Era a hora da prova. A prova que tanto os alunos estudaram nos últimos dias para tirar, no mínimo, uma nota aceitável naquela matéria chamada História. Não que fosse difícil, longe disto. Já haviam estudado tanto que a cabeça de muitos estava prestes a explodir de tanto conhecimento que se acumulara ali. O único problema é que muitos mal conseguiam se concentrar em sua prova, muito menos responder suas questões com atenção. Uma dessas pessoas era Alya.

A garota havia feito tudo o que podia naquele momento e nada a ajudava a lembrar o que havia estudado sobre a matéria. Sentia sua respiração falhar e seus nervos estourarem a cada questão que lia diante de si... Não sabia o que fazer. Olhou ao redor e encontrou Nino na mesma situação que a mesma se encontrava. O mesmo a encarou e fez uma careta, indicando que também se sairia mal naquele teste. Logo um pequeno sorriso no rosto da morena o fez ficar calmo e voltar sua atenção para frente novamente, porém não antes de retribuir o sorriso para a mesma.

— Você consegue Alya... – ouviu um sussurro de sua melhor amiga a incentivando ao seu lado. A olhou de relance e viu a azulada lhe lançar um sorriso.

Olhou para sua prova novamente e para seus exercícios, determinada a errar ou acertar tudo. Afinal, o que poderia acontecer? Suas chances de ter uma boa nota ou não eram iguais e isso a mesma não poderia negar. Optou por fazer o que precisava ser feito. Respirou fundo e rapidamente as informações que tanto estudara começaram a voltar em sua mente, fazendo a garota conseguir responder as perguntas que tanto temia a sua frente.

— O tempo acabou. Por favor, virem suas provas e não conversem até eu recolher todas em ordem. – a professora ordenou a todos os alunos da sala quando o tempo de realizar a prova se esgotou e rapidamente ela começou a passar de mesa em mesa.

Rapidamente Alya terminou de passar a caneta por cima da resposta a lápis e entregou a prova para a professora que passava ao lado de Marinette. As duas se entreolharam e algo vindo da professora alcançou a garota. Algo que ela não conseguiu decifrar. Quando a mesma se virou para pegar a próxima prova de sua matéria, a morena olhou para a amiga de cabelos azulados ao seu lado.

— Você viu isso? – sussurrou quase sem voz para a mesma. Marinette deu uma pequena gargalhada e mexeu os ombros. Olhou para trás novamente e a viu passar por ela novamente, em direção a sua mesa. – Fiz alguma coisa? Porque que eu saiba não fiz nada.

— Acho que nós precisamos desencanar um pouco. A escola tá deixando todo mundo muito estressado. – Nino comentou na frente das morenas logo após se virar e olhar para as duas – O que que vocês acham da gente dar uma passada na sorveteria aqui da rua? Vocês topam?

— Eu to dentro. Preciso mesmo relaxar depois de uma prova como esta. – Alya disse arrumando seus óculos no rosto e olhando para sua melhor amiga ao lado. Fazia muito tempo que não saiam juntas como amigas. – O que você acha Mari? Faz tempo que não saímos juntas.

— Claro Alya, também preciso relaxar um pouco. Só preciso avisar meus pais antes, mas eu topo sim. – disse dando um pequeno sorriso ao acabar. Alya olhou para o lado e percebeu que alguém olhava muito distraído na direção de Marinette. Não perdeu a oportunidade.

— E você Adrien? O que você acha? Vai ser legal. – convidou com um pequeno sorriso travesso no rosto. Olhou para Nino e balançou a cabeça levemente para ele.

— É cara, desencana. Dou minha palavra que vai ser divertido. – o garoto moreno com seus costumeiros fones de ouvido insistiu. O loiro pareceu pensar por um momento.

— Bom, eu aceito. Só preciso avisar a Nathalie que horas vou voltar. – disse olhando para os outros com um pequeno sorriso no rosto. Marinette percebeu algo suspeito por trás daquela ida a sorveteria, mas se convenceu de que não se intrometeria por enquanto.

— Então fechou. A gente se encontra na sorveteria perto do parque daqui a meia hora. Quem chegar atrasado paga o meu sorvete. – Nino propôs, alegre. Todos concordaram com uma condição: que o sorvete que ele escolhesse seria um dos mais baratos.

 Mas talvez houvesse mesmo algo por trás daquele fim de tarde como Marinette pensava. Talvez tivesse mesmo algo a mais do que apenas um sorvete com os amigos. Mas ninguém conseguiu pensar muito sobre esse assunto, pois logo o sinal tocou e cada um foi para sua casa, preocupados,  com o desafio que Nino lançara.

***

O tempo não estava mais tão ensolarado como no começo do dia e algumas nuvens começavam a cobrir o céu azul, porém o tempo continuava quente. Eram pouco mais de cinco horas da tarde e vários alunos de diversas escolas de Paris andavam pelas ruas da cidade. Logo o sol iria embora num fim de tarde maravilhoso visto perto da Torre Eiffel, onde Marinette se reunia com seus amigos dificilmente para tirarem fotos. A mesma tinha fotos apenas com Alya e algumas com sua própria família fazendo um piquenique em uma das suas férias escolares, bem no lugar onde a garota mais gostava de estar nas horas vagas.

Mas talvez ela não fosse a única a gostar de olhar para o pôr-do-sol. Não em uma cidade com mais de mil habitantes. Perto do centro da cidade e onde o maior ponto turístico de Paris se localizava era o lugar onde Lila e Kattie mais andavam juntas, pois havia uma loja de roupas que sempre as fascinava com novas marcas inovadoras e sempre quando o dia estava prestes a acabar tomavam um sorvete de morango com chocolate. Mas, aquele dia em especial, as duas passaram a tarde inteira juntas, como Lila havia proposto.

— O que você acha de um sorvete pra fechar o dia? – sugeriu Kattie com o braço com algumas sacolas penduradas. Um sorriso se formou no rosto de Lila e a mesma concordou. – Morango com chocolate?

— Morango com chocolate. – confirmou fazendo uma careta e mostrando a língua para a ruiva. Ambas caíram na risada.  

Mas próximo dali, praticamente do lado do parque, estava a sorveteria. A mesma que um grupo de amigos havia se encontrado em poucos minutos. O principal assunto entre os quatro era a chegada adiantada de Marinette dentro do estabelecimento. Finalmente a garota não se atrasara para algo marcado e ninguém acreditava no que tinha acontecido.

— Eu ainda não acredito que você foi a primeira a chegar aqui Marinette. – Alya repetiu pela milésima vez ainda desacreditando o que a garota havia feito. A mesma riu com o comentário tomando um pedaço de seu sorvete. – É algo incrível para a história de todo o universo, não entende? Devia ter gravado.

— Alya também não é pra tanto. A Marinette pode ser sim um pouco atrasada, mas quando tem motivos pra não perder a hora ela não perde. – Nino brincou balançando a cabeça para a morena. Marinette encarava todos na mesa um pouco envergonhada com o comentário que o amigo fizera, mas ainda sim deu uma risadinha nervosa.

— Engraçado você dizer isto não é Nino? Que eu me lembre você tinha me dito alguma coisa a ver com essa sorveteria... O que era mesmo?...   – Adrien perguntou para o amigo lhe lançando um sorriso travesso. Alya sentiu uma pequena provocação no ar e olhou para Marinette rindo.

— Não sei do que você tá falando cara. – Nino respondeu tentando mudar o rumo daquela conversa. Para evitar falar alguma coisa errada tomou um gole de seu milk-shake de morango.

— Hãm... v-vocês viram aquela nova super heroína que apareceu na luta da Ladybug e o Chat Noir? – Marinette tentou suavizar o clima tenso que se formara entre os garotos. Queria saber a opinião de mais alguém além dela.

— Eu vi amiga. É uma tal de Abelle. Será que ela vai tentar tomar o lugar da Ladybug ou ajuda-la a resolver o ataque dos akumas? Quem será por trás daquela máscara? Quem vocês acham que ela poderia ser? Alguém famoso?– Alya incorporava uma verdadeira blogueira fazendo várias e várias perguntas para os outros. Perguntas que ela mesma respondia antes de alguém dizer alguma coisa. – O que vocês acham dela?

— Quer saber, eu achei ela bem maneira. Mas sei lá, não posso dizer que ela é melhor que a Ladybug. Não a vi em ação ainda. – Nino comentou baixo logo terminando seu milk-shake.

— E você Adrien? O que você achou dela? – Marinette conseguiu perguntar ao loiro que estava a sua frente sem gaguejar. Alya a encarou, eufórica. O que acontecera com a amiga?

— B-bom, eu não posso dizer nada sobre ela ainda, mas talvez ela possa nos surpreender no futuro com alguma coisa inesperada. – o garoto respondeu parecendo... nervoso? Alya os encarava, desconfiada. Algo estava acontecendo... Mas o que? – E você, o que acha Marinette?

— Ela não me convenceu de ser uma boa heroína, mas não posso julgá-la antes de conhece-la melhor. Só espero que essa tal de Abelle ajude Ladybug e não atrapalhe ela. D-deve ser muita responsabilidade cuidar de Paris. Mesmo com a ajuda do Chat Noir. – a garota respondeu terminando seu sorvete também. Olhou para o seu celular e viu a hora. – O que vocês acham de tirarmos uma foto perto da Torre Eiffel? Ainda dá tempo de ver o...

— Quer saber Mari? É uma ótima ideia. Vamo lá pessoal,vai ser divertido. – Nino incentivou a ideia da garota, interrompendo alegremente. Logo o mesmo se levantou de sua cadeira. Alya arqueou uma sobrancelha.   

— Você está bem Nino? Temos que pagar a conta ainda, não podemos sair. – tentou argumentar contra, mas o garoto arrumou o boné e foi em direção ao caixa. – O que deu nele?

— Não sei, mas acho que ainda hoje nós descobrimos. – Adrien comentou deixando um pequeno ar de suspense no ar. As garotas se entreolharam e o encararam novamente.

Com um aceno do garoto, os três saíram da sorveteria em direção ao grande ponto turístico de Paris. Nino parecia tentar puxar um assunto com Alya que lhe interessasse também, e, logo ambos estavam em uma discussão sobre que tipo de gênero de filme era o melhor para se assistir em um dia de inverno. Logo atrás dos dois estavam Adrien e Marinette que trocavam apenas algumas palavras de vez em quando, mas apenas o olhar de Adrien que estava sobre a garota a fez ficar corada várias vezes. O mesmo sorria quando a via desviar o olhar ou abaixar a cabeça, envergonhada.

Ao chegarem a Torre Eiffel a sol já estava quase se pondo. Mas em compensação, o cenário que lhes aguardava era espetacular. A torre brilhava com os últimos raios de sol que ultrapassavam sua estrutura metálica e reluzia sua volta. O céu mesclava-se entre os mais variados tons de rosa, laranja e azul e declarava que aquele era o pôr-do-sol mais lindo já visto na cidade. Marinette não pôde deixar de soltar um suspiro quando viu aquela cena diante de seus olhos e, até mesmo sua melhor amiga admitiu que a cena a sua frente era linda. Uma leve brisa fria balançava o cabelo de ambas e algumas folhas de arvores próximas voavam de um lado para o outro.

— Vamos tirar uma foto pessoal. Quero guardar este dia pra sempre. – a garota de óculos chamou com um grande sorriso no rosto e estendendo o celular para o alto. – Digam ‘‘X”.

Várias fotos foram tiradas, principalmente do celular de Alya. Em praticamente todas eles sorriram, tirando uma ou outra fazendo caretas e brincando um com o outro. Realmente era um dos dias mais felizes de todos, inclusive Adrien. Nunca se divertira como naquele momento. As horas passaram voando, e logo, já era noite e as luzes em volta da Torre Eiffel se acendiam lentamente.

 Porém, a felicidade durou pouco para todos. Logo após que ambos se sentaram nos degraus do pátio da Torre Eiffel, o telefone de Marinette vibrou com uma mensagem de Sabine avisando que era hora de voltar para casa. Olhou ao redor com a expressão um pouco triste e se levantou de seu lugar. Explicando para os amigos que teria que voltar para casa, a garota disse que se não chegasse em casa logo ficaria de castigo. Foi quando Alya disse alguma coisa para Nino e eles começaram a se distanciar da garota e do modelo de Paris.

— Tudo bem Marinette, amanhã eu vou na sua casa e a gente conversa mais amiga. Pode ser? – Alya disse arrastando Nino até onde ela queria leva-lo. Para longe do seu casal. – Se cuida amiga, até amanhã.

— Tchau Mari, tchau Adrien. – o moreno se despediu, já longe dos dois. A garota mal conseguira dizer “tchau” de volta para o garoto ao notar que ficara sozinha com o loiro mais amado da França.

— Se importa de ter companhia até a sua casa Marinette? – o ouviu perguntar para ela. De repente a morena de olhos azuis não sabia mais o que fazer nem dizer para o garoto ao seu lado. Paralizou. E a única coisa que conseguiu fazer foi balançar a cabeça desajeitadamente, o fazendo dar uma pequena gargalhada. – Então, como você está?

— E-eu estou bem, quer dizer, ótima... Não, claro e você... está maravilhoso, calma.... Hãm... não,  espero que esteja bem também... – Marinette tentou parecer calma mas falhou ao começar a gaguejar novamente. – Porque não consigo parar de gaguejar... – murmurou tão baixo que nem mesmo o garoto conseguiu ouvir.

— Então tá... Eu estou bem sim, obrigado por se preocupar. – respondeu com um pequeno sorriso. Logo pareceu lembrar de algo e lhe olhou novamente, sem tirar o sorriso do rosto. – Ouvi falar que você admira o trabalho do meu pai como estilista, é verdade?   

— C-como você soube disso? A Alya te contou? – a garota perguntou com o olhar desconfiado. O sorriso de Adrian se alargou.

— Na verdade foi outra pessoa, eu também tenho minhas fontes sabia? – brincou o que fez a garota sorrir também. Estavam próximos da padaria da casa de Marinette. – O que te provocou gostar do meu pai, Gabriel Agreste?

— Bom, desde que eu era pequena eu via suas criações. Eu achava e até hoje acho todas elas incríveis, principalmente desenhadas no papel. Seus desenhos sempre me inspiraram desde criança a ser uma estilista, assim como ele, para um dia fazer sucesso do mesmo modo que ele conseguiu. – contava com um pequeno brilho no olhar azul. Adrien percebeu que realmente era o seu sonho virar uma profissional como seu pai, pois a mesma falava determinada e disposta a ser aquilo quando fosse adulta. – Pode parecer um pouco brega, mas ele é um exemplo pra mim. Espero, conseguir um dia, ser alguém como ele na mídia. Importante. Já pensou Adrien? O meu nome por ai como estilista famosa? Seria incrível.

— Pelo jeito que você fala, está mesmo disposta a seguir seu sonho. – comentou lhe fitando nos olhos. Aqueles lindos olhos azuis... – Você é muito talentosa Marinette, com toda a certeza conseguirá realizar seus objetivos um dia. Eu acredito que você vai conseguir.

Haviam chegado em sua casa. A garota estava sem palavras para responder o comentário que acabara de receber. Gaguejou mais uma vez um agradecimento e se despediu do loiro. Até o convidara para entrar, mas o mesmo disse que precisava voltar para casa também e que na próxima vez entraria para conhecer melhor a família da garota. Com um pequeno sorriso, a garota entrou porta adentro.