Linha Tênue escrita por Sany


Capítulo 12
Bônus II: Peeta.


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos, o segundo bônus do Peeta não era para agora. Muitos já leram minhas outras fics e sabem que acabo deixando o POV do loiro mais para o final, mas depois de muitos pedidos , alguns muito fofos alias. Resolvi não deixar vocês totalmente no escuro em relação ao que esta se passando na cabeça desse lindo. Não ficou exatamente como eu queria, mas espero que ajude a entender um pouco mais o outro lado.



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Qual o segredo do seu sucesso?

Essa é sem sombra de dúvida a pergunta que todos me fazem, e talvez a mais difícil de responder, até porque é difícil entender o que me trouxe até aqui, entender minha determinação em conseguir chegar onde cheguei, entender meus motivos. Tão pouco era algo que eu estava disposto a explicar, ainda sim muitos acreditam que para seguir em frente é preciso deixar o passado para trás, que precisamos estar sempre um passo a frente sempre pensando nas possiblidades, que é preciso estar preparado para tudo e assim conseguir alcançar seus próprios objetivos.

Peter Drucker disse que “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo” e foi com essa frase que um dos meus professores iniciou a minha primeira aula na universidade. Segundo ele estávamos ali para iniciar nossas carreiras e que se quiséssemos alcançar o sucesso deveríamos esquecer o passado e pensar em criar o futuro. Exagerado? Talvez, ainda sim após quase uma aula falando sobre um dos maiores administradores que o mundo já viu você acaba refletindo sobre isso. E para ser sincero Drucker, assim como Taylor, Fayol, Weber e muitos outros fizeram muito mais parte do meu aprendizado universitário do que imaginei que fariam e embora eu não concorde com todos eles tenho que admitir que cada um a seu modo e na sua época mudou o modo de administrar, e de fato deixaram um bom legado de ensinamentos e merecem o reconhecimento que têm.

— Querer criar o futuro. – Respondi com um sorriso. - Peter Drucker deu a dica eu apenas segui.

— Então você seguiu o conselho do pai da administração moderna? Simples assim?!

— De certa forma sim, tirando a parte do simples. – A verdade é que muitos querem alcançar o sucesso profissional, poucos querem percorrer o caminho que leva a ele, afinal ele tem seus obstáculos e desafios e nem todos querem ou conseguem passar por eles. - Mas tenho certeza de que em alguns anos, você vai ter algum se é que já não tem. Grande jornalista que te inspire Joseph Pulitzer talvez.

— Você lê mentes senhor Mellark? – Observei ela sorrir tranquilamente me olhando diretamente nos olhos pela primeira vez nos últimos 20 minutos. – Sou uma apreciadora do trabalho Pulitzer.

— Muitos estudantes de jornalismo são. – Cecelia deu duas batidas de leve na porta antes de entrar.

— Os papéis que o senhor me pediu. – Ela entregou uma pasta preta. - A Srta. Chaney já chegou, e o seu próximo compromisso está na recepção. – ela avisou.

— Obrigado, estamos terminando aqui. Avise para Chaney, por favor, e eu vou usar a sala de reuniões em alguns minutos, quando ela subir peça para esperar, sim? – Ela assentiu e saiu nos deixando sozinhos outra vez, me virei novamente para a jovem sentada na cadeira em frente a minha mesa. – Mais alguma pergunta Srta. Dormer?

— Muitas, mas acho que vou finalizar perguntando: Existe algo que você ainda não conquistou e pretende conquistar? E se possível uma dica aos futuros empresários que sonham em ser como você.

— Sempre existe algo a se conquistar, então sim tenho muitas coisas a conquistar ainda. – Sorri mais pela ironia da pergunta do que por simpatia. – E a dica, acho que nunca desistir, não importa o que digam ou quantas pessoas duvidem do que você é capaz, se você tiver um objetivo lute por ele independente dos outros. - Ela desligou o gravador e se levantou e fiz o mesmo.

— Obrigada mais uma vez pela entrevista senhor Mellark, não apenas em meu nome, mas também em nome dos demais integrantes do grupo. – Ela estendeu a mão e a apertei com gentileza. – Mandarei uma cópia do trabalho finalizado para o senhor.

— Foi um prazer ajudar, espero que vocês consigam uma boa nota.

— Com uma entrevista exclusiva com o senhor, sem dúvida isso já vai nos render uma ótima nota. – Acompanhei a jovem até a porta e assim que ela saiu Lavinia entrou me cumprimentando com carinho.

— Mais um estudante de jornalismo? – Confirmei com a cabeça enquanto nos sentávamos no sofá que ficava no canto da minha sala. – Você já reparou que concede entrevistas mais para trabalhos acadêmicos do que para jornalistas formados?

— Eles precisam de notas, e não foram tantos assim, só uns três ou quatro no máximo até hoje.

— E quantas entrevistas você deu a revistas e jornais? Não coletivas, mas sim entrevistas exclusivas?

— Você tem um ponto. – Ela riu.

— Sua futura esposa está lá em baixo na recepção – disse mudando o tom de voz naquele momento.

— Eu sei, Cecelia avisou, Finn está chegando com o juiz, então vai ser rápido o que é ótimo, já que Delly volta hoje de viagem e se ela encontrar a Everdeen antes, nada bom vai sair dai.

— Eu adoraria ver essa cena.

— Tenho certeza que sim. – Minha amiga se virou ligeiramente olhando para mim e vi ela suspirar baixinho antes de continuar.

— Você tem certeza do que está fazendo? Isso é realmente necessário Peeta?

— Eu tenho que fazer isso Lavinia. Depois de tudo que ela fez não só para mim, mas para você e para outras pessoas no colégio. – Sempre achei a mágoa um sentimento ruim. Ainda sim nunca consegui esquecer o que Katniss fez naquela noite. Tão pouco a decepção que senti ao descobrir que ela estava envolvida no que fizeram como a minha amiga. - Ela não tinha o direito.

— Sei que não, sei que o que ela fez magoou você. As atitudes dela mudaram muitas coisas e tiveram consequências, mas já se passaram anos, você sabe que eu preferia não encontrar essa mulher nunca mais na minha vida. Talvez fosse melhor deixar Katniss Everdeen no passado.

— Os Everdeen se acham superiores ao resto do mundo, mas não são, e eu vou provar que eles não são melhores que ninguém. Vou mostrar a eles principalmente a Katniss que eles não são nada além de pessoas comuns, com um ego grande demais.

— Peeta, denuncie o Phillip Everdeen pelo que ele fez e acabe com isso. Toda a humilhação pública causada pelo caso vai acabar com toda a pose superior que essa família tem. Você não precisa trazer essa mulher para sua vida, não precisa dela tão perto.

— Isso seria simples demais, Katniss precisa sentir na pele que a “rainha” é uma peça como todas as outras e que ela também pode cair. Ela precisa parar de achar que pode pisar nas pessoas, ou que pessoas são fantoches na mão dela.

— Nada do que eu fale vai fazer você mudar de ideia, não é?

— Não. – Estava decidido – Você não precisa ser testemunha se não quiser, eu vou entender.

— Você é meu melhor amigo, sabe disso. Se não fosse você e sua família eu não sei o que teria sido de mim e do Alex, sua amizade naquela época foi tudo que me restou Peeta. Você acreditou em mim quando todos os outros que importavam duvidaram.

— Você e Alex são parte da família, sabe disso não sabe?

— Eu sei.– Ela sorriu – Então se você realmente quer continuar com isso, eu vou estar do seu lado mesmo que eu não entenda e discorde, mas eu preciso que você me prometa uma coisa.

— O que?

— Que vai tomar cuidado. – Olhei sem entender. – Não confio na Everdeen, ela fez tudo aquilo com você, ela me fez perder quase tudo que tinha naquela época isso com 17 anos, então fique de olhos abertos.

— Pode deixar – o celular dela tocou naquele momento e ela atendeu iniciando uma conversa com a pessoa do outro lado da linha.

Levantei indo em direção a parede atrás da minha mesa e olhando a vista do centro da Capital, mesmo não sendo um dos prédios mais altos eu tinha uma vista privilegiada dali. Coloquei a mão no bolso interno do terno e peguei a velha peça de xadrez preta que meu pai me entregou anos atrás e a observei por um instante. Eu havia carregado ela comigo desde aquele dia, como um amuleto e um lembrete de tudo o que tinha passado e de como iria dar a volta por cima.

A assinatura do contrato foi rápida e como era de se esperar Katniss não tinha ideia de onde estava se metendo e por mais que ela tenha tentado manter uma pose de indiferença e de que estava tudo sobre controle, vi nitidamente quando Finn entregou a caneta para ela assinar que não estava. Enquanto fitava os papéis pude ver toda a insegurança da morena.

Durante as semanas seguintes, não entrei em contato com ela, e não cheguei a assinar a compra das ações do Heavensbee, embora já tivéssemos um acordo verbal e sigiloso de que eu compraria a parte dele, a verdade era que nenhum outro empresário compraria aquelas ações a Mockingjay estava totalmente quebrada e reerguê-la levaria tempo e dinheiro e no mundo dos negócios isso era as duas coisas que ninguém gostava de perder.

Olhei para trás assim que o som parou no meio da música que estava ouvindo e vi Annie parada próximo a porta com o controle remoto do som na mão sorrindo para mim.

— Você vai acabar ficando surdo Peeta. -  Sabia que não é recomendado ouvir som tão alto, ainda sim é um dos meus métodos de concentração e quase um costume na hora dos meus exercícios.

— Não exagera, sabe que não faço isso por muito tempo. - Comentei desligando a esteira.

— Sei. Tem um tempinho para mim?

— Quando eu não tenho tempo para você? - Ela sorriu e se aproximou beijando meu rosto com carinho. Se existe algo que sempre fiz questão ao longo dos anos é nunca deixar a família em segundo plano, por mais ocupado que eu pudesse estar a família sempre viria em primeiro lugar. Nenhum dinheiro no mundo compra esses momentos e eu sempre soube disso.

— Esse é meu irmãozinho. Pedi para preparem um suco me acompanha? Sei que ainda não tomou café. - Concordei com a cabeça e a segui em direção a cozinha, ouvindo algumas amenidades do dia a dia e acabamos ficando por lá mesmo, raramente eu tomava um café muito longo então quase nunca usava a sala de jantar. Annie aproveitou para nos fazer um lanche como quando éramos mais novos ainda no Distrito 12. Não importa quanto dinheiro ela tenha no banco, minha irmã sempre teria a mesma simplicidade de quando não tínhamos muito.

— Vamos lá, por mais que você me ame eu sei que não foi isso que trouxe você até aqui em um domingo logo cedo, sendo que vamos nos ver em algumas horas no almoço. Não que esteja reclamando, sabe que amo seu sanduíche de frios e que pode aparecer aqui a hora que quiser para fazê-lo. – Ela riu e bebeu um gole de suco antes de continuar.

— Você sabe que odeio ser a irmã implicante não sabe? Delly faz isso muito bem sozinha e não tenho planos de tomar o lugar dela. - Sorri com a brincadeira, embora tivesse certa verdade no comentário já que ela sempre foi a mais tranquila dos três. - Eu não quis dizer nada ontem até porque Delly estava dizendo tudo que pensava, mas eu preciso perguntar. Peeta você tem certeza do que está fazendo?

Como era de se esperar minha família não reagiu nada animada a notícia do casamento, diferente dos pais da Katniss que só souberam levar em consideração minha conta bancaria e nem ao menos contestaram um casamento tão repentino ressaltando minha opinião de que os Everdeen exceto Prim que ao que tudo indica ainda continua sendo a única pessoa sensata naquela casa, só sabem pensar em dinheiro e poder.

Meus pais raramente se envolviam em nossas escolhas pessoais embora fossem bem claros em suas opiniões, não ficaram nada felizes já que sabiam o quanto Katniss havia me magoado no passado. Confesso que odiava mentir para eles, ainda assim sabia que era o mais sensato a se fazer já que meus pais jamais aceitariam a verdade, eles jamais aceitariam meus planos. Independente do quanto os Everdeen merecessem uma lição.

— Annie, eu sei que Katniss e eu temos um passado complicado, mas eu estou pensando no futuro.

— Não gosto da ideia desse noivado repentino, quer dizer a algumas semanas vocês começaram a sair e isso já não agradou muito nossa família, você sabe disso, e de repente você resolvei pedi-la em casamento assim do nada, é estranho Peeta.

— As coisas são diferentes agora Annie, e eu não sou mais um adolescente para ficar de namorico, mamãe mesmo vivia dizendo que estava na hora de começar a levar um relacionamento a sério, de começar a deixar de pensar só nos negócios e pensar na minha vida pessoal.

— Sim, mas não acho que ela estava se referindo a você se casar com a garota que partiu seu coração anos atrás. Você nunca namorou ninguém realmente sério nos últimos anos e eu entendo, olha o que você construiu.

— Nós construímos. – Corrigi, eu nunca deixei de levar em consideração a participação da minha família na empresa. Se não fosse por eles tudo não passaria de planos e a ideia não teria saído do papel.

— Você trabalhou pela empresa, mais do que qualquer um de nós, ainda sim você saiu com pessoas incríveis, mulheres que se você pedisse em casamento aceitariam na hora, mulheres que merecem você mais do que ela. Você é lindo, é bondoso, é carinhoso e vai ser um marido incrível.

— Annie...

— Não vou mentir Peeta, eu acho no mínimo estranho o fato de que quando você era só um bolsista essa Everdeen fez o que fez e agora que você está no auge do sucesso profissional ela aparece e aceita se casar com você. Isso me soa estranho, acho que Delly não está totalmente errada.

— Ela não quer meu dinheiro, como eu disse ontem ela vai assinar em pré-nupcial, não tem o porque se preocupar com isso.

— Falando nesse pré-nupcial, por que o Finn e não eu?

— Somos irmãos, não acho que seria politicamente correto você ser minha advogada nesse caso.

— Não é nenhum julgamento para se ter ética profissional e você nunca se importou com isso, eu verifico cada contrato importante que você assina, nos últimos anos praticamente todos os seus grandes contratos passaram por mim antes de você assinar. Eu sempre cuidei das suas coisas Peeta, você sempre quis minha opinião profissional, mesmo tendo outros advogados na empresa.

— Eu sei, e isso não vai mudar sabe disso. Mas é só um contrato pré-nupcial, nada tão importante assim.

— Como não? Em um divórcio, um contrato mal elaborado pode fazer você perder no mínimo metade do seu patrimônio Peeta, patrimônio esse que ela não ajudou você a construir e que não querendo julgar seria conveniente para ela conseguir.

— Você nem ao menos quis um contrato pré-nupcial.

— É diferente, Finn e eu temos uma história eu confio nele, nos amamos e ele me deu apoio em cada passo que dei na minha careira. – Nunca duvidei do sentimento do meu cunhado, e tão pouco achava que eles iriam se separar um dia.

— Eu sei, e você sabe que considero o Finn parte da família e confio nele e você estava cheia de trabalho na empresa.

— Então eu posso ao menos ver esse contrato?

— Annie parece que você não confia no Finn e que acha que ele não faria um bom trabalho.

— Sabe que não é isso. - Eu sabia. - Estou preocupada com você, me lembro de como você ficou, o quanto se magoou, e eu não quero ver você daquele jeito nunca mais. - Ela sempre teve um instinto de proteção gigante, sempre se preocupando com todos, mas principalmente com a família era possível ver tanto da mamãe nela.

— Eu garanto que não tem com que se preocupar, não sou mais um adolescente vivendo o primeiro amor platônico, sou um adulto e acredito que esse casamento vai dar certo, sei onde estou me metendo. – Era uma verdade parcial, por enquanto o melhor que poderia oferecer à ela. - Vamos lá Annie, você é uma das melhores pessoas que conheço, dê uma chance de conhecer a Katniss primeiro, sem você do meu lado Delly, não vai facilitar nadinha.

— Está bem, vou ser pelo menos cordial. – Ela suspirou e sorri – Mas se ela pisar na bola, um pouquinho que seja, eu juro que não importa casada com você ou não, eu não vou facilitar nada para ela.

— Obrigado. – Beijei seu rosto com carinho, e a abracei como quando ela me ajudava com algo quando éramos mais novos.

Eu odiava ter que mentir para eles, ainda assim eu precisava fazer isso. Precisava fazer Katniss Everdeen pagar pelo que fez, o jogo começou e diferente da rainha o peão pode dar o primeiro passo.


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Notas finais do capítulo

Depois de mais de 15 dias sem aparecer, estou de volta. Ouve muita coisa acontecendo esses dias e basicamente eu estava só com o celular então não deu para escrever e acabei escrevendo esse capitulo em pedaços espero que tenha ficado bom. O que acharam de ponto de vista do loiro?
Passei rapidinho só para postar o capitulo, mas vou responder todos os comentários mais tarde, alias estou adorando a interação de vocês nessa fc.
Vou tentar não demorar com o próximo, mas tem outras fics na frente então não prometo.
Beijos.