Linha Tênue escrita por Sany


Capítulo 20
Capitulo 18.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite... Primeiramente me desculpem esse capitulo era para sair no natal, mas infelizmente não deu.
Mas vamos ao primeiro capitulo do ano.



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Sempre ouvi dizer que paciência é uma virtude para poucos, é isso de fato não me incluía já que nunca pude me considerar alguém com tal virtude, longe disso desde pequena era considerada o tipo de pessoa impaciente, de certa forma sempre achei que excesso de paciência nada mais é do que omitir suas próprias vontades e opiniões e isso a meu ver não chegava a ser uma virtude e sim uma fraqueza.Contudo, nas últimas semanas pude observar que Peeta Mellerk era o tipo de pessoa que como dizem por ai tem paciência de Jó.

Nas últimas quatro semanas havia tentado irritá-lo o suficiente para que ele chegasse a ponto de querer pedir o divórcio – nada que fosse contra o contrato o que limitava muito as coisas – ainda sim era como se não estivesse fazendo nada de mais. Uma das coisas que mais observei ao longo dos anos no casamento dos meus pais era o quanto o descontrole financeiro da minha mãe deixava meu pai irritado. Então, durante o mês fiz mais compras do que costumava fazer em um ano, fui nas lojas mais caras e descobri que o sobrenome Mellark era quase que um passe livre para um atendimento VIP. Isso resultou em uma troca completa do meu guarda-roupa, isso sem contar com os restaurantes que fiz questão de ir praticamente todos os dias, sempre chegando tarde.

Mas de alguma forma não importava quantas sacolas de compra o motorista entrasse carregando, meu “marido” parecia indiferente a isso tudo, esperava que quando a fatura do cartão chegasse ele tivesse algum tipo de surto nervoso ou que pelo menos falasse algo, contudo, isso não aconteceu. Havia feito mudanças na casa sem seu consentimento e cogitado a possibilidade de redecorá-la, não tinha feito o menor esforço durante minhas “aulas” culinárias e confesso que fiz um verdadeiro estrago na cozinha, mas com todo cinismo do mundo o loiro sorria e dizia para que continua-se tentando.

Verdade seja dita eu é que estava ficando cada vez mais irritada com aquela convivência forçada, não que vivêssemos grudados um no outro em um dia normal costumávamos estar no mesmo ambiente apenas na hora do jantar e na hora de dormir. Entretanto, esses momentos eram o suficiente para me deixar louca principalmente quando tínhamos pessoas por perto e tínhamos que parecer um lindo casal recém-casado e feliz.

Outra coisa que me irritava era o quanto a família Mellark parecia carente, até onde sabia Peeta e as irmãs se viam todos os dias na empresa, e mesmo sim eles jantavam juntos pelo menos uma vez na semana. Não importava o dia eles se reunião na casa de um deles para um jantar informal - se é que pizza, ou qualquer outro tipo de delivery pode ser considerado como jantar - ainda sim eles pareciam se divertir e isso me tirava do sério, não fazia o menor sentido todo aquele grude. Claro que para piorar a situação em algumas dessas ocasiões aquela nerd estava presente deixando tudo ainda mais sem sentido, afinal qual era a graça em se reunir para conversas tolas e sem importância.

A situação só conseguia ficar pior quando meus sogros participavam, os dois não moravam na Capital, mas pelo que entendi vinham pelo menos uma vez no mês o que significava um jantar com a prole toda que sinceramente chagava a ser irritante, afinal, Effie Mellark parecia querer ganhar o premio de melhor mãe do ano com tanto mimo direcionado a três adultos.

— A casa é realmente linda Peeta. – havia feito de tudo para adiar ao máximo a visita da minha mãe, mas depois de um mês não tive mais desculpas a inventar então aqui estávamos nós tentando manter uma conversa sociável após minha mãe fazer um “tour” que mais parecia uma avaliação de cada canto da casa. – Confesso que não esperava tanto bom gosto para uma casa que até pouco tempo era de um homem solteiro.

— Obrigado Paula, mas a decoração na maior parte é obra da minha mãe e das minhas irmãs.

— Elas tem um gosto excelente, foram elas que escolheram a casa também?

— Não, a casa fui eu que escolhi. Na verdade comprei o terreno e fui construindo aos poucos, digamos que é um projeto antigo.

— Que interessante. – eles continuaram conversando e tentei não perder o que restava da minha paciência já que Peeta tinha virado o queridinho da minha mãe que só tinha elogios a fazer sobre o loiro. – E você não tem nenhum primo próximo? – não faço a menor ideia de como a conversa se voltou para aquele assunto ainda sim acebei voltando minha atenção para os dois.

— Não, minha mãe era filha única e meu pai perdeu a irmã muito jovem.

— É uma pena, mas tenho certeza que você conhece ótimos rapazes não é mesmo, deve frequentar ótimos lugares.

— Mãe, por favor. – Prim pediu me olhando com um olhar suplicante, por sorte Demétria veio informar que o jantar estava servido. Peeta sentou na ponta da mesa, após puxar minha cadeira do seu lado direito e a da minha irmã ao meu lado.

— Como vão os negócios, Peeta? Ouvi rumores de que a M. Company vai abrir uma nova fábrica e que vocês vão lançar no próximo ano um console de vídeo-game.

— Sim, estamos nos últimos acertos com algumas empresas fabricantes de jogos para entrar no mercado com o melhor console possível.

— É um mercado arriscado, por mais que vendam muito esses jogos e novos consoles tanto para adultos tanto para crianças ouvi dizer que poucos conseguem se firmar, temos ai apenas duas marcas que de fato concorrerem de forma acirrada uma com a outra.

— Verdade, e ambas tem consoles incríveis, excelentes gráficos e jogabilidade fantástica.

— Talvez fosse mais seguro investir em outro tipo de mercado, um mais sólido com mais espaço e chances de sucesso. – quem visse meu pai poderia jurar que ele era algum tipo de consultor.

— Obrigado pelo conselho Phillip, mas acho que não é a melhor hora para falar em negócios, prefiro deixar o jantar sendo uma hora de lazer.

— Claro! Bom foi apenas um conselho de alguém mais experiente. – por que meu pai tinha que fazer essas coisas?

— Vocês poderiam marcar uma reunião. Phillip sempre foi um empresário brilhante sei que você aproveitaria muitos conselhos dele. – minha mãe tinha que fazer a situação ficar ainda pior, vi o sorriso irônico do loiro e quis muito acabar logo com aquele jantar.

— Como esta indo seu verão, Prim? – perguntei mudando o assunto rapidamente.

— Excelente, estou fazendo um curso de verão e é incrível. – sorri com sinceridade, minha irmã sempre foi tão diferente da maioria das garotas da sua idade.

— Primrose ainda continua batendo na mesma tecla Katniss, não muda essa ideia de cursar medicina. Sinceramente perder todo o verão estudando antes de começar o último ano é loucura demais na minha opinião.

— Paula! – diferente da minha mãe meu pai pelo menos apoiava a ideia de cursar medicina, para ele fazer um curso superior não era uma opção era uma obrigação e quando minha irmã disse que queria fazer medicina ele apreciou muito a ideia.

— Você devia fazer como sua irmã, e escolher um curso de até quatro anos como a maioria, mas não você quer perder no mínimo oito anos da sua vida sem contar com a especialização.

— Acho medicina uma escolha excepcional Prim. – Peeta comentou com naturalidade como se o clima na mesa não estivesse tenso e vi minha irmã sorrir sincera. – Salvar vidas é algo extraordinário.

— Claro que é, não me entenda mal, mas um exemplo do que quero dizer é o patrimônio que você construiu nos últimos dez anos, é fantástico e impressionante. Cursando medicina nesse mesmo período ela vai estar começando a carreira.

— Mãe, por favor.

— Prim sempre foi difícil, ah Peeta ela é tão diferente da Katniss. – comentou sorrindo para mim em seguida como se minha irmã não estivesse ali. – Katniss sempre foi mais parecida comigo, Prim por outro lado não tenho ideia de com quem se pareça. Ela não me conta as coisas e diz que eu não me interesso por nada do que ela gosta. Pode uma coisa dessas?

— Como foi a lua de mel? Sua mãe me disse que vocês foram até Two Harbors, todos dizem que é um lindo lugar. – meu pai mudou de assunto e por mais que não tivesse vontade de falar sobre aquela viagem, agradeci mentalmente por isso já que era melhor falar sobre um falso passeio romântico do que ver minha mãe atacando Prim e sendo inconveniente.

Contei um pouco sobre o Distrito 4 e sobre Two Harbors e resto do jantar transcorreu normalmente e após a sobremesa ser servida nos reunimos na sala.

— Sua irmã está escondendo algo, você sabe o que poderia ser? – minha mãe perguntou quando Peeta levou meu pai e Prim para conhecer o jardim e ficamos sozinhas.

— Não, mãe, pare de implicar com a Prim.

— Não estou implicando, conheço minhas filhas e sei que ela esta escondendo algo. Acho que está saindo com alguém.

— Se estiver qual o problema mãe? Ela já vai fazer dezoito anos é normal que esteja conhecendo rapazes e namorando.

— Eu sei disso, mas ela nunca foi como você. Sem ofender até porque eu também fui assim, mas você sempre foi de namorar no colégio sua relação com Gale começou cedo por mais “aberta” que ela fosse. Prim não é assim, ela coloca os estudos acima de tudo e se está se envolvendo com alguém deve ser sério.

— E qual o problema disso mãe?

— Não sei quem é, ela não fala nada. Tem algo errado nisso.

— Mãe...

— Tem algo errado, sei que tem. Preocupo-me com sua irmã Katniss, ela não gosta de sair comigo então talvez fosse bom você levá-la em lugares bem frequentados, onde ela possa conhecer bons rapazes sabe quem venham de boa família. – traduzinho ela queria que minha irmã andasse com pessoas com dinheiro. - Enobaria Golding comentou no salão que vai haver um jantar no Fuhrman Club no próximo mês exclusivo para sócios do clube e convidados.

— E?

— Procurei saber e todos os Mellark são sócios, provavelmente agora você também é já que Peeta não deixaria de colocar você no clube. – minha mãe adorava esse tipo de interação social, no 12 éramos sócios do único clube do Distrito era lá que meu pai costumava jogar golfe, mas quando nos mudamos descobrimos que os clubes da Capital eram mais exigentes e muito mais caros também. Então, não era mais um lugar acessível claro que na época minha mãe fez um escândalo em casa e passou horas discutindo com meu pai por isso.

— Não prometo nada em relação ao clube, mas vou convidar a Prim para sair e ver se descubro alguma coisa. – naquele momento os três voltaram e o loiro sentou ao meu lado com naturalidade passando o braço em meu ombro.

— Peeta querido estava comentando com a Katniss sobre o jantar que vai haver no Fuhrman, você sabe de alguma coisa? – minha vontade era de gritar com minha mãe, mas me limitei a respirar fundo.

— Até onde sei não é nada de novo, só o jantar de verão desse ano.

— Você já foi em algum deles?

— Sim, em alguns. Os Fuhrman são ótimos e o jantar além de reunir os associados também arrecada fundos para instituições.

— Não sabia disso, realmente interessante. – estava claro que ela estava esperando por um convite e ele sabia disso, ainda sim não fez menor menção de convida-la. – E vocês vão?

— Provavelmente não é querida? – confirmei com a cabeça no momento em que o celular dele começou a tocar. – Sinto muito é importante, com licença. – disse se afastando um pouco até a janela.

— Você precisa nos levar a esse jantar Katniss! – disse se inclinando um pouco em minha direção.

— Não! Mãe eu nem sei se realmente vamos ok. E mesmo assim não vou pedir isso ao Peeta.

— Por que não? Ele é seu marido e somos sua família.

— Já disse que não.

— É assim, fica um pouquinho melhor de vida que os pais e se esquece de nós que sempre demos tudo a você, tudo.

— Paula, por favor. – meu pai pediu olhando na direção onde Peeta tinha ido tentando saber se ele estava ouvido, mas se estava o loiro fingiu bem já que nem ao menos olhou em nossa direção.

— Quero ir embora Phillip. Sua filha me deixou indisposta. – Prim revirou os olhos e meu pai suspirou vendo todo aquele drama desnecessário. Mas não iria cair naquele teatro, não mesmo. Não ia pedir nada a Peeta Mellark então me levantei para me despedir.

— Meus pais já estão indo querido. – anunciei um pouco mais alto e vi o loiro dar um aceno rápido com a cabeça desligando o celular em seguida.

— Mas já? Está cedo. – a simpatia dele era irritante.

— Mamãe está cansada e levemente indisposta. – comentei sem me intimidar com o olhar que recebi da mesma. Acompanhamos os três até o carro. – Vamos combinar de fazer alguma coisa em breve. Só nos duas. – falei ao abraçar Prim e ela sorriu.

Assim que eles entraram no carro Peeta me abraçou com naturalidade e me mantive no abraço até ver o carro sair do pátio, e no instante que o portão se fechou me soltei dele e segui rapidamente pela escada de pedra em direção a casa sem a menor paciência para aquele sorriso sínico nos lábios dele.


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Notas finais do capítulo

É isso... Os pais da Katniss continuam insuportáveis kkk O que Prim anda escondendo???
Bom 2017 chegou e tenho mais projetos do que deveria em mente kkk, mas acho que vem coisa bem legal por ai pelo menos acho que vocês vão gostar.
Espero que todos tenham entrado bem o ano.
Beijos