Linha Tênue escrita por Sany


Capítulo 10
Capitulo 09.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite... Jantar na casa dos Everdeen preparados?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/691964/chapter/10

Sexta feira chegou muito mais rápido do que eu poderia desejar e olhando meu reflexo no espelho de corpo inteiro do quarto não fazia ideia de como seria as próximas horas. Eu havia enviado uma mensagem com o horário do jantar para o número de celular que falei com ele da outra vez e não me surpreendi com a falta de resposta dele. Então aquela tarde ele havia mandado apenas um “Esteja pronta às 19h30min”. Enquanto esperava estava uma verdadeira pilha de nervos, já que apresentá-lo a meus pais e a Prim faria tudo mais real e de certa forma eu não queria dar esse passo não com tantas incógnitas em meio a esse futuro casamento.

No horário exato o interfone tocou e o porteiro avisou que estavam esperando por mim, eu não tinha ideia de como ele sabia meu endereço, mas não fiquei surpresa afinal mesmo não passando meu endereço ele achou um modo de descobrir se é que já não sabia a muito tempo onde eu morava atualmente. Chequei mais uma vez meu cabelo e maquiagem antes de pegar minha bolsa e sair do apartamento. Eu havia escolhido um dos meus melhores vestidos para a ocasião vermelho com decote em V, colado na cintura embora ficasse ligeiramente mais soltinho nas pernas e ia até a altura do joelho.

Assim que desci as escadas da portaria avistei um Maserati Granturismo prata daquele ano estacionado e não tive duvida de que era dele, caminhei tranquilamente e quando me aproximei do carro ele não deu qualquer sinal de que desceria do mesmo então abri a porta do passageiro e entrei.

— Você esta atrasada. – Ele comentou com o mesmo tom serio de costume dando partida no carro assim que fechei a porta.

— Eu desci no momento em que o porteiro interfonou. – Usei o mesmo tom que ele enquanto colocava o cinto de segurança.

 - As 19h30min você devia estar esperando no portão.

— Eu não vou nem responder a isso, não sou mulher de esperar na portaria Mellark.

 - Eu não gosto de esperar Everdeen. – Revirei os olhos e olhei em direção a janela não ia perder meu tempo com aquela discussão ridícula. Não disse a ele o endereço dos meus pais, mas vi que ele estava fazendo o caminho certo. – Ah! Isso é importante. – Ele abriu o porta luvas quando parou em um sinal vermelho e pegou uma caixinha de veludo azul e me entregou. – Você deve usar isso. – Observei ele voltar a atenção para o transito sem acreditar naquilo, ainda sim abri e olhei o anel por um momento.

Um solitário de ouro branco com diamante retangular realmente lindo e acabei prendendo a respiração ao vê-lo, não que fosse apaixonada por joias ainda sim como quase toda mulher sabia admirar um belo diamante e não pude deixar de pensar que se fosse algo real aquela seria uma escolha perfeita para um anel de noivado.  

— Sem um pedido romântico? – Comentei com ironia. – Não estou surpresa, afinal é um negocio certo? – Ele não respondeu mantendo a atenção na estrada. – Devo me considerar alguém de sorte por ter um anel? Achei que você se limitaria a comprar as alianças já que é tão ocupado.

— Vivemos em um mundo onde as aparências contam muito Everdeen, você deve saber disso mais do que eu não é mesmo. – Sabia que ele estava falando sobre nossa época no colégio. - Seria no mínimo estranho você não ter um anel de noivado ainda mais considerando o noivo.

— Claro as aparências. – Coloquei o anel no meu anular e o mesmo ficou na medida certa. – Só para saber se perguntarem devo mentir dizendo que você fez um pedido especial e romântico?

— Invente o que você quiser, tendo fundamento eu não me importo.

— Então você pode ter feito o pedido do século, totalmente piegas? – Adoraria inventar um pedido totalmente meloso só para irrita-lo.

— Você não vai querer me irritar. – Se eu fosse sincera eu queria e muito, mas não disse nada. - Limite-se ao básico e se quiser acrescentar romance acrescente contando que seja algo possível e sem denegrir a minha imagem, porque acredite você não vai querer fazer isso.

— Por que não?

— Porque esta no contrato que você deve zelar pela minha imagem. – O maldito contrato.

Seguimos o resto do caminho em silencio e assim que ele encostou o carro em frente ao prédio dos meus pais eu respirei fundo antes de descer, aquela noite prometia no mínimo uma dor de cabeça daquelas.  Caminhamos lado a lado em direção ao elevador e notei que ele foi educado com o porteiro que nos deu um sorriso simpático. Não pude não reparar em como ele estava bem vestido usando um jeans escuro, com cinto preto, a camisa grafite estava devidamente arrumada dentro da calça e completando um blazer preto com corte perfeito.

Assim que a porta do elevador se abriu ele segurou minha mão me pegando de surpresa então avistei Prim nos esperando na porta com um sorriso largo, o porteiro e a mania de interfonar mesmo me conhecendo.

— Uau! Você realmente cresceu. – Ele falou com um sorriso cheio de simpatia para minha irmã após eu ter reapresentado os dois e entrarmos no apartamento – A ultima vez que te vi você era uma garotinha desse tamanho. – Sinalizou com a mão e ela riu.

— Confesso que demorei em ganhar altura, cheguei a achar que seria a única baixinha da família, mas você não mudou muito sua fisionomia é quase a mesma. – Ele agradeceu. – Alias nunca tive a oportunidade de parabenizá-lo por conseguir ensinar matemática para Katniss na época, serio você conseguiu um milagre naqueles dias.

 - Não foi muito difícil só foi preciso empenho.

— Ela tem sorte de não utilizar matemática na carreira dela, acredite ela ainda é péssima.

— Eu ainda estou aqui. – Naquele momento meus pais entraram na sala então fiz a apresentação e vi o olhar da minha mãe sobre ele provavelmente analisando cada centímetro do mesmo. Era como um déjà vu, mas diferente de anos atrás ela foi mais simpática.

— É um prazer revê-los Sr. e Sra. Everdeen.

— Igualmente Peeta não é? – Papai não parecia nada interessado naquele jantar, na verdade eu tive sorte dele estar preocupado demais com a empresa e estar evitando sair, mas sabia que ele queria que fosse um jantar rápido.

— Então vocês estudaram juntos. – Minha mãe comentou quando nos sentamos na sala de estar após alguns minutos. – Desculpa eu realmente não estou me lembrando de você, Katniss era tão popular no colégio, eram tantos amigos transitando pela casa em festinhas que fica difícil lembrar de todos, você era do time de basquete?

— Não senhora. – Ele não parecia ofendido por ela não se lembrar dele, pelo contrario era como se já espera-se por isso. – Na verdade eu fui pouco até a casa de vocês, éramos de grupos diferentes no colégio eu não era do time na verdade eu só fui lá para ajudar a Katniss a estudar nas ultimas semanas de aula.

— Ah! Acho que estou me lembrando. – Pelo olhar dela eu soube que ela se lembrou dele e de como ele parecia não ter dinheiro na época. – Você mudou bastante, não sabia que tinha vindo fazer faculdade na Capital, alias achei que da turma da Katniss apenas ela tinha tido esse privilegio. – Minha mãe costumava se gabar por ter segundo ela me proporcionado essa caríssima experiência. – Afinal a Panem University é uma instituição de ensino bem cara, com um numero quase inexistente de bolsas de estudo.

— Na verdade eu me formei na Gates.

— O Instituto de Tecnologia Gates é uma excelente universidade. – Minha irmã comentou. – Uma das melhores do mundo, muito difícil de entrar.

— Verdade eles são um pouco mais rígidos na hora das admissões que a maioria das grandes universidades.

— E o que trouxe você a Capital? Vai ficar por muito tempo? Seus pais ainda moram no 12? – Minha mãe perguntou falsamente interessada no mínimo pensando na possibilidade dele ter vindo atrás de mim.

— Negócios, na verdade estou morando aqui a alguns anos, embora viaje com frequência. Mas meus pais ainda passam a maior parte do tempo na casa deles no Distrito 12, eles gostam muito de lá.

— Que tipo de negócios você lida aqui? Deve ser algo razoavelmente bom para fazer você não voltar ao Distrito 12. – A palavra indelicadeza definia muito bem minha mãe.

— Podemos dizer que sim.

— Peeta é o presidente da M.Company mãe. – Tentei parecer indiferente a informação, mas sabia que estava na hora de acabar com o interrogatório. Naquele momento vi a fisionomia dos meus pais mudarem completamente. Minha mãe suavizou o sorriso forçado com a palavra presidente e meu pai pareceu nitidamente impressionado voltando sua atenção ao loiro pela primeira vez na noite.

— M.Company, a de tecnologia?!

— É pai.

— Quantos anos você tem meu rapaz?

— Vinte e sete.

— E já chegou a presidência?! Bem jovem, herdou a empresa? Subiu de cargo?

— Pai. – Estava me sentindo péssima com aquela situação, mas parecia que apenas Prim que estava calada parecia dividir essa sensação comigo.

— Esta tudo bem querida. – Peeta falou tranquilamente colocando a mão ligeiramente na minha perna de forma gentil e me surpreendi com o toque. – Na verdade eu sou um dos fundadores da empresa, comecei ainda na universidade juntamente com minhas irmãs e uma amiga e deu certo.

— Impressionante, ela hoje é o que? A quarta melhor no segmento?

— A segunda na verdade, mas estamos trabalhando para alcançar a liderança. – Ele sorriu e antes que meu pai falasse mais alguma coisa fomos avisados que o jantar seria servido e não pude ficar mais aliviada. Quando nos sentamos à mesa para iniciar o jantar minha mãe acabou vendo o anel em meu dedo e não conteve a euforia.

— Katniss isso é o que estou penando que é? – O sorriso dela era enorme e eu sabia que minutos antes se tivesse visto o anel ela não teria essa reação tão exagerada.

— Mãe...

— Sr. e Sra. Everdeen, talvez não tenha sido o ideal fazer as coisas assim sem falar com vocês. – Peeta segurou minha mão por cima da mesa -  Mas eu realmente amo a filha de vocês e acabei pedindo a ela primeiro, espero que não considerem um desrespeito, mas ela aceitou se casar comigo. – Quem visse ele falando não duvidaria de suas palavras e confesso que ele teria dado um bom ator.

— Que noticia maravilhosa! Temos que comemorar. – Minha mãe logo pediu para buscarem um champanhe enquanto recebíamos os comprimentos do meu pai e da minha irmã que era sem sombra de duvida a mais contida com a noticia. – Deixa-me ver esse anel filha. – Estendi a mãe e vi ela analisar a joia com atenção – É lindo! Perfeito para você meu bem. – Traduzindo era valioso suficiente, afinal se havia algo de que Paula Everdeen entendia bastante era de joias e nem mesmo meu outro anel de noivado havia feito ela sorrir assim mesmo aprovando o noivo em questão na época.

Após um brinde, começamos o jantar onde contei uma versão simples do pedido, supostamente feito na noite anterior durante um jantar. Nada muito extravagante, nada em publico afinal na noite anterior eu estava no meu apartamento trabalhando.

— Katniss. – Me assustei quando Prim me chamou, eu havia ido ao banheiro e acabei ficando por alguns minutos no corredor tentando fugir daquela situação sem sentido que se formou na sala de estar após o jantar – Esta tudo bem?

— Sim. – Tentei sorrir, de todas as pessoas eu sabia que minha irmã seria a mais difícil de enganar.

— Mesmo? Quer dizer, você diz que vai apresentar o novo namorado e de repente ele é na verdade seu noivo e você nem ao menos me contou.

— Sei que parece que as coisas estão indo um pouco rápido demais Prim, mas talvez seja melhor assim eu não me dei muito bem em longos relacionamentos não é. – Era uma cartada horrível de usar já que eu sabia o quanto ela se preocupava com o que tinha acontecido com meu relacionamento anterior ainda sim usei já que ela não poderia desconfiar de nada.

— Sabe que não é bem assim, não precisa se apresar por conta disso.

— Eu quero me casar com ele Prim, e quando ele pediu eu não estava esperando ainda sim não vi motivos para dizer não, talvez estejamos atrasados, talvez fosse para termos ficado juntos anos atrás. Talvez Peeta seja meu destino.

— Você não acredita nessas coisas Katniss. – Prim me conhecia bem demais.

— Talvez comece a acreditar. – Brinquei tentando amenizar o clima e evitar suspeitas.

— Só quero que você seja feliz Katniss. – Sabia que ela estava sendo sincera. – Eu me preocupo.

— Eu sei disso, e pode até não parecer, mas eu sei o que estou fazendo Prim. – Aquela era a maior mentira que eu contei a ela e olha que durante as ultimas duas horas eu tinha mentido mais do que tudo. - Vamos voltar patinha antes que a mamãe me envergonhe ainda mais e pergunte quanto ele ganha por mês. – Ela riu antes de concordar e voltar comigo para sala de estar. 

Eu sabia que precisava de mais para tranquilizar minha irmã, sabia que não seria fácil convencê-la de que estava tudo bem. Aquele jantar tinha sido apenas uma previa do que teria que enfrentar e de alguma forma eu sabia que não seria nada fácil seguir com aquilo.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É isso, passaram-se anos e a Prim ainda é a unica que vale nessa família. O que acharam desse jantar?
No próximo vamos almoçar com os Mellark.
Estou particularmente adorando os comentários e MPs. Fiquem a vontade para deixar a opinião de vocês.
Beijos.