto?

— Esse é seu quarto, podia ter construído algo maior não acha? – ele revirou os olhos enquanto ligava a TV no noticiário.

Fui até a mala e peguei minha roupa de dormir antes de ir até o banheiro e odiei ter que me trocar no mesmo, diferente da Capital onde tinha o closet ali minhas opções eram o banheiro ou o quarto onde o loiro estava. Enquanto Peeta usava o banheiro coloquei as malas no canto do quarto já que estava sem nenhuma vontade de desfazê-las e organizá-las no armário vazio.

Observei a vista da janela por um tempo, um lago ficava no fundo da propriedade cercado por algumas árvores, abri um pouco a janela e senti a brisa suave em meu rosto.

Tenho que admitir que essa era uma sensação que gostava bastante, quando mais nova muitas vezes abria minha janela só para sentir um pouco do vento em meu rosto. Outra coisa que tinha que admitir era o quanto o céu parecia mais estrelado ali, com todos os prédios e luzes na Capital as estrelas ficam muito menos visíveis a olho nu.

Voltei minha atenção para uma estante de livros que ficava ao lado da porta e que não tinha reparado em um primeiro momento, o móvel não parecia ter a mesma qualidade que os demais parecia antigo, mas era de bom gosto. Alguns livros didáticos ocupavam as prateleiras de cima, enquanto outros livros ocupavam parte das outras. Dois porta retratos um com uma foto dele com a família no que parecia ser a antiga varanda da casa e outro com ele e o afilhado no que parecia uma casa na árvore. Ao lado estava uma caixa de acrílico com algumas medalhas expostas observei cada uma delas com atenção. Sem sobra de dúvida não tinham nenhum valor real, eram de torneios matemáticos todas de primeiro lugar.

— Achou algo interessante? – levei a mão ao peito com o susto e me virei em seguida vendo o loiro com uma toalha enrolada na cintura parado na porta do banheiro.

Pequenas gotículas de água ainda percorriam seu tórax, céus ali naquele momento não havia como negar que o tempo havia feito a diferença. O patinho feio que virou cisne, sabia que ele se exercitava praticamente todas as manhãs na sala de ginástica que ficava no que deveria ser a casa da piscina, e já tinha reparado que o corpo dele era atlético, mas nunca o tinha visto sem camisa. Não pude evitar percorrer meus olhos por seu corpo, estava prestes a desviar o olhar quando notei a cicatriz.

Um corte repuxado, grosso com no mínimo uns dez centímetros era bem nítido um pouco abaixo do peito ligeiramente na lateral esquerda do corpo.

— Não. – respondi assim que consegui olhar para seu rosto.

— Na estante provavelmente não. – ignorei a ironia em sua voz e fui até a cama.

— Sua mala é a menor. – avisei imaginando o quanto ele ficaria irritado ao abri-la.

— Não preciso dela.

— Como? – ele abriu o armário e notei que diferente do que pensei o mesmo estava devidamente organizado com roupas que aparentemente pertenciam ao loiro. – Por que me fez arrumar uma mala para você?

— E por acaso existe algo que realmente seja útil naquela mala? – Peeta Mellark era inacreditável. Sem nenhum pudor notei quando ele tirou a toalha para se trocar e imediatamente desviei o olhar.

Ele foi ao banheiro para deixar a toalha e voltou deitando ao meu lado, sabia que não adiantaria discutir sobre isso já que provavelmente ele iria sugerir que eu dormir-se no tapete já que o quarto não tinha sofá então apenas virei para o outro lado e apaguei a luz do meu abajur. Peeta não demorou a fazer o mesmo, ficamos em silêncio por um tempo no escuro.

— A sua cicatriz... – não sabia como formular a pergunta, até porque acreditava que ele não responderia, mas estava curiosa para saber. – O que aconteceu? – como esperado ele não disse nada e acabei pensando que esse deveria ser o motivo para que ele não tenha nadado no Distrito 4 ou tirado a camisa.

— Um acidente, há muito tempo. – parte de mim queria saber que tipo de acidente, mas não perguntei nada, não éramos amigos não falávamos das nossas vidas, sabíamos o essencial para manter a farsa e nada mais.


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Notas finais do capítulo

É isso... eu realmente estou adorando o retorno de vocês. Espero que tenham gostado do capitulo, a viagem ao Distrito 12 continua no próximo e promete ser no mínimo interessante.
Algum palpite do que anda fazendo a Delly discordar do Peeta?
Vou tentar escrever o próximo capitulo um pouquinho maior, mas não prometo nada.
Beijos