Linha Tênue escrita por Sany


Capítulo 16
Capitulo 14.


Notas iniciais do capítulo

Olá...
Demorou, mas aqui esta. Acabei agora e esta sem revisão então desculpem por isso.



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Peeta estava esperando por mim no corredor, assim como eu ele tinha se trocado e no lugar do terno usava algo mais casual. Aproximei-me e sem dizer uma única palavra ele chamou o elevador. Entramos e me surpreendi quando ele ao invés de apertar o andar da garagem apertou o último andar, por um momento pensei que a viagem que ele tinha falado era mais uma de suas mentiras, mas assim que chegamos ao andar ele seguiu até o final do corredor e abriu uma porta que levava a uma escada e foi então que avistei o helicóptero.

— Você só pode estar brincando! O que é isso?

— Achei que fosse bem obvio. O gerente do hotel foi muito simpático e nos ofereceu gentilmente o helicóptero do hotel para irmos até o Distrito 4, assim não precisamos ir até o aeroporto.

— Eu não vou entrar nisso. – aquilo só podia ser uma brincadeira de péssimo gosto.

— Não vai dizer que tem medo de voar. – havia ironia em sua voz, mas tentei não pensar nisso naquele momento.

— Não é isso, eu... Ando em aviões que são seguros e silenciosos. Isso por outro lado é barulhento e tem uma probabilidade maior de cair. Alias vai que esse é exatamente seu plano.

— Oh! Você descobriu. – ele revirou os olhos. – O problema desse “plano” é que eu morreria junto com você então não seja ridícula e entre no helicóptero. – odiava parecer fraca na frente dele, mas não queria mover um músculo em direção aquela coisa. - Vamos que o piloto esta esperando. – ele caminhou até a porta e fez sinal para que entra-se.

Nunca fui o tipo de pessoa que aprecia voar, não mesmo a possibilidade – mesmo que pequena – de um acidente aéreo me dava um inexplicável frio na barriga, ainda sim em um avião eu só precisava me preocupar na hora de decolar e aterrissar – pelo menos em um voo sem turbulência - já que normalmente durante a viagem era mais fácil não pensar onde estava. Um helicóptero por outro lado parecia muito mais difícil de esquecer a altura. Tentei parecer indiferente enquanto colocava o fone e observei o loiro se acomodar com tranquilidade ao meu lado após cumprimentar o piloto.

Senti o frio na barriga assim que as hélices foram ligadas, fechei os olhos e recostei a cabeça no banco enquanto levantávamos voo, era uma sensação horrível e quis muito bater no homem ao meu lado, mas para isso teria que abrir os olhos e isso não iria ajudar em nada.  

A viagem até o Distrito 4 foi horrível, mesmo me acostumando um pouco durante o trajeto não consegui parar de pensar em sair logo daquele amontoado de ferro barulhento. Assim que chegamos no heliporto do que notei ser um dos hotéis da rede onde aconteceu o casamento já estava bem tarde ainda sim fomos recebidos por dois empregados que nos guiaram diretamente a uma das suítes da cobertura.

Peeta segurou minha mão durante todo o trajeto e por mais que tivesse vontade de me afastar tentei sorrir enquanto ouvia sobre as dependências do hotel. A suíte tinha dois ambientes muito bem decorados e uma ampla sacada que não dei muita atenção a principio. Assim que nos deixaram a sós soltei minha mão da dele e sem uma única palavra fui em direção ao quarto, estava farta daquilo e nem ao menos tinha começado a conviver direito com o loiro. Abri o armário e notei que minhas roupas já estavam ali, e definitivamente achei desnecessário as malas serem despachadas antes, porém não precisar me preocupar em desfaze-las me agradou muito.

Peguei uma camisola e segui em direção ao banheiro onde passei os próximos trinta minutos curtindo o silencio dentro da banheira. Após meu banho fui direto para cama que alias era imensamente confortável, sem uma única palavra Peeta entro no banheiro e agradeci mentalmente por isso – quanto menos nos falarmos melhor-. Apaguei o abajur e estava quase dormindo quando senti o colchão mexer.

— O que você esta fazendo? – perguntei me sentando e olhando o loiro com atenção.

— Você tem o costume de fazer perguntas obvias? – respirei fundo, mas nada disse. – Estou indo dormir, sabe é o que a maioria das pessoas fazem a essa hora.

— Sei que você esta indo dormir, quero saber o que esta fazendo na minha cama? – ele riu debochado.

— Sua cama? Poupe-me Katniss...

— Eu não vou dormir com você.

— Não estou te obrigando a nada, o sofá esta logo ali na sala.

— Então pode ir dormir lá!

— Eu não vou dormir no sofá. Não mesmo. Não sei o que te fez pensar que eu iria trocar uma cama confortável por um sofá.

— Isso é ridículo, você disse que nosso casamento seria um negocio então porque estamos dividindo uma suíte? Ou tendo essa discussão? Você poderia muito bem ter pago por uma suíte com dois quartos, mas não você esta nos forçando a olhar um para o outro e ter essa discussão patética as 2 horas da manhã.

— Claro, porque seria muito convincente e nada suspeito reservar uma suíte dupla ou quem sabe dois quartos separados logo na nossa “lua de mel”. Uma das clausulas do contrato é clara, você tem que zelar pela minha imagem então sim você vai ter que dividir essa suíte comigo pelas próximas 2 noites. Agora se você quer se fazer de virgem intocada que não consegue dormir na mesma cama que um homem sinta-se a vontade para dormir no sofá. Mas eu vou dormir aqui. – disse ajeitando o travesseiro e deitando com tranquilidade.

— Não estou agindo como uma virgem intocada, mas quer saber. Prefiro mesmo dormir no sofá a dividir uma cama com você Mellark. – peguei um dos travesseiros e um dos lençóis e fui em direção ao outro cômodo. Ele tinha o poder de me tirar do serio, olhei o sofá e xinguei mentalmente vários palavrões, nunca na minha vida tinha dormido em um sofá, para ser sincera nunca tinha dormindo em nenhum lugar que não fosse uma cama, porém não iria voltar para aquele quarto por nada nesse mundo.

Dormir foi um verdadeiro tormento, havia passado quase que a noite inteira acordada tentado achar uma posição e quando enfim consegui dormir acordei com a claridade entrando pelas portas de vidro. Aquilo só podia ser algum tipo de castigo injusto demais. Ainda sim me forcei a levantar para fechar as cortinas, mas não dormi mais do que três horas depois disso. A suíte estava em silencio e quando passei pelo quarto em direção ao banheiro notei que ele não estava mais dormindo, tentei não pensar nisso enquanto escolhia algo confortável para vestir já que pretendia passar o máximo de tempo possível longe do loiro. Quando voltei para sala notei que a porta da sacada estava aberta e acabei seguindo em direção a sacada.

A vista era sem duvida linda, dali era possível ver claramente o mar e mesmo o tempo estando ligeiramente fechado era algo agradável de ver. A última vez que estive no Distrito 4 era uma criança, mas sem sombra de duvida esse era um dos Distritos mais bonitos de Panem.

— Olha quem resolveu acordar, bom dia querida. – Peeta estava um pouco mais no canto tomando café tranquilamente e foi só então que notei a mesa de café da manhã para duas pessoas.

— Bom dia meu bem. – usei o mesmo tom irônico e vi um sorriso se formar no canto da boca dele. – Até mais tarde.

— Onde você pensa que vai?

— Passear. – virei as costas, mas antes de dar qualquer passo ouvi a voz dele.

 - Não mesmo. Você vai ficar aqui.

— Como? – ele só podia estar brincando.

— Estamos em lua-de-mel, temos que ficar juntos e particularmente hoje esta um ótimo dia para não fazer nada, então se vou ficar aqui você também vai.

— Isso é ridículo, você vai ficar o dia inteiro olhando para mim?

— Não, eu vou passar o dia lendo um livro que quero terminar a dias, mas nunca tenho tempo, você por outro lado não sei e não me importo contando que fique aqui. Mas amanhã se o tempo melhorar vamos sair um pouco e manter o teatrinho de casal recém casado feliz.

— Quer saber Mellark não vou cair nessa, não mesmo.  Você não pode me prender nesse quarto muito menos decidir quando vou sair passeando por ai. Então eu vou sair por aquela porta e conhecer alguns pontos turísticos.

— Não sei qual a grande dificuldade que você tem para assimilar as coisas, mas isso esta me cansando. Você assinou o contrato e não quero passar os próximos meses te lembrando sobre ele, então facilite as coisas sim.

— Ah sim claro, tenho que manter sua imagem intacta.

—Exatamente.

— Isso é patético sabia? Esse contrato tudo. – me aproximei da mesa e o fitei com atenção.

— Algo patético que você assinou e agora vai cumprir, então deixa de se fazer de desentendida a cada instante de uma vez por todas.

— Quer saber Mellark vamos deixar as coisas claras logo o que acha? Eu posso até cumprir as clausulas daquele contrato, mas para mim você ainda é o mesmo cara insignificante que conheci anos atrás só que agora usa uma camada falsa de luxo, contudo se quer saber seu dinheiro e toda essa pose de homem poderoso não muda o homem insignificante que continua sendo. – estava com raiva, muita raiva e não iria abaixar a cabeça para ele não mesmo, só queria ofende-lo da mesma forma que fiz anos atrás. Mas diferente de anos atrás ele não parecia ter se abalado e ao invés disso vi seu sorriso ficar mais nítido.

— Você quer deixar as coisas claras, vamos deixar as coisas claras. – ele bebeu um gole do que parecia ser mimosa antes de continuar. – Acha que dizer que continuo o mesmo homem de anos atrás me ofende? Bom você não poderia estar mais  errada, mas quando diz que tenho dinheiro e poder ai você esta certa. Porque sim eu tenho. Então sim sou um homem poderoso e você por outro lado não passa de uma menina mimada que acha que esta no controle da situação quando na verdade não passa de uma mulher vendida.

— Vendida?

— Sim vendida, ou acha que tem outro nome que se encaixa melhor? Porque sinceramente eu comprei você Katniss, por uma quantia muito mais alta do que valia alias, mas que para mim não significa nada. É uma ninharia se quer saber. E olhando seu rosto agora vejo que teria pago mais só para apreciar esse momento.  

— Você não me comprou, não sou sua propriedade.

— Tem certeza? Pois é extremante o que parece, tenho até o contrato de compra para provar. – estava com tanta raiva que quando notei já havia erguido a mão em direção ao seu rosto, mas ele foi mais rápido e segurou meu pulso. – Não ouse pensar nisso outra vez entendeu? – ele levantou e me encarou, seu olhar era indecifrável.

— Você é desprezível.

— Temos definições diferentes do que é desprezível. – ele largou meu pulso, mas continuou olhando diretamente nos meus olhos. - Não perca seu tempo se fazendo de vitima ou de mulher ofendida porque não disse nenhuma mentira, não mesmo. 75% da sua família incluindo você não vale nada.

— Não fala do que você não sabe, nem ao menos os conhece.

— Não? Engraçado sua mãe, por exemplo, me achou muito mais atraente para filhinha dela quando ouviu a palavra presidente, acha que não reparei? E seu pai acha mesmo que ele caiu no papinho de que comprei as ações pensando no seu bem estar Katniss? Ele pode não saber de tudo, mas sabe muito bem o que esta em jogo nesse casamento. Ah sim, e você. Bom você se vendeu não pela sua família, mas por medo de ser presa, de ver o nome da sua família na lama, de perder tudo. Você se vendeu com medo de ser pobre.

— Você não me conhece.

— E nem quero conhecer, para mim você é como um quadro para quem não entende nada de arte. Sabe aquelas pessoas que pagam mais do que vale por uma arte só para ser decorativo, só para dizer e mostrar aos outros que tem.

 - Agora você esta me comparando a um quadro?

 - Prefere ser comparada a um carro luxuoso? Porque para mim não faz diferença, na verdade talvez se encaixe melhor já que posso sair mostrando você por ai.

— Patético.

— Pense como quiser, agora com licença que eu vou ler meu livro. – ele foi em direção a porta, mas parou em seguida. – Você devia provar o brioche esta uma delicia.

Eu queria muito lançar aquela mesa inteira na direção dele, ainda sim ao invés disso me limitei a respirar fundo e tentar me acalmar. As palavras dele haviam me atingido ainda sim iria ter volta. Só precisava pensar em uma maneira de conseguir atingi-lo. Todos tem um ponto fraco a ser atingido e eu iria achar o dele.


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Notas finais do capítulo

É isso...
Bom na adolescência eu adorei muito ler o livro Senhora, de José de Alencar. Comecei ele porque era parte da leitura obrigatória na escola, mas eu realmente me encantei com a trama da Aurélia e do Fernando. Sei que a fic não se parece muito, na verdade não parece quase nada kk afinal quem leu sabe que a Aurélia que volta rica e tudo mais. Porém a cena em que ela fala que o comprou é muito boa e quando estava começando a pensar na fic foi esse trecho que me veio em mente.
Espero que vocês tenham gostado.
Adorei cada comentário e não vai dar para responder agora, mas vou responder a todos eles mais tarde ou amanhã.
Digam o que acharam do capitulo.
Beijos e ótimo final de semana.



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